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Pesquisa com células-tronco nos EUA analisou lesões em
peixes-zebra.
Insuficiência cardíaca após infarto é a 1ª causa
de morte nos países ricos.
Peixe-zebra em aquário na França
(Foto: Bruno Cavignaux/Biosphoto/Arquivo AFP)
Cientistas da Universidade da Califórnia em San Diego, nos EUA,
analisaram o coração de peixes-zebra (Danio rerio) para
rastrear os processos celulares que levam à regeneração cardíaca. O estudo foi
publicado na edição desta quinta-feira (20) da revista "Nature" e envolveu o uso
de células-tronco.
Segundo os autores, os resultados revelam um enorme potencial
para reparação desse músculo
após lesões nos ventrículos (câmaras inferiores do coração), como no caso de um
infarto. Os ventrículos, em geral, são a região mais atingida durante um ataque
cardíaco.
A insuficiência cardíaca, causada por um infarto ou arritmia
grave, é a principal causa de morte no mundo desenvolvido, em grande parte pela
incapacidade do coração dos mamíferos em gerar novas células e substituir o
tecido danificado. Por outro lado, invertebrados menores, como os peixes-zebra,
conseguem recuperar as fibras musculares dos ventrículos, chamadas
cardiomiócitos, após uma lesão.
A pesquisa, liderada por Neil Chi e Ruilin Zhang, sugere que
várias linhas celulares do coração desses peixes são mais capazes de se
transformar em novos tipos de células do que se pensava anteriormente. Isso
porque as células musculares encontradas especificamente nos átrios (câmaras
superiores) contribuem para a regeneração dos ventrículos.
Ao longo do estudo, os cientistas conseguiram gerar uma falha
genética nos animais capaz de causar destruição do músculo cardíaco e, em
seguida, rastrearam os cardiomiócitos nos ventrículos e nos átrios usando
proteínas fluorescentes.
Com uma técnica de mapeamento genético, a equipe descobriu que
os cardiomiócitos do átrio podiam se transformar em cardiomiócitos dos
ventrículos, em um processo chamado transdiferenciação. Isso ocorre quando uma
célula já diferenciada e especializada sofre uma transgressão e vira outro tipo
de célula.
Segundo Chi, ainda é preciso ver se esse mecanismo pode
funcionar de forma semelhante em humanos. Mas, de qualquer forma, o
trabalho abre portas para que a ciência entenda, no futuro, como esse tipo
de regeneração pode mudar o destino do músculo cardíaco humano após um infarto,
por exemplo.
Cardiomiócitos do átrio (em verde)
podem se transformar em células do ventrículo (em vermelho) para regenerar o
tecido cardíaco lesionado em peixes. Na imagem à esq., aparece o músculo
danificado e, ao lado, saudável.
A letra V indica a posição do ventículo e a A, a do átrio (Foto: Image by Ruilin
Zhang/Nature)
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