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terça-feira, 23 de agosto de 2011

Kadafi diz que retirada de QG em Trípoli foi tática e promete 'martírio ou vitória' contra Otan



Sem resistência


INTERNACIONAL -- NOTÍCIAS




Publicada em 23/08/2011 às 20h55m

O GloboCom agências internacionais
Rebeldes pisam na cabeça de uma estátua de Kadafi  / AP

|*//=-=//*| TRÍPOLI - O ditador Muamar Kadafi disse que a retirada do complexo de Bab al-Aziziyah foi um "movimento estratégico" de suas forças, segundo uma gravação de áudio divulgada nesta terça-feira por uma rádio de Trípoli.

De acordo com a gravação, restransmitida pela TV Al-Rai, Kadafi prometeu "martírio ou vitória" na luta contra as operações da Otan.

- Estamos resistindo com todas as nossas forças. Vamos vencer ou nos tornar mártires, se Deus quiser - disse Kadafi, que afirmou que seu QG foi devastado após 64 ataques aéreos da Otan.

Um porta-voz do governo ouvido pela agência de notícias Reuters disse que as tropas do ditador podem resistir por meses ainda e garantiu que os líderes rebeldes não terão paz se realmente forem para Trípoli. Segundo Moussa Ibrahim, 6.500 voluntários se apresentaram na capital nas últimas seis horas e 80% da cidade ainda estaria sob controle de Kadafi. 

Ibrahim também atacou os rebeldes, ameaçando transformar o país "num vulcão em ebulição e incendiar os pés dos invasores".

Segundo testemunhas, forças pró-Kadafi dispararam dezenas mísseis contra Ajelat e Trípoli. Moradores afirmam que os ataques vieram de Sirte, cidade natal do ditador e ainda controlada pelo regime, no final da noite de terça-feira (horário de Brasília).

Com a conquista do QG de Kadafi, o Conselho Nacional de Transição (CNT) anunciou que vai mudar nos próximos dois dias sua sede de Benghazi para Trípoli. As forças de oposição dizem comandar mais de 85% da capital, além do complexo de Bab al-Aziziyah, centro de poder e residência de Kadafi, que continua com paradeiro desconhecido.

Embora nem o ditador nem sua família tenham sido encontrados e muitos achem prematuro anunciar o seu fim, o conselho quer evitar um vácuo de poder na capital e mostrar que o antigo regime já não responde pelo país.

Conforme as forças rebeldes avançam, o CNT ganha mais apoio, e a transferência do QG para a capital pode ajudar nisso. Bahrein, Iraque, Malta, Marrocos, Nigéria e Noruega engrossaram o grupo de mais de 30 países - que não inclui o Brasil - que reconhecem o conselho como representante legítimo do povo líbio.

Mahmoud Shammam, ministro da informação do Conselho Nacional de Transição (CNT), disse que os maiores ganhos rebeldes foram obtidos nesta terça, mas que ainda há muito a ser feito. No fim da noite, forças leais a Kadafi atiravam contra o complexo, numa mostra de que ainda estão presentes em Trípoli.

A tomada do complexo de Bab al-Aziziyah foi feita praticamente sem resistência. Uma bandeira rebelde foi hasteada, e muitos comemoram o avanço com tiros - inclusive de munição antiaérea - nas ruas da capital.

Um repórter da al-Jazeera foi ferido nos combates no complexo, que foi saqueado pelos moradores de Trípoli. Armas, mobília e até um carrinho de golfe de Kadafi foram levados. O Pentágono diz que as armas químicas da Líbia estão sob vigilância americana em Trípoli, mas não garante com quem está o total do estoque.

Segundo Mustafa Abdel Jalil, chefe do Conselho, 400 pessoas foram mortas e outras 2 mil ficaram feridas nos últimos três dias em Trípoli. Os insurgentes já capturaram cerca de 600 soldados pró-Kadafi, mas Jalil afirmou que a batalha só vai acabar quando o ditador for pego, que segue foragido.

Para os rebeldes, o ditador estaria escondido nos subterrâneos do complexo, construído durante seus 42 anos de regime e que abriga prédios militares, a residência do ditador, uma biblioteca e edifícios do governo. Outros diziam que podia ter fugido por um dos túneis que, acredita-se, levam a vários pontos da capital.

O jogador de xadrez russo Kirsan Ilyumzhinov, que estava ao lado do ditador em uma de suas últimas aparições públicas, disse ter falado por telefone com Kadafi, que segundo ele está bem e em algum lugar de Trípoli.

Segundo Ibrahim Dabbashi, enviado da Líbia à ONU que apoia os rebeldes, o país será "libertado" em 72 horas. Ex-vice embaixador que continuou trabalhando na missão nas Nações Unidas depois de mudar de lado, ele confirmou que o complexo de Kadafi está totalmente nas mãos dos opositores.

A correspondente da rede CNN na capital líbia, Sara Sidner, disse mais cedo que o aumento dos confrontos já fazia moradores fugirem em massa, num número que não tinha sido visto desde a intensificação dos combates.

Rebeldes comemoram a tomada do complexo de Kadafi / Reuters

Os enfrentamentos nesta manhã ocorreram sobretudo perto do complexo residencial do ditador e no bairro de al-Mansoura, que foi visitado por Saif al-Islam, filho de Kadafi. No domingo, rebeldes anunciaram que Saif havia sido preso, mas ele reapareceu na noite de segunda-feira.

Segundo a rede de TV árabe al-Jazeera, nas ruas de Trípoli, o reaparecimento do filho do ditador também reforçava os questionamentos às informações divulgadas pelos rebeldes. A emissora também disse que as forças de Kadafi estariam usando armamento pesado para combater os opositores que lutam para assumir o controle total da cidade.

Otan diz que pode ter papel na Líbia pós-Kadafi

Fumaça é vista perto do complexo de Kadafi - AP

Horas depois de o ministro das Relações Exteriores da França, Alain Juppé, afirmar que os bombardeios da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) vão terminar "assim que possível", a aliança informou nesta terça que as operações continuariam. O coronel Roland Lavoie, porta-voz da organização, disse que as tropas de Kadafi estão seriamente prejudicadas e perdendo força devido a deserções.

Lavoie acrescentou que a situação em Trípoli ainda era "muito séria e muito perigosa" e reafirmou que Kadafi não era considerado um alvo da Otan. Outra porta-voz da organização, Oana Lungescu, disse que a aliança pode ter um papel na Líbia pós-Kadafi.

Falta de segurança faz organização internacional adiar resgate de civis
A falta de segurança na capital líbia levou a Organização Internacional de Migração, ligada à ONU, a adiar o resgate de civis em Trípoli. Um navio que deixou Benghazi na segunda-feira e deveria aportar na capital líbia nesta terça ficará em alto mar até que a organização considere que sua aproximação é segura.

De manhã, o hotel onde se concentram os jornalistas estrangeiros também estaria ainda sob controle das forças de Kadafi. Segundo a rede BBC, correspondentes tiveram que se abrigar em um porão depois que o hotel foi atacado nesta terça.

Líbios carregam rebelde ferido perto do complexo de Kadafi - Reuters

O Aeroporto Internacional de Trípoli, que foi tomado por rebeldes na segunda, também foi alvo de ataques, segundo a CNN. Fortes explosões foram ouvidas na região e nuvens de fumaça podiam ser vistas.

Em Benghazi, considerada até agora a capital rebelde, o correspondente da al-Jazeera na cidade, Jacky Rowland, disse que havia muitas "acusações, dúvidas e confusão" entre os rebeldes.

Rebeldes anunciam avanços fora da capital
Fora da capital, os rebeldes dizem ter feito novos avanços. Depois de tomarem o porto petroleiro de Ras Lanuf, que vem sendo disputado desde o início da guerra civil, eles chegaram, segundo a al-Jazeera, aos arredores de Bin Jawad.

Segundo a TV Al Arabiya, rebeldes mataram dezenas de soldados de Kadafi em Sirta, cidade natal do ditador. O Pentágono informou na segunda-feira que um avião americano derrubou um míssil lançado da cidade.
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