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quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Hamas diz que cessar-fogo é “ponto de virada crucial” e detalha acordo

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Grupo apoiado pelo Irã divulgou documento explicando como trégua seria implementada
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Da CNN
15/01/2025 às 19:38
Postado em 15 de Janeiro de 2.025 às 20h05m

#.* Post. - Nº.\  11.471*.#

O chefe interino do Hamas em Gaza, al-Hayya, diz que Israel não conseguiu atingir seus objetivos em Gaza
O chefe interino do Hamas em Gaza, al-Hayya, diz que Israel não conseguiu atingir seus objetivos em Gaza • GABINETE DE IMPRENSA DO HAMAS

O Hamas disse que chegar a um cessar-fogo em Gaza e ao acordo de reféns marca um ponto de virada crucial em sua luta contra o inimigo.

O acordo para parar a agressão contra Gaza é uma conquista para nosso povo, nossa resistência, nossa nação e as pessoas livres do mundo. Ele marca um ponto de virada crucial na luta contra o inimigo, no caminho para atingir os objetivos de libertação e retorno de nosso povo, disse o Hamas em uma declaração nesta quarta-feira (15).

O grupo apoiado pelo Irã agradeceu aos mediadores que fizeram grandes esforços para chegar a este acordo, especialmente o Catar e o Egito.

Leia Mais

O alto funcionário do Hamas, Bassem Naim, compartilhou um documento detalhando como o acordo de cessar-fogo para reféns entre Israel e o Hamas será implementado.

De acordo com o documento, Israel libertará 1.000 prisioneiros palestinos que foram presos em 8 de outubro de 2023, mas não estavam envolvidos no ataque do Hamas a Israel no dia anterior.

Dos 33 reféns que o Hamas deve libertar, nove doentes e feridos serão trocados por 110 prisioneiros palestinos com sentenças perpétuas, de acordo com o documento.

Na primeira fase do acordo, as forças israelenses reduzirão gradualmente sua presença ao longo do Corredor Filadélfia, uma estreita faixa de terra ao longo da fronteira entre Egito e Gaza, e começarão a se retirar após a libertação do último dos 33 reféns.

As forças concluirão a retirada até o dia 50, na segunda fase do acordo, segundo o documento.

O texto também diz que Israel trabalhará para deixar a passagem de fronteira de Rafah pronta assim que o acordo for assinado para facilitar o retorno de civis deslocados.

No sétimo dia após o acordo entrar em vigor, pedestres desarmados poderão retornar ao norte, sem passar por inspeção, enquanto veículos poderão retornar após serem inspecionados por terceiros.

O Egito, um dos mediadores do acordo, confirmou a autenticidade do documento divulgado.

Pronunciamento chefe interino do Hamas

O chefe interino do Hamas em Gaza, Khalil al-Hayya, disse em um discurso televisionado divulgado nesta quarta-feira (15) que Israel falhou em atingir seus objetivos em Gaza, logo após o anúncio do acordo de cessar-fogo.

Os negociadores chegaram a um acordo em fases nesta quarta-feira para encerrar a guerra em Gaza entre Israel e o Hamas, disseram os EUA e o Catar, após 15 meses de um conflito que matou milhares de palestinos e inflamou o Oriente Médio.

As tropas israelenses invadiram Gaza depois que homens armados liderados pelo Hamas romperam as barreiras de segurança e invadiram comunidades da área de fronteira israelense em 7 de outubro de 2023, matando 1.200 soldados e civis e sequestrando mais de 250 reféns estrangeiros e israelenses.

A guerra aérea e terrestre de Israel em Gaza já matou mais de 46 mil pessoas, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza, com milhares de deslocados lutando contra o frio do inverno em tendas e abrigos improvisados.

Com informações da Reuters.

Este conteúdo foi criado originalmente emVer original

Tópicos
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“Os Estados Unidos têm mais bases militares no exterior do que todos os outros países juntos”.

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Entrevista com Daniel Immerwahr
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https://www.ihu.unisinos.br/categorias/
Instituto Humanitas Unisinos
Postado em 15 de Janeiro de 2.025 às 14h00m


#.* Post. - Nº.\  11.470*.#

Em seu livro Cómo ocultar un imperio: historia de las colonias de EEUU, o historiador Daniel Immerwahr, professor e diretor do Departamento de História da Universidade Northwestern, analisa o significado da palavra império e como os Estados Unidos vêm utilizando os territórios ultramarinos em diferentes períodos. Do imperialismo tradicional, com a colonização de territórios, ao império pontilhado, baseado em 750 bases militares e pequenos pontos estratégicos.

A entrevista é de Javier Biosca Azcoiti, publicada por El Diario, 04-05-2023. A tradução é do Cepat.

Eis a entrevista.

Para começar, o que é um império? A dimensão territorial é necessária?

Isso é algo que está em debate. Você pode ter uma definição mais restrita de império como um país que possui colônias e territórios remotos ou pode ter uma definição mais ampla em que império é um país que exerce poder indevido sobre outros e tem algum tipo de controle sobre seus vizinhos.

Seja qual for a definição utilizada, os Estados Unidos são claramente um império por sua dimensão territorial. No livro, não busco argumentar que os Estados Unidos são um império em suas relações comerciais ou em seus pactos militares, apenas quero destacar que se nos fixarmos apenas no território, obtemos uma história realmente interessante.

Argumenta que os Estados Unidos tradicionalmente ocultaram sua condição de império a ponto de até mesmo seus próprios cidadãos a ignorarem. Por quê?

Por um lado, faz sentido que os países tentem ocultar as partes de sua história das quais não se sentem orgulhosos. Mas, então, pergunta-se por que os Estados Unidos historicamente se orgulham do império e acredito que isso tem a ver com o nascimento do país em uma revolta contra outro império. É uma antiga colônia. Também tem a ver com o compromisso, desde muito cedo, com outro tipo de império diferente ao do uso de colonos e deslocamento da população do território em questão.

Tudo isso está muito arraigado na cultura política do país, de forma que quando os Estados Unidos começam a adquirir grandes territórios ultramarinos, são governados de forma diferente. Não se propôs o deslocamento ou o extermínio de filipinos, por exemplo. Tanto os dirigentes do país quanto os cidadãos tinham dificuldades de pensar nesses lugares e o que significavam para a cultura política do país. Era mais fácil, no entanto, escondê-los debaixo do tapete.

Fala também de uma dimensão racista. Poderia desenvolver um pouco essa ideia?

O império é uma forma política que submete vários territórios e seus habitantes a diferentes tipos de regras. Portanto, estabelece uma hierarquia entre os espaços dentro das fronteiras de um mesmo país. Ninguém se surpreende em saber que, muitas vezes, essa hierarquia se baseia em critérios raciais.

Os Estados Unidos têm uma longa história de expansão, reivindicação de território e, em seguida, elevação desses territórios a estados em igualdade de condições com os existentes, mas também têm uma longa história de expansão, reivindicação e manutenção indefinida ou por períodos muito longos do território. Qual é a diferença entre o destino desses territórios? A diferença é quase sempre a presença de colonos brancos.

Na América do Norte, os territórios que acabam adquirindo a condição de estado, como a Califórnia, que foi o mais rápido, após apenas dois anos, conseguiram devido a um fluxo de colonos brancos, neste caso, promovida pela febre do ouro. Por sua vez, os territórios que se mantiveram iguais por mais tempo, como Oklahoma, eram lugares onde viviam povos indígenas.

O mesmo acontece com os territórios ultramarinos. Uma das razões pelas quais a reivindicação de territórios ultramarinos se transforma em uma crise política dentro dos Estados Unidos é porque há uma firme suposição, de muitas pessoas, de que os lugares que estão habitados principalmente por pessoas não brancas não deveriam ser elegíveis para a condição de estado.

Divide a história do império estadunidense em quatro etapas. A partir do que considera a quarta e última, após a Segunda Guerra Mundial, por que os Estados Unidos se distanciaram do império colonial que tinham criado? O que significou essa estratégia?

Há uma forma de simplificar muito o assunto dizendo que os Estados Unidos rejeitaram completamente o modelo de colonialismo e seguiram uma forma baseada em pontos estratégicos. A razão do erro dessa ideia é que embora os Estados Unidos renunciam a sua maior colônia, as Filipinas, e embora declinem em tomar outras colônias, apesar de todas as oportunidades, continuam apegados a Porto Rico, Guam e outros.

Os Estados Unidos têm hoje cinco territórios ultramarinos e neles vivem 3,5 milhões de pessoas. A grande questão é: por que os Estados Unidos não fazem o que fez o Reino Unido, que quando estava no auge de sua hegemonia internacional se apoderou de muitos territórios? Os Estados Unidos parecem investir muito mais em uma forma diferente de projeção de poder, o que eu chamo de império pontilhado.

Existem dois tipos de respostas sobre os motivos. Uma tem a ver com algo a respeito do qual deveríamos falar, que é uma revolta global contra o imperialismo no sul global. As pessoas que vivem em colônias ou possíveis colônias rejeitam o império, de forma militante, tornando muito mais difícil para os colonizadores reivindicar esses territórios. O custo de reivindicar uma colônia aumentou.

Por outro lado, o desenvolvimento de novas tecnologias, especialmente a partir da Segunda Guerra Mundial, possibilita substituir as colônias por uma forma de projeção de poder com pontos apenas com a presença de bases. Por exemplo, os sintéticos, que tornam as matérias-primas das colônias menos importantes, e a aviação e a comunicação sem fio, que retira valor do controle territorial. Os Estados Unidos obtiveram muitos privilégios imperiais sem reivindicar realmente colônias.

Fala sobre o caso de Guantánamo e Saipan. Como os Estados Unidos se aproveitaram de contar com territórios juridicamente diferentes em relação ao continente?

Esses territórios não são grandes em termos de superfície, mas claramente possuem um peso que se sobrepõe em termos de importância histórica. Uma das razões é que se você tem um país onde a maior parte está sujeita a um conjunto de leis e há alguns lugares em que são aplicadas normas diferentes, eles vão se tornar muito interessantes porque permitem fazer várias coisas.

Um exemplo clássico é o uso da Baía de Guantánamo, que não é propriedade dos Estados Unidos, mas é estreitamente controlada por este país e foi utilizada para torturar os prisioneiros de uma forma que constituiria uma violação da legislação estadunidense.

Não é só o Governo que se aproveita disso. Porto Rico, por exemplo, torna-se um local muito importante para testar a pílula e outros métodos anticoncepcionais porque os cientistas e pesquisadores farmacêuticos consideravam que esses testes seriam perigosos e, portanto, politicamente difíceis de serem realizados em um lugar como Massachussetts. Em Porto Rico, como há menos supervisão e menos prestação de contas dos pesquisadores sobre as consequências, é muito mais fácil fazer a pesquisa.

Ou os abusos trabalhistas na ilha de Saipan, nas Ilhas Marianas do Norte.

Claro. Por que os principais varejistas se abasteceriam com roupas desta ilha no Pacífico, distante de sua mão de obra e de seu ponto de venda? Não parece fazer nenhum sentido, mas a razão é que se trata de um lugar onde as leis trabalhistas não são aplicadas e, no entanto, em relação às leis alfandegárias, esses produtos são fabricados nos Estados Unidos. Essa brecha legal já se fechou.

O que significa o fato dos Estados Unidos terem cerca de 800 bases militares em todo o mundo?

Da perspectiva dos Estados Unidos, é muito fácil não fazer nada a respeito e assumir que o país é como aparece no mapa e pensar que se há algumas bases, são tão pequenas que basicamente não contam. Contudo, para os países que possuem essas bases, são incursões politicamente importantes na soberania.

Houve dois primeiros-ministros japoneses que renunciaram devido à tensão política em torno de nossas bases. E a experiência japonesa não é totalmente incomum. Os países que abrigam bases possuem muitos debates políticos sobre a sua conveniência, porque há alguns benefícios, mas também alguns custos evidentes.

E isso se estende para além dos países que abrigam bases. Os países que estão perto de outros que abrigam bases precisam lidar com o fato dos Estados Unidos estarem, por exemplo, voando com armas nucleares sobre o seu território ou afetando suas economias e culturas por meio de suas transmissões de rádio. Embora a superfície dessas bases seja pequena, sua importância histórica é enorme.

Os Estados Unidos têm mais bases militares no exterior e em seus territórios do que todos os outros países juntos. A pessoa com a melhor apuração é um antropólogo chamado David Vine e sua última contagem é de 750 bases em territórios ultramarinos.

Do ponto de vista territorial e até não territorial, você diria que, atualmente, os Estados Unidos são um império e que seus cidadãos estão cientes disso?

Sim. Os Estados Unidos têm cinco territórios habitados. Têm centenas de postos avançados em forma de bases militares. Estão espalhados por todo o mundo. Estão no quintal do mundo todo. São inequivocadamente um império. Também é verdade que os cidadãos estadunidenses não falam sobre isso ou, quando é o caso, nem sempre falam da dimensão territorial.

Não é incomum que as pessoas nos Estados Unidos digam que este país é um império. No entanto, quando dizem isso, normalmente, estão querendo dizer que não gostam da política externa do país. Assim, mesmo as pessoas que fazem essa crítica, tanto de esquerda quanto de direita, raramente levam em conta a extensão territorial dos Estados Unidos, referem-se apenas ao caráter de suas políticas.

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terça-feira, 14 de janeiro de 2025

China anuncia o maior superávit de uma balança comercial que o mundo já viu: quase US$ 1 trilhão

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O superávit chinês mais alto até então tinha sido de US$ 838 bilhões - em 2022.
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Por Jornal Nacional

Postado em 14 de Janeiro de  2.025 às 10h10m

#.* Post. - Nº.\  11.469*.#


Governo chinês anuncia maior superávit comercial que o mundo já viu

O governo chinês anunciou nesta segunda-feira (13) o maior superávit de uma balança comercial que o mundo já viu.

A China exportou quase US$ 1 trilhão a mais em produtos do que importou em 2024. O porta-voz da Administração Geral de Alfândegas disse que o país exportou US$ 3,58 trilhões em bens e serviços, e importou US$ 2,59 trilhões - criando um superávit de US$ 990 bilhões, um recorde mundial. O superávit chinês mais alto até então tinha sido de US$ 838 bilhões - em 2022.

As fábricas chinesas produzem um terço de todos os bens manufaturados no mundo. Mais do que Estados UnidosJapãoAlemanhaCoreia do Sul e Reino Unido juntos, segundo dados de 2022 das Nações Unidas.

Na última década, a China deixou de importar carros para se tornar a maior exportadora mundial. Empresas chinesas produzem quase todos os painéis solares vendidos no planeta. Ao mesmo tempo, os chineses têm importado menos. O porta-voz do governo chinês disse que se outros países não politizassem o comércio, a China teria importado mais.

A cientista política Lauren Gloudeman afirmou que a queda das importações chinesas merece muita atenção:

A China costumava ser a maior importadora de commodities, petróleo, minério de ferro, por causa do modelo econômico de investimento do país em imóveis e infraestrutura. Mas quando vemos o declínio das importações da China, fica claro que esse motor de crescimento chegou ao limite. A economia da China agora precisa de consumo interno para crescer. Mas, neste momento, há um problema de consumo doméstico, explica ela.

O superávit comercial em produtos industrializados representa 10% da economia chinesa. O número impressiona, mas deixa a China mais dependente das exportações do que nunca - e mais vulnerável a políticas e tarifas de outros países.

Todas as atenções estão voltadas para o dia 20 de janeiro, quando Donald Trump assume a Casa Branca. Ele prometeu aumentar em até 60% as taxações sobre produtos chineses. Por isso, em dezembro de 2024, empresas americanas aumentaram seus estoques de produtos chineses - e a China atingiu um novo superávit recorde mensal de US$ 104 bilhões.

China anuncia o maior superávit de uma balança comercial que o mundo já viu: quase US$ 1 trilhão — Foto: Reprodução/TV Globo
China anuncia o maior superávit de uma balança comercial que o mundo já viu: quase US$ 1 trilhão — Foto: Reprodução/TV Globo

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segunda-feira, 13 de janeiro de 2025

Inflação x vida real: por que os preços do dia a dia podem subir muito mais do que o IPCA

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Inflação oficial do país fechou 2024 em 4,83%, puxada por alimentação, educação e saúde. Os alimentos têm sido, inclusive, o principal motivo do mau humor dos consumidores.
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Por André Catto, g1 — São Paulo

Postado em 13 de Janeiro de 2.025 às 07h00m

#.* Post. - Nº.\  11.468*.#

Inflação oficial do país fechou 2024 em 4,83%, puxada por alimentação, educação e saúde. — Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
Inflação oficial do país fechou 2024 em 4,83%, puxada por alimentação, educação e saúde. — Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Basta uma ida ao supermercado para os consumidores brasileiros perderem a paciência. A sensação é de que os preços estão descolados da realidade medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), a inflação oficial do país.

O resultado final do indicador em 2024 mostra que os preços subiram 4,83% no ano, mas o número é uma média e tem muitas nuances.

O desânimo no supermercado se explica porque o grupo que puxou o indicador foi Alimentação e bebidas (7,69%). Itens como carne, café e leite subiram muito a mais que essa média, o que ajuda a piorar a percepção dos consumidores (veja os detalhes aqui).

E especialistas ouvidos pelo g1 confirmam o movimento: a alta dos alimentos tem sido o principal motivo do mau humor de quem vai às compras.

Entenda por que os preços parecem piores do que o IPCA indica.

  • A ampla cobertura do IPCA — e a renda dos brasileiros
  • A confusão entre 'deflação' e 'desaceleração' da inflação
  • A expectativa do consumidor (maior do que a do mercado)

IPCA: preços sobem 0,52% em dezembro e têm alta de 4,83% em 2024, diz IBGE

A ampla cobertura do IPCA — e a renda dos brasileiros

Considerado o índice oficial de inflação do Brasil, o IPCA monitora os preços de uma grande cesta de serviços e produtos comercializados no varejo. São 377 subitens medidos, mês a mês.

Além disso, o indicador tem uma cobertura ampla: abrange 90% das famílias que vivem em áreas urbanas do país com renda entre 1 e 40 salários mínimos.

Essa discrepância ajuda a explicar os reflexos dos preços de determinados produtos no bolso de cada família. Para quem ganha até um salário mínimo, por exemplo, a forte alta dos alimentos gera um impacto muito maior no bolso do que para quem ganha até 40 salários.

O economista André Braz, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), lembra que o Brasil é um país essencialmente constituído por famílias de classe média-baixa. A maioria delas, então, tem uma cesta de consumo muito restrita.

"Ganham pouco e concentram a maior parte da despesa em alimentos, os vilões da inflação de 2024", diz. O economista acrescenta que, mesmo com um IPCA a 4,83%, a alta de alimentos foi de quase 3 pontos percentuais a mais.

"Então, uma família que tem a renda baixa e concentra o gasto em comida percebe uma inflação de quase 8%, e não de quase 5%", pontua Braz. Ele explica que essa diferença pode ajudar a justificar a sensação de que os preços estão mais altos do que o observado pelo índice.

"O IPCA é uma cesta muito diversificada. Tem de tudo ali. O índice prevê famílias consomem passagem aérea, carro zero, gasolina, o que não é a realidade de uma família de baixa renda. Isso às vezes confunde", diz.

O economista Felippe Serigati, pesquisador do FGV Agro, lembra que também há diferenças regionais, que implicam em percepções diferentes sobre os preços a depender da cidade ou do estado.

"Por isso, é natural que alguém fale: 'Poxa, a minha sensação é a de que os preços estão subindo mais do que os 4,83%' [a média nacional]", destaca o especialista.

Serigati reforça ainda que o peso dos alimentos na percepção de inflação é maior pelo fato de serem itens básicos e perecíveis. São diferentes dos televisores, por exemplo, que são monitorados pelo índice, mas de consumo muito mais pontual.

A confusão entre 'deflação' e 'desaceleração' da inflação

Há ainda outra complicação no entendimento quando o assunto é inflação: os conceitos de deflação e desaceleração (que é apenas uma inflação menor).

A deflação ocorre quando os preços, de fato, caem no supermercado, puxando o IPCA para o campo negativo. Enquanto isso, a desaceleração (ou inflação mais baixa) não significa necessariamente o recuo dos preços: ela indica que eles subiram menos.

"Inflação menor não é preço em queda. É preço subindo menos. Só que incomoda do mesmo jeito", diz Serigati, do FGV Agro.

"As pessoas podem dizer: 'O café está caro! E a projeção é de inflação menor do item no próximo ano'. Então, ele vai voltar a ficar acessível? Não. Ou seja, ele vai até ficar mais caro, mas o aumento vai ser menor", exemplifica o especialista.

Em outras palavras: inflação é a elevação do nível médio de preços da economia. Ou seja, uma inflação menor não significa que os preços caíram.

Entre as altas de preços mais importantes para os brasileiros está a carne, destaca Serigati, que subiu 20,8% em 2024 — o maior avanço em 5 anos. "Esse efeito não é transitório. Nós vamos passar 2025 com o churrasco mais caro", diz.

A expectativa do consumidor (maior do que a do mercado)

Com base em sua Sondagem do Consumidor, o FGV Ibre publica mensalmente um indicador que mede a perspectiva dos brasileiros em relação à inflação do país. Eles respondem, basicamente, qual taxa acumulada imaginam para daqui a 12 meses.

E a sondagem confirma o pessimismo: é muito comum que os entrevistados esperem por uma inflação mais alta do que a registrada de fato pelo índice oficial de preços, o IPCA. E não só: a expectativa mediana dos brasileiros é tradicionalmente superior à do mercado financeiro.

Todas as semanas, o Banco Central (BC) publica o boletim Focus, um relatório que contém estimativas de indicadores econômicos a partir de pesquisa com mais de 100 instituições financeiras.

Veja abaixo a diferença entre as projeções dos consumidores, do mercado financeiro e o IPCA oficial.

"Praticamente durante toda a série histórica, iniciada em 2005, os consumidores têm a percepção de inflação mais alta do que o que o próprio mercado prevê", destaca a economista Anna Carolina Lemos Gouveia, responsável pela Sondagem do Consumidor.

Segundo a especialista, o pessimismo acontece porque o consumidor vive mais de perto a inflação. "Ele consegue ver o aumento dos preços de maneira diferente do mercado, que está sempre modelando suas previsões."

Anna Gouveia também destaca a "memória recente" como outro fator de peso sobre a percepção dos brasileiros. Há três anos, no auge da pandemia de Covid-19, o país registrou uma inflação de dois dígitos, que fechou a 10,06% em 2021.

"E esse resultado ainda é recente. Então, acredito que esse sentimento do consumidor, mais pessimista, irá se manter por um bom tempo", conclui.

Veja abaixo o resultado do IPCA nos últimos 10 anos — e as respectivas metas de inflação.

O histórico das metas de inflação — Foto: Arte g1
O histórico das metas de inflação — Foto: Arte g1

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domingo, 12 de janeiro de 2025

Entenda como descoberta de petróleo na África pode indicar existência de possível 'sucessor do pré-sal' no Brasil

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Bacia de Pelotas, no Sul do Brasil, compartilha a mesma formação geológica da Namíbia. Regiões estavam 'coladas' durante a Pangeia, quando todos os continentes eram unidos. Descoberta de petróleo no país africano reacendeu o interesse por jazidas no RS e em SC.
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Por Gustavo Chagas, Vitor Januário, g1 RS

Postado em 12 de Janeiro de 2.025 às 08h20m

#.* Post. - Nº.\  11.467*.#

Mais de 6 mil km separam o Brasil da Namíbia, através do Oceano Atlântico. Contudo, a descoberta de petróleo na costa do país africano é vista com animação por aqui. Como a América do Sul e a África estiveram unidas há 115 milhões de anos, os continentes compartilham semelhanças geológicas que indicam a possibilidade da presença do combustível na Região Sul, mais precisamente na Bacia de Pelotas, entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

🛢️ Contexto: nos últimos anos, a Namíbia fez uma série de descobertas de petróleo. As estimativas são de que a costa do país tenha jazidas superiores a 10 bilhões de barris. As descobertas mais recentes aconteceram nos últimos oito anos, fazendo com que o interesse pela Bacia de Pelotas reacendesse devido à semelhança geológica entre ambas as regiões no passado.

Ainda não há a confirmação de que, de fato, exista petróleo região. Mas as perspectivas coincidem com a busca de um "sucessor do pré-sal".

Na Bacia de Pelotas, especialistas preveem uma extração de petróleo semelhante à da Namíbia. Mas isso só deve acontecer caso todos os testes exploratórios, licenças ambientais e outros processos forem feitos com sucesso. Esse procedimento pode levar até o início da década de 2030. (Veja esses detalhes mais abaixo)

O diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Rodolfo Saboia, explica que o Brasil espera aumentar sua produção de petróleo até 2030, quando os níveis dos campos do pré-sal tenderão a cair. Nesse cenário, a Bacia de Pelotas se tornaria importante para a segurança energética do país.

"Grande parte da produção vem das bacias de pré-sal, e lá essa produção tende a cair, a declinar a partir de 2030. Então, a partir daí, o Brasil tem que fazer a seguinte escolha: ou ele busca as chamadas novas fronteiras, ou se torna importador de petróleo novamente. E entre essas novas fronteiras que nós deslumbramos, hoje existem duas grandes possibilidades: a famosa Margem Equatorial e a Bacia de Pelotas", diz Saboia.

  1. O que a Namíbia tem a ver com isso?
  2. Afinal, tem petróleo em Pelotas?
  3. Onde fica a Bacia de Pelotas?
  4. Qual a situação da Bacia de Pelotas agora?
  5. Quais as etapas até a extração de petróleo?
  6. Quais as preocupações ambientais?
  7. Quais os reflexos na economia?
1. O que a Namíbia tem a ver com isso?





























O professor do Departamento de Paleontologia e Estratigrafia do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Juliano Kuchle explica que a região da Namíbia tem "depósitos arenosos marinhos profundos" - formações sedimentares encontradas no fundo dos oceanos, compostas principalmente por areia.

Até cerca de uma década atrás, não havia indicativos da presença de petróleo na costa da Namíbia. Contudo, nos últimos anos, "foram descobertos reservatórios de petróleo de grande porte em camadas de rocha que datam entre 125 e 110 milhões de anos atrás", relata Kuchle.

Na mesma época em que essas camadas de rocha se formaram, o Sul do Brasil e o Uruguai estavam "colados" na Namíbia.

"Os continentes se separaram entre 115 e 120 milhões de anos atrás. O Gondwana – que era América do Sul, África, Austrália e Índia – estava todo junto. A separação abre um oceano, o Atlântico", conta Kuchle.

Ou seja, o mesmo nível de camadas de rocha que existe na Namíbia também existe por aqui.

"São ótimos reservatórios, muito semelhantes aos descobertos na Namíbia", comenta o professor.

As reservas da Namíbia resultaram nos campos de petróleo Graff, Rona, Jonker, Venus e Saturn Superfan, cujo volume pode ultrapassar 10 bilhões de barris, segundo estimativas. A partir dessas descobertas, reacendeu o interesse sobre a Bacia de Pelotas.

"O que aconteceu? Uma bacia que sempre foi esquecida, com baixo grau de interesse, virou a sensação do Brasil", diz o professor da UFRGS. 
2. Afinal, tem petróleo em Pelotas?

Ainda não se sabe. A eventual quantidade de petróleo na Bacia de Pelotas depende de estudos ainda em andamento. A região tem 44 blocos que são atualmente explorados pela Petrobras, a britânica Shell, a chinesa CNOOC e a americana Chevron.

"O que vai dar a palavra final é justamente o resultado dessa fase exploratória, de perfurações, de campanhas de perfuração que vão revelar o potencial confirmado de petróleo existente lá", afirma o diretor da ANP, Rodolfo Saboia.

Com base no que se observa na Namíbia, a expectativa é de que a Bacia de Pelotas também tenha grandes volumes de petróleo.

"Podem ser campos grandes. Podemos ter óleo de boa qualidade, dadas as indicações que vêm da Namíbia", analisa Kuchle.

Litoral do RS é visto em imagem tirada da Estação Espacial Internacional — Foto: NASA/ISS/Divulgação
Litoral do RS é visto em imagem tirada da Estação Espacial Internacional — Foto: NASA/ISS/Divulgação

3. Onde fica a Bacia de Pelotas?

Uma bacia de petróleo é uma região geológica onde grandes quantidades de petróleo e gás natural se acumulam. Essas bacias são formadas ao longo de milhões de anos através de processos geológicos complexos, incluindo a deposição de sedimentos orgânicos.

Por muitos anos, a Bacia de Campos, entre o Rio de Janeiro e o Espírito Santo, foi a principal fonte de produção de petróleo do Brasil. Com o pré-sal, a Bacia de Santos, entre o Rio de Janeiro e Santa Catarina, obteve destaque.

A Bacia de Pelotas fica entre o extremo sul do Rio Grande do Sul, nos municípios de Chuí e Santa Vitória do Palmar, e o litoral sul de Santa Catarina. Ou seja, ela se estende por toda a costa gaúcha e o sul do litoral catarinense. Ao norte, ela se limita com a Bacia de Santos. Ao sul, faz "fronteira" com a Bacia de Punta del Este, no Uruguai.

Ao longo da história, foram feitas 19 perfurações de poços na Bacia de Pelotas. No entanto, nunca se encontrou petróleo na região.

"O último [poço] a ter sido perfurado foi em 2001. Os geólogos de petróleo buscavam um modelo que fosse semelhante ao que se encontrava em Campos, em Santos, em Espírito Santo. E aqui não tem a mesma coisa. Por isso, furava e não achava", comenta Juliano Kuchle.

Novas pesquisas começaram a ser feitas em 2008, acentuadas nos últimos anos após a descoberta na África.

Os blocos da bacia ficam de 100 a 300 km da costa. A profundidade pode chegar a seis ou sete mil metros – de mar e rocha –, afirma Kuchle.

Mapa da Bacia de Pelotas — Foto: Reprodução/TV Globo
Mapa da Bacia de Pelotas — Foto: Reprodução/TV Globo

4. Qual a situação da Bacia de Pelotas agora?

Mesmo sem a confirmação de que exista petróleo na região, a Bacia de Pelotas já atraiu gigantes do setor. Petrobras, Shell, CNOOC e Chevron estão na fase de exploração da área. Isso significa que elas estão analisando o terreno a fim de descobrir se pode existir petróleo no local – o que só será descoberto em uma eventual perfuração do poço.

Como é feita a exploração de cada bloco? De acordo com o pesquisador Juliano Kuchle, as empresas realizam o que se chama de "sísmica" do local.

"É quando a gente coloca um aparelho que emite ondas, essas ondas entram no subsolo e, quando elas voltam, elas fazem uma imagem do que seria o fundo oceânico e as rochas que estão quilômetros abaixo do fundo oceânico. É como se fosse um ultrassom", explica.

O especialista diz que a sísmica indica as camadas de rocha, o tamanho e o que pode ter dentro de cada uma.

"Mas a gente só vai ter certeza perfurando", afirma Kuchle.

As empresas contrataram estudos nos últimos meses, mas as condições climáticas afetaram as análises, de acordo com o pesquisador da UFRGS.

"A Namíbia já está produzindo em três, quatro campos e tem mais cinco, seis campos em avaliação para botar para produzir. O Uruguai já está pronto para perfurar. Se não agora, na virada do ano, estará perfurando. Como é que está o Brasil? Nós estamos ainda adquirindo sísmica nova. Isso vai levar um processo de três a seis meses de análise", comenta.

O diretor-geral da ANP, Rodolfo Saboia, afirma que a fase exploratória da bacia "vai até 2031". A ANP projeta um novo leilão, de 75 blocos, ainda no primeiro semestre de 2025.

"Nós já temos 26 blocos operados pela Petrobras em consórcio com a Shell, três blocos operados pela Petrobras em consórcio com o Shell e com a CNOOC, que é uma petroleira chinesa, e 15 operados pela Chevron", detalha.

Divisão dos blocos da Bacia de Pelotas



Fonte: ANP

5. Quais as etapas até a extração de petróleo?

Segundo Rodolfo Saboia, da ANP, "quando for constatada a presença de petróleo, primeiro é feita uma análise para descobrir se aquela reserva é economicamente viável para ser declarada a comercialidade". Concluídos os estudos, as empresas podem apostar na perfuração dos blocos ou desistir do projeto.

"As companhias podem acabar perfurando, e estar cheio d'água. Pode acontecer. A única certeza que a gente tem é perfurando", diz o professor Juliano Kuchle.

 O especialista ressalta que custos de perfuração são altos, envolvendo milhões de dólares, mas que o retorno financeiro pode ser ainda maior. Equipes de geólogos, geofísicos, economistas, advogados e analistas calculam o grau de risco, o grau de investimento e o eventual retorno financeiro das jazidas. A partir de então, começa o cronograma até a efetiva produção de petróleo.

Considerando que a fase exploratória já está em andamento e que os estudos de sísmica devem levar ao menos seis meses, Juliano Kuchle projeta que as perfurações demorem até dois anos para começar, ocorrendo entre 2026 e 2028.

"Com a autorização, eu imagino alguma tramitação por questão ambiental em torno de um a dois anos", diz Kuchle.

Em um cenário positivo, com a confirmação das jazidas, a produção de petróleo poderia começar por volta de 2030, estima o professor do Departamento de Paleontologia e Estratigrafia do Instituto de Geociências da UFRGS.

"Isso indica que lá em 2030 um campo de petróleo, se existir, poderia entrar em produção aqui no Rio Grande do Sul", diz o especialista.

As formas de produção podem variar. As companhias podem usar plataformas, como as conhecidas no imaginário popular, ou navios. Também é necessário definir como será feito o transporte do óleo até a terra, se por tubulações ou por navios-tanque.

Juliano Kuchle afirma que a principal alternativa seria a produção em navios, em vez de plataformas. A técnica é conhecida pela sigla FPSO (floating production, storage and offloading, que significa, em português, uma unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência).

"Em vez de ter uma plataforma para um único poço, é um grande navio-tanque, que opera 20, 30 poços ao mesmo tempo, produzindo. Esse navio vai enchendo. Ou ele escoa por oleoduto, ou um outro navio menor pega o óleo dele, esvazia ele e vai levando. É um sistema incrível. Esse navio pode inclusive ser operado remotamente. É possível, sim, dada a conjectura de um novo campo de petróleo, que nós tenhamos um FPSO produzindo na costa do Rio Grande do Sul, com certeza", diz.

Plataforma FPSO Pioneiro de Libra, da Petrobras, no bloco de Libra — Foto: Divulgação
Plataforma FPSO Pioneiro de Libra, da Petrobras, no bloco de Libra — Foto: Divulgação

7. Quais as preocupações ambientais

Uma das principais preocupações ambientais está no fato de se buscar matrizes renováveis de energia ao mesmo tempo em que, neste caso, o Brasil siga investindo na exploração de petróleo, combustível fóssil não renovável.

O diretor da ANP reconhece essa questão, mas considera não ser viável a substituição da matriz energética de forma imediata.

"Hoje nós vivemos, como todos sabem, um mundo que transita em direção à economia de baixo carbono. Então, há uma tendência de nós acharmos que temos que meramente e sumariamente abandonar o petróleo de uma hora para outra. Isso absolutamente não é viável e eu vou explicar por quê. Primeiro, porque o petróleo só é nocivo para as questões climáticas na medida em que é queimado. E o petróleo não é utilizado única e exclusivamente como fonte de energia que resulta na sua queima", diz Saboia.

Já o pesquisador da UFRGS Juliano Kuchle observa que o Brasil "tem energias renováveis muito bem estabelecidas", citando a produção por hidrelétricas e usinas solares e eólicas.

"Mas não é o suficiente. A transação energética custa caro e, por isso, a gente não pode simplesmente abandonar o petróleo e esquecer. É importante, dentro disso, achar novas reservas de petróleo", afirma.

 energia renovável — Foto: Freepik
energia renovável — Foto: Freepik

O especialista também ressalta o controle ambiental no Brasil, com legislação e órgãos de fiscalização.

"Nós temos uma legislação de petróleo no Brasil e nós temos legislações ambientais que são aplicáveis à exploração e produção de petróleo. A questão é: existem riscos que devem ser sempre minimizados e com políticas de ação das companhias caso algum acidente ocorra. Além disso, os órgãos controladores precisam necessariamente exercer os seus papéis de fiscalização, de análise e de aprovação", avalia Kuchle.

Para o professor, tanto um descontrole das empresas quanto uma restrição das operações causariam prejuízos para o país.

"A gente passa para um nível ideológico, em que vai ter um prejuízo para a nação, produzido por empresas que não querem seguir legislações ambientais e querem atropelar tudo ou, por outro lado, ambientalistas que querem, de forma cega, proibir toda e qualquer exploração no Brasil. Toda a extremização de ambos os lados é prejudicial. Então, o que nós queremos? Companhias de petróleo sustentáveis, responsáveis e cuidadosas, e agentes de controle ambiental técnicos e que entendam o nível de legislação que nós temos e o nível de retorno que a gente tem dentro da cadeia produtiva", afirma o pesquisador.

O interesse sobre a Bacia de Pelotas também foi "estimulado pela dificuldade da obtenção de licenciamento ambiental para a Margem Equatorial", observa Rodolfo Saboia. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) indeferiu pedido da Petrobras para explorar petróleo na região da Foz da Bacia do Amazonas e requereu mais informações à empresa sobre os planos para o local.

Uma das principais críticas do Ibama ao plano apresentado pela empresa era o tempo de reação após eventual acidente – embarcações chegariam ao local cerca de 48 horas depois, apenas, aumentando assim o risco de que óleo atingisse a costa brasileira.

Molhes em Rio Grande — Foto: Reproduç]ao/RBS TV
Molhes em Rio Grande — Foto: Reproduç]ao/RBS TV

8. Quais os reflexos na economia

Para as fontes ouvidas pelo g1, os principais efeitos econômicos da eventual produção de petróleo na Bacia de Pelotas estão no lucro gerado pela venda, no pagamento de royalties aos municípios produtores, no retorno indireto (movimentação do comércio, geração de emprego, entre outros indicadores) e na manutenção da segurança energética do país.

O professor Juliano Kuchle pontua que, sem novas alternativas como a Bacia de Pelotas, o custo da energia no Brasil vai ficar mais caro.

"É importante achar novas reservas de petróleo. O pré-sal foi descoberto em 2006. O pré-sal agora está num nível de ápice da produção. Mas ele vai começar a decair. Se nós não fizermos nada, vai acabando, vai acabando, vai acabando e nós vamos gastar muito dinheiro com energia", afirma Kuchle.

O professor Juliano Kuchle considera que as "grandes cidades da costa do Rio Grande do Sul e também de Santa Catarina, poderiam, sim, ser alvo de recebimento de royalties", que são compensações pagas pelas empresas produtoras de petróleo e gás natural pela exploração desses recursos. Um estudo da estatal Empresa de Pesquisa Energética (EPE) aponta que o país pode perder R$ 3,7 trilhões entre 2032 e 2055 em arrecadação de impostos e royalties se deixar de investir em exploração de petróleo.

Mas antes dos resultados finais, o pesquisador da UFRGS vê retornos em outras áreas.

"O retorno que uma produção de petróleo dá é muito maior em termos de emprego. E tem emprego para gente do Brasil inteiro, desde ensino básico, ensino fundamental, até ensino superior. Uma nova descoberta de petróleo e a colocação dela em produção é algo que, claro, oferece um grande recurso local. Mas, para a nação como um todo e um Brasil continental que a gente tem, isso é fundamental para o Brasil inteiro", considera Kuchle.

Para o diretor da ANP, Rodolfo Saboia, "a transição energética só vai acontecer quando houver a eliminação da demanda e não a eliminação da oferta". Enquanto isso, ele defende o aproveitamento do petróleo como fonte de riqueza.

"Quanto mais rápido nós estivermos na transição energética, melhor, sem dúvida nenhuma, isso não está em questão. Mas, até lá, é importante que o Brasil não abandone essa fonte de riqueza gigantesca que é gerada por royalties, participações especiais, todo tipo de benefício direto e indireto com geração de emprego e renda, que vai mobilizar a indústria local", diz.



Petrobras assina 26 contratos de concessão na Bacia de Pelotas

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