HISTÓRIA
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Zumbindo a uma velocidade de cerca de 100  km/h, ela sobrevoou duas vezes o campo militar antes de iniciar sua verdadeira  missão. Na cabine da primitiva geringonça de madeira e lona, lá em cima, a 180  metros de altitude, o jovem tenente italiano Giulio Gavotti, de 29 anos,  preparava-se para escrever seu nome na posteridade. Na terceira passagem, pegou  uma granada de 1,5 quilo, tirou o pino com os dentes e deixou cair sobre os  inimigos, dando início ao primeiro ataque aéreo da História. 
Por uma dessas estranhas coincidências do destino, exato um século depois  pilotos italianos, sob o comando da Otan, novamente bombardearam do céu a Líbia.  E, como em 1911, quando o ataque significou o encerramento de séculos de domínio  otomano no então território da Tripolitânia, a intervenção internacional da qual  a Itália fez parte em 2011 marcou o fim de décadas da ditadura de Muamar Kadafi.  E se, no primeiro, o poder aéreo ainda engatinhava, no segundo foi a principal  arma de guerra da Aliança Atlântica. 
- Meu avô tinha consciência da importância histórica do que estava fazendo -  contou ao GLOBO, de Roma, Paolo de Vecchi, de 73 anos, neto de Gavotti. - No  próprio dia 1º de novembro de 1911, ele escreveu a seu pai dizendo que ia tentar  lançar bombas do avião, na primeira tentativa de se fazer algo do gênero, e que,  se tivesse sucesso, ficaria feliz de ser o pioneiro. 
Nascido em 1882 em Gênova, Gavotti estudou engenharia e tirou seu brevê em  1910. Quando estourou a guerra turco-italiana no ano seguinte, foi enviado ao  Norte da África como um dos 11 pilotos do Batalhão de Aviadores. No comando de  uma das aeronaves que compunham o poderio aéreo da expedição militar italiana,  Gavotti ficaria surpreso se soubesse que, 100 anos depois, mais de 250 aviões  seriam enviados contra as forças do sultão de plantão em Trípoli. E mais ainda  se pudesse imaginar que as quatro granadas lançadas em seu ataque aéreo  inaugural - uma delas tirada do bolso de sua jaqueta - pareceriam inofensivos  estalinhos se comparadas aos 110 mísseis Tomahawk que caíram sobre alvos líbios  apenas no primeiro dia da ofensiva contra Kadafi. 
- Na época, três anos antes da Primeira Guerra Mundial, a aviação era vista  com muita suspeita em relação à sua possível eficácia como arma de guerra -  explica Alexandre Galante, especialista militar e editor da revista "Forças de  Defesa" e do site "Poder Aéreo". - O avião ainda era muito rudimentar e mais  perigoso para os aviadores do que para os inimigos. Muitos pilotos morriam em  acidentes. 
Tal desconfiança era de se esperar - apenas oito anos haviam se passado do  pioneiro voo dos Irmãos Wright nos Estados Unidos, e cinco do de Santos Dumont  na França. De fato, mais do que arma de combate, pensava-se no avião naqueles  primeiros dias da aviação como instrumento de reconhecimento das linhas  inimigas, um substituto para os balões. E coube a outro membro do Batalhão de  Aviadores, o capitão Carlo Piazza, a primazia de fazer o voo inédito para  bisbilhotar as posições adversárias, apenas nove dias antes da estreia do Taube  de Gavotti como arma de guerra. E de novo ao jovem genovês, em 4 de março de  1912, a ousadia de fazer a primeira missão noturna. 
- A Itália foi precursora no desenvolvimento das estratégias de poder aéreo -  diz Galante. 
Uso militar ou não, para a família de Gavotti é o pioneirismo daqueles  primeiros e corajosos homens que arriscavam suas vidas para dominar os ares que  deve ser ressaltado. 
- O fato de que os bombardeios depois tenham sido causa de matança de civis  não pode ser debitado ao meu avô. Mais cedo ou mais tarde isso aconteceria -  pondera de Vecchi. 
Gipope..--_________________________2.011  ____________.___________ 2.012 ________________s'abiraG
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