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- Medida do governo de exigir guarda de dados em servidores instalados no país pode impulsionar mercado
Ao publicar fotos no Instagram, compartilhar documentos pelo Google Drive ou dar dicas no Foursquare, essas informações ficam guardadas em servidores espalhados pelo mundo. Esse movimento também está acontecendo no mercado corporativo.
De acordo com o “Estudo Internacional de Adoção da Tecnologia da Informação”, realizada no primeiro trimestre do ano pela CompTIA em dez países, 55% das empresas brasileiras já adotam algum tipo de serviço em nuvem.
E o segmento pode ganhar um empurrão do governo federal, que tenta incluir no Marco Civil da Internet a exigência da guarda de dados coletados no país em data centers instalados em território nacional.
— Essa medida vai abrir para o mercado brasileiro uma oportunidade muito grande. Todas as empresas terão que armazenar dados por aqui e, excluindo os grandes players que podem investir na instalação de data centers próprios, obviamente os outros não vão construir, vão contratar — afirma Silvio Antunes, diretor de negócios empresa nacional da Telefônica Vivo.
De olho no mercado corporativo, a gigante Amazon Web Services desembarcou no país há cerca de dois anos com a instalação de servidores em São Paulo e, num movimento mais recente, operadoras de telefonia lançaram produtos próprios.
A Oi foi a pioneira, apresentando o Oi Smart Cloud em fevereiro do ano passado. Hoje, a empresa opera cinco data centers espalhados por Brasília, São Paulo, Curitiba, Fortaleza e Belo Horizonte. No início, o foco foi o grande cliente, mas a operadora prepara para este mês o lançamento de pacotes de serviços para pequenas e médias empresas.
A expectativa é de aumento na demanda pelo produto. Atualmente, a Oi possui uma carteira com mais de cem grandes clientes e os serviços de TI, que englobam o Oi Smart Cloud, respondem por 6% do faturamento corporativo.
Segundo Mauricio Vergani, diretor da Unidade de Negócios Corporativos, a previsão é que em 2015 o segmento represente 15%. A Telefônica Vivo também aposta no rápido crescimento do setor.
Para isso, investiu R$ 400 milhões no que considera ser o mais moderno data center em operação no país, instalado num prédio de 33,6 mil metros quadrados no município de Santana do Parnaíba, em São Paulo. De acordo com Antunes, a previsão é que o Vivo Cloud Plus cresça 70% em 2014.
— O mercado como um todo está se movendo nessa direção empurrado por várias questões. A principal é que a nuvem elimina duas preocupações: dinheiro para comprar equipamentos e conhecimento para mantê-los — diz Roberto Mayer, vice-presidente de Relações Públicas da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro).
A possibilidade de oferecer serviços na web sem o pesado investimento em infraestrutura foi fundamental para que Thoran Rodrigues fundasse a start-up BigData Corp. A empresa usa aplicações pesadas para analisar grandes quantidades de informações.
Um dos produtos oferecidos, chamado BigWeb, já processou 1,5 petabytes de informação e mantém um banco de dados com quase seis terabytes.
Desde a fundação, há pouco mais de dois anos, a empresa utiliza o serviço de nuvem da Amazon Web Services. A estimativa é que a economia em relação a uma estrutura própria seja de US$ 0,01 a cada segundo e meio de funcionamento.
— Quando rodamos a aplicação, ativamos mil servidores. Com a nuvem a gente partiu de praticamente zero de investimento. Se fôssemos montar o nosso sistema, precisaríamos de espaço e capital para instalar mil computadores — diz Rodrigues.
Segurança ainda preocupa
Além da redução do investimento inicial, os serviços em nuvem permitem que o cliente aumente e diminua a capacidade de acordo com as necessidades, evitando gastos desnecessários para atender eventos sazonais. Um loja virtual, por exemplo, pode aumentar o volume de processamento apenas nas datas especiais, como o Natal.Contudo, a segurança ainda assusta o mercado corporativo. Por mais que os provedores garantam que os dados são invioláveis, empresários ainda temem que suas informações possam ser acessadas por terceiros.
De acordo com o estudo da CompTIA, a questão foi indicada por 48% dos empresários como uma barreira para a adoção da nuvem, seguida pelo acesso à internet não confiável, destacado por 35% dos entrevistados.
— Ter data centers no país é uma questão mais do campo psicológico. A tecnologia é a mesma, não importa onde eles estejam instalados. As nuvens estão cada vez mais seguras, mas tem gente que ainda se preocupa com isso — afirma Roberto Mayer.
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