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Praia da Caieira, fora do roteiro tradicional, é 'área vip' de moradores.
Baías do Sancho e dos Porcos, mais conhecidas, continuam imperdíveis.
Nem de longe esta é uma das praias badaladas de Noronha - e diz-se que há até um pacto entre os moradores para não divulgar muito o local, deixá-lo como uma 'área vip' dos nativos. Procurada por poucas pessoas e fora dos roteiros turísticos, a enseada tem restrições ambientais e faz parte do Parque Nacional Marinho.
O arquipélago de Fernando de Noronha fica a 545 quilômetros do Recife e pertence, administrativamente, a Pernambuco. A praia da Caieira é situada no chamado “mar de fora”, área voltada para a África. Para visitar as diversas piscinas naturais, é preciso estar acompanhado por um guia credenciado (é fácil encontrar um na ilha, basta pedir informações no hotel), e o que pouca gente sabe é que vale muito a pena seguir as orientações e conhecer o local.
Vulcanismo e piscinas naturais
Na Caieira, é possível ver o traço do vulcanismo noronhense. Da lava, sobraram rochas sedimentadas e calcarenito, o resultado da explosão a uma temperatura de 700 graus, similar à erupção do Vesúvio, que destruiu a cidade de Pompéia, no antigo Império Romano. As cinzas construíram diques, o rastro do rio de fogo que correu por ali. É possível ver ainda os edifícios vulcânicos, amontoados cinzas em formato de cone.
E a paisagem muda, conforme a época do ano. Atualmente, a praia está coberta por uma camada de seixos negros. A partir de janeiro, o mar traz a areia, encobrindo as pedras escuras. A areia da praia e da duna que cerca a Caieira é sedimentar, formada por restos de animais e conchas.
Para chegar à Baía do Sancho , encare a descida de 30m numa escadaria de pedra (Foto: Divulgação / Administração da Ilha)
Nas luas cheia e nova, quando a amplitude da maré supera os dois metros, ocorre um fato curioso. Alguns peixes encalham na maré seca e são cozidos pelo sol. E são justo esses peixes que viram alimento dos tubarões recém-nascidos. “É uma coisa fantástica. A morte para uns representa a vida para outros”, diz Veras.
Buraco da Raquel
Nas proximidades da enseada da Caieira, é possível ver também o Buraco da Raquel. Diz a lenda que Raquel era filha de um comandante militar que se refugiava no local durantes as crises de depressão. Mas há controvérsias: outra versão, mais picante, conta que Raquel, de fato, procurava o lugar - mas não por doença, e sim para encontros amorosos. Com sexo ou não, ela deu o nome a um pedacinho de Noronha que merece ser visitado. A região conta com uma série de piscinas naturais, mas o banho é proibido. A medida foi tomada porque na área é registrada a reprodução de diversas espécies, como as lagostas. A paisagem tem ainda uma rocha, em formato de portal, que pode ser contemplada do alto.
Ilha das lendas
A lenda da Raquel não é a única de Fernando de Noronha. Ao longo dos anos, as histórias foram passando de geração em geração, ganhando novos detalhes, conforme o imaginário popular. E a lenda mais famosa é a dos gigantes.
Conta a história que num passado para lá de distante, quem sabe na era dos vulcões ativos, dois gigantes viveram um romance proibido. Por castigo dos deuses, o órgão genital dele e os seios dela foram petrificados. Hoje, eles seriam o Morro do Pico e o Morro Dois Irmãos. A historiadora Marieta Borges conta essa e muitas outras histórias no livro "Lendas e fatos pitorescos de Fernando de Noronha", vendido na ilha.
Praias 'obrigatórias'
Em Fernando de Noronha, é possível encontrar roteiros alternativos, visitando praias fora dos pacotes tradicionais, como a Caieira, mas não dá para deixar a ilha sem mergulhar nas praias mais famosas, como Sancho, Baía dos Porcos e Leão, pois não é à toa que elas ganharam fama.
A Baía do Sancho, por exemplo, sempre é escolhida por especialistas como uma das praias mais bonitas do Brasil e está entre as “mais-mais” do mundo. A trilha de acesso, via Baía dos Porcos, está interditada há anos. Para chegar ao Sancho é preciso ir de barco ou encarar a descida de uma escadaria encravada num paredão de pedras de 30 metros de altura. A recompensa é um banho de mar em águas claras recheadas de peixes multicoloridos, tartarugas e até uma moreia “residente”. Nos anos de inverno intenso, o trecho de mata existente no local abre espaço para uma cachoeira. É um presente para poucos eleitos, porque, nos períodos de estiagem, o Sancho pode ficar até cinco anos sem o véu de água doce rolando nas pedras.
Pequena, a Baía dos Porcos poderia ser cenário de filme de James Bond. Com água cristalina verde esmeralda, essa praia desvenda um dos ângulos mais bonitos do Morro Dois Irmãos. A fauna marinha é diversa e o local também abriga piscinas naturais. A apneia - mergulho sem equipamentos - é um dos principais destaques.
Com uma faixa de areia extensa, a Praia do Leão é o ponto principal de desova de tartarugas marinhas. Por conta disso, a visita noturna é proibida, mas é durante o dia que o turista vai desfrutar do local da melhor maneira. O mergulho é a oportunidade para contemplar os peixes e, com sorte, também as tartarugas. Na Praia do Leão, também é possível ver os esguichos que fazem a fama da Caieira, onde toda essa história está registrada nas pedras.
Parte da renda da loja do projeto Tamar é revertida para pesquisas em Fernando de Noronha (Foto: Divulgação)
Quem visita Fernando de Noronha não deve levar nada do arquipélago ao ir embora. Como a ilha é um santuário ecológico, não dá para colocar na bagagem areia, pedras, conchas e água da praia. Para quem quer guardar mais do que saudade do arquipélago, é só dar uma olhada no comércio local, que tem várias lembrancinhas à disposição.
Com variedade e preços em conta, a Loja da Mãezinha, na Vila dos Remédios, é uma espécie de loja de conveniência e vende “de um tudo”, de artesanato, passando pela perfumaria, presentes e até ferramentas, como alicate e chave de fenda. Se o visitante esquecer ou perder a câmera fotográfica, por exemplo, pode comprar um equipamento novo na 'Mãezinha', como é chamada pelos moradores. Em Noronha não existem lojas de eletroeletrônicos, então esta pode ser a salvação.
O forte da Loja da Mãezinha são as camisetas com ilustrações de Fernando de Noronha. O produto custa entre R$ 12,00 e R$ 20,00. As camisas com desenhos e fotos de mergulho estão entre as mais procuradas. Os bichinhos de pelúcia, como golfinhos e tartarugas, são os preferidos da garotada, a preços que vão de R$ 40,00 a R$ 70,00.
Se o turista quer provar que esteve na terra, ou nas águas, dos tubarões, deve procurar a loja do Museu dos Tubarões, no Porto de Santo Antônio. O local oferece mais de duas mil opções de produtos, com preços que variam de R$ 0,50 (a fitinha de Noronha, no mesmo estilo fita Senhor do Bonfim da Bahia) a R$ 975,00 (pingente com dente de tubarão, ouro branco, prata e turmalina).
Outro point para as compras é a loja do Centro de Visitantes do Projeto Tamar. Parte da renda arrecadada no local vai para as pesquisas e preservação das tartarugas marinas. A loja é na Vila do Boldró, ao lado do auditório do projeto, onde são realizadas palestras diárias e serve como ponto de encontro de turistas. As camisas são as mais procuradas, custando de R$ 22,00 a 91,00. A campeã de vendas é a camiseta que registra o número de tartarugas salvas pelo Tamar (atualmente 11 milhões), que custa R$ 41,00.
Quase todas as camisas comercializadas são produzidas pelas mulheres de pescadores das proximidades das bases do projeto, em Sergipe e no Espirito Santo. O Tamar também conta com artesanato confeccionado por bordadeiras do Ceará. “Esta é uma forma de valorizar a sustentabilidade ambiental, por isso o Tamar apoia esses grupos", informa Rafael Robles, coordenador do projeto em Noronha.
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