Por Cassio Barbosa, G1
Há em Marte, hoje, uma quantidade admirável de naves e jipes a estudar o planeta. Do espaço, são 5 satélites, três da NASA, um europeu e uma nave da Índia. Em solo, são dois jipes da NASA: o Curiosity e o Opportunity.
O Curiosity pousou em 2012 e carrega um verdadeiro laboratório de análise fisico-química de dar inveja a muitos laboratórios da Terra. No post da semana passada eu falei de alguns dos resultados mais importantes destes quase 6 anos de atividades. Já o Opportunity está na superfície de Marte desde 2004.
O Opportunity, chamado carinhosamente de Oppy, pousou em janeiro de 2004 junto com seu irmão gêmeo Spirit. Ambos são bem menores e mais simples do que o Curiosity, mas fizeram muitas pesquisas importantes que abriram o caminho para as experiências mais complexas do jipe mais moderno. Ambos os jipinhos foram projetados para durar 90 dias macianos, chamados de sóis. Um sol equivale a um pouco mais do que um dia terrestre. Todavia, ambos duraram mais muito mais que isso.
O Spirit parou de funcionar em 2010 ao ficar atolado em uma camada de areia mais fofa. Nessa situação ele foi transformado em uma base permanente de pesquisas, após ter percorrido 7,7 km, mas sua posição era desfavorável para receber luz solar. Com isso suas baterias recebiam menos energia do que o necessário para manter seu sistema de aquecimento interno, situação que se agravou no inverno.
Nesse período, tanto a incidência de luz diminui, o que prejudica a recarga das baterias, quanto a demanda por eletricidade para os aquecedores internos funcionem aumenta. Resultado, os sistemas eletrônicos não suportaram as temperaturas abaixo dos 50 graus negativos e o Spirity silenciou definitivamente no inverno marciano de 2010.
Dois jipes da NASA estão estudando Marte hoje (Foto: NASA)
Todavia a situação com o Oppy é bem diferente. O jipe já dura 14 anos, plenamente funcional. Na verdade, uma das suas 6 rodas travou e não gira mais. Como é uma das rodas dianteiras, jipe então passou a andar de ré e simplesmente a arrasta pela superfície marciana. Com essa estratégia, o Oppy se tornou o veículo a percorrer a maior distância fora da Terra, num total de mais de 45 km.
Durante esse tempo todo o jipe passou por poucas e boas, enfrentando momentos em que seus painéis solares estavam tão cobertos de areia que não estavam dando conta de recarregar plenamente as baterias. Mas os próprios ventos marcianos se encarregaram de dar uma limpada neles, afastando o perigo de uma falha. Em outras vezes o jipe enfrentou tempestades de areia que diminuíram muito a incidência de luz sobre os painéis. Em 2007, durante uma severa tempestade de areia, ambos os jipes só funcionaram alguns minutos or dia, o suficiente para se comunicarem com a Terra, apenas.
Agora o Oppy está enfrentendo outra tempestade em Marte e essa pode ser fatal.
Tempestades de areia em Marte são comuns, especialmente quando o planeta fica mais próximo do Sol. Essa em específico foi detectada pelos satélites em órbita de Marte no finzinho de maio e no dia 31 ela já aparecia nas imagens. De lá para cá ela só fez crescer e atingiu a posição onde está o Oppy uns 5 dias depois, como você pode ver nessa animação com imagens obtidas dos satélites.
Atualmente a tempestade já encobriu quase metade do planeta, inclusive o local onde opera o Curiosity a mais de 5 mil km de distância!
Esta tempestade de areia é talvez a mais intensa jamais vista. Os satélites em órbita, assim como o Curiosity em solo, têm um instrumento capaz de medir a opacidade da atmosfera, ou seja, a medida de quanto a atmosfera absorve a luz. Durante a grande tempestade que aconteceu em 2007, a medida da opacidade chegou em 5,5, no último domingo (10/06) a medida chegou a 10,8!
E aí o tempo fechou para o jipe, literalmente.
Essa outra imagem representa uma simulação de como o Oppy enxerga o Sol em sua posição conforme a tempestade foi se intensificando até atingir o valor observado no domingo. A quantidade de poeira levantada na tempestade é tão alta que ficou praticamente noite no local onde o jipe está. E pouca luz é problema.
O jipe não está recebendo energia suficente para uma plena recarga das baterias e desse modo o jipe precisou ser colocado em modo de proteção. Nesse modo, todas as atividades científicas estão suspensas e apenas o relógio interno está funcionando. O relógio está programado para acordar o computador de bordo periodicamente no horário que o Sol está mais alto no céu para checar o nível da bateria e mandar uma mensagem para a Terra. Se ele estiver abaixo do nível crítico, o computador volta a hibernar e a rotina se mantém até que as baterias estejam com carga suficiente para acordar o computador, mas também com carga para sustentar a eletrônica do jipe, principalmente os aquecedores.
Atualmente, o nível de insolação no sítio do jipe está no nível suficiente para manter o relógio interno funcionando apenas, mas se a tempestade se intensificar e ficar mais escuro, o relógio deixará de funcionar. Se isso acontecer, o computador perderá a noção do tempo e vai ligar de forma aleatória procurando saber se a quantidade de luz é suficiente para recarregar as baterias.
A falta dos aquecedores nem é tanto um problema, pois Marte está quase no verão e apesar de bloquear a luz do Sol, a tempestade de areia forma um cobertor cobrindo a superfície. O pouco de calor que atinge a superfície acaba retido pela capa de poeira e a temperatura acaba se mantendo em níveis elevados, comparativamente é claro.
A última vez que a NASA conseguiu contato com o Opportunity foi no domingo dia 10/06 e, baseado nos dados dos satélites, acredita que o jipe ainda tenha carga para manter o relógio interno funcionando e sabe também quais os horários que ele vai tentar se comunicar. Mas, por precaução, a rede de antenas da NASA foi colocada em prontidão para tentar ouvir o jipe a qualquer hora, caso o nível das baterias tenha caído abaixo do crítico.
Tristeza de uns, alegria de outros.
Enquanto a tempestade ameaça a sobrevivência do jipe Opportunity (o Curiosity funciona com baterias nucleares, então está a salvo) ela está fazendo a alegria de outros tantos cientistas. Essa é talvez a mais intensa tempestade jamais vista e pode durar até meses, mas justamente agora nunca houve tantos instrumentos em Marte para estudá-la. É uma oportunidade fantástica para se estudar a dinâmica da atmosfera e permitir melhorar os modelos que façam a previsão de novas tempestades no futuro. E isso será fundamental quando estivermos a ponto de colonizar Marte, como bem sabe o Matt Damon.
NASA
Post.N.\8.328
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