Vendas às vésperas do Natal estão em ritmo lento

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Desaquecimento da economia já reduz intenção de compra, e movimento só deve crescer metade do resultado de 2010.

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Fabiana Ribeiro, Lino Rodrigues e Ronaldo D'Ercole

Publicado: 19/12/11 - 22h32

Atualizado: 19/12/11 - 23h56

Movimentação de compras de natal no Shopping Nova America na Zona Norte da cidade. Foto Pedro Kirilos / Agencia O GLobo Pedro Kirilos / Agência O Globo

[*****] RIO e SÃO PAULO. O Natal de 2011 não vai ser igual àquele que passou. O desaquecimento da economia brasileira já freia o ânimo dos consumidores na hora de comprar — mesmo a prazo — os presentes de fim de ano. As projeções ainda são positivas: as vendas de Natal nos shoppings devem crescer 6,5%, de acordo com a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop). Desempenho que não chega nem perto da força de 2010 — que apresentou alta de 13% nas vendas para a data natalina. Esse ritmo menor já vinha aparecendo na economia. O Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos pelo país) ficou estagnado no terceiro trimestre, assim como as vendas no comércio em outubro.


— Vai ser um Natal mais moderado, mas será um Natal bom. A desaceleração na economia faz com que as pessoas fiquem com mais receio de gastar. As expectativas das famílias começam a piorar e fazem com que o consumidor opte pela cautela. E a inflação segue elevada, corroendo parte dos ganhos de renda que o trabalhador obteve este ano — comentou Carlos Thadeu de Freitas, economista-chefe da Confederação Nacional de Comércio (CNC).


Outro termômetro do desaquecimento recai sobre as contratações de temporários. Em 2010, foram 130 mil, ou 13% acima do contingente de 2009. Neste ano, são 140 mil, ou apenas 7% a mais, diz a Alshop.
— O comércio se preparou para essa desaceleração. Os estoques também foram menores — acrescentou Freitas.


Os dados da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) para a primeira quinzena de dezembro também indicam desaceleração no comércio paulistano. Os números do Serviço de Proteção ao Consumidor (SPC), que reflete as vendas pelo crediário, apontam alta de 1,9% ante a quinzena anterior. Já o Telecheque, que mede as compras à vista, não cresceu. No ano passado, nesse mesmo período, o SPC teve aumento de 11%, e o pagamento com cheques, 16,2%. As vendas no Natal do ano passado, na média, ficaram 13% maiores.


— O Natal de 2010 foi o melhor da década — disse Emílio Alfieri, economista da ACSP, para quem dezembro deve apresentar um crescimento nas vendas de apenas 1%.
Depois de crescerem 6% no Natal de 2010, as vendas dos lojistas do Brás, uma das maiores áreas de comércio popular de artigos de vestuário de SP, devem ficar estagnadas em termos reais. De acordo com Jean Makdissi, presidente da Alobrás (a associação dos lojistas do Brás), este ano o grande esforço dos comerciantes é vender 5% mais que em 2010, em termos nominais:
— A economia está estranha e o Natal deste ano não será tão bom quanto o do ano passado.
　
Mais perto do Natal, melhores expectativas de vendas
Na 25 de Março, o maior centro de comércio popular de SP, a expectativa é de que as vendas cresçam 6% este ano, contra 10% no ano passado.


— E o movimento tem crescido nas últimas semanas, após um período estagnado que vinha desde outubro — disse Pierre Sarrauf, diretor da Univinco (associação dos lojistas da 25).
Na Saara, endereço do comércio popular do Centro do Rio, também há lojas que se queixam das vendas de Natal. Caso da empresária Rafaela Oliveira, da Loja Balisun Decoração, no coração da Saara, de objetos de decoração indianos.


— As vendas estão muito fracas neste período de Natal, comparadas com anos anteriores. Estamos praticamente com venda de dia normal. Espero que mude logo, para alcançarmos a meta de fim de ano.
Mas ainda há otimismo. Há lojistas que esperam que o movimento deslanche nos últimos dias antes do Natal:
— Estamos vendendo bem, mas não como nos anos anteriores. Tenho expectativa de aumentar as vendas em 30% até sexta-feira — espera o empresário Ronaldo Arêias, da Loja Vega, de perfumes e presentes, há 38 anos no Centro.


Ainda assim as vendas do último fim de semana animaram as grandes redes que esperam números positivos para o Natal. Inspirado na Black Friday, que no fim de novembro elevou em até 50% as vendas em suas lojas da bandeira Extra, o Pão de Açúcar realizou no último fim de semana o plantão de Natal, com descontos que impulsionaram as vendas de algumas linhas de produtos, segundo a rede
— O fim de semana foi melhor para os produtos das linhas de alimentação e bebidas, cujas vendas foram substancialmente maiores. Mas com IPI menor (para eletrodomésticos) e preços promocionais, as vendas de não alimentos também ficaram acima do que esperávamos — disse José Roberto Tambasco, vice-presidente executivo de Varejo do Pão de Açúcar.


Grande expectativa também aparece nos shoppings — que já começaram a ampliar os horários de funcionamento.
— O fluxo de dezembro cresce a cada semana, com a proximidade do Natal. No último sábado, o Rio Design Barra registrou o maior fluxo do ano: 10% superior em relação ao mesmo período de 2010 e 15% acima em relação ao mesmo dia da semana anterior, o que comprova que a maioria das pessoas deixa para ir às compras em cima da hora — acredita Cecilia

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