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segunda-feira, 4 de maio de 2020

Anticorpo que neutraliza o novo coronavírus é identificado por cientistas em testes de laboratório

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Anticorpos fazem parte do sistema de defesa do corpo humano contra infecções. Pesquisadores estrangeiros conseguiram neutralizar o vírus em células in vitro.  
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 Por Carolina Dantas, G1      
 04/05/2020 18h17  Atualizado há 10 minutos  
 Postado em 03 de maio de 2020 às 19h00m  


      Post.N.\9.254  
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SARS-CoV-2, o novo coronavírus, responsável por causar a Covid-19. — Foto: Scientific Animations/Wikimedia Commons/DivulgaçãoSARS-CoV-2, o novo coronavírus, responsável por causar a Covid-19. — Foto: Scientific Animations/Wikimedia Commons/Divulgação

Cientistas da Universidade de Utrecht, do Erasmus Medical Center e do Harbor BioMed publicaram nesta segunda-feira (4) a descoberta de um anticorpo capaz de neutralizar o Sars CoV-2, coronavírus responsável pela Covid-19.

Os anticorpos são proteínas produzidas pelo próprio corpo humano capazes de reconhecer e neutralizar micro-organismos, como vírus e bactérias. Eles são produzidos pelos linfócitos B, células do sistema imunológico. São eles que lutam contra invasores como o novo coronavírus.

A equipe de pesquisadores estrangeiros já estudava anticorpos direcionados ao Sars CoV, vírus da mesma família que causou uma epidemia na China em 2002. E, assim, o grupo pensou em testar o painel de opções descoberto também para o novo coronavírus, o Sars CoV-2, responsável pela atual pandemia em 2020.

"É um trabalho muito preliminar. Mas é o primeiro publicado, eu sei que tem outros que estão até mais adiantados. Eles [pesquisadores] já trabalhavam com anticorpos, e tinham esse que era metade humano e metade rato. Eles imunizaram os ratos, e tinham esse painel de anticorpos. Adaptaram em uma versão para os humanos", disse a pesquisadora Ana Maria Moro, do Instituto Butantan, que também pesquisa a produção de anticorpos monoclonais neutralizantes no Brasil.

De acordo com Berend-Jan Bosch, líder da pesquisa na Universidade de Utrecht, o novo anticorpo foi capaz de neutralizar o Sars Cov-2 em células in vitro. O artigo foi publicado pela revista "Nature Communications". O co-autor Frank Grosveld, do Erasmus Medical Center e diretor-científico da Harbor BioMed, disse o anticorpo é "totalmente humano":
"O anticorpo usado neste trabalho é 'totalmente humano', permite que continue mais rapidamente o desenvolvimento e reduz potenciais efeitos colaterais relacionados ao sistema imunológico", disse Grosveld.
A detecção de anticorpos é um dos mecanismos científicos mais importantes para criação de tratamentos e vacinas contra micro-organismos. Para Ana Maria Moro, um ponto importante do estudo é que o anticorpo detectado não impede a entrada do vírus na célula.
"Fizeram um anticorpo humano, mas eles não sabem ainda como neutraliza exatamente. Isso eu achei um ponto de interrogação. E só fizeram ensaio em células de laboratório", disse Ana Maria.
A cientista do Instituto Butantan, em São Paulo, tem um projeto financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) que também desenvolve em laboratório anticorpos para um novo tratamento de pacientes com a Covid-19.

Segundo ela, esta é a primeira publicação de uma universidade sobre um anticorpo contra o Sars-CoV-2. Como tem acesso a informações mais restritas, disse que uma empresa da Coreia do Sul também conseguiu o feito em laboratório, mas sem publicação em revista científica.
"Eles identificaram uma sequência. Não quer dizer que eles tenham um produto pronto para usar. Precisa fazer estudo em macacos, precisa fazer as linhagens", disse Ana Maria.
Entenda algumas das expressões mais usadas na pandemia do covid-19
Entenda algumas das expressões mais usadas na pandemia do covid-19

CORONAVÍRUS


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    Endividamento se acentua e pode ser um dos legados da crise do coronavírus

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    País tem 60 milhões de negativados e, com a crise, um terço dos brasileiros já precisa gastar mais do que consegue ganhar.
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     Por Raphael Martins, G1  
     04/05/2020 - 07h33 Atualizado há 4 horas  
     Postado em 04 de maio de 2020 às 11h40m  


        Post.N.\9.253  
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    Dívidas podem ser o futuro do brasileiro — Foto: Igor Jácome/G1Dívidas podem ser o futuro do brasileiro — Foto: Igor Jácome/G1

    Os primeiros efeitos da crise causada pelo novo coronavírus são visíveis nas ruas. Agora, o cenário começa a aparecer também nos dados econômicos — e, mais à frente, o que pode sobrar para as pessoas físicas é o endividamento e o nome negativado nos serviços de proteção ao crédito.

    Na última semana, a Sondagem do Consumidor, publicada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), mostrou que 28,6% dos brasileiros está em situação de "estresse financeiro". O indicador mede a parcela da população que está gastando suas reservas ou se endividando para pagamentos correntes.

    Medido desde 2009, o percentual referente a abril deste ano é o novo recorde. Em junho de 2016, um dos momentos mais dramáticos do biênio de recessão no país, o índice anotava 28,5%. Em relação a março, o aumento foi de 5,3 pontos percentuais.

    O estresse financeiro dá as primeiras mostras da redução de renda no país, mesmo com as medidas tomadas pelo governo de injeção de recursos na economia. Tanto o auxílio emergencial de R$ 600, quanto o benefício pago a quem teve jornadas e salários reduzidos não conseguiram repor os ganhos anteriores à crise.
    Indicador de estresse financeiro: um recorde na série histórica — Foto: Economia G1Indicador de estresse financeiro: um recorde na série histórica — Foto: Economia G1

    Não bastasse, boa parte dos dependentes dos pagamentos relatam atraso para ter acesso ao dinheiro, que os obriga a atrasar compromissos.
    "Em 2016, estímulos como a liberação do FGTS foi destinado, em parte, para a organização financeira, quitação de dívida e para consumo de bens e serviços", diz Viviane Seda, coordenadora de sondagens do Ibre/FGV. 
    "Dessa vez, é difícil algo assim acontecer porque a redução de renda é tamanha que todo o recurso será consumido com o básico para sobrevivência. Não tem margem para pagar dívidas."
    Com a demanda de pagamentos represada, a economista ressalta que a pressão sobre o consumo atinge até as faixas de renda mais altas pesquisadas pelo Ibre. Enquanto os mais pobres serão obrigados a gastar tudo o que recebem, os mais ricos seguram o consumo por conta da incerteza com a economia, emprego e com a própria continuidade da pandemia.

    Sardenberg comenta números do seguro-desemprego e o ‘apagão estatístico’
    Sardenberg comenta números do seguro-desemprego e o apagão estatístico

    O impacto, portanto, deve se prolongar até a retomada das atividades. Será mais leve em bens de consumo essenciais e mais pesado em bens duráveis, como veículos e eletrodomésticos, que demandam mais capital e planejamento.

    "Uma redução deste tamanho na renda demanda um tempo de adequação ao orçamento das famílias. A dívidas precisam ser alongadas e o crédito indireto, por meio de parcelamentos, deve facilitar o consumo no futuro", diz Seda. "A recuperação em V é praticamente impossível porque vai demorar para as pessoas se restabelecerem."

    A hora do crédito?
    O consumo travado pela queda de renda fez mudar a cesta de consumo do brasileiro, que passou a priorizar itens essenciais. E conforme a renda cai, o preço desses produtos sofre pressão.

    O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) registrou paralisia da inflação, com variação de apenas -0,01% no IPCA-15 de abril. Mas o indicador de alimentação em domicílio subiu 3,1%. Com o aprofundamento da quarentena, a previsão de economistas é de mais aperto.
    Nesse contexto, um estudo da empresa de inteligência Boa Vista divulgado na última quarta-feira (29) mostra que 56% dos entrevistados não conseguirá pagar as contas em dia por mais de dois meses. Metade deste grupo não se mantém nem pelos próximos 30 dias e, assim, deve começar se endividar ou fazer crescer débitos já contratados.

    Para os entrevistados pela pesquisa da Boa Vista, a saída preferida é justamente a tomada de crédito. Dentre as linhas mais requisitadas, estão o empréstimo bancário (21%), compras no cartão de crédito (14%), empréstimo consignado (12%) ou em financeira (11%), chegando até o cheque especial (8%).
    Modalidades de crédito: linhas preferidas dos entrevistados têm juros altos — Foto: Economia G1Modalidades de crédito: linhas preferidas dos entrevistados têm juros altos — Foto: Economia G1

    Por outro lado, dados do Banco Central também divulgados nesta quarta mostram que a disposição dos bancos em conceder crédito em cenário de aumento de inadimplência e endividamento não acompanha a demanda.

    Desde a injeção de R$ 1,2 trilhão pelo BC em liquidez para o bancos, o crédito para as empresas teve alta de 6,4% em março, mas o saldo total para as pessoas físicas avançou apenas 0,3%. Pior: apesar de um cenário de queda de taxa de juros, as taxas do rotativo do cartão de crédito subiram de 322,6% para 326,4% ao ano, entre fevereiro e março.

    A redução média das demais linhas, também de acordo com o BC, foi sensível. Os juros nas operações com pessoas físicas passaram de 46,7% para 46,1% ao ano, também de fevereiro para março.
    "Os bancos se anteciparam em outra frente e estão esticando o prazo de carência das dívidas por 90, 120 ou 180 dias justamente para evitar empréstimo", diz Ricardo Rocha, professor de finanças do Insper. "É importante dar esse prazo para esse primeiro impacto e, lá na frente, se a taxa de juros estiverem baixas e o risco mais claro, o sistema financeiro retorna para o crédito."

    Para Rocha, a injeção de recursos por parte do Tesouro ainda deve acalmar os ânimos dos bancos, como aconteceu nos Estados Unidos durante a crise de 2008. Ajudaria, também, se o BC reduzisse custos de observância e exigências de capital para concessão de crédito. "Antes de partir para o crédito, o cliente precisa conversar com o banco", diz. "Muita gente nem sabe que os bancos estão postergando o pagamento de dívidas."

    Renegociação
    Ao passo que análises de risco são feitas, todos os grandes bancos anunciaram planos de renegociação ou adiamento de pagamentos sem aumento de juros.
    1. Banco do Brasil: Criação de linhas de crédito consignado e crédito salário, carência de 60 a 180 dias para pagamentos das primeiras parcelas em novas operações de crédito, além de prazos mais amplos de pagamentos que chegam a 72 meses no crédito automático e a 96 meses no crédito salário;
    2. Bradesco: Antecipação de IR e 13º salário a 1,79% de taxa mensal, prorrogação por 60 dias de dívidas contratadas e pagas em dia, além de manutenção da taxa contratada, com juros proporcionais à carência requisitada;
    3. Itaú Unibanco: Alongamento de contratos por até seis anos e prorrogação de parcelas para as linhas de empréstimo pessoal, cheque especial, crédito imobiliário, cartões de crédito e financiamento de veículos por até 120 dias;
    4. Caixa: No Crédito Imobiliário, a Caixa criou a possiblidade de pausa ou de pagamento parcial de até três encargos, ou renegociação dos contratos que apresentem atraso de até 180 dias, para possibilitar o acesso à pausa emergencial;
    5. Santander: Prestações vencidas a partir de 16 de março foram postergadas e o valor permanecerá inalterado, faturas do cartão com vencimento desde 15 de abril podem ser dividida em até 24 vezes com desconto de 50% na taxa de parcelamento e 60 dias de carência, financiamento de veículos também terá dois meses de prorrogação sem alterar taxas de juros.
    Com as medidas, as novas operações de crédito somam R$ 177 bilhões entre 16 de março e 17 de abril, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Destes, quase R$ 36 bilhões foram para pessoa física. Em renovações de linhas de crédito ativas, a quantia foi R$ 23,8 bilhões e a suspensão de pagamentos, R$ 14 bilhões.
    "Tenho confiança que esse processo vai trazer uma transformação da cabeça do credor, com disposição de estar mais próximo do cliente e entender as necessidades", diz João Carlos Douat, professor da FGV, especializado em risco de crédito. "As fintechs estão aí e encontraram nichos específicos, em que há clareza para olhar setorialmente. Com a escalada do mundo digital, os bancos precisam ter a abordagens digitais para modelar melhor o crédito."
    Papel das fintechs
    Hoje, os bancos tradicionais ainda irrigam 84% do mercado de crédito, segundo o Banco Central. Mas, com o vaivém para achar um modelo ágil, o apetite das fintechs nesse mercado se intensifica.

    Para Fabio Neufeld, líder da vertical de empréstimos da Associação Brasileira das Fintechs, as empresas capitalizadas não estão pensando em pisar no freio com o aumento da demanda por crédito.

    "Os associados estão revisando políticas de crédito e formas de cobrança, lançando produto novo e refinanciamentos", diz. "Há atenção, sobretudo, na experiência com o cliente, passando segurança para que ele nem se dê conta de que não está atuando com um banco tradicional."

    Desemprego na conta
    A falta de emprego é outro dos impactos diretos no endividamento das famílias. Em fevereiro, eram 45,5% das famílias com débitos com o sistema financeiro, de acordo com o Banco Central em seus dados mais atualizados.

    Mas a tendência é de piora. Nesta quinta-feira (30), o IBGE voltou a divulgar os dados do desemprego no Brasil: são 12,9 milhões de trabalhadores parados (12,2%) no trimestre janeiro-fevereiro-março, 1,2 milhão a mais que o último resultado.

    Como boa parte das políticas de isolamento foram adotadas em meados de março, os números mostram pouco do impacto da pandemia. Mas o mercado informal já vinha ganhando força em pesquisas anteriores de emprego desde 2017. São vagas com remuneração mais baixa e que demandam adaptar o orçamento familiar.

    Trabalhadores enfrentam dificuldades para se cadastrar no seguro-desemprego
    Trabalhadores enfrentam dificuldades para se cadastrar no seguro-desemprego

    Para entender o que está por vir nos próximos meses, a métrica que resta por ora é o aumento de pedidos do seguro-desemprego. O governo federal estimou na última terça-feira (28) que a crise gerada pela pandemia do novo coronavírus provocou, até agora, cerca de 150 mil pedidos de seguro-desemprego a mais que no mesmo período de 2019.

    Somam-se a eles todos os informais que requisitaram o auxílio emergencial. Excluídos os beneficiários do Bolsa Família, receberam a renda complementar mais de 30 milhões de pessoas até esta quinta-feira (30).

    "A perda de renda é algo que tradicionalmente aparece na inadimplência, por meio de dívidas bancárias, no comércio, água e luz. Com a crise atual, a demanda por crédito deve se intensificar muito", diz Isabela Tavares, economista da Tendências Consultoria. "As medidas do BC anunciadas até agora atacam a facilitação de negócios e prazos, mas não são capazes para socorrer o aumento na inadimplência."

    AUXÍLIO EMERGENCIAL DE R$ 600


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      domingo, 3 de maio de 2020

      Idosos, negros, minorias: quem é deixado para trás na pandemia

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      “A Covid-19 descortinou um Brasil que a gente não queria ver. Isso só vai mudar quando tivermos uma política de cuidados ao longo da vida toda, da infância à velhice”, diz especialista
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       Rio de Janeiro  

       Postado em 03 de maio de 2020 às 12h15m  

          Post.N.\9.252  
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      Na semana passada, assisti a dois seminários pela web que tratavam das desigualdades sociais e econômicas e seus reflexos no combate ao novo coronavírus. Apesar de um ter acontecido nos Estados Unidos e o outro no Brasil, eram complementares. O do dia 27 de abril foi promovido pelo centro de longevidade da Universidade de Stanford; o dia 29 reuniu especialistas brasileiros em geriatria e gerontologia. Em ambos, a mesma constatação: dizer que o vírus não discrimina peca pela inexatidão, porque há grupos que estão muito mais desprotegidos que outros.

      Vou começar pelo evento on-line de Stanford, porque sempre achamos que a grama do vizinho é mais verde e que os problemas de lá são menos severos que os daqui – o que não é verdade. Amani Allen, professora de epidemiologia na Universidade da Califórnia, Berkeley, afirmou que, nos EUA, os negros têm mais doenças e vivem menos. Um exemplo: no estado do Michigan, no centro-oeste norte-americano, os afrodescendentes correspondem a 14% da população, mas representam 40% das mortes. O conceito de raça é uma construção social da desigualdade. Desde a infância os negros têm uma proteção menor do sistema de saúde e capacidade limitada de ascensão social. A Covid-19 está jogando luz nas disparidades, disse a pesquisadora. Sabemos como melhorar a qualidade do atendimento, mas não como acabar com a desigualdade. Quando a pandemia passar, o que faremos para que a situação não se repita?, questionou. No Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde entre 10 e 26 de abril, cresceu o percentual de pretos e pardos entre internados e mortos.
      Apesar de serem o principal grupo de risco, os idosos são ignorados na elaboração de estratégias para combater a pandemia — Foto: Cataortizparodi0 por PixabayApesar de serem o principal grupo de risco, os idosos são ignorados na elaboração de estratégias para combater a pandemia — Foto: Cataortizparodi0 por Pixabay

      David Hayes-Bautista, diretor do centro de estudos de saúde da população latina da Universidade da Califórnia, Los Angeles, destacou um outro segmento da sociedade norte-americana que está na linha de frente: os latinos são, em sua maioria, parte do grupo de trabalhadores essenciais, os mais expostos ao novo coronavírus. Agora vamos somar os idosos a esse contingente que vem sendo deixado para trás. Na quarta-feira, o Reino Unido acrescentou, em um só dia, quase 5 mil mortes à sua contabilidade. Antes dessa data, as autoridades britânicas contabilizavam apenas óbitos em hospitais, ignorando os que haviam morrido em casa ou em asilos, o que mostra como os velhos que estão em instituições podem se tornar vítimas invisíveis.

      Essa invisibilidade foi a tônica do painel Covid-19 no Brasil = gerontocídio?, promovido na quinta-feira pela Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva). Anita Liberalesso Neri, professora da Unicamp, afirmou que, como cidadã e idosa, está preocupada: há uma falsa solidariedade com os idosos, que são vistos apenas como frágeis, desamparados e improdutivos, sendo culpabilizados por onerar o sistema de saúde. Assistimos a um pico de emergência do etarismo (preconceito contra os velhos). Marilia Berzins, presidente do Observatório da Longevidade Humana e Envelhecimento, ressaltou que, de acordo com os dados populacionais, a velhice é mulher, pobre e negra, a situação mais desigual, a de piores condições nesse cenário de pandemia.

      Alexandre da Silva, professor da Faculdade de Medicina de Jundiaí, enfatizou a maior letalidade do novo coronavírus para os negros: não podemos esquecer que mais da metade dos auxiliares de enfermagem é composta por mulheres negras. Para elas, o isolamento social é um privilégio. E foi duro em sua análise: o que está acontecendo é uma necropolítica, com mais óbitos de idosos e negros. Na avaliação da geriatra Karla Giacomin, consultora da OMS para políticas públicas sobre o envelhecimento, a Covid-19 descortinou um Brasil que a gente não queria ver. Só haverá outra realidade quando tivermos uma política de cuidados ao longo da vida toda, da infância à velhice, para todos. Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional da Longevidade e moderador do evento, lembrou que, no Brasil, a pandemia tem inclusive uma cara jovem: as comorbidades afetam nossa população mais precocemente e por isso adultos jovens se tornam vítimas da Covid-19.

      Apesar de serem o principal grupo de risco, os idosos são ignorados na elaboração de estratégias para combater a pandemia. Essa foi a conclusão de um estudo publicado no British Medical Journal elaborado por pesquisadores de três universidades. Um deles, o professor Lloyd-Sherlock, da University of East Anglia, foi enfático: a resposta global ao coronavirus deveria contemplar quem vai sofrer as consequências mais devastadoras, e isso ocorrerá com os idosos dos países de renda baixa ou média. Nessas nações estão 69% da população acima dos 60 anos e as condições para o isolamento social são precárias.

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      Coronavírus: como a política de Trump amplia espaço para a China conquistar influência

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      Para especialistas em relações internacionais, a crise está acelerando tendências geopolíticas que já se desenhavam antes do coronavírus, como o fato de que Washington já estava se distanciando da liderança global.
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       Por BBC  

       Postado em 03 de maio de 2020 às 10h45m  
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      Donald Trump e Xi Jinping, em foto de 2019 no Japão — Foto: Kevin Lamarque / ReutersDonald Trump e Xi Jinping, em foto de 2019 no Japão — Foto: Kevin Lamarque / Reuters

      Antes da chegada do coronavírus, o mundo acompanhava uma disputa comercial e tecnológica entre as duas maiores economias. Agora, quando se fala no desenho de forças no cenário pós-coronavírus, a grande pergunta é se a China vai superar os Estados Unidos como liderança global.

      A BBC News Brasil consultou especialistas em relações internacionais para explicar as expectativas em relação à ordem mundial pós-pandemia. Eles apontam que a crise está acelerando tendências geopolíticas que já se desenhavam antes do coronavírus, como o fato de que Washington se distanciar da liderança global.

      Tatiana Prazeres, que foi secretária de comércio exterior no Brasil e conselheira sênior do diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), diz que os Estados Unidos estão mais autocentrados e menos dispostos a liderar uma resposta internacional para a pandemia, o que abre espaço para o avanço dos chineses.
      "A China está ocupando um espaço gerado pela retração dos americanos", aponta ela, que é professora na Universidade de Negócios Internacionais e Economia, em Pequim. "Há realmente o risco de que a mudança geopolítica se dê nessa direção, e é um resultado que depende mais do que os americanos estão deixando de fazer do que o que a China está fazendo."

      Um exemplo claro desse movimento, segundo os especialistas, está ligado ao repasse de recursos para a Organização Mundial da Saúde (OMS).
      Donald Trump anuncia a suspensão das contribuições à OMS
      Donald Trump anuncia a suspensão das contribuições à OMS

      O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a suspensão da contribuição financeira do país à OMS. Ele disse que a entidade errou na forma de lidar com a pandemia e que é "amplamente financiada pelos Estados Unidos, mas muito focada na China". Depois disso, a China anunciou que contribuirá com US$ 30 milhões adicionais à OMS.

      O ex-embaixador do Brasil em Washington Rubens Barbosa concorda que "é a atitude de Trump em relação às políticas que abre espaço para a China" e aponta que elas contrariam a tradição americana do pós-guerra.

      "Depois da guerra, se não fossem os Estados Unidos, não teria havido reconstrução da Europa", disse ele, em referência ao Plano Marshall, que foi o plano americano de reconstrução de países europeus aliados depois da Segunda Guerra Mundial.

      "Agora, com essa atitude, estão perdendo poder e isso cria uma dificuldade adicional, porque não tem ninguém com a força deles. A China tem outro sistema, então fica um vazio que a gente está vendo acontecer, com falta de iniciativa conjunta, falta de cooperação."
      Os Estados Unidos foram acusados de "pirataria" e "desvio" de equipamentos que iriam para Alemanha, França e Brasil.
      O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou a OMS durante coletiva no dia 07 de abril  — Foto: Alex Brandon/APO presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou a OMS durante coletiva no dia 07 de abril — Foto: Alex Brandon/AP

      Além do que vem sendo descrito como "roubo" de contratos pelos norte-americanos (que estariam fazendo ofertas financeiras mais altas do que as já assinadas entre países e fornecedores), Trump recorreu a uma lei da época da Guerra da Coreia, nos anos 1950, para proibir a 3M, empresa americana que produz máscaras, de exportar seus produtos médicos para outros países.

      Ao mesmo tempo, a China fez o que foi chamado de "diplomacia das máscaras": depois de controlar o coronavírus dentro de suas próprias fronteiras, Pequim ofereceu ajuda a países de vários continentes para combater a doença. A Itália recebeu doações de suprimentos médicos, kits de testes e até uma força-tarefa de médicos chineses, o que levou a hashtag #grazieCina (obrigada China, em italiano) a fazer sucesso nas redes sociais italianas.

      O futuro da política internacional dos Estados Unidos depende, como lembra Rubens Barbosa, do resultado das eleições deste ano: se vencerá o presidente Donald Trump, com sua política nacionalista (sintetizada no slogan "America First"), ou o candidato democrata Joe Biden. De forma geral, republicanos tendem a defender políticas mais isolacionistas que os democratas, ou seja, de olhar pra dentro do país e não priorizar instituições globais e acordos multilaterais.

      Até agora, o ex-embaixador diz que a China tem demonstrado mais força no cenário internacional. "Apesar das críticas, apesar da vulnerabilidade, apesar de cair o crescimento da China, eu acho que a China hoje está melhor preparada que os Estados Unidos para emergir mais forte."

      Queda histórica na economia
      Com a pandemia, a economia da China caiu 6,8% no primeiro trimestre de 2020. Foi a primeira queda do PIB chinês da série histórica que começa em 1992.

      E os efeitos desastrosos do coronavírus na economia de países europeus também já começaram a ser divulgados. O PIB da Itália caiu 4,7% no primeiro trimestre, o pior registrado na série histórica iniciada em 1995.

      O PIB da França encolheu 5,8% nos três primeiros meses deste ano, maior queda desde 1949, quando começa a série histórica do país. E a economia da Espanha teve contração de 5,2%, a maior queda em quase um século. A última vez que uma retração desse tamanho ocorreu no país foi após a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), segundo estimativas de historiadores.

      O que pesa contra a China
      O presidente chinês Xi Jinping durante coletiva em 2019 — Foto: Mark Schiefelbein/Pool/AFPO presidente chinês Xi Jinping durante coletiva em 2019 — Foto: Mark Schiefelbein/Pool/AFP

      O professor de política internacional da Fundação Getúlio Vargas Guilherme Casarões também diz que o presidente chinês, Xi Jinping, está tentando se posicionar "de maneira mais assertiva em defesa do multilateralismo e da cooperação internacional", movimento que a China já vinha fazendo, segundo ele, desde 2014.
      "A pandemia abre oportunidade muito clara para que a China aprofunde esse processo."
      No entanto, ele destaca que, para conquistar a confiança de outros países, a China enfrenta o desafio de reparar o dano à imagem dela, causada pelo início da pandemia.

      "Hoje é fato e é notório que as autoridades chinesas demoraram muito para reagir. Não é só o fato de a China ser uma ditadura, mas tem a ver com a própria dinâmica do Partido Comunista, você tem uma cadeia de comando complexa… foi, inquestionavelmente uma resposta lenta."

      A resposta da China, segundo Casarões, está exatamente nessa ampliação de ajuda humanitária e cooperação internacional na área de saúde. O lado bom para os países, segundo ele, é que, de certa forma, compensa a política mais fechada dos Estados Unidos.

      Por outro lado, ele aponta que, nessa busca de limpar sua imagem, a China tem adotado medidas autoritárias, como censura, para tentar controlar a narrativa sobre o vírus.

      "O lado negativo de tentar limpar a própria imagem é que o governo chinês começou a impor uma série de censuras a pesquisas científicas na China, sobretudo pesquisas que se relacionem com origem do vírus. O governo agora está controlando bastante o estudo sobre as origens, até para que a narrativa chinesa não se comprometa."

      Nos últimos dias, a China rejeitou pedidos de uma investigação internacional independente sobre a origem do coronavírus. O argumento do governo chinês é que essas demandas são politicamente motivadas e desviariam a atenção da China do combate à pandemia.

      Trump tem adotado um discurso de culpar a China pela pandemia e disse que o governo americano investiga rumores de que o surto poderia ter começado no instituto de virologia de Wuhan, cidade chinesa que foi o primeiro epicentro da doença. O governo chinês já rebateu as acusações e disse que os Estados Unidos querem confundir a população.

      Um estudo publicado em janeiro na revista Lancet por mais de 20 pesquisadores sobre o perfil dos pacientes infectados com a covid-19 em Wuhan mostra que 66% dos pacientes pesquisados tiveram uma exposição ao mercado da cidade.

      Além disso, outro estudo publicado na mesma revista por cientistas de vários países afirmaram que há sólidas evidências de que o vírus surgiu entre animais selvagens.

      Rubens Barbosa diz que a China "vai passar a ser visada" pela Europa, Estados Unidos e outros países. "Os países vão começar a querer processar a China pela maneira que está tratando questão da pandemia. Vai ter mais uma frente de atrito que vai aparecer no cenário internacional depois do fim da pandemia."

      Um relatório da União Europeia acusa a China de espalhar desinformação sobre a crise. O texto diz que autoridades chinesas e a mídia estatal cortam qualquer menção a Wuhan como a origem do vírus, com alguns canais de mídia social controlados pelo estado continuando a espalhar a teoria de que o surto estava ligado à visita de militares dos EUA.

      No Reino Unido, um grupo de parlamentares conservadores defende que a Grã-Bretanha precisa entender melhor as ambições econômicas e o papel global da China quando a crise do coronavírus terminar.

      O parlamentar Tom Tugendhat, que preside o Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos Comuns, diz que o grupo não será anti-China, mas que "exploraria oportunidades de se envolver" com o país e examinaria seus objetivos econômicos. Tugendhat acusou o Partido Comunista chinês de colocar sua própria sobrevivência à frente da sobrevivência das pessoas durante o surto de coronavírus.

      A disputa entre Estados Unidos e China continuará pautando o mundo depois da pandemia, segundo Casarões.

      "É uma briga de natureza comercial, que entrou no campo tecnológico — sobretudo relativo ao 5G — , e hoje vivemos uma disputa de narrativas muito forte, sobre onde deve ser colocada a responsabilidade sobre o que está acontecendo", diz. "Estamos vendo essa essa estratégia do Trump, da extrema direita americana, e até de apoiadores do Bolsonaro, de rotular o vírus como vírus chinês. Isso faz parte de tentar construir essa perspectiva de vencedores e perdedores, ou do bem e do mal."

      Modelo de poder chinês
      29 de abril - Policiais paramilitares chineses usam máscaras protetoras enquanto andam de bicicleta em Pequim, na China — Foto: Thomas Peter/Reuters29 de abril - Policiais paramilitares chineses usam máscaras protetoras enquanto andam de bicicleta em Pequim, na China — Foto: Thomas Peter/Reuters

      Quando se fala em um eventual aumento de poder da China, uma das discussões é sobre como seria esse modelo de influência.
      Prazeres, que mora na China desde janeiro de 2019, diz que a China não rechaça a ordem existente (e quer reformá-la), mas também quer criar suas próprias regras.

      "A China, em alguma medida, é reformista - quer reformar a ordem internacional, as regras internacionais, influenciar a dinâmica de organizações já existentes e regras que foram criadas no pós-guerra, especialmente pelos americanos. Em em algum grau é revisionista e busca estabelecer suas próprias organizações, suas regras, criar novos mecanismos que respondam a seus interesses, e aí você tem o Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura e a própria Nova Rota da Seda (Belt and Road Initiative)."

      Ela diz que a percepção dos chineses é que é legítimo que o país busque influência no cenário internacional correspondente ao seu peso econômico no mundo.

      "A atuação internacional da China está ligada ao objetivo do país de crescer, acabar com pobreza e promover desenvolvimento econômico, mas há outras agendas de ordem política que fazem parte. Não é uma coisa só."

      Para Casarões, o modelo chinês de projeção de poder leva em conta soberanias e particularidades dos países com que se relaciona.

      "Ela não impõe seu modelo sobre o mundo, mas ela não tem preconceito ideológico ou político de se relacionar com ninguém - das ditaduras mais brutais aos países mais livres. Ela tem postura mais voltada ao interesse econômico", diz ele.

      E o Brasil com isso?
      Autoridades do governo brasileiro e aliados do presidente Jair Bolsonaro fizeram repetidas críticas à China por conta da pandemia do novo coronavírus.
      O presidente Jair Bolsonaro e o presidente dos EUA, Donald Trump, durante encontro em Osaka; os dois são contra o regime de Nicolás Maduro — Foto: Alan Santos/PRO presidente Jair Bolsonaro e o presidente dos EUA, Donald Trump, durante encontro em Osaka; os dois são contra o regime de Nicolás Maduro — Foto: Alan Santos/PR

      O deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, divulgou em rede social uma mensagem em que diz que "a culpa é da China". A fala foi repudiada pela Embaixada da China.
      Em outro episódio, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, publicou no Twitter uma mensagem insinuando que a pandemia servia aos desejos da China de "dominar o mundo".
      Os especialistas ouvidos pela BBC News Brasil dizem que, em meio à disputa das duas potências, o Brasil deveria fazer o possível para não comprar briga com nenhum lado.

      "Temos que ampliar relações com todo mundo. O Brasil tem que defender seus próprios interesses. Não devemos tomar partido, como estamos fazendo agora. Temos que ter independência, resolver cada problema de acordo com o interesse brasileiro", diz o ex-embaixador Rubens Barbosa.

      Tatiana Prazeres diz que é um momento difícil e que posições equilibradas são "especialmente necessárias".

      Para Casarões, "olhando friamente, sem questão ideológica envolvida, não faria sentido entrar em rota de colisão neste momento".
      "Já não fazia antes da crise, mas agora faz menos ainda. A China é fator estratégico para o Brasil e para a recuperação econômica no futuro."
      Ele diz que considera uma "estupidez estratégica" comprar briga com o principal parceiro comercial do Brasil, mas diz que é uma estratégia política.

      "É uma das estratégias que o governo Bolsonaro, fragilizado como está, acaba criando para manter a base mobilizada. Vejo essa briga com relação à China como parte da estratégia do Bolsonaro para dentro, uma coisa populista. Essa narrativa anti-China serve pra continuar mobilizando o apoio nas ruas, no WhatsApp e nas redes sociais."

      CASOS DE CORONAVÍRUS NO MUNDO

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