Sofrimento sem fim...
RETROSPECTIVA
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*.=||-=-||=.* NOVA YORK - Sua família ainda guarda seu uniforme de bombeiro, mas não o que Scott Kopytko usou no dia 11 de setembro de 2001. Morto nos ataques ao World Trade Center, os restos mortais de Kopytko nunca foram identificados, um legado sofrido para uma família que ainda procura respostas ou uma confirmação final sobre o destino do bombeiro.
- É muito doloroso - descreve Russell Mercer, padrasto de Kopytko.
A história da família do bombeiro é recorrente entre parentes das vítimas do maior atentado da História. Uma década depois da tragédia, quase 9 mil restos mortais continuam sem identificação. O número equivale a pouco menos da metade dos 20 mil pedaços de corpos retirados dos escombros das Torres Gêmeas. Mais de 1.100 vítimas não tiveram qualquer parte de seus restos mortais encontrada.
O governo já gastou dezenas de milhões de dólares na perícia e na extração de DNA de tecidos e ossos encontrados no local, mas o investimento não foi suficiente e os avanços seguem a passos lentos: nos últimos cinco anos, apenas 26 restos mortais foram identificados. A última mostra de DNA a ser concluída, em agosto passado, foi a de Ernest James, de 40 anos, que trabalhava na Torre Norte.
- Eu não posso dizer quando a próxima identificação estará pronta, nem se chegaremos a concluí-la. Mas estamos trabalhando sem parar - afirmou Mark Desire, chefe da unidade de identificação das vítimas do World Trade Center.
Cinco cientistas trabalham todos os dias nas pesquisas
Cinco cientistas trabalham sete dias por semana em um laboratório ultramoderno de Manhattan para tentar conseguir novos avanços nas pesquisas. Cerca de 400 ossos são analisados por mês. Os exames de DNA são feitos a partir da comparação dos pedaços de corpos com amostras de material genético de parentes ou até antigos objetos das vítimas, como escovas de dente.
Para extrair o DNA, os fragmentos são examinados, limpos e pulverizados. O processo pode demorar mais de uma semana. Mas a maioria dos DNAs revelados até agora são de vítimas que já haviam sido identificadas.
Quando um corpo é atribuído a alguém, os restos mortais são entregues à família. Mas, às vezes, nada sobra após o processo para extrair material genético, e os parentes têm que se contentar com os sacos plásticos, que durante anos serviram de embalagem para os restos de seus parentes.
Apesar da imensa dificuldade, Desire garante que a equipe de médicos legistas não vai desistir.
- A dedicação da equipe continua tão forte quanto há dez anos - afirmou ele, em recente entrevista.
Mas a longa busca cansa família, como a de Kopytko:
" Você consegue encontrar o DNA de combatentes da Guerra Civil, das duas Guerras Mundiais. Mas não encontramos o DNA dos socorristas e civis do WTC? "
A luta pela identificação de corpos começou quase que imediatamente após os ataques de 11 de Setembro em Nova York, no Pentágono e na Pensilvânia, onde um voo da United Airlines caiu após passageiros conseguirem tirar terroristas do comando do avião.
Equipes de médicos legistas dos três estados enfrentaram desafios para encontrar os corpos das vítimas e dos sequestradores. Na Pensilvânia, o calor fez com que 92% dos restos humanos evaporizassem, alguns deles permanecem até hoje incorporados ao campo onde o avião caiu.
Já em Washington, a maioria das 184 vítimas foram identificadas por DNA, apenas cinco restos humanos continuam sem dono. E pouquíssimos corpos inteiros foram resgatados nos locais dos ataques terroristas.
Em 2005, o trabalho de identificação chegou a ser suspenso, mas em 2006 os esforços foram retomados, depois que uma busca nos destroços das Torres Gêmeas descobriu cerca de 2 mil novos restos humanos.
Famílias se recusam a depositar restos mortais em museu
O que fazer com os restos humanos identificados também se tornou uma questão angustiante para as famílias de parentes. Com a proximidade da abertura do memorial no Marco Zero, famílias voltaram a rejeitar a ideia de depositar os restos humanos em uma das sessões do museu.
- É uma ideia péssima, horrenda. Eles são nossas preciosidades, restos sagrados de nossos entes amados - disse Rosemary Cain, que perdeu o filho George, que tinha 35 anos.
O memorial e várias outras famílias, no entanto, concordaram com a criação de um local só para os restos mortais, onde também haveria um local reservado apenas para parentes das vítimas. Para alguns, esta será uma espécie de homenagem.
A falha na identificação afetou muitas pessoas ao longo dos anos. Logo após os ataques, por exemplo, a lista de mortos chegou a 7 mil, mas o número foi reduzido a 2.752 em menos de um ano.
Três nomes ainda foram retirados em 2004, mas um deles voltou para lista após a família entrar na Justiça, alegando que a filha, uma médica que foi vista pela última vez no dia 10 de setembro de 2001, só poderia estar nas Torres Gêmeas.
Dez anos depois, nem a ciência foi capaz de resolver os mistérios sobre os mortos nos atentados. Mas os cientistas garantem que não vão desistir.
- É uma investigação em aberto. Algumas das vítimas, no entanto, podem de fato nunca serem identificadas - explicou Desire.
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