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terça-feira, 1 de julho de 2014

Única fora de circulação, moeda original de R$ 1 é negociada a R$ 10


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Real já teve nota de plástico e moeda que ímã não atrai; veja curiosidades.
Colecionador lista notas e moedas que valem mais que valor de face.

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01/07/2014 07h37 - Atualizado em 01/07/2014 07h42
Postado às 14h45m
Darlan Alvarenga e Gabriela Gasparin Do G1, em São Paulo











Moeda original de R$ 1 saiu de circulação no final de 2003 (Foto: Divulgação/Banco Central)
Moeda original de R$ 1 saiu de circulação
no final de 2003
(Foto: Divulgação/Banco Central)

Passados 20 anos desde que entrou em circulação, o real se desvalorizou, as notas e moedas ganharam novos modelos e tamanhos, a cédula de R$ 1 deixou de ser produzida e a moeda original de R$ 1 já completou 10 anos de aposentadoria.

Mas, nas carteiras dos brasileiros, ainda convivem os diferentes modelos de notas e moedas: de todos os lançados desde 1994, a moeda de R$ 1 em aço inoxidável é a única que não tem mais valor como meio circulante. 

Desde o final de 2003, ela deixou de ser reconhecida como dinheiro legal, devido ao alto índice de falsificações.“Quem tem ainda só pode trocar nos locais autorizados. Apenas a segunda moeda de R$ 1 vale para fins de transação”, explica o Banco Central do Brasil.

A relação de agências do Banco do Brasil que fazem a troca está disponível no site do BC.
Para os colecionadores, entretanto, a moeda de R$ 1 original aumentou de valor e é oferecida a R$ 10 nos sites de comércio eletrônico e lojas de moedas antigas.
Moedas real (Foto: G1)
Comparação entre a 1ª família de moedas (acima) e a
2ª, que ganhou cores, novos materiais e figuras
(Foto: Reprodução/Banco Central do Brasil)

A moeda que o ímã não atrai
A primeira vez que os brasileiros viram uma nota de real nas mãos foi em 1º de julho de 1994, substituindo o antigo cruzeiro real. De uma só tacada, foram colocadas em circulação cerca de 800 milhões de cédulas e 2 bilhões de moedas.

Apenas quatro anos depois, em 1998, a nova família de moedas do real começou a circular, com novos desenhos, cores e material de fabricação. As moedas passaram a trazer estampadas efígies (representações) de figuras históricas, exceto a de R$ 1 (prateada no disco interno e com anel dourado), que traz o símbolo da República e grafismo em referência às cerâmicas indígenas de origem marajoara.

Em 2001, entretanto, o Banco Central decidiu substituir o material dos metais das moedas de R$ 0,50 e de R$ 1, justificando a alta do preço dos insumos originais. A solução encontrada foi substituir o cuproníquel e a alpaca, respectivamente, pelo aço inoxidável e pelo aço revestido de bronze. As moedas ficaram um pouco mais leves e tiveram uma pequena alteração de brilho e tonalidade.

O principal impacto da mudança, talvez, foi ter de explicar que há moedas de R$ 0,50 e de R$ 1, fabricadas entre 1998 e 2001, que não são atraídas pelo ímã, por terem cuproníquel.
Segundo a Casa da Moeda, somente em 2013 foram produzidas 2,2 bilhões de moedas. Desde 2004, no entanto, a de R$ 0,01 não é mais fabricada.

Fim das notas de R$ 1 e dinheiro de plástico
As notas demoraram mais tempo para começarem a ser substituídas. A segunda família de cédulas do real começou a circular no país em 2010, sendo que as novas notas de R$ 5 e R$ 2 só chegaram no ano passado. E, dessa vez, sem a “caçula” de R$ 1. Segundo o BC, é melhor emitir moedas de R$ 1 em vez de notas, porque as primeiras duram mais e têm boa relação custo-benefício.

Notas de real (Foto: G1)
Cédulas ganharam tamanhos diferentes e nota de R$ 1
deixou de ser fabricada
(Foto: Reprodução/Banco Central do Brasil)

Mesmo não sendo mais fabricada, a nota de R$ 1 continua valendo – e está se tornando artigo cada vez mais raro na praça. Segundo o Banco Central, ainda estão em circulação no país cerca de 150 milhões de cédulas de R$ 1. O volume, por exemplo, ainda é maior do que as cerca de 105 milhões de notas de R$ 100 da primeira família do real.

A tendência é que a substituição das notas da primeira família do real ocorra gradualmente, à medida que elas forem retiradas em decorrência de seu desgaste natural. As notas do modelo antigo, no entanto, seguem válidas.
Atualmente, a vida útil das cédulas de R$ 2 e de R$ 5 – as mais utilizadas – é de 14 meses.

Segundo o BC, a produção de mil notas da segunda família custa a partir de R$ 175. Em 2013, a Casa da Moeda produziu 3,1 bilhões de cédulas e 2,3 bilhões de moedas para o Banco Central. Para 2014, ainda não há contrato fechado com o Banco Central.

"Inicialmente, a previsão do BC para 2014 era de 3,5 bilhões de cédulas e 1,7 bilhão de moedas. Mas, por conta de um contingenciamento de recursos, o BC reduziu drasticamente o valor disponível a ser gasto com a fabricação de dinheiro", informa a Casa da Moeda.

A nota com maior quantidade de cédulas em poder da população ou da rede bancária, segundo o BC, é a nova de R$ 50, com 1,3 bilhão de exemplares. Em segundo lugar em termos de volume está a nota de R$ 2 da primeira família, com 700 milhões. Já as moedas em maior quantidade no mercado são as de R$ 0,05 e R$ 0,10 da segunda família. Confira aqui a quantidade de cada nota e moeda em circulação.

Ao longo dos anos, o real já teve até nota de plástico. Em 2000, foi lançada uma cédula comemorativa de R$ 10, com a efígie de Pedro Álvares Cabral, feita de polímero e tecnologia importada da Austrália. O modelo, no entanto, não se mostrou durável como esperado e praticamente desapareceu das carteiras. De acordo com os dados do BC, elas representam hoje menos de 4 milhões do total de 640 milhões de notas de R$ 10 em circulação no país.
O colecionador e vendedor Claudio Amato (Foto: Gabriela Gasparin/G1)
O colecionador e vendedor Claudio Amato (Foto:
Gabriela Gasparin/G1)

Coleção
No mercado de colecionadores, quanto mais rara e em melhor estado de conservação estiver uma cédula ou moeda, mais ela vale. Como o real ainda está em circulação, os estudiosos esclarecem que a moeda ou nota que temos no bolso, usada e com marcas de circulação, dificilmente valerá mais do que seu valor facial.

“Elas precisam estar novinhas, em perfeito estado de conservação”, explica o colecionador e comerciante de cédulas e moedas Claudio Amato, de 60 anos. Ele reúne peças desde os 9.
Especialistas ressaltam que, no caso do real, a estabilidade da moeda atrai colecionadores, que se identificam com notas manuseadas há muito tempo.

“Um menino hoje de 20 anos se lembra da moeda de quando era pequeno e pode obtê-la a um custo relativamente baixo. Vai encontrar moedas de real, algumas, que têm 20 anos e estão circulando. Uma moeda de R$ 0,25 pode ser incluída na minha coleção. É só guardar”, diz Hilton Lúcio, estudioso e assessor de comunicação da Sociedade Numismática Brasileira (SNB).

A nota mais “valiosa” de real citada pelos especialistas em numismática (ciência que estuda moedas e cédulas) é a de R$ 100 que tenha sido emitida em 1994 e assinada pelo então ministro da Fazenda Rubens Ricúpero e pelo presidente do Banco Central da época, Pedro Malan. 

O valor médio avaliado de uma dessas, em perfeito estado, sem nunca ter entrado em circulação, é de R$ 3,3 mil. Isso porque foram emitidas apenas 300 mil unidades (três séries de 100 mil).

Por conta da exclusividade e por nunca terem entrado em circulação, algumas cédulas de R$ 5 raras, por exemplo, são avaliadas em R$ 1,7 mil. Há ainda notas de R$ 50 avaliadas em R$ 2,9 mil.
Cédulas com defeito tem valor superior ao facial (Foto: Gabriela Gasparin/G1)Cédulas com defeito têm valor superior ao facial (Foto: Gabriela Gasparin/G1)

Detalhes ‘agregam valor’
Detalhes além do estado de conservação agregam valor às cédulas. Exemplos citados por Amato são a sequência de letras e números que há em cada nota (que indica a ordem e onde ela foi impressa), especificações ou edições comemorativas emitidas pelo Banco Central. Por exemplo, as primeiras notas da primeira família de real não vieram com a frase “Deus seja louvado” impressa.


Em um mercado paralelo, há ainda as cédulas que foram emitidas com defeito de corte, impressão ou numeração (notas com a impressão ao contrário, sem a impressão dos desenhos e números ou cortadas fora do lugar). Uma cédula de R$ 10 com defeito de corte e numeração pode ser comercializada no mercado de colecionadores por R$ 250.
Nota de R$ 10 de plástico custa R$ 250 (Foto: Gabriela Gasparin/G1)
Nota de R$ 10 de plástico com defeito custa R$ 250
(Foto: Gabriela Gasparin/G1)

Entre as moedas, além das que saíram de circulação e das comemorativas (veja aqui a relação), as raras e as com defeito de fabricação também costumam valer mais que seu valor de face.

Em 2012, por exemplo, o BC anunciou um recall de um lote de moedas que tinham dois valores – R$ 0,50 num lado e R$ 0,05 no outro – após uma unidade com este defeito ter sido recebida como troco na cidade do Rio de Janeiro. 

Na ocasião, a Casa da Moeda estimou em cerca de 40 mil moedas com o defeito em circulação. Nesse caso, elas podem chegar a custar R$ 350 cada uma, mas, segundo Amato, unidades já foram vendidas por R$ 1,2 mil.

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Real completa 20 anos em circulação com perda de 80% de seu valor


Nesta terça-feira (1º), a moeda completa duas décadas de uso no Brasil.
Poder de compra do brasileiro aumentou, mas inflação ainda corrói renda.

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Anay Cury e Simone Cunha Do G1, em São Paulo
01/07/2014 07h37 - Atualizado em 01/07/2014 12h03
Postado às 14h45m


O real entrou em circulação há exatos 20 anos, deixando para trás uma inflação de três dígitos e o consequente troca-troca de moedas. Com a estabilização da economia, alcançada por meio de um conjunto de mudanças que recebeu o nome de Plano Real, o brasileiro experimentou por um tempo a sensação de ver seu dinheiro valendo mais.

“Era muita inflação, e eram muitos zeros. Não haveria caixa registradora que conseguisse registrar tantas casas decimais se o real não tivesse sido criado”, disse Davi Simão Silber, professor de economia da Universidade de São Paulo (USP). Antes do real, os preços disparavam de um dia para o outro e a variação média chegava a 100% em um mês.
R$ 1 em cédulas e moedas, em imagem de julho de 2007 (Foto: L.C.Leite/Folhapress)
R$ 1 em cédulas e moedas, em imagem de julho de 2007 (Foto: L.C.Leite/Folhapress)

Apesar do trabalho que deu para o brasileiro se acostumar com a nova moeda – muitos usavam calculadoras para transformar a moeda anterior (cruzeiro real) em real e ter uma referência de quanto o produto valia –, o plano deixou como herança a possibilidade de se planejar gastos.

“O brasileiro aprendeu o verdadeiro valor do dinheiro. Soube quanto ganhava efetivamente e o real valor dos bens que poderia adquirir. Conseguimos entender os juros no Brasil e a necessidade de se ter metas claras de combate à inflação. 

A capacidade de compra aumentou, determinada pela estabilidade da economia. E o mais importante é que durante os anos de estabilidade, todo brasileiro começou a planejar o futuro, elaborar um planejamento financeiro de longo prazo”, diz Fabiano Guasti Lima, pesquisador do Instituto Assaf.
Evolução dos preços  (Foto: G1)
O que dá para comprar com R$ 1?

A hiperinflação foi extinta na década de 1990, mas os preços continuaram subindo ao longo dos anos, e o R$ 1, que antes comprava dez pãezinhos ou até mesmo um quilo de frango, hoje não paga muito mais que um punhado de balas e chicletes.

É difícil achar produtos por R$ 1. No hortifruti, é possível comprar pouca coisa: algumas laranjas, cebolas ou uma maçã. Na padaria, consegue-se comprar menos de três pães, com o quilo beirando os R$ 8. 


Entre os industrializados, nada muito saudável fica dentro desta faixa de preço, a não ser sucos em pó, gelatinas e refrigerantes. Procurando bem, encontra-se um chocolate ou biscoito em promoção, garrafas de água de 300 ml ou uma lata de ervilha. 

(Veja vídeo acima)
Considerando a inflação acumulada de julho de 1994 até maio deste ano, de 359,89% pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), o poder de compra da moeda brasileira caiu perto de 80%. Assim, R$ 1 de 20 anos atrás vale agora R$ 0,21, bem como R$ 10 daquela época foram reduzidos a R$ 2,13. Quando comparada a quantia de R$ 100 em 1994 e neste ano, a diferença chega a R$ 78,70. Os cálculos são do matemático José Dutra de Oliveira Sobrinho.

Como está a inflação hoje
Segundo Silber, professor da USP, o país hoje convive com uma inflação que não pode ser considerada baixa, mesmo que fique longe da alta de preços do início dos anos 90.

“A literatura considera alta [inflação] quando passa de 10% ao ano. Baixa é de até 3%. O Brasil está no meio do caminho [cerca de 6%]. 

Hoje, a inflação neste país é de arrocho salarial [quando os reajustes de salário não acompanham a inflação]. Se tirar os preços que o governo controla, como de ônibus, gasolina e energia, a inflação seria desconfortável. E o pessoal de mais baixa renda é o que mais sente, não consegue mais comprar carne todo dia”, afirma.

Preços acima da média
Alguns gastos subiram ainda mais que a inflação desde o início do Plano Real e preocupam quem se acostumou com a estabilidade. “O brasileiro é muito mais sensível a um aumento na taxa de inflação. 


Sem a adoção do Plano Real, certamente, ela continuaria bastante descontrolada, nos patamares observados anteriormente ao plano ou até pior”, diz Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria.

A cesta básica vendida na cidade de São Paulo, por exemplo, ficou 443,82% mais cara, enquanto a inflação acumulada foi de 359,89%. O preço da cesta era de R$ 67,40 em julho de 1994 e passou para R$ 366,54 em maio deste ano, de acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
Em julho de 1994, Itamar Franco, à direita, mostra cédulas do real ao lado de Rubens Ricupero, que substituiu FHC como ministro da Fazenda. Com o apoio de Itamar, Fernando Henrique Cardoso usou o Plano Real para se eleger presidente no mesmo ano. (Foto: Ed Ferreira/Arquivo/AE)
Em julho de 1994, Itamar Franco, à direita, mostra
cédulas do real ao lado de Rubens Ricupero, que
substituiu FHC como ministro da Fazenda
(Foto: Ed Ferreira/Arquivo/AE)

“O medo atual da inflação se deve à perda de poder de compra que sentimos no nosso bolso. Compramos menos coisas que comprávamos no início do Plano Real. Sem ele [plano], que lançou as bases de estabilidade da economia, a situação seria bem crítica. 

Teríamos inflação bastante elevada, alto nível de desemprego e crescimento medíocre do PIB [Produto Interno Bruto]. A Argentina hoje é um reflexo desse cenário”, diz o pesquisador do Instituto Assaf.

O reajuste do salário mínimo ao longo dos anos também fez o brasileiro sentir como a inflação corroeu seu poder de compra, que havia sido retomado nos idos de 1994. De R$ 64,79, o piso passou para R$ 724. Sem tirar a inflação, o aumento no valor é animador, mas, quando a taxa é considerada, o crescimento é bem menor, de 146%, conforme aponta estudo do Instituto Assaf.

Detalhe das mãos de funcionário da Casa da Moeda incinerando cédulas de cruzeiros reais durante o primeiro ano do Plano Real, no Rio de Janeiro.  (Foto: OTÁVIO MAGALHÃES/ESTADÃO CONTEÚDO)Detalhe das mãos de funcionário da Casa da Moeda incinerando cédulas de cruzeiros reais durante o primeiro ano do Plano Real, no Rio de Janeiro (Foto: Otávio Magalhães/Estadão Conteúdo)

Aplicações financeiras
A inflação pesou sobre os ganhos de quem tinha aplicações. A rentabilidade da poupança foi de 1.182,18% de julho de 1994 até março deste ano. Tirando a inflação, cai para 182,01% de valorização.

No caso do CDB (Certificado de Depósito Bancário), a rentabilidade acumulada foi ainda maior, de 2.059,19%. Porém, desconsiderando a inflação, cai para 374,9%.

Entre todas as aplicações analisadas pelo estudo do Instituto Assaf, a que registrou a maior rentabilidade foi o CDI (Certificado de Depósito Interbancário), de 3.175,14%, mas o crescimento real foi de apenas 620,35%. 

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) aparece em terceiro lugar, com uma rentabilidade nominal de 1.284,25% e real de 204,46%.
“O CDI teve a maior rentabilidade por ter sido mais estável ao longo do tempo. 

Pagou taxas mais homogêneas no período, que passou por várias instabilidades e crises. A bolsa sofreu, não por ela mesmo, mas pelas diversas crises que assolaram o mundo e que acabamos sentindo aqui os reflexos”, disse Guasti, pesquisador do instituto.

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