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quarta-feira, 26 de março de 2025

A China revela um processador quântico com 99,9% de confiabilidade

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Esse processador, equipado com 105 qubits supercondutores, foi desenvolvido pela Universidade de Ciência e Tecnologia da China. 
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História de Adrien BERNARD - -  • 7 h • 
3 minutos de leitura
Postado em 26 de Março de 2.025 às 08h00m

#.* Post. - Nº.\  11.565*.#

O campo da computação quântica apresenta, a cada mês, novidades cada vez mais impressionantes. Pesquisadores chineses estão participando dessa corrida ao revelar um avanço significativo. Seu novo processador quântico, chamado Zuchongzhi 3.0, supera o desempenho dos supercomputadores mais poderosos atuais.

Esse processador, equipado com 105 qubits supercondutores, foi desenvolvido pela Universidade de Ciência e Tecnologia da China. Ele conseguiu realizar uma tarefa de cálculo em algumas centenas de segundos, uma façanha que levaria bilhões de anos para os supercomputadores clássicos.


A China revela um processador quântico com 99,9% de confiabilidade 🚀

O desempenho do Zuchongzhi 3.0 foi medido usando um benchmark de computação quântica, o Random Circuit Sampling (RCS). Esse teste, que envolve um circuito quântico de 83 qubits e 32 camadas, foi realizado um milhão de vezes mais rápido do que pelo processador anterior da Google, o Sycamore.

Os pesquisadores também melhoraram a fidelidade das portas quânticas e a correção de erros, aspectos fundamentais para o desenvolvimento de computadores quânticos práticos. O Zuchongzhi 3.0 atingiu uma confiabilidade de 99,90% para portas de um qubit e 99,62% para portas de dois qubits.

Esses avanços foram possíveis graças a melhorias técnicas, especialmente nos métodos de fabricação e no design dos qubits. O uso de tântalo e alumínio para os componentes dos qubits permitiu minimizar erros e aumentar a precisão dos cálculos.

Apesar desses progressos, os pesquisadores reconhecem que os benchmarks utilizados favorecem os métodos quânticos. Eles também destacam que melhorias contínuas nos algoritmos clássicos podem reduzir a diferença de desempenho entre computadores quânticos e clássicos.

Esse avanço, no entanto, marca um passo importante rumo ao uso prático de computadores quânticos para resolver problemas atualmente insolúveis do mundo real. Os pesquisadores vislumbram um futuro em que os processadores quânticos desempenharão um papel crucial em diversos campos científicos e tecnológicos.

O que é um qubit supercondutor?

Um qubit supercondutor é um tipo de qubit usado em computadores quânticos, fabricado com materiais supercondutores como tântalo, nióbio e alumínio. Esses materiais permitem que os qubits funcionem em temperaturas extremamente baixas, reduzindo a sensibilidade ao ruído e aumentando a coerência quântica.

A coerência quântica é crucial para manter o estado de superposição dos qubits, o que permite realizar cálculos em paralelo. Portanto, os qubits supercondutores são essenciais para o desenvolvimento de computadores quânticos práticos e eficientes.

Avanços recentes na fabricação e no design de qubits supercondutores, como os realizados no projeto Zuchongzhi 3.0, melhoraram significativamente a fidelidade das portas quânticas e a correção de erros, aspectos-chave para a realização de cálculos quânticos complexos.

Como funciona o benchmark Random Circuit Sampling?

O Random Circuit Sampling (RCS) é um benchmark usado para avaliar o desempenho de computadores quânticos. Ele consiste em executar um circuito quântico aleatório e medir a distribuição dos resultados, que é então comparada com a esperada teoricamente.

Esse benchmark é particularmente útil para demonstrar a supremacia quântica, ou seja, a capacidade de um computador quântico de superar supercomputadores clássicos em certas tarefas. O RCS é projetado para ser difícil de simular por computadores clássicos, tornando-o um teste ideal para avaliar o progresso na computação quântica.

Os resultados obtidos pelo Zuchongzhi 3.0 nesse benchmark mostram que os computadores quânticos são capazes de realizar tarefas específicas em tempo recorde, abrindo caminho para novas aplicações em diversos campos científicos e tecnológicos.

Fonte: Physical Review Letters

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terça-feira, 25 de março de 2025

China é maior ameaça militar e cibernética, diz inteligência dos EUA

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Relatório diz que Pequim tem armas convencionais, capacidades para ataques cibernéticos e espaço, além de ameaçar EUA como maior potência de IA
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Michael MartinaPatricia ZengerleErin Bancoda Reuters
25/03/2025 às 16:19
Postado em 25 de Março de 2.025 às 16h35m

#.* Post. - Nº.\  11.564*.#

Bandeiras dos EUA e da China do lado de fora de prédio de empresa norte-americana em Pequim
Bandeiras dos EUA e da China do lado de fora de prédio de empresa norte-americana em Pequim • 21/01/2021REUTERS/Tingshu Wang

A China continua a ser a principal ameaça militar e cibernética aos Estados Unidos, de acordo com um relatório das agências de inteligência dos EUA publicado nesta terça-feira (25). O documento disse que Pequim estava fazendo progressos constantes, mas irregularesnas capacidades que poderia usar para capturar Taiwan.

A China tem a capacidade de atingir os Estados Unidos com armas convencionais, comprometer a infraestrutura dos EUA por meio de ataques cibernéticos e atingir seus ativos no espaço, além de tentar desalojar os EUA como a maior potência de IA até 2030, segundo a Avaliação Anual de Ameaças da comunidade de inteligência.

A Rússia, juntamente com o Irã, a Coreia do Norte e a China, busca desafiar os EUA por meio de campanhas deliberadas para obter uma vantagem, com a guerra de Moscou na Ucrânia tendo proporcionado à Rússia uma riqueza de lições sobre o combate às armas e à inteligência ocidentais em uma guerra de larga escala, disse o relatório.

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Divulgado antes do depoimento dos chefes de inteligência do presidente Donald Trump perante o Comitê de Inteligência do Senado, o relatório afirma que o Exército de Libertação Popular da China (ELP) provavelmente planeja usar modelos de linguagem para criar notícias falsas, imitar pessoas e habilitar redes de ataque.

As forças militares da China estão desenvolvendo capacidades avançadas, incluindo armas hipersônicas, aeronaves furtivas, submarinos avançados, recursos mais fortes de guerra espacial e cibernética e um arsenal maior de armas nucleares, disse a diretora de Inteligência Nacional, Tulsi Gabbard, ao comitê, rotulando Pequim como o concorrente estratégico mais capaz de Washington

É quase certo que a China tenha uma estratégia multifacetada em nível nacional projetada para desalojar os Estados Unidos como a potência de IA mais influente do mundo até 2030, diz o relatório.

O diretor da CIA, John Ratcliffe, disse ao comitê que a China fez apenas esforços intermitentes para reduzir o fluxo de precursores químicos que alimentam a crise do fentanil nos EUA devido à sua relutância em reprimir as lucrativas empresas chinesas.

Trump aumentou as tarifas sobre todas as importações chinesas em 20% para punir Pequim pelo que ele diz ser seu fracasso em interromper as remessas de produtos químicos de fentanil. A China nega que esteja desempenhando um papel nessa crise, que é a principal causa de mortes por overdose de drogas nos EUA, mas a questão se tornou um importante ponto de atrito entre o governo Trump e as autoridades chinesas.

Não há nada que impeça a China… de reprimir os precursores do fentanil, disse Ratcliffe.

A embaixada da China em Washington não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

A audiência do comitê foi ofuscada pelos senadores democratas que interrogaram Ratcliffe e Gabbard sobre as revelações de que eles e outras altas autoridades do governo Trump discutiram planos militares altamente confidenciais em um grupo do aplicativo de mensagens Signal que acidentalmente incluiu um jornalista americano.

Vários senadores republicanos concentraram seus questionamentos nos imigrantes ilegais nos EUA. O relatório de inteligência afirma que a imigração ilegal em larga escala prejudicou a infraestrutura dos EUA e permitiu que terroristas conhecidos ou suspeitos entrassem nos Estados Unidos.

Mas as preocupações dos EUA em relação à China dominaram cerca de um terço do relatório de 32 páginas, que afirma que o governo chinês está pronto para aumentar a coerção militar e econômica em relação a Taiwan, a ilha democraticamente governada que a China reivindica como seu território.

O ELP provavelmente está fazendo progressos constantes, mas irregulares, nas capacidades que usaria em uma tentativa de tomar Taiwan e deter — e, se necessário, derrotar — a intervenção militar dos EUA, diz o relatório.

Ainda assim, segundo o relatório, a China enfrenta desafios internos assustadores, incluindo corrupção, desequilíbrios demográficos e ventos contrários fiscais e econômicos que podem prejudicar a legitimidade do Partido Comunista no poder.

O crescimento econômico da China provavelmente continuará a desacelerar devido à baixa confiança dos consumidores e investidores, e as autoridades chinesas parecem estar se preparando para mais atritos econômicos com os EUA, segundo o relatório.

Tópicos

Como híbridos ajudaram BYD a superar Tesla no mercado global

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A empresa sediada em Shenzhen afirma que a receita do ano passado foi de US$ 107 bilhões, impulsionada pelas vendas de seus veículos híbridos.
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TOPO
Por BBC

Postado em 25 de Março de 2.025 às 15h00m

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BYD Atto 2 é um dos carros lançados internacionalmente pela montadora chinesa — Foto: Getty Images via BBC
BYD Atto 2 é um dos carros lançados internacionalmente pela montadora chinesa — Foto: Getty Images via BBC

A fabricante chinesa de veículos elétricos BYD teve uma receita anual maior que sua principal rival, a Tesla, no ano de 2024, segundo balanço divulgado pelas próprias empresas.

A montadora sediada em Shenzhen diz que sua receita aumentou em 29%, chegando a 777 bilhões de yuans (US$ 107 bilhões; R$ 616 bilhões), impulsionada pelas vendas de seus veículos híbridos. Isso supera os US$ 97,7 bilhões (R$ 563 bilhões) relatados pela Tesla de Elon Musk.

A BYD também acaba de lançar um carro mais barato para rivalizar com o Model 3 da Tesla, que há muito tempo é o veículo elétrico mais vendido na China.

Isso acontece no momento em que a Tesla enfrenta uma reação negativa em todo o mundo devido aos laços de seu dono, Elon Musk, com o presidente dos EUA, Donald Trump, enquanto as montadoras chinesas foram atingidas por tarifas em países ocidentais.














BYD Shark: veja 3 pontos positivos e 3 negativos do lançamento

A BYD vendeu quase o mesmo número de veículos elétricos que a Tesla no ano passado — 1,76 milhão em comparação com 1,79 milhão da Tesla.

Mas quando as vendas de carros híbridos da empresa chinesa são levadas em consideração, o número é muito maior, com um recorde de 4,3 milhões de veículos vendidos globalmente em 2024.

No domingo, a BYD anunciou um novo modelo para competir com a Tesla.

Seu modelo Qin L tem um preço inicial na China de 119.800 yuans (R$ 95 mil), enquanto uma versão básica do Model 3 da Tesla custa 235.500 yuans (R$ 187 mil).

Isso ocorre em um momento em que os consumidores chineses estão cortando gastos diante de desafios econômicos no país — incluindo uma crise imobiliária, crescimento lento e alta dívida dos governos locais.

Na semana passada, o fundador da BYD, Wang Chuanfu, anunciou uma nova tecnologia que, segundo ele, permite carregar a bateria de um veículo elétrico em cinco minutos.

O tempo é muito menor do que os cerca de 15 minutos necessários para carregar um Tesla usando seu sistema de supercarregador.

Em fevereiro, a BYD anunciou que sua tecnologia avançada de assistência ao motorista, chamada "Olho de Deus", estaria disponível gratuitamente em todos os seus modelos.

As ações da empresa — que é apoiada pelo veterano investidor americano Warren Buffett — saltaram mais de 50% neste ano.

A reação contra Musk e sua montadora ganhou força desde que ele foi nomeado chefe do Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês) pelo governo de Donald Trump. Musk é encarregado de cortar gastos do governo federal.

Musk também fez intervenções na política no exterior, dando seu apoio ao partido de direita radical Alternative für Deutschland antes das eleições parlamentares da Alemanha e criticando políticos do Reino Unido, como o primeiro-ministro Keir Starmer.

Já os fabricantes de veículos elétricos da China têm sido alvo de tarifas em grandes partes do mundo, incluindo os EUA e a União Europeia.

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segunda-feira, 24 de março de 2025

Mega secas aumentam no mundo, e Brasil fica no top 10 das mais severas; veja mapa

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País aparece duas vezes entre as regiões mais afetadas por secas prolongadas, segundo estudo global que analisou fenômenos entre 1980 e 2018. Relatório recente da OMM confirma tendência de agravamento.
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Por Roberto Peixoto, g1

Postado em 24 de Março de 2.025 às 11h10m

#.* Post. - Nº.\  11.562*.#

Moradores transportam água potável de Humaitá para a comunidade de Paraizinho, ao longo do rio Madeira, um afluente do rio Amazonas, durante a estação seca no Amazonas, em 8 de setembro de 2024. — Foto: Edmar Barros/AP
Moradores transportam água potável de Humaitá para a comunidade de Paraizinho, ao longo do rio Madeira, um afluente do rio Amazonas, durante a estação seca no Amazonas, em 8 de setembro de 2024. — Foto: Edmar Barros/AP

Um estudo recente publicado na revista científica "Science" revelou que as mega secas períodos de seca que duram pelo menos dois anos – têm se tornado mais frequentes, quentes e devastadoras ao redor do mundo nas últimas quatro décadas.

A pesquisa, inédita por analisar essas secas prolongadas em escala global e seus impactos, examinou dados de 1980 a 2018 e identificou mais de 13 mil eventos do tipo no período. O Brasil apareceu duas vezes entre os dez casos mais graves (veja INFOGRÁFICOS abaixo).

Essas secas prolongadas não são exatamente um evento meteorológico, mas algo que ocorre de forma mais sutil, ao longo de um período maior e em uma área mais extensa, explica ao g1 Simone Fatichi, autor do estudo e pesquisador do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Nacional de Singapura.

Elas devem ser vistas como períodos anômalos prolongados e amplamente distribuídos, caracterizados principalmente pela redução da precipitação, embora em alguns casos também envolvam um aumento na demanda atmosférica por água, acrescenta Fatichi.

A tendência é confirmada pelo mais recente relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), publicado nesta última semana, que aponta a continuidade e intensificação de fenômenos de seca no Brasil.

📝 ENTENDA: Em anos recentes, o país tem enfrentado condições climáticas extremas, incluindo a mega seca de 2024, que afetou quase 60% do território nacional, a mais intensa e generalizada da história do Brasil. A situação é agravada por fatores como o aquecimento global, a deflorestação e eventos climáticos naturais, como El Niño.

E a seca tem impactado severamente regiões como a Amazônia e o Pantanal. Em 2023, o Pantanal registrou uma redução de 61% em sua área coberta por água em comparação com a média histórica desde 1985, tornando-se um dos biomas mais afetados.

Além disso, a Amazônia enfrentou um recorde de seca no mesmo ano, que se agravou em 2024, com um aumento de 2000% na área afetada por seca extrema.

Entenda mais abaixo:

A pesquisa revela que a chamada Amazônia Sul-Ocidental, que abrange parte dos estados do Acre, Amazonas, Rondônia e Mato Grosso, além de porções da Bolívia e Peru, enfrentou uma mega seca devastadora de 2010 a 2018.

Esta região figura como a 7ª mais grave do mundo no período estudado. No período, a seca prolongada causou o secamento de rios importantes como o Madeira, Negro e Solimões, que atingiram níveis historicamente baixos.

Comunidades ribeirinhas também ficaram isoladas quando os rios, que servem como principais vias de transporte e subsistência, se tornaram intransitáveis em vários trechos.

Durante esses oito anos, a vegetação amazônica sofreu um estresse hídrico severo, aumentando significativamente a vulnerabilidade da floresta aos incêndios.

Em 2015 e 2016, no auge da seca, foram registrados aumentos de até 30% nos focos de queimadas comparados à média histórica da região.

Eventos de mega seca graves — Foto: Arte/g1
Eventos de mega seca graves — Foto: Arte/g1

Já na região Leste do Brasil, o estudo identifica como a 9ª mega seca mais severa do mundo aquela ocorrida entre 2014 e 2017, afetando principalmente os estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo.

Na época, uma crise hídrica sem precedentes atingiu a região mais populosa e economicamente ativa do país.

O Sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento de água para cerca de 9 milhões de pessoas na Grande São Paulo, chegou a operar com o chamado "volume morto" (reserva abaixo do nível das comportas) em 2015, atingindo menos de 5% de sua capacidade.

Em Minas Gerais, reservatórios importantes como o de Furnas chegaram a níveis críticos, afetando não apenas o abastecimento urbano, mas também a geração de energia, já que a região concentra importantes usinas hidrelétricas.

No Rio de Janeiro, o Sistema Paraíba do Sul, vital para o abastecimento da região metropolitana, sofreu uma redução drástica de vazão.

Já no Espírito Santo, rios como o Jucu e Santa Maria da Vitória, fundamentais para o abastecimento da Grande Vitória, registraram níveis alarmantes.

De acordo com o estudo, três fatores principais estão contribuindo para o agravamento das mega secas pelo mundo: o aumento das temperaturas globais, a diminuição das chuvas em regiões específicas e o aumento da evapotranspiração - o processo pelo qual a água é transferida da superfície da Terra para a atmosfera por evaporação do solo e transpiração das plantas.

Um mapa apresentado pelos pesquisadores mostra como essas mudanças afetam diferentes regiões do planeta (veja ABAIXO).

Nele, as cores mais avermelhadas revelam que há queda nas chuvas (Qpr) de até 60% abaixo do normal, já as tonalidades esverdeadas indicam o aumento da perda de água (Qpet) de até 18% durante as secas extremas.

De forma geral, o estudo destaca um padrão alarmante: nas regiões mais quentes, a falta de chuvas castiga mais, enquanto nas áreas frias, o problema maior está na água que se perde para a atmosfera.

Falta de chuva e perda de água agravaram as megas secas. — Foto: Arte/g1
Falta de chuva e perda de água agravaram as megas secas. — Foto: Arte/g1

E no Brasil, biomas como o Cerrado e o Pampa (nossa região de pradaria) sofreram mais com a perda de vegetação durante as mega secas. Por outro lado, a Amazônia mostrou maior resistência inicial.

Porém, quando a seca se prolonga por muitos anos, como aconteceu na Amazônia Sul-Ocidental, os danos podem ser enormes e duradouros.

Ao todo, os cientistas estudaram mais de 13 mil casos de secas duradouras entre 1980 e 2018, em todos os continentes exceto a Antártida.

A mais longa ocorreu na bacia do Congo, na África, durando quase dez anos (2010-2018) e afetando uma área 30 vezes maior que o estado do Rio de Janeiro. Já na Mongólia, uma mega seca entre 2000 e 2011 reduziu a vegetação local em quase 30%.

Nas regiões tropicais úmidas, como partes da Amazônia, a pesquisa revelou ainda que a falta de chuva nem sempre é forte o suficiente para diminuir significativamente a vegetação nos primeiros anos, sugerindo que as plantas dessas regiões podem ter uma "maior resistência" às condições de seca inicial.

Os impactos comparativamente baixos dessas secas prolongadas e, portanto, a ausência de eventos ecológicos severos nas florestas tropicais sugere uma maior resistência das estruturas nesses ecossistemas, disseram os autores no estudo.

Mas acontece que, apesar dessa resistência inicial, a redução das chuvas pode trazer impactos mais complexos para a região, como explica o meteorologista Fábio Luengo, da Climatempo.

"A Amazônia depende fortemente da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e da presença da Cordilheira dos Andes. Esse corredor de umidade se desloca, encontra a barreira dos Andes e contribui para a precipitação na floresta. Há estudos que sugerem que, sem a presença da Cordilheira dos Andes, a Amazônia não teria seu atual perfil florestal e poderia ser uma região muito mais árida".

Já nas florestas boreais do extremo norte do planeta e nos ecossistemas de tundra, os pesquisadores dizem que a resposta à seca foi menor porque sua produtividade vegetal depende mais da temperatura do que da presença ou ausência de chuvas.

Vista aérea mostra homem de moto no Lago Tefé, afetado pela seca do rio Solimões, durante voo de monitoramento do ICMBio em 4 de outubro de 2023. — Foto: REUTERS/Bruno Kelly
Vista aérea mostra homem de moto no Lago Tefé, afetado pela seca do rio Solimões, durante voo de monitoramento do ICMBio em 4 de outubro de 2023. — Foto: REUTERS/Bruno Kelly

País sob pressão crescente

Nesta última semana, a OMM alertou em seu relatório anual que a seca afetou amplas áreas das Américas em 2023 e 2024, com impactos severos no Brasil.

Segundo a agência da Onu, a estiagem foi particularmente intensa no interior da América do Sul, onde o Rio Negro, em Manaus, e o Rio Paraguai, em Assunção, atingiram níveis recordes de baixa.

Além disso, o número de incêndios na Amazônia brasileira foi o maior desde 2010, reflexo da combinação entre condições meteorológicas extremas e pressões humanas sobre o bioma.

Em dezembro, uma nota técnica do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) confirmou essa tendência.

O relatório mostrou que, desde os anos 1990, os períodos de estiagem no Brasil têm se tornado mais frequentes e severos, atingindo duramente biomas como Amazônia, Pantanal, Cerrado e Caatinga.

E esse agravamento resulta tanto de variações naturais do clima quanto do impacto humano, que tem alterado os padrões de chuva e elevado as temperaturas.

De modo geral, o El Niño tende a reduzir a umidade nos trópicos, desacelerando o corredor de umidade da ZCIT. No entanto, o artigo da Science sugere que a seca associada ao fenômeno tem se expandido para além dessas regiões, o que indica que os efeitos do El Niño estão se alterando globalmente.

Segundo o Cemaden, entre os episódios mais críticos das últimas décadas estão justamente a seca prolongada no Nordeste (2012-2017), a crise hídrica no Sudeste (2014-2015) e a seca severa no Pantanal (2019-2021).

Já na Amazônia, a estiagem de 2023-2024, sob El Niño, é a que registrou mais recordes negativos. O Rio Negro, em Manaus, atingiu seu nível mais baixo desde o início das medições, em 1902, deixando comunidades isoladas e interrompendo o transporte de mercadorias pelos rios.

O calor extremo combinado à seca também favoreceu incêndios de grandes proporções na Amazônia e no Pantanal. Apenas em outubro de 2024, 500 cidades relataram perdas superiores a 80% em suas áreas agrícolas.

Mas os impactos da estiagem vão além da agricultura e da biodiversidade. A escassez de água nos rios tem comprometido a geração de energia hidrelétrica, ameaçando o abastecimento das cidades e a estabilidade do sistema elétrico, ainda segundo o centro.

Adaptação necessária

Por causa desses dados tão alarmantes, o futuro preocupa cientistas, que preveem secas ainda mais severas no centro do país e no semiárido até 2060.

Essas áreas já enfrentam desafios como pobreza e dependência da agricultura familiar, o que pode agravar o êxodo rural e aumentar disputas por água e outros recursos naturais.

Ainda segundo o Cemaden, em 2024, mais da metade do território brasileiro sofreu com secas severas ou extremas, que afetaram diretamente cerca de 1.200 municípios.

Para Alexandre Prado, líder em Mudanças Climáticas do WWF-Brasil, os impactos já são evidentes e exigem respostas urgentes.

"As secas estão mais intensas e frequentes, além de ocorrerem mais cedo do que o previsto. O que antes era projetado para acontecer em 15 a 20 anos já está se tornando realidade agora", afirma.

Segundo ele, além do monitoramento, é preciso avançar em políticas públicas que preparem o país para esse novo cenário.

Diante desse cenário, o Cemaden diz que vem aprimorando métodos para prever e monitorar os riscos associados à seca.

Mas especialistas indicam que será necessário um esforço conjunto entre governo, sociedade civil, setor privado e comunidade científica para desenvolver soluções inovadoras que ajudem o Brasil a se adaptar a um futuro com secas mais frequentes e tão intensas.

"O planeta está adoecendo diante dos nossos olhos. Diante de todos esses dados e da vulnerabilidade de tantas regiões do Brasil, os últimos dois anos foram impressionantes nesse sentido. A situação exige uma resposta rápida e eficaz. Temos conhecimento, tecnologia e capacidade para agir. O desafio agora é transformar tudo isso em ação concreta", reforça Prado.

Organização Meteorológica Mundial informa que onda de calor no hemisfério Norte vai se intensificar

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