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domingo, 22 de maio de 2011

Beterraba branca é um dos produtos agrícolas mais importantes da Europa

=***=* Espécie é usada para a produção de açúcar e etanol nos países europeus.
O norte da França é o principal pólo de produção de beterraba açucareira.
Do Globo Rural

#=*=# A 150 quilômetros de Paris, na região da Picardia, no norte da França, o cenário é marcado por planícies imensas, lavouras ordenadas, belas fazendas e muitas máquinas em ação.
A região é repleta de cidades históricas, como Saint-Quentin, vilarejos charmosos, com fachadas de tijolo aparente e ainda milhares fazendas dedicadas a agricultura intensiva.
Diferente de outras regiões francesas, dominadas por sítios muito pequenos, as propriedades rurais da Picardia são um pouco maiores e muitas chegam a ter 150, 200 hectares.

Mapa (Foto: TV Globo)
 
O norte da França é o principal pólo de produção de beterraba de toda a Europa. A paisagem da região é marcada por planícies ou terrenos ondulados, uma topografia suave, excelente para agricultura. Nesse cenário, a beterraba forma um tapete verde contínuo, a perder de vista. Ao todo, a cultura ocupa nada menos do que 380 mil hectares do país.
A beterraba açucareira é cultivada principalmente nas planícies do entorno de Paris e nas regiões mais ao norte - perto do Canal da Mancha e de países como Bélgica, Luxemburgo e Alemanha.
A primeira coisa que chama atenção na beterraba açucareira é que ela não é avermelhada, como conhecemos no Brasil. Michel Cariolle, agrônomo do Instituto Técnico da Beterraba, entidade de pesquisa mantida pelo setor, explica mais detalhes sobre o produto.
“Elas ficam bem enterradas no solo, não é fácil arrancar. A beterraba açucareira que cultivamos na Europa, também é conhecida como beterraba branca. Ela tem folhas compridas e uma raiz bem grande. É uma planta de crescimento rápido e bem adaptada ao nosso clima temperado”.

Beterraba branca e vermelha (Foto: TV Globo)
Beterraba branca e vermelha (Foto: TV Globo)
 
Cariolle explica que essa beterraba branca é da mesma espécie da beterraba vermelha, conhecida no Brasil – a beta vulgaris, originária da Europa. A diferença entre as plantas é o resultado de um lento processo de seleção. Ao longo do tempo, as variedades de mesa foram ficando mais vistosas e com paladar mais agradável. As variedades açucareiras se tornaram mais claras e doces.
“Por dentro ela também é branca e ao cortar é possível ver alguns anéis, justamente onde fica armazenado o açúcar produzido pela planta. Ela é doce, mas a cana-de-açúcar é mais gostosa. Principalmente a cachaça que vocês fazem com a cana”, declara Cariolle.
A história da beterraba França é também a história de guerras, de política e de um imperador. O cultivo de beterraba em larga escala começou a decolar no início do século XIX. Foi quando uma guerra marítima entre França e Inglaterra travou a importação de açúcar de cana, que vinha, sobretudo das ilhas do Caribe, na América Central.
O estímulo a produção partiu de Napoleão, imperador dos franceses. Ele financiou a construção de usinas, o plantio de lavouras e até centros de pesquisa, dedicados ao produto. Ao longo do século XIX, a nova cadeia econômica se firmaria nos campos da frança e em vários outros países do continente.
Hoje, os principais produtores de açúcar da Europa são a França, a Alemanha e a Polônia. Só em território Francês, a beterraba envolve 25 usinas em atividade e 26 mil famílias de agricultores.
No município de Guise, na parte leste da Picardia, Marie Audile e Denis Lequeux cuidam de uma propriedade de 234 hectares. Além de plantar beterraba, cultivam trigo, cevada e fava. “Nossas famílias trabalham no campo desde sempre, por isso nossa fazenda é típica da região. Nós temos a nossa casa e uma série de outras construções. As paredes são de tijolo aparente, as janelas e portas são brancas e o telhado é feito de pedra ardósia. No centro, fica um grande pátio, que na prática é o coração da fazenda”, explica o casal Lequeux.
Denis conta que a casa e as benfeitorias da fazenda foram completamente destruídas por soldados alemães durante a Primeira Guerra Mundial. Terminado o conflito, em 1918, tudo foi reconstruído. Num galpão antigo, os antepassados de Denis Lequeux guardavam arreios e selas dos animais que eram indispensáveis para transportar a beterraba e todos os implementos da época. Agora os galpões atuais abrigam tratores, colheitadeiras, carretas, implementos e equipamentos modernos. Tudo pra produzir cereais e, principalmente, beterraba em grande quantidade.

Atualmente, o produto ocupa 86 hectares da propriedade. Denis Lequeux explica que a beterraba precisa ser replantada todos os anos, entre março e abril. E pra isso ele compra sementes, produzidas por empresas especializadas.

Segundo o agricultor, a maior dificuldade da cultura é o ataque de pragas e doenças. Para combater tantos inimigos, Denis adota variedades resistentes e faz aplicações de inseticida e fungicidas. “A beterraba dá mais trabalho do que as outras plantações da região. Ela exige muito mais atenção ao longo do cultivo”, diz.
Em certas regiões, o uso intensivo de produtos químicos já provocou problemas de contaminação do solo e do lençol freático. Por isso, nos últimos anos, autoridades e agricultores vem lutando para reduzir a aplicação de veneno e de adubos nitrogenados nos cultivos.
Aos sete meses de idade, a beterraba atinge um porte bonito. A raiz já pesa cerca de 700 gramas e está no ponto pra indústria.

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