O Globo
PEIXE MORCEGO |
+-*-+ RIO - O mundo está cheio de espécies de animais, plantas, fungos e micróbios ainda desconhecidos pelo homem. Desde que o cientista sueco Carolus Linnaeus criou seu sistema de classificação no século XVIII, cerca de 2 milhões delas já foram descritas, mas as estimativas são de que ainda restam entre 10 milhões e 100 milhões a ganharem as atenções dos biólogos.
Para comemorar o aniversário de Linnaeus, na segunda-feira, e destacar a importância da preservação da biodiversidade no planeta, um comitê científico reunido pelo Instituto Internacional para Exploração de Espécies da Universidade do Arizona elegeu as 10 mais significativas descobertas do ano passado. Entre elas estão cogumelos fosforescentes; uma aranha cuja teia é 10 vezes mais forte que o kevlar, material usado na fabricação de coletes a prova de balas; e bactérias que estão corroendo os restos do Titanic. Confira a lista:
1) Tyrannobdella rex - O nome desta sanguessuga descoberta no Peru é uma lembrança do Tiranossauro rex, maior carnívoro que habitou a Terra. Com apenas cinco centímetros de comprimento, o que a diferencia das outras cerca de 600 espécies já conhecidas de sanguessugas é o fato de ela ter uma única mandíbula com apenas um gigantesco dente. Detalhe: o espécime descrito foi encontrado dentro do nariz de uma menina peruana.
2) Halomonas titanicae - Esta bactéria submarina tem um metabolismo baseado na decomposição do ferro e vive em condições extremas, com pressão elevada e temperatura próxima do zero grau. Ela foi descoberta no casco do naufrágio do Titanic e está ajudando a destruir o que resta do navio.
3) Halieutichthys intermedius - Este tipo de peixe-morcego recebeu de seus descobridores a alcunha de "panqueca" por seu formato achatado e amarelado. Ele se arrasta pelo fundo do Golfo do México e, mal foi descrito, já está ameaçado, pois sua área de ocorrência é justamente a que foi afetada pela explosão e vazamento de óleo da plataforma Deepwater Horizon no ano passado.
4) Mycena luxaeterna - É uma das apenas 71 espécies de cogumelos bioluminescentes já descobertas entre as centenas de milhares descritas. Com oito milímetros de altura, ele brilha com uma luz amarelo-esverdeada e foi encontrado na Mata Atlântica brasileira, próximo de São Paulo.
5) Saltoblattella montistabularis - Esta barata saltadora encontrada no Parque Nacional de Table Mountain, na África do Sul, tem tudo para ser motivo de pesadelos. Diferentemente de suas irmãs, ela tem patas e corpo modificados que a tornam parecida com um grilo, movendo-se aos pulos. Até sua descoberta, as únicas baratas saltadoras conhecidas eram fósseis do período Jurássico.
6) Varanus bitatawa - Mesmo com quase dois metros de comprimento e pesando cerca de 10 quilos, este lagarto da ilha filipina de Luzón passou séculos desapercebido pela comunidade científica. Ele foi classificado dentro do mesmo gênero do lagarto gigante de Komodo (Indonésia), mas ao contrário deste, que é carnívoro, a nova espécie filipina só se alimenta de frutas.
7) Philantomba walteri - A descoberta deste novo tipo de mamífero, parecido com um veado, é uma mostra de como o continente africano ainda guarda muitos mistérios. Sua primeira descrição também diz muito sobre a relação do homem com a natureza e a ciência: os biólogos encontraram a espécie rara em um mercado de rua, onde era vendida como carne de caça.
8) Glomeremus orchidophilus - Este pequeno grilo é um trabalhador especializado com um apetitte único. Ele é encontrado apenas na Ilha Reunião, no Oceano Índico, e vive associado continuamente a uma flor, a orquídea Angraecum cadetii, muto rara e ameaçada. Ele é o único grilo polinizador conhecido desta orquídea, o que torna sua sobrevivência diretamente ligada ao inseto.
9) Psathyrella aquatica - Este é mais um caso raro no reino dos fungos. Os pesquisadores o encontraram em um rio do estado americano do Oregon e é a única espécie de cogumelo conhecida que passa todo seu ciclo de vida debaixo da água.
10) Caerostris darwini - Para quem gosta dos "mais em tudo", esta espécie de aranha encontrada em Madagascar se destaca. Suas enormes teias cobrem áreas de mais de 30 metros de comprimento e capturam dezenas de espécies de insetos diferentes. Ela também é feita com fios super-fortes, duas vezes mais resistentes do que os produzidos por outras aranhas e 10 vezes mais que o kevlar, um dos mais fortes materiais já criados pelo homem.
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