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Publicada em 10/10/2011 às 12h02m
Melissa Cruz RIO - Nesta segunda-feira, dia 10, estreia um novo modelo de e-commerce no setor de ofertas da internet brasileira: a compra coletiva por assinatura. A grande diferença é que o consumidor fará o pagamento direto ao vendedor no momento em que retirar o produto ou serviço (dentro dos prazos delimitados) e não no ato da impressão do cupom.
Quem está à frente da iniciativa é o site carioca Mix Oferta que chegou ao mercado em 2010, seguindo o modelo tradicional. Segundo o diretor-executivo Roberto Cardaretti , este novo modelo de negócio - em que o site é bancado pelos usuários - permite negociar preços ainda mais baixos. Diante do mercado saturado, as três maiores empresas no setor brasileiro - Groupon, Peixe Urbano e ClickOn - apostam na qualidade das ofertas e na melhora de processos internos.
O sistema do Mix Oferta envolve o pagamento periódico de uma taxa de manutenção de senha (TMS). São cinco planos - avulso, semanal, mensal, semestral ou anual - que variam entre R$ 5,90 e R$ 154,80. Após o pagamento, o acesso aos cupons é liberado pelo tempo equivalente ao valor pago.
Nesse período o assinante terá acesso a ofertas que, segundo o executivo, serão mais vantajosas, pois o vendedor não pagará comissão por cada produto negociado.
- O objetivo da compra coletiva por assinatura é tirar o consumidor de um cenário com descontos irreais e levá-lo para novo sistema em que uma taxa garante o acesso a produtos com redução de preços significativa - disse.
" Não cobramos nada para a empresa por as ofertas no site "
O modelo tradicional onera apenas o vendedor e as ofertas acabam perdendo qualidade e ficam cheias de restrições, defende Cardaretti. Não raro, há conflito entre a satisfação do cliente e o serviço oferecido, tirando a credibilidade de sites menores que não são tão exigentes quanto a seleção de seus anunciantes.
- Não cobramos nada para a empresa por as ofertas no site - garantiu.
Outra diferença é foco e-mail marketing (mensagens que levam as ofertas para os clientes cadastrados no site) que deixa de ser um veículo para o anúncio de ofertas apenas do dia.
- Isso vai gerar mais interatividade. Todo domingo, vamos alertar por e-mail sobre as promoções sem especificar quando ocorrerão - afirmou Cardaretti. O assinante terá que ficar atento para aproveitar produtos e serviços com baixo custo.
O executivo afirma ainda que a empresa fará promoções relâmpago, atualizando o site a todo momento. Em vez de divulgar a oferta que estará nas próximas 24 horas, serão anunciados os parceiros da semana.
Mais de 50% dos sites de compra coletivas e ofertas estão desatualizados
Nos sites que já existem no mercado, não existe um valor fixo para a comissão paga pelos anunciantes. No início, empresas do setor chegavam a capturar 40% do valor de cada unidade vendida. Com a concorrência as comissões foram ficando cada vez mais baixas, com site menores negociando taxas de até 10% do valor do produto, em busca de projeção. Como consequência, a exposição da oferta era ainda menor, em razão da grande quantidade de sites no setor e da diluição da audiência entre eles. Empresas começaram a fazer leilão e saíram no prejuízo, muitos delas ficaram inativas.
- Houve uma certa prostituição nesse meio. Isso não é lucrativo para ninguém - apontou Cardaretti, que optou por mudar o modelo de negócio do seu site, que nasceu cobrando comissões.
O grupo Bolsa de Ofertas, que faz uma pesquisa semanal sobre sites de cupons e compras coletivas com base em dados do Alexa estima que, atualmente, haja mais de dois mil deles no ar. Alguns são agregadores e funcionam reunindo ofertas de todos os sites sem representar concorrência direta.
O último levantamento, realizado na quinta-feira, aponta que o número exato de sites do tipo na internet brasileira é de 2.024. Desses, 98 são agregadores de ofertas. Os outros 1.926 se dividem em três categorias, ativos (42%); novos (14%) e inativos (44%). ( veja o gráfico )
"A maioria deles não apresenta uma nova oferta há mais de 15 dias e, mesmo assim, um novo site nasce a cada mês", em busca do sucesso alcançado pelos gigantes do setor, afirma o relatório.
Cláudia Woods, diretora de marketing do ClickOn, aponta que é natural que, com a expansão da internet no país e o aumento do número de consumidores on-line, surjam novos sites com propostas diferentes em busca de uma fatia do bolo de compras coletivas.
- Quando apareceram muitos sites de ofertas, empresários perceberam que havia oportunidade para agregadores como o Save.me - aponta a executiva.
Há ainda outros como o Recupom, uma espécie de site de leilão de cupons comprados e não utilizados por internautas que teve chance no mercado. Entretanto, ela alerta que modelos de assinatura podem cair no desuso, por conta da falta de disciplina das pessoas em administrar as assinaturas.
- É como uma academia. Você entra, paga a mensalidade e não usa - alerta.
Líderes apostam em otimização de processos e capital humano Embora haja iniciativas como a do Mix Oferta, os líderes no setor ainda apostam em armas consagradas para se manter no topo. Marca, credibilidade, qualidade das ofertas, melhora em processos internos e contratações estão entre as principais estratégias dos gigantes das compras coletivas que se esforçam para não perder o trono.
Em processo de IPO (em português, oferta pública inicial de ações), o Groupon - site que fundou o mercado de compras coletivas em 2008 nos Estados Unidos e chegou ao Brasil em julho de 2010 - não revela suas estratégias de negócio, por questões legais. Entretanto, Florian Otto, CEO do Groupon Brasil, admite que "hoje, para um site de compras coletivas ter sucesso, não basta apenas oferecer bons descontos".
Especula-se que o site de mais de 20 milhões de cadastrados somente no braço brasileiro.
- É igualmente fundamental oferecer itens que os clientes estejam buscando - defendeu o executivo, que aposta na qualidade das ofertas de seus parceiros. - Com o passar do tempo, fomos percebendo que os clientes também se interessavam por outros tipos de ofertas e passamos a investir nelas - diz Otto, que lembra que o Groupon nasceu oferecendo serviços e hoje trabalha com turismo e outros setores de vendas.
" Hoje, para um site de compras coletivas ter sucesso, não basta apenas oferecer bons descontos "
Segundo Letícia, o modelo que envolve o pagamento de comissão por parte do anunciante ainda é rentável.
- É uma exposição de marca e uma maneira de atrair novos clientes que dificilmente a empresa conseguiria de outra forma, sem verba generosa. O retorno é certo - disse. - Contamos com mais de 20 milhões de acessos ao site por mês e temos cerca de 800 mil fãs no Facebook. Quanto melhor é a oferta mais forte é a divulgação, pois os nossos próprios usuários ajudam a repassá-las a sua rede de contatos.
O ClickOn, também em uma situação confortável em terceiro lugar no ranking nacional, acaba de contratar Maíra Barcellos, ex-diretora de turismo do Peixe Urbano. Chegando com meta de triplicar as operações da seção no site, a nova executiva completa o board de diretores.
- Era a peça que faltava no quebra-cabeças - diz Claudia. A diretora de marketing afirma que o ClickOn tem sempre uma política de boa vizinhança com os concorrentes. Entretanto, é comum ver funcionários mudando de empresas.
- Falta gente qualificada no setor - justifica.
Investindo de forma contínua, o site já tem mais de 11 milhões de cadastrados e atua em mais de 50 cidades, além da Argentina.
- Estamos evoluindo nossas ações de e-mail marketing e trabalhando para chegar no topo. Tivemos menos aporte de capital e tudo o que conquistamos foi na eficiência. Fazemos mais com menos - afirma.
De olho no futuro, o Mix Oferta espera alcançar o mercado nacional em 12 meses, atuando em pelo menos 60 cidades. Atualmente, o site está com 75 vagas em aberto e o objetivo é que no ano que vem chegue a 300 funcionários no Sudeste do Brasil.
Com apenas 80 mil cadastrados até o momento - fruto do banco de usuários obtido no primeiro ano de funcionamento - a empresa faz previsões otimistas para o final de 2011.
- Saímos do mercado e vamos contar com a saturação do setor mas o nosso objetivo é estar entre os 20 maiores sites até o Natal - disse Cardaretti, que espera faturar R$ 1,3 milhão no próximo trimestre.
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