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segunda-feira, 12 de outubro de 2020

Paul Milgrom e Robert Wilson ganham Nobel de Economia 2020

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Economistas norte-americanos receberam o prêmio por seus trabalhos em novos formatos de leilões; cerimônias de entrega dos prêmios serão virtuais neste ano.  
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Por G1  
12/10/2020 06h49 Atualizado há 4 horas
Postado em 12 de outubro de 2020 às 10h55m

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Nobel de Economia 2020 vai para Paul Milgrom e Robert Wilson — Foto: Reprodução/Twitter/Universidade de Stanford/G1
Nobel de Economia 2020 vai para Paul Milgrom e Robert Wilson — Foto: Reprodução/Twitter/Universidade de Stanford/G1

Os norte-americanos Paul R. Milgrom, de 72 anos, e Robert B. Wilson, de 83 anos, professores na Universidade Stanford, foram premiados nesta segunda-feira (12) com o Nobel de Economia por seus trabalhos na melhoria da teoria e invenções de novos formatos de leilões.

"Os vencedores deste ano estudaram como funcionam os leilões. Eles também usaram seus insights para criar um novo leilão e formatos para bens e serviços que são difíceis de vender de uma forma tradicional, como frequências de rádio. Suas descobertas beneficiaram vendedores, compradores e contribuintes de todo o mundo. Os leilões estão por toda a parte e afetam o nosso dia a dia", disse a Real Academia de Ciências da Suécia.

Uma das descobertas de Milfrom e Wilson é que a oferta feita de forma racional tende a ser abaixo da melhor estimativa sobre o valor comum por causa da preocupação com a chamada maldição do vencedor, ou seja, pagar em excesso e, por isso, ter prejuízo.

Milgrom e Wilson criaram formatos para vender itens inter-relacionados simultaneamente. Em 1994, as autoridades dos EUA usaram um de seus projetos de leilão para vender frequências de rádio a operadoras de telecomunicações, um movimento desde então copiado em outros países. Além disso, trabalharam nos mecanismos de alocação de slots de pouso em aeroportos.

Robert Wilson mostrou, entre outras coisas, que participantes racionais em um leilão tendem a dar lances menores por medo de pagar demais.

Paul Milgrom formulou uma teoria mais geral dos leilões, que mostra, entre outras coisas, que um leilão gera preços mais altos quando os compradores obtêm informações sobre os lances planejados por outros licitantes durante o processo de licitação.

Os vencedores vão dividir o prêmio de 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 6,3 milhões).

A modalidade de leilões ganhou impulso na internet tanto em sites de compra e venda como em transações financeiras, disse Wilson, em entrevista coletiva após receber o prêmio. Mas ele confidenciou que nunca havia participado de um leilão.

"Eu mesmo nunca participei de um leilão (...) Minha esposa me lembrou que temos botas de esqui compradas no eBay, acho que foi em leilão", declarou.

Robert Wilson afirmou que guardará o prêmio recebido para a família, já que, com a pandemia,não há muito o que fazer, não se pode viajar".

Paul Milgrom disse à Reuters que Wilson, que mora do outro lado da rua em Stanford, Califórnia, veio bater em sua porta na madrugada para lhe contar sobre o prêmio compartilhado porque seu telefone estava no modo silencioso para que ele pudesse dormir.

Mesmo com todos os dados disponíveis hoje, os licitantes geralmente pagam pela incerteza, disse Milgrom.

"Por exemplo, se você estivesse fazendo uma licitação para petróleo em alguma área e não sabe quanto petróleo está lá embaixo. Os dados não estarão disponíveis até que você perfure ou licite para rádio espectro e você deseja saber o valor dele, depende de qual será a demanda futura ou o que vai acontecer com a tecnologia futura. Você tem que fazer estimativas disso que são guiadas apenas por dados. Se suas estimativas estiverem erradas, você estará sujeito à maldição do vencedor, explicou.
Americanos levam o Nobel de Economia por estudo sobre teoria de leilões
Americanos levam o Nobel de Economia por estudo sobre teoria de leilões

Entrega de prêmio virtual

Neste ano, a entrega dos prêmios – marcada para 10 de dezembro, aniversário de morte de Alfred Nobel – será inteiramente virtual por conta da pandemia do novo coronavírus. A cerimônia reúne os vencedores que apresentam suas pesquisas ao público.

É a primeira vez que a cerimônia de premiação dos ganhadores do Nobel de Física, Química, Medicina, Literatura e Economia não acontece em Estocolmo, desde 1944. Já o prêmio da Paz, tradicionalmente entregue em Oslo, deve acontecer em uma cerimônia fechada.

Academia sueca anuncia Nobel de Economia 2020 para Paul Milgrom e Robert Wilson (na projeção) — Foto: Anders Wiklund/TT/AP
Academia sueca anuncia Nobel de Economia 2020 para Paul Milgrom e Robert Wilson (na projeção) — Foto: Anders Wiklund/TT/AP

Quem são os vencedores

Professor Paul Milgrom é um dos ganhadores do Nobel de Economia 2020 — Foto: Reprodução/Twitter/Universidade de Stanford
Professor Paul Milgrom é um dos ganhadores do Nobel de Economia 2020 — Foto: Reprodução/Twitter/Universidade de Stanford

Paul R. Milgrom nasceu em 1948 em Detroit, Michigan, nos Estados Unidos. Obteve seu PhD em 1979 pela Universidade de Stanford, também nos Estados Unidos. É professor na mesma universidade da Califórnia.

Professor Roger Wilson é um dos ganhadores do Nobel de Economia 2020 — Foto: Reprodução/Twitter/Universidade de Stanford
Professor Roger Wilson é um dos ganhadores do Nobel de Economia 2020 — Foto: Reprodução/Twitter/Universidade de Stanford

Robert B. Wilson nasceu em Geneva, Estados Unidos, em 1937. Doutorado pela Universidade de Harvard em 1963, é professor emérito também na Universidade de Stanford.

A pesquisa de Paul Milgrom é direcionada ao projeto de leilões para vários itens exclusivos, mas relacionados. Junto com Robert Wilson, ele apresentou o projeto inicial para vendas de licenças de espectro de rádio nos Estados Unidos. Ele projetou novos leilões para publicidade na internet e para a aquisição de serviços complexos. A pesquisa sobre incentivos e complexidade são combinadas para criar leilões que são simples e diretos para os licitantes, mas que melhoram a alocação de recursos em comparação com os designs de leilão tradicionais.

Robert Wilson estuda a teoria dos jogos e suas aplicações aos negócios e economia. Sua pesquisa e ensino se concentram em design de mercado, precificação, negociação e tópicos relativos à organização industrial e economia da informação. Sua contribuição tem sido para projetos de leilões e estratégias de licitação competitiva nas indústrias de petróleo, comunicação e energia, e para o projeto de esquemas de preços inovadores.

Paul R. Milgrom e Robert B. Wilson ganham o Nobel de Economia de 2020 — Foto: Reprodução/Twitter/Nobel
Paul R. Milgrom e Robert B. Wilson ganham o Nobel de Economia de 2020 — Foto: Reprodução/Twitter/Nobel

Entre os favoritos

Desigualdades, psicologia econômica, saúde ou mercado de trabalho. Para o último ganhador do Nobel, o jogo estava em aberto este ano. Mas Milgrom e Wilson eram apontados entre os favoritos.

Em 2019, o prêmio foi atribuído a um trio de pesquisadores especializados no combate à pobreza, os americanos Abhijit Banerjee e Michael Kremer e a franco-americana Esther Duflo, segunda mulher distinguida na disciplina e a mais jovem laureada da história deste prêmio.

Economia tem sido, até agora, o Nobel onde o perfil do futuro vencedor é o mais fácil de adivinhar: homem com mais de 55 anos de nacionalidade americana, como este ano.

Nos últimos 20 anos, três quartos deles se enquadram nessa descrição. A média de idade dos vencedores também é superior a 65 anos, a maior entre os seis prêmios.

O prêmio

O prêmio de Economia, oficialmente chamado de "Prêmio do Banco da Suécia em Ciências Econômicas em memória de Alfred Nobel", foi criado em 1968 e concedido pela primeira vez em 1969.

A homenagem não fazia parte do grupo original de cinco prêmios estabelecidos pelo testamento do industrialista sueco Alfred Nobel, criador da dinamite. Os outros prêmios Nobel (Medicina, Física, Química, Literatura e Paz) foram entregues pela primeira vez em 1901.

O Nobel de Economia é o último concedido este ano. Os prêmios de Medicina, Física, Química, Literatura e Paz foram anunciados na semana passada.

Embora seja o prêmio de maior prestígio para um pesquisador em economia, o prêmio não adquiriu o mesmo status das disciplinas escolhidas por Alfred Nobel em seu testamento de fundação (Medicina, Física, Química, Paz e Literatura), seus detratores zombam dele como um "falso Nobel" que representa economistas ortodoxos e liberais.

Vencedores do Nobel de 2020

  • Paz: Programa Mundial de Alimentos da ONU
  • Literatura: Louise Glück
  • Física: Roger Penrose, Reinhard Genzel e Andrea Ghez
  • Química: Emmanuelle Charpentier e Jennifer Doudna
  • Medicina: Harvey J. Alter, Michael Houghton e Charles M. Rice.
Conheça os vencedores do Prêmio Nobel 2020
Conheça os vencedores do Prêmio Nobel 2020

Últimos ganhadores do Nobel de Economia

2019: Abhijit Banerjee, Esther Duflo e Michael Kremer (EUA), por seus seus trabalhos no combate à pobreza.

2018: William D. Nordhaus e Paul M. Romer (EUA), por seus estudos sobre economia sustentável e crescimento econômico a longo prazo.

2017: Richard Thaler (Estados Unidos), por sua pesquisa sobre as consequências dos mecanismos psicológicos e sociais nas decisões dos consumidores e dos investidores.

2016: Oliver Hart (Reino Unido/Estados Unidos) e Bengt Holmström (Finlândia), por suas contribuições à teoria dos contratos.

2015: Angus Deaton (Reino Unido/Estados Unidos) por seus estudos sobre "o consumo, a pobreza e o bem-estar".

2014: Jean Tirole (França), por sua "análise do poder do mercado e de sua regulação".

2013: Eugene Fama, Lars Peter Hansen e Robert Shiller (Estados Unidos), por seus trabalhos sobre os mercados financeiros.

2012: Lloyd Shapley e Alvin Roth (Estados Unidos), por seus trabalhos sobre a melhor maneira de adequar a oferta e a demanda em um mercado, com aplicações nas doações de órgãos e na educação.

2011: Thomas Sargent e Christopher Sims (Estados Unidos), por trabalhos que permitem entender como acontecimentos imprevistos ou políticas programadas influenciam os indicadores macroeconômicos.

2010: Peter Diamond, Dale Mortensen (Estados Unidos) e Christopher Pissarides (Chipre/Reino Unido), um trio que melhorou a análise dos mercados nos quais a oferta e a demanda têm dificuldades para se acoplar, especialmente no mercado de trabalho.

2009: Elinor Ostrom e Oliver Williamson (Estados Unidos), por seus trabalhos separados que mostram que a empresa e as associações de usuários são às vezes mais eficazes que o mercado.

2008: Paul Krugman (Estados Unidos), por seus trabalhos sobre o comércio internacional.

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Nobel de Química 2020 vai para Emmanuelle Charpentier e Jennifer Doudna pelo desenvolvimento do Crispr, método de edição do genoma

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É a primeira vez na história que duas mulheres ganham, juntas, o Nobel de Química.  
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Por Lara Pinheiro, G1  
07/10/2020 06h48 Atualizado há uma hora
Postado em 07 de outubro de 2020 às 09h00m

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Pesquisadoras que estudam edição do genoma levam Nobel de Química
Pesquisadoras que estudam edição do genoma levam Nobel de Química

Emmanuelle Charpentier e Jennifer A. Doudna ganharam o Prêmio Nobel 2020 em Química, anunciou a Academia Real de Ciências da Suécia nesta quarta-feira (7), pelo desenvolvimento do Crispr, método de edição do genoma. É a primeira vez na história que duas mulheres ganham, juntas, o Nobel de Química.

  • Emmanuelle Charpentier, francesa de 51 anos, é diretora do Instituto Max Planck de Biologia de Infecções em Berlim.
  • Jennifer Doudna, americana de 56 anos, é professora da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos.
Emmanuelle Charpentier e Jennifer A. Doudna, vencedoras do Nobel de Química de 2020 — Foto: Montagem/G1
Emmanuelle Charpentier e Jennifer A. Doudna, vencedoras do Nobel de Química de 2020 — Foto: Montagem/G1

Charpentier falou com a imprensa logo após o anúncio do prêmio e respondeu a uma pergunta sobre ela e Doudna serem as primeiras mulheres a levarem, conjuntamente, o Nobel.

"Eu gostaria de passar uma mensagem positiva a meninas que gostariam de seguir o caminho da ciência. Acho que nós mostramos a elas que uma mulher pode ter impacto na ciência que elas estão fazendo. Espero que Jennifer Doudna e eu possamos passar uma mensagem forte às meninas", declarou.

Emmanuelle Charpentier, uma das vencedoras do Nobel de Química de 2020, em coletiva de imprensa nesta quarta (7) em Berlim. — Foto: Tobias Schwarz/AFP
Emmanuelle Charpentier, uma das vencedoras do Nobel de Química de 2020, em coletiva de imprensa nesta quarta (7) em Berlim. — Foto: Tobias Schwarz/AFP

As vencedoras dividirão o valor de 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 6,3 milhões).

Antes de Charpentier e Doudna, cinco mulheres já haviam ganhado o Nobel em Química: Marie Curie (1911), Irène Joliot-Curie (1935), Dorothy Crowfoot Hodgkin (1964), Ada E. Yonath (2009) e Frances H. Arnold (2018).

Para a geneticista brasileira Mayana Zatz, que usa o Crispr em seu laboratório – o Projeto Genoma da USP – a tecnologia descoberta por Charpentier e Doudna é "fantástica" (veja detalhes de como funciona mais abaixo nesta reportagem).

"É uma ferramenta absolutamente fantástica para estudar doenças genéticas, e que vai ter aplicação terapêutica num futuro muito próximo – já esta tendo, em doencas hematológicas e câncer", afirma a cientista.

Com a vitória das duas cientistas, o Prêmio Nobel já tem três laureadas mulheres neste ano. A primeira foi Andrea Ghez, premiada em física com outros dois cientistas por sua pesquisa sobre buracos negros.

"Está na hora de as mulheres começarem a ganhar", afirma Zatz. "Essa nova geração de mulheres que tiveram a possibilidade de fazer pesquisa nas mesmas condições que os homens vão mostrar para que vieram. Vão mostrar que têm capacidade de fazer pesquisas revolucionárias", diz.

Emmanuelle Charpentier e Jennifer A. Doudna são as ganhadoras do Prêmio Nobel 2020 em Química, anunciou a Academia Real de Ciências da Suécia nesta quarta-feira (7), pelo desenvolvimento do Crispr, método de edição do genoma. — Foto: Nobel
Emmanuelle Charpentier e Jennifer A. Doudna são as ganhadoras do Prêmio Nobel 2020 em Química, anunciou a Academia Real de Ciências da Suécia nesta quarta-feira (7), pelo desenvolvimento do Crispr, método de edição do genoma. — Foto: Nobel

Para a física Márcia Barbosa, diretora da Academia Brasileira de Ciências e professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a descoberta das cientistas é "muito bonita", e a premiação simboliza uma vitória para as mulheres.

"Elas fizeram uma descoberta muito bonita, que é um processo que consegue fazer edição genética. Muita gente diz que isso não é química, [que] é biologia, mas, no fundo, esse é um processo químico que é uma ferramenta muito interessante não só para a gente entender o comportamento dos nossos genes, mas também como um instrumento de melhoria da vida das pessoas", avalia.

"O Nobel envia convites para as instituições e algumas pessoas que eles selecionam, no mundo, para indicarem para o prêmio. E essas pessoas indicam o que vem à mente. E o que vinha sempre eram nomes de homens. Estamos vendo que, finalmente, as pessoas começam a pensar mas, olhe, tem aquela cientista maravilhosa. E, com isso, os nomes aparecem. E, com o aparecimento de nomes de mulheres, nós estamos vendo acontecer o que tinha que acontecer – que é ter uma representação mais diversa no Nobel", diz Barbosa.

Emmanuelle Charpentier e Jennifer A. Doudna, vencedoras do Nobel de Química de 2020, em foto de 2015 em uma premiação na Espanha,  — Foto: Miguel Riopa / AFP
Emmanuelle Charpentier e Jennifer A. Doudna, vencedoras do Nobel de Química de 2020, em foto de 2015 em uma premiação na Espanha, — Foto: Miguel Riopa / AFP

"Esperamos que isso continue acontecendo e que também tenhamos, daqui a pouco, uma apresentação mais diversa na questão racial. Mas tudo isso é uma construção que precisamos fazer no nosso cotidiano. Ontem [com a vitória de Andrea Ghez] e hoje, para mim, como feminista, é um dia de grande satisfação, porque significa que a nossa luta conseguiu avançar um pouquinho", afirma a diretora da Academia Brasileira de Ciências. 
O que é o Crispr?

O Crispr/Cas9 é uma espécie de "tesoura genética", que permite à ciência mudar parte do código genético de uma célula. Com essa "tesoura", é possível, por exemplo, "cortar" uma parte específica do DNA, fazendo com que a célula produza ou não determinadas proteínas.

Entenda o que é o Crispr
Entenda o que é o Crispr

A pesquisa com a descoberta da ferramenta foi publicada na revista científica "Science", uma das mais importantes do mundo, em junho de 2012.

Usando o Crispr, cientistas podem alterar o DNA de animais, plantas e microrganismos com extrema precisão. A tecnologia "teve um impacto revolucionário nas ciências da vida", segundo o comitê do Prêmio Nobel, e está contribuindo para novas terapias contra o câncer. A ferramenta também pode tornar realidade o sonho de curar doenças hereditárias (veja infográfico).

Entenda o Crispr — Foto: Betta Jaworski/G1
Entenda o Crispr — Foto: Betta Jaworski/G1

Disputa pela patente

A descoberta do Crispr é motivo de uma disputa de patentes nos Estados Unidos entre Charpentier e Doudna e um terceiro cientista, Feng Zhang, do Instituto Broad, filiado a Harvard e ao MIT.

Feng Zhang, do Instituto Broad — Foto: Stan Grazier/Instituto Broad
Feng Zhang, do Instituto Broad — Foto: Stan Grazier/Instituto Broad

Zhang só publicou evidências de que a ferramenta poderia editar o genoma meses depois das cientistas, mas a pesquisa dele mostrava que a técnica podia ser usada em células eucarióticas – as de plantas, animais e de seres humanos –, o que não aparecia no trabalho de Doudna e Charpentier.

Em seu trabalho, publicado antes, elas mostravam que o Crispr podia editar o genoma de células procarióticas, como as de bactérias.

Todos os três cientistas pediram patentes sobre a descoberta – Doudna e Charpentier o fizeram antes, solicitando os direitos sobre o uso geral da tecnologia. Mas o pedido de Zhang, limitado ao uso em células eucarióticas, foi aprovado mais rápido, em 2017.

Emmanuelle Charpentier e Jennifer A. Doudna, vencedoras do Nobel de Química de 2020 em foto de 2015 na Espanha. — Foto: Miguel Riopa / AFP
Emmanuelle Charpentier e Jennifer A. Doudna, vencedoras do Nobel de Química de 2020 em foto de 2015 na Espanha. — Foto: Miguel Riopa / AFP

No último dia 10 de setembro, o Conselho de Julgamento de Patentes e Apelação dos Estados Unidos (PTAB, na sigla em inglês) determinou que o grupo liderado pelo Instituto Broad tem "prioridade" nas patentes já concedidas a ele para usar o sistema original do Crispr em células eucarióticas.

Mas a decisão também deu ao grupo de Doudna e Charpentier uma vantagem na invenção de um componente crítico do Crispr – a molécula que guia a "tesoura" para uma parte específica do DNA. A molécula desenvolvida por elas é a que é usada hoje. Mas a briga legal pelos direitos sobre o Crispr ainda não acabou.

Nesta quarta (7), o comitê do Nobel foi questionado se mais algum nome havia sido considerado para receber o prêmio. Em resposta, o presidente do comitê, Claes Gustafsson, disse que "essa é uma pergunta que nós nunca respondemos". As informações sobre os candidatos ao prêmio são mantidas em segredo por 50 anos.

Nobel 2020

A láurea em Medicina foi a primeira a ser anunciada, na segunda (5), para a descoberta do vírus da hepatite C. O prêmio em Física, divulgado na terça (6), foi para pesquisas sobre buracos negros (veja vídeo abaixo).

Conheça os vencedores do Prêmio Nobel 2020
Conheça os vencedores do Prêmio Nobel 2020

Os prêmios em Literatura e Paz serão entregues também nesta semana; já a láurea em Economia será divulgada na próxima segunda (12). Veja o cronograma:

  • Medicina: segunda-feira, 5 de outubro
  • Física: terça-feira, 6 de outubro
  • Química: quarta-feira, 7 de outubro
  • Literatura: quinta-feira, 8 de outubro
  • Paz: sexta-feira, 9 de outubro
  • Economia: segunda-feira, 12 de outubro
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