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INTERNACIONAL -- NOTÍCIAS & INFORMAÇÃO.
Publicada em 16/09/2011 às 19h09m
O Itamaraty relutava em reconhecer os rebeldes líbios como governo legítimo e dizia esperar a decisão da Assembleia Geral da ONU. Com a votação favorável desta sexta, o Brasil passou a se juntar agora, sem alarde, a países como França, Reino Unido, EUA, Rússia e China, que já consideravam o CNT a autoridade líbia.
Na votação desta sexta, 17 países votaram contra e outros 15 se abstiveram. Entre os que se opuseram estão os países da Aliança Bolivariana para as Américas (Alba) - como Venezuela, Nicarágua e Cuba - e da União Africana.
Autoridades da ONU disseram que o embaixador líbio, Abdurrahman Shalgham, deve manter o posto como o principal diplomata de Trípoli. A deserção do vice de Shalgham, Ibrahim Dabbashi, para o campo rebelde em fevereiro de 2011 inspirou dezenas de diplomatas líbios em todo o mundo a denunciar a repressão violenta promovida por Muamar Kadafi.
Shalgham acabou seguindo os passos de Dabbashi e uniu-se à causa rebelde, denunciando Kadafi em um discurso carregado de emoção no qual comparou o ditador a Hitler e a Pol Pot.
Também nesta sexta, o Conselho de Segurança suavizou as sanções contra a Líbia, que eram direcionadas à empresa petrolífera estatal e ao banco central, como forma de permitir que instituições-chave retomem operações após a guerra civil no país. O Conselho votou por unanimidade a favor da resolução que também estabelece uma missão de auxílio da ONU no país.
O alerta para que moradores deixassem a cidade de Bani Walid expirou na noite de quinta-feira e o avanço de rebeldes não demorou. Tropas do CNT da Líbia aceleraram as ações para ocupar a cidade, um dos últimos bastiões de Muamar Kadafi, junto com Sirta e Sabha, que também estão sob ataque.
Segundo a rede de TV al-Jazeera, os rebeldes já tomaram o aeroporto de Bani Walid, cercada há duas semanas, e teriam dominado a região que leva ao centro da cidade. As forças do ditador líbio resistem com armas pesadas.
- Recebemos ordens de nossos comandantes e nos dirigimos a Bani Walid vindo de diferentes posições. Pensávamos em fazer isso hoje (ocupar), mas as forças de Kadafi lançaram o ataque. Pensavam que íamos nos retirar. São uns covardes - afirmou o combatente Mohammed Jwaida, acrescentando que há cerca de mil soldados rebeldes ao redor da cidade.
As forças de Kadafi em Bani Walid chegam a disparar foguetes contra um armazém usado como hospital pelos rebeldes. Houve uma intensa troca de tiros depois do ataque.
Com armas pesadas e pelo menos quatro tanques, centenas de rebeldes também avançam sobre Sirta, cidade natal do ditador líbio, parcialmente tomada pelas tropas do CNT. Os combatentes disseram ter dominado uma área residencial, mas também enfrentam resistência na cidade.
A maior parte dos rebeldes se concentra nos arredores de Sirta. Segundo o porta-voz Ali Gheliwan, 11 combatentes do CNT foram mortos e 34 ficaram feridos na ação. Eles teriam capturado 40 soldados de Kadafi.
Também há rebeldes nos arredores de Sabha e de al-Qira, cidade natal do chefe da inteligência de Kadafi, Abdullah al-Senussi. Junto com o ditador e com seu filho Saif al-Islam, al-Senussi teve a prisão pedida pelo Tribunal Penal Internacional e a Interpol.
Enquanto ainda procuram o ditador e sua família, os rebeldes também tentam a extradição de parentes de Kadafi que fugiram para o Níger. Uma comissão seguiu para o país nesta sexta para pedir o retorno de Saadi Kadafi, que cruzou a fronteira no domingo.
Os rebeldes também receberam nesta sexta a visita do primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, que chegou a Trípoli um dia depois de Nicolas Sarkozy e David Cameron. Erdogan foi recebido pelo presidente do CNT, Mustafa Abdel Jalil, e depois discursou a uma multidão .
- Vocês são os que mostraram ao mundo todo que nenhuma administração pode resistir ao desejo do povo - afirmou Erdogan, enquanto a multidão gritava "Turquia, Turquia". - Não se esqueçam disso: aqueles na Síria que promovem a repressão contra o povo não vão resistir porque opressão e prosperidade não podem existir juntas.
Sua viagem faz parte de um giro que inclui Egito e Tunísia, outros países envolvidos na Primavera Árabe. Ele deve discutir com as novas autoridades líbias como retomar os investimentos no país.
Na visita do presidente francês e do primeiro-ministro britânico, o presidente do CNT afirmou que os aliados estrangeiros durante a guerra terão prioridade em futuros acordos econômicos com o país.
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