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Prévia do PIB foi divulgada pelo BC; resultado oficial sai em 29 de maio.
Consumo fraco e setor externo ruim motivaram resultado, diz economista.
Após ter registrado estagnação no ano passado, a economia brasileira iniciou o ano de 2015 não só pisando no freio mas também engatando a marcha ré, segundo informações divulgadas nesta sexta-feira (15) pelo Banco Central (BC).
O chamado Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), calculado pelo BC e que busca ser uma espécie de "prévia" do Produto Interno Bruto (PIB), registrou um "encolhimento" de 0,81% no primeiro trimestre deste ano, em comparação com os três últimos meses de 2014. A variação foi feita após ajuste sazonal.
Além de a prévia do PIB ter mostrado que a economia brasileira teria "encolhido" no primeiro trimestre deste ano, ela também indicou que o Brasil pode ter entrado em recessão. Isso porque os resultados de meses anteriores foram revisados.
Com os novos valores, a economia teria registrado contração de 0,20% nos três últimos meses do ano passado, na comparação com o trimestre anterior. Dois trimestres consecutivos de queda do PIB configuram o que os economistas classificam de "recessão técnica".
O Produto Interno Bruto é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, e serve para medir a evolução da economia. O resultado oficial do PIB do primeiro trimestre, porém, será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) somente em 29 de maio.
Resultado de março e em doze meses
Somente em março, ainda de acordo com números da autoridade monetária, a economia brasileira teria registrado retração de 1,07%. Trata-se, de acordo com o Banco Central, da maior queda do PIB mensal desde junho de 2014 - quando foi registrada uma contração de 1,42%. E, no acumulado em 12 meses até março, o indicador registrou contração de 1,18%, segundo números do BC.
O que motivou resultado
Para o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, o PIB do primeiro trimestre deste ano, cujo resultado oficial será divulgado na semana que vem, deve registrar uma retração de 0,5% contra o quarto trimestre do ano passado.
"Isso deriva de uma desaceleração do consumo das famílias, algo que já está encaminhado, e também do setor externo, cujo resultado está muito ruim", avaliou o economista. Segundo ele, o PIB do primeiro trimestre deste ano ainda tem efeito pequeno das medidas de ajuste fiscal do governo (aumento de imposto e corte de gastos, principalmente de investimentos), que devem "bater" mais fortemente no resultado do segundo trimestre de 2015.
Segundo ele, o PIB do segundo trimestre deste ano deve ter uma contração maior ainda, de cerca de 0,9%, contra os três primeiros meses deste ano - jogando o país em recessão, que se caracteriza pela contração do PIB por dois trimestres consecutivos. Para o acumulado de todo este ano, Perfeito prevê um encolhimento do PIB de 0,9% na comparação com 2014.
"O setor externo não vai recuperar [em 2015 fechado] apesar de o real ter se depreciado [alta do dólar, que torna exportações mais baratas] e o investimento vai vir muito baixo, dada a baixa confiança dos investidores. O ajuste fiscal vai sendo sentido mais fortemente ao longo do ano e o BC deve subir os juros para até 14,50% ao ano [atuamente, a taxa está em 13,25% ao ano]", declarou.
Resultados do IBC-Br x PIB
O IBC-Br foi criado para tentar ser um "antecedente" do PIB. O índice do BC incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos. Os últimos resultados do IBC-Br, porém, não têm mostrado proximidade com os dados oficiais do PIB, divulgados pelo IBGE.
Em 2012, por exemplo, o IBC-Br mostrou um crescimento de 1,6%. Posteriormente, o resultado oficial do PIB mostrou uma alta menor, de 1%. Em 2013, o BC acertou. Previu uma alta de 2,5% – que foi depois confirmada com as revisão feita pelo IBGE. Em 2014, o BC estimava uma retração de 0,15% no PIB, mas os dados oficiais mostraram uma alta de 0,1% no ano passado.
O Banco Central já informou, em 2013, que o IBC-Br não seria uma medida do PIB, mesmo que tenha sido criado para tentar antecipar o resultado, mas apenas "um indicador útil" para o BC e para o setor privado.
Definição dos juros
O IBC-Br é uma das ferramentas usadas pelo BC para definir a taxa básica de juros (Selic) do país. Com o menor crescimento da economia, por exemplo, teoricamente haveria menos pressão inflacionária. Atualmente, os juros básicos estão em 13,25% ao ano e a expectativa do mercado, até o momento, é de nova elevação: para 13,50% ao ano, no início de junho.
Pelo sistema de metas de inflação que vigora no Brasil, o BC precisa calibrar os juros para atingir as metas preestabelecidas. Quanto maiores as taxas, menos pessoas e empresas dispostas a consumir, o que tende a fazer com que os preços baixem ou fiquem estáveis.
Para 2015 e 2016, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Desse modo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país e medida pelo IBGE, pode ficar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente descumprida.
Neste ano, tanto o mercado financeiro quanto o governo, e até mesmo o Banco Central, acreditam que inflação oficial ficará acima do teto de 6,5% do sistema de metas. O mercado estima um IPCA de 8,29% para 2015.
O governo vê a inflação deste ano em 8,2% e a autoridade monetária em 7,9%. O Banco Central tem dito que trabalha para trazer a inflação para o centro da meta, de 4,5%, em 2016.
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O chamado Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), calculado pelo BC e que busca ser uma espécie de "prévia" do Produto Interno Bruto (PIB), registrou um "encolhimento" de 0,81% no primeiro trimestre deste ano, em comparação com os três últimos meses de 2014. A variação foi feita após ajuste sazonal.
Além de a prévia do PIB ter mostrado que a economia brasileira teria "encolhido" no primeiro trimestre deste ano, ela também indicou que o Brasil pode ter entrado em recessão. Isso porque os resultados de meses anteriores foram revisados.
Com os novos valores, a economia teria registrado contração de 0,20% nos três últimos meses do ano passado, na comparação com o trimestre anterior. Dois trimestres consecutivos de queda do PIB configuram o que os economistas classificam de "recessão técnica".
O Produto Interno Bruto é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, e serve para medir a evolução da economia. O resultado oficial do PIB do primeiro trimestre, porém, será divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) somente em 29 de maio.
Resultado de março e em doze meses
Somente em março, ainda de acordo com números da autoridade monetária, a economia brasileira teria registrado retração de 1,07%. Trata-se, de acordo com o Banco Central, da maior queda do PIB mensal desde junho de 2014 - quando foi registrada uma contração de 1,42%. E, no acumulado em 12 meses até março, o indicador registrou contração de 1,18%, segundo números do BC.
O que motivou resultado
Para o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, o PIB do primeiro trimestre deste ano, cujo resultado oficial será divulgado na semana que vem, deve registrar uma retração de 0,5% contra o quarto trimestre do ano passado.
"Isso deriva de uma desaceleração do consumo das famílias, algo que já está encaminhado, e também do setor externo, cujo resultado está muito ruim", avaliou o economista. Segundo ele, o PIB do primeiro trimestre deste ano ainda tem efeito pequeno das medidas de ajuste fiscal do governo (aumento de imposto e corte de gastos, principalmente de investimentos), que devem "bater" mais fortemente no resultado do segundo trimestre de 2015.
Segundo ele, o PIB do segundo trimestre deste ano deve ter uma contração maior ainda, de cerca de 0,9%, contra os três primeiros meses deste ano - jogando o país em recessão, que se caracteriza pela contração do PIB por dois trimestres consecutivos. Para o acumulado de todo este ano, Perfeito prevê um encolhimento do PIB de 0,9% na comparação com 2014.
"O setor externo não vai recuperar [em 2015 fechado] apesar de o real ter se depreciado [alta do dólar, que torna exportações mais baratas] e o investimento vai vir muito baixo, dada a baixa confiança dos investidores. O ajuste fiscal vai sendo sentido mais fortemente ao longo do ano e o BC deve subir os juros para até 14,50% ao ano [atuamente, a taxa está em 13,25% ao ano]", declarou.
Resultados do IBC-Br x PIB
O IBC-Br foi criado para tentar ser um "antecedente" do PIB. O índice do BC incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos. Os últimos resultados do IBC-Br, porém, não têm mostrado proximidade com os dados oficiais do PIB, divulgados pelo IBGE.
Em 2012, por exemplo, o IBC-Br mostrou um crescimento de 1,6%. Posteriormente, o resultado oficial do PIB mostrou uma alta menor, de 1%. Em 2013, o BC acertou. Previu uma alta de 2,5% – que foi depois confirmada com as revisão feita pelo IBGE. Em 2014, o BC estimava uma retração de 0,15% no PIB, mas os dados oficiais mostraram uma alta de 0,1% no ano passado.
O Banco Central já informou, em 2013, que o IBC-Br não seria uma medida do PIB, mesmo que tenha sido criado para tentar antecipar o resultado, mas apenas "um indicador útil" para o BC e para o setor privado.
Definição dos juros
O IBC-Br é uma das ferramentas usadas pelo BC para definir a taxa básica de juros (Selic) do país. Com o menor crescimento da economia, por exemplo, teoricamente haveria menos pressão inflacionária. Atualmente, os juros básicos estão em 13,25% ao ano e a expectativa do mercado, até o momento, é de nova elevação: para 13,50% ao ano, no início de junho.
Pelo sistema de metas de inflação que vigora no Brasil, o BC precisa calibrar os juros para atingir as metas preestabelecidas. Quanto maiores as taxas, menos pessoas e empresas dispostas a consumir, o que tende a fazer com que os preços baixem ou fiquem estáveis.
Para 2015 e 2016, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Desse modo, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial do país e medida pelo IBGE, pode ficar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente descumprida.
Neste ano, tanto o mercado financeiro quanto o governo, e até mesmo o Banco Central, acreditam que inflação oficial ficará acima do teto de 6,5% do sistema de metas. O mercado estima um IPCA de 8,29% para 2015.
O governo vê a inflação deste ano em 8,2% e a autoridade monetária em 7,9%. O Banco Central tem dito que trabalha para trazer a inflação para o centro da meta, de 4,5%, em 2016.
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