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sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Mauna Loa: o que está acontecendo dentro do maior vulcão ativo do mundo

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Mauna Loa está em erupção no Havaí pela primeira vez em quase 40 anos.
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TOPO
Por BBC

Postado em 02 de dezembro de 2022 às 09h00m

 #.*Post. - N.\ 10.575*.#

 — Foto: BBC
— Foto: BBC

O Mauna Loa — o maior vulcão ativo do mundo — está em erupção no Havaí pela primeira vez desde 1984.

A lava está fluindo pela lateral do vulcão a uma temperatura de 1.000°C, mas especialistas dizem que isso ainda não é uma grande ameaça para os moradores locais.

Qual é o tamanho do Mauna Loa?

O Mauna Loa, que significa "montanha longa" em havaiano, é o maior vulcão ativo do mundo.

Abrange 5.271 quilômetros quadrados e faz parte de uma cadeia de cinco vulcões que formam a Ilha Grande, a maior do arquipélago do Havaí.

Este vulcão sozinho cobre metade de toda a ilha.

O cume do Mauna Loa fica a 4.170 metros acima do nível do mar, mas sua base está no fundo do oceano. De lá até o cume, são 9.170 metros, o que o torna mais alto que o Monte Everest.

Localização do Mauna Loa — Foto: BBC
Localização do Mauna Loa — Foto: BBC

Por que o Mauna Loa está em erupção?

Plumas de material superaquecido chamado magma vêm brotando sob o Mauna Loa e vulcões vizinhos de um "ponto quente" nas profundezas da Terra.

"Ninguém sabe exatamente por que esses pontos quentes existem", diz Carmen Solana, vulcanologista da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido.

"Mas podem ser causados pela decomposição de material radioativo no manto da Terra."

"Essas plumas de magma formaram todas as ilhas havaianas."

Como um vulcão entra em erupção — Foto: BBC
Como um vulcão entra em erupção — Foto: BBC

Quando o Mauna Loa entra em erupção, explica Solana, o magma jorra primeiro na caldeira — a depressão em forma de tigela no cume do vulcão. Chamada Mokuaweoweo, ela cobre uma área de 15 quilômetros quadrados e tem 180 metros de profundidade.

O magma escorre então de "fendas", ou fissuras na rocha, na lateral do vulcão e desce pela encosta da montanha como um líquido chamado lava. Tem uma temperatura de 1.000°C e queima tudo que está no seu caminho.

Quando os vulcões entram em erupção, eles também liberam matéria que esfria formando fios de vidro chamados Cabelo de Pele.

"Pele era o nome da deusa que se acreditava viver no Mauna Loa, e os fragmentos são finos e de cor castanho-dourada", diz Solana. "Ela era uma loira temperamental."

Por que a erupção do Mauna Loa é importante?

O Mauna Loa entrou em erupção 33 vezes desde 1843, ano da primeira que se tem registro. Em média, acontece uma erupção a cada cinco anos e meio.

No entanto, a última erupção foi há quase 40 anos.

"Houve alguns sinais de magma brotando nos últimos 10 anos", diz Andrew Hooper, professor de geofísica da Universidade de Leeds, no Reino Unido. "Mas não tinha havido nenhuma erupção até agora".

A atual erupção do Mauna Loa está oferecendo a uma nova geração de cientistas a oportunidade de estudar como o vulcão funciona, diz Hooper.

Mauna Loa, localizado dentro do Parque Nacional dos Vulcões do Havaí, cobre metade da Ilha Grande do estado americano — Foto: US GEOLOGICAL SURVEY/BBC
Mauna Loa, localizado dentro do Parque Nacional dos Vulcões do Havaí, cobre metade da Ilha Grande do estado americano — Foto: US GEOLOGICAL SURVEY/BBC

"Será interessante para nós ver onde o magma está armazenado dentro do Mauna Loa — onde fica entre brotar do manto da Terra e sair da superfície do vulcão", acrescenta.

A erupção do Mauna Loa é perigosa?

Diferentemente de muitos vulcões, o Mauna Loa geralmente não produz erupções realmente explosivas, nas quais a lava é lançada no ar junto com nuvens de cinzas e gás.

Em vez disso, a lava flui em um ritmo bastante lento pela lateral do vulcão.

"Os fluxos de lava não são uma ameaça à vida", diz Hooper, "porque se pode sair do seu caminho".

"Além disso, a lava não está indo para o oeste do vulcão, descendo em direção às cidades mais próximas — mas, sim, para o nordeste. Teria que percorrer um longo caminho nessa direção antes de causar sérios danos a propriedades."

Mas os gases que o Mauna Loa está liberando podem representar um risco maior para a população local.

"Os gases vulcânicos, incluindo dióxido de enxofre e cloro, reagem com a umidade do ar, produzindo 'vog', que é a névoa vulcânica", explica Solana.

"Isso pode causar problemas para as pessoas por causa do vento. Pode irritar os olhos e provocar problemas respiratórios em algumas pessoas."

As autoridades de saúde do Havaí dizem que a qualidade do ar ainda é boa, mas pode piorar a qualquer momento.

Se isso acontecer, os moradores são aconselhados a evitar atividades ao ar livre e ficar em casa com as portas e janelas fechadas.

- Este texto foi publicado em https://www.bbc.com/portuguese/geral-63792335

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quinta-feira, 1 de dezembro de 2022

Alemanha Oriental, Iugoslávia, União Soviética, Tchecoslováquia... veja os países que jogaram a Copa do Mundo e não existem mais

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Ao todo, seis países que não existem mais participaram do campeonato mundial.
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Por Fernanda Berlinck, g1 — Rio de Janeiro

Postado em 01 de dezembro de 2022 às 14h00m

 #.*Post. - N.\ 10.574*.#

A primeira Copa do Mundo Fifa aconteceu em 1930, no Uruguai. Nesta edição, participaram apenas 13 nações, entre elas a Iugoslávia, que foi dissolvida no início dos anos 1990. Teve também o caso da República do Zaire, que voltou a se chamar República Democrática do Congo, mas, antes, fez uma participação na Copa de 1974.

Ao todo, seis países que não existem mais participaram do campeonato mundial. Veja, abaixo, a lista de países e um pouco da história de cada um deles na Copa e no mundo.

Países que jogaram a Copa do Mundo e não existem mais — Foto: Editoria de arte/g1
Países que jogaram a Copa do Mundo e não existem mais — Foto: Editoria de arte/g1

Alemanha Oriental

Durante a Guerra Fria, a Alemanha Ocidental e a Alemanha Oriental se enfrentaram uma única vez na Copa do Mundo, em 22 de junho de 1974. O placar ficou em 1 x 0 para a Alemanha Oriental.

Mesmo com a derrota na primeira fase, a Alemanha Ocidental deu a volta por cima e foi a grande campeã do ano. Leia mais sobre a Copa de 1974.

Esta foi também a única vez que a Alemanha Oriental participou do campeonato.

Em 9 de novembro de 1989, com a queda do muro de Berlim, a Alemanha Oriental se integrou à Ocidental, se tornando um só país, ou apenas "Alemanha".


Índias Orientais Holandesas

Até 1949, a Indonésia era uma colônia da Holanda e levava o nome de Índias Orientais Holandesas. Na verdade, o território era uma junção de várias pequenas companhias de comércio de cidades holandesas e foi fundado pela Companhia Neerlandesa das Índias Orientais.

Neste período, em 1938, o país fez a sua única participação na Copa do Mundo, que foi sediada na França. Esta foi também a estreia de uma seleção asiática no mundial.

A competição para as Índias Orientais Holandesas, no entanto, não durou muito. A seleção participou de um único jogo, contra a Hungria, e perdeu por 6 x 0.

Tirando essa única vez, quando ainda era colônia, a seleção da Indonésia não voltou a disputar a Copa do Mundo.

Iugoslávia

A Iugoslávia foi criada logo após o fim da Primeira Guerra Mundial como um Estado unificado, em 1918. No início dos anos 1990, o país colapsou, e as repúblicas que formavam este Estado buscaram suas independências.

Deste desmembramento, renasceram: Bósnia-Herzegovina, Croácia, Eslovênia, Macedônia do Norte e, mais recentemente, o Kosovo.

Em 2003, a Iugoslávia deixou de existir e passou a se chamar "Sérvia e Montenegro". Mais tarde, tanto Sérvia quanto Montenegro se tornaram Estados independentes (veja mais abaixo).

Enquanto Iugoslávia, o país participou de nove Copas do Mundo: 1930, 1950, 1954, 1958, 1962, 1974, 1982, 1990 e 1998. Os melhores desempenhos da seleção iugoslava no mundial foram em 1930 e 1962, quando chegou em 4º lugar (em ambas as edições).

Inclusive, no dia 14 de julho de 1930, a Iugoslávia venceu a partida contra o Brasil, por 2 x 1. Três dias depois, a seleção goleou a Bolívia, marcando 4 x 0.

O Brasil voltou a enfrentar a Iugoslávia em 1950 e, desta vez, a vitória ficou com os brasileiros, numa partida que terminou em 2 x 0.

O último jogo da seleção da Iugoslávia na Copa do Mundo foi em 29 de junho de 1998, no Estádio de Toulouse, na França, contra a Holanda. O time perdeu por 2 x 1 nas oitavas de final.

Sérvia e Montenegro

Como mencionado acima, antes de serem separadas, Sérvia e Montenegro compunham uma só nação, como uma herança do fim da Iugoslávia. A sua existência enquanto um só Estado durou apenas três anos, de 2003 a 2006. Depois disso, o país foi separado em dois: a Sérvia e o Montenegro.

Neste curto período de união, a seleção sérvio-montenegrina chegou a participar da Copa do Mundo de 2006, na Alemanha.

Sua participação na competição durou pouco, já que o país foi eliminado logo na fase dos grupos, após três derrotas consecutivas. Perdeu de 1 x 0 para a Holanda, levou uma goleada de 6 x 0 da Argentina e foi para casa após um placar de 3 x 2 contra a Costa do Marfim.

Depois disso, o time sérvio-montenegrino virou a seleção da Sérvia. O lado de Montenegro criou a sua própria equipe.

Este ano, a Sérvia está jogando na Copa do Mundo do Catar no mesmo grupo que o Brasil, e o confronto foi a estreia dos dois times no mundial. O placar ficou em 2 x 0 para os brasileiros. Veja aqui os melhores momentos da partida.

No segundo jogo, os sérvios empataram com Camarões, com 3 x 3. Agora, a equipe enfrenta a Suíça para tentar se classificar, pela primeira vez na história, para as oitavas de final.

Anteriormente, a seleção da Sérvia participou das Copas do Mundo de 2010 e de 2018. Apesar de ter sido eliminada na fase de grupos nas duas edições, a Sérvia conseguiu uma vitória sobre a Alemanha, em 2010, e uma contra a Costa Rica, em 2018, ambas fechando o placar em 1 x 0.

Já a seleção de Montenegro nunca conseguiu classificação para o mundial.

Richarlison abre o placar para o Brasil contra a Sérvia, na Copa do Mundo de 2022 — Foto:  REUTERS/Kai Pfaffenbach
Richarlison abre o placar para o Brasil contra a Sérvia, na Copa do Mundo de 2022 — Foto: REUTERS/Kai Pfaffenbach

Tchecoslováquia

Localizada na região central da Europa, a Tchecoslováquia foi criada no final da Primeira Guerra Mundial, em 1918, e existiu até 1992. No dia 1º de janeiro de 1993, o território foi desmembrado em dois países: a República Tcheca e a Eslováquia.

Antes de deixar de existir, o estado da Tchecoslováquia participou de oito edições da Copa do Mundo: 1934, 1938, 1954, 1958, 1962, 1970, 1982 e 1990. O país foi vice-campeão nas edições de 1934 e 1962.

Na Copa do Mundo de 1962, no Chile, a Tchecoslováquia foi para a final contra o Brasil. O jogo acabou em 3 x 1, quando a seleção brasileira conquistou o bicampeonato. Assista aqui aos gols da partida.

A seleção da República Tcheca participou da Copa do Mundo de 2006, na Alemanha, e foi eliminada na fase de grupos. A equipe perdeu nos três jogos que disputou, contra os Estados Unidos (3 x 0), Gana (2 x 0) e Itália (2 x 0).

Já a seleção da Eslováquia esteve na Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, e chegou às oitavas de final.

União Soviética

A União Soviética participou da Copa do Mundo sete vezes: em 1958, 1962, 1966, 1970, 1982, 1986 e 1990. O melhor resultado da seleção foi em 1966, na Inglaterra, quando conquistou o 4º lugar.

Em 1958, o Brasil enfrentou a União Soviética pela primeira vez no mundial. O placar fechou em 2 x 0, com vitória brasileira.

Os dois times voltaram a se encontrar na competição em 1982, na Copa do Mundo da Espanha. Mais uma vez, o Brasil ganhou, e o jogo acabou em 2 x 1. Assista aqui a um trecho da partida.

O Estado acabou em 31 de dezembro de 1991, após 69 anos de existência. O bloco se desmembrou em 15 países: Armênia, Azerbaijão, Belarus, Estônia, Geórgia, Cazaquistão, Quirguistão, Letônia, Lituânia, Moldávia, Rússia, Tadjiquistão, Turcomenistão, Ucrânia e Uzbequistão.

Na Copa do Mundo de 1982, o Brasil ganhou da URSS por 2 x 1 — Foto: Arquivo/ Globo Esporte
Na Copa do Mundo de 1982, o Brasil ganhou da URSS por 2 x 1 — Foto: Arquivo/ Globo Esporte

Zaire

Entre 27 de outubro de 1971 e 17 de maio de 1997, a República Democrática do Congo adotou o nome de República do Zaire, escolhido após o golpe militar coordenado pelo líder do exército Mobutu Sese Seko, que tomou o poder e proclamou um novo Estado.

Neste período, mais precisamente em 1974, o Zaire participou da sua única Copa do Mundo, que aconteceu na Alemanha Ocidental.

A participação do Zaire no mundial, no entanto, foi marcada por polêmicas. Na primeira partida, em 14 de junho, o time perdeu de 2 x 0 para a Escócia. Quatro dias depois, a seleção do Zaire levou uma das maiores goleadas da história dos mundiais, perdendo de 9 x 0 para a Iugoslávia.

O resultado não agradou em nada o ditador Mobutu, que ameaçou a vida dos jogadores caso fossem derrotados dessa maneira novamente. O último jogo, antes da eliminação, foi contra o Brasil e o time perdeu por apenas 3 x 0. Assista aqui um trecho do jogo.

Mobutu esteve no poder de forma ditatorial por 32 anos, até ser derrubado por movimentos e líderes que defendiam um sistema político democrático.

Em 1997, Laurent Kabila assumiu o país, retomando o nome anterior: República Democrática do Congo. Desde então, o país nunca mais se classificou para o mundial.

Partida entre República do Zaire e Brasil na Copa do Mundo da Alemanha, em 1974  — Foto: Arquivo/ Globo Esporte
Partida entre República do Zaire e Brasil na Copa do Mundo da Alemanha, em 1974 — Foto: Arquivo/ Globo Esporte

E mais: Brasil pentacampeão

Com o evento deste ano no Catar, são 22 edições de Copa do Mundo. As únicas edições do evento canceladas foram em 1942 e 1946, ambas por conta da Segunda Guerra Mundial.

O Brasil esteve presente em todas as competições e foi campeão em 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002, sendo o único pentacampeão do mundo e o que tem mais conquistas.

A Alemanha e a Itália dividem a segunda posição do ranking, com quatro títulos cada.

  • MEMÓRIA GLOBO: assista, abaixo, uma entrevista exclusiva de Fátima Bernardes com Ronaldo, na Copa do Mundo de 2002

Copa do Mundo da Coreia e do Japão - 2002: Entrevista exclusiva com RonaldoCopa do Mundo da Coreia e do Japão - 2002: Entrevista exclusiva com Ronaldo

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Maiores altas do PIB em 2022: países com economias extrativistas e baseadas no turismo lideram a lista

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Guiana é o país com a maior projeção de crescimento para o PIB este ano, com expectativa de alta de 57,8%, segundo o FMI.
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Por Bruna Miato, g1

Postado em 01 de dezembro de 2022 às 12h25m

 #.*Post. - N.\ 10.573*.#

O PIB é o principal indicador de crescimento econômico de um país. — Foto: katemangostar/Freepik
O PIB é o principal indicador de crescimento econômico de um país. — Foto: katemangostar/Freepik

O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,4% no terceiro trimestre de 2022 em relação aos três meses anteriores, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O crescimento econômico do país, no entanto, acontece em meio a um período fraco para todo o mundo.

As consequências da pandemia de Covid-19 e os impactos da guerra entre Rússia e Ucrânia pesam sobre diversos países, que tiveram que elevar suas taxas de juros numa tentativa de frear o avanço da inflação. Essa receita gerou um baixo crescimento para diversos locais, como o Brasil, mas também levou algumas economias a registrarem contração ao longo de 2022.

Outros países, porém, observam números bem diferentes. São casos específicos e que não têm a força de impulsionar todo o crescimento global – mas o PIB de algumas nações vem registrando, durante o ano, um desempenho bastante acima da média.

Mauro Rochlin, professor de Economia da Faculdade Getulio Vargas (FGV), comenta que, com exceção da Irlanda e, em menor escala, Iraque e Kuwait, os outros países que aparecem na lista dos maiores crescimentos no ano têm uma expressão praticamente insignificante na dinâmica econômica global.

Se comparássemos com o universo do futebol, enquanto temos a séries A, B e C nos campeonatos, esses países representariam o equivalente a uma série J, destaca o professor.

O professor de Economia do Ibmec, Alexandre Pires, ressalta que a maioria desses países tem uma economia muito pequena. O PIB da Guiana, por exemplo, que lidera a lista dos maiores crescimentos esperados para este ano, foi estimado em pouco mais de US$ 7 bilhões em 2021, segundo o Banco Mundial. Enquanto isso, no Brasil, o PIB foi de US$ 1,6 trilhão.

Dessa forma, quando um país de baixa renda recebe uma grande rodada de investimentos, é natural que a atividade econômica registre uma alta expressiva.

Isso acontece, sobretudo, com os países que possuem grandes áreas de riquezas naturais, como petróleo e minérios. Quando essas riquezas são descobertas, outras nações desenvolvidas passam a investir muito dinheiro no país para extrair esses produtos, levando a uma alta no crescimento econômico.

Educação Financeira: Saiba o que é o PIB e como ele é calculado
Educação Financeira: Saiba o que é o PIB e como ele é calculado

O caso da Guiana

Esse é o caso da Guiana, que em 2015 descobriu petróleo em seu território e, atualmente, tem grandes empresas internacionais investindo na extração. Iuri Cavlak, professor do Departamento de História da Unifesp, comenta que, pela proximidade com a Venezuela (que é uma grande produtora de petróleo), há anos pesquisadores buscavam a commodity no mar guianense.

Vista da paisagem urbana perto do rio Demarara, em Georgetown, capital da Guiana, em 20 de maio de 2022 — Foto: Gram Slattery/Reuters
Vista da paisagem urbana perto do rio Demarara, em Georgetown, capital da Guiana, em 20 de maio de 2022 — Foto: Gram Slattery/Reuters

O professor pontua que o petróleo da Guiana é fácil de ser extraído e que a guerra entre Rússia e Ucrânia beneficiou o país. Como a região do leste europeu, outra grande exportadora da commodity, deixou de oferecer o produto, um dos lugares que passou a ser buscado pelo resto do mundo foi a Guiana.

"Além disso, é do interesse dos Estados Unidos e do FMI que a Guiana receba investimentos de outros países além da China e seus aliados, porque é uma região estratégica", destaca Cavlak.

Apesar das projeções do FMI apontarem para um crescimento de 57,8% para o país em 2022, Pires afirma que este não é um crescimento endógeno, ou seja, não é um crescimento ocasionado pela capacidade produtiva da própria população.

O professor do Ibmec explica que a mão de obra e a infraestrutura para a extração do petróleo são importadas dos países que investem, não contratados diretamente da Guiana, o que mantem a população com problemas econômicos.

Outros países que contam com o petróleo como principal fonte do PIB são Kuwait e Iraque. Segundo o FMI, o PIB desses locais deve crescer 9,3% e 8,7% no ano, respectivamente.

"O crescimento do Iraque também é um efeito da reconstrução da infraestrutura básica do país, que vive em conflitos há muitos anos. Já o Kuwait também está surfando na onda gerada pela guerra da Rússia: a capacidade de produção do país não mudou nada, mas o preço do petróleo subiu muito. Como o Kuwait é quase um barril de petróleo, essa alta faz o PIB subir também", afirma Pires. 

Parte dos países com as maiores projeções de crescimento econômico em 2022 têm como base de suas economias o turismo.

Esse é o caso de Fiji (que deve apresentar alta de 12,5% no PIB), Ilhas Seychelles (10,9%), Barbados (10,5%), São Cristóvão e Névis (9,8%) Santa Lúcia (9,1%) e República das Maldivas (8,7%).

"O fim das restrições de mobilidade beneficiou muito a retomada do principal negócio deles", destaca Pires, do Ibmec.

A Geórgia, por sua vez, vem passando por um processo de estabilização. O professor diz que o país deixou de ser o foco da Rússia - que passou a atacar com muito mais ímpeto a Ucrânia -, mas ainda assim continuou recebendo investimentos de países ocidentais, o que tem impulsionado seu crescimento neste ano.

Já a Irlanda, segundo Pires, é o único país com um crescimento autêntico de longo prazo, que revela investimentos feitos há vários anos na própria região para o enriquecimento de sua população.

"Há 15 anos, a Irlanda era um país de renda média, mas passou a investir muito em tecnologia, tem um posicionamento geográfico estratégico e também se beneficiou da saída da Inglaterra da União Europeia, porque muitas empresas que estavam na Inglaterra migraram ou estão migrando seus negócios para lá. A Irlanda está se tornando um país de renda altíssima", explica o professor.
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