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quarta-feira, 30 de março de 2022

Surpresa em Plutão: vulcões de gelo indicam que planeta anão é mais 'vivo' do que pensavam pesquisadores

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Série de vulcões de gelo foi identificada usando dados da sonda New Horizons, da Nasa. Achado indica que planeta anão é mais geologicamente vivo do que pensavam cientistas.
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Por g1

Postado em 30 de março de 2022 às 10h10m

Post.- N.\ 10.269

Uma visão em perspectiva da região vulcânica gelada de Plutão. Imagem é baseada em dados de 2015 da sonda New Horizons da NASA. — Foto: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Southwest Research Institute/Isaac Herrera/Kelsi Singer/REUTERS
Uma visão em perspectiva da região vulcânica gelada de Plutão. Imagem é baseada em dados de 2015 da sonda New Horizons da NASA. — Foto: NASA/Johns Hopkins University Applied Physics Laboratory/Southwest Research Institute/Isaac Herrera/Kelsi Singer/REUTERS

Uma série de vulcões de gelo em forma de domo foi identificada em Plutão, estruturas diferentes de qualquer outra coisa conhecida no nosso sistema solar.

Os vulcões, que ainda podem estar ativos, foram identificados no planeta anão por meio de dados da sonda New Horizons, da Nasa, que fez um sobrevoo em Plutão em 2015.

O achado mostra que este mundo gélido remoto é mais dinâmico do que os cientistas imaginavam.

Encontrar essas características indica que Plutão é mais ativo, ou geologicamente vivo, do que pensávamos anteriormente, disse a cientista planetária Kelsi Singer, do Southwest Research Institute em Boulder, Colorado, principal autora do estudo publicado na revista Nature Communications.

Segundo os cientistas, esses criovulcões --que podem chegar a número de 10 ou mais-- chegam de 1 a 7km de altura. Ao contrário dos vulcões da Terra que expelem gases e rochas derretidas, os criovulcões deste planeta anão expelem grandes quantidades de gelo, aparentemente água congelada em vez de algum outro material congelado, que podem ter a consistência de pasta de dente, segundo os pesquisadores.

Características do cinturão de asteroides do planeta anão Ceres, as luas Encélado e Titã de Saturno, a lua Europa de Júpiter e a lua Tritão de Netuno também foram identificadas como criovulcões. Mas todas elas diferem das de Plutão, disseram os pesquisadores, devido a diferentes condições de superfície, como temperatura e pressão atmosférica, bem como diferentes misturas de materiais gelados.

A combinação dessas características sendo geologicamente recente, cobrindo uma vasta área e provavelmente sendo feita de gelo de água é surpreendente porque requer mais calor interno do que pensávamos que Plutão teria nesta fase de sua história, acrescentou Singer.

Plutão, que é menor que a lua da Terra e tem um diâmetro de cerca de 2.380 km, orbita aproximadamente a 5,8 bilhões de km do Sol, cerca de 40 vezes mais longe que a órbita da Terra. Sua superfície apresenta planícies, montanhas, crateras e vales.

New Horizon capta imagem de Plutão. — Foto: NASA/JHU-APL/SWRI
New Horizon capta imagem de Plutão. — Foto: NASA/JHU-APL/SWRI

Imagens e dados analisados ​​no novo estudo, obtidos em 2015 pela New Horizons, validaram hipóteses anteriores sobre criovulcanismo em Plutão.

O estudo encontrou não apenas extensas evidências de criovulcanismo, mas também de longa duração, não um único episódio, disse o cientista planetário do Southwest Research Institute Alan Stern, investigador principal da New Horizons e coautor do estudo.

"O que é mais fascinante sobre Plutão é que é tão complexo - tão complexo quanto a Terra ou Marte, apesar de seu tamanho menor e grande distância do Sol", declarou Stern. Esta foi uma verdadeira surpresa do sobrevoo da New Horizons, e o novo resultado sobre criovulcanismo enfatiza isso de maneira dramática.

Como a Terra e os outros planetas do nosso sistema solar, Plutão se formou há cerca de 4,5 bilhões de anos. Com base na ausência de crateras de impacto que normalmente se acumulariam ao longo do tempo, parece que seus criovulcões são relativamente recentes - formados nas últimas centenas de milhões de anos.

"Isso é jovem em uma escala de tempo geológica. Como quase não há crateras de impacto, é possível que esses processos estejam em andamento mesmo nos dias atuais", afirmou Singer.

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terça-feira, 29 de março de 2022

Animação da Nasa mostra aumento global da temperatura nos últimos séculos; veja vídeo

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Espiral climática mostra as anomalias mensais da temperatura global entre os anos 1880 e 2021.
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Por Roberto Peixoto, g1

Postado em 29 de março de 2022 às 13h45m

Post.- N.\ 10.268

Animação da Nasa mostra aumento global da temperatura nos últimos séculos.Animação da Nasa mostra aumento global da temperatura nos últimos séculos.

Uma animação divulgada pela Nasa esta semana revela em imagens as consequências da crise climática: o nosso planeta está ficando cada vez mais quente ao longo dos últimos séculos.

A espiral climática mostra as anomalias mensais da temperatura global entre os anos 1880 e 2021, numa visualização de linhas circulares ao redor de três círculos que indicam o aumento ou a diminuição de 1ºC. A visualização é baseada no índice GISS Surface Temperature Analysis (GISTEMP v4), que compila abrangente dados de temperatura da superfície global.

Carlos Ritll, ambientalista e especialista em políticas públicas da Rainforest Foundation da Noruega explica que a espiral é uma forma de mostrar a variação mensal da temperatura da Terra em relação à média da temperatura antes da Revolução Industrial.

"É uma forma de representar o aquecimento global em relação aos níveis pré-industriais, a partir de quando a humanidade passa a queimar combustíveis fósseis em larga escala e a emitir gases de efeito estufa em larga escala", disse.

Ritll ressalta que as cores vão ficando mais fortes nas últimas décadas, período em que o aquecimento global se acelera, se aproxima e passa, nos últimos anos, de 1ºC (em relação a 1880).

A visualização é um projeto do Goddard Institute of Space Studies (GISS), laboratório da NASA, em parceria com o Instituto da Terra da Universidade de Columbia e a Escola de Engenharia e Ciências Aplicadas de Nova York.

Frame da animação para o ano de 2021. As linhas avermelhadas indicam como a temperatura global aumentou ao longo do tempo. — Foto: NASA's Scientific Visualization Studio
Frame da animação para o ano de 2021. As linhas avermelhadas indicam como a temperatura global aumentou ao longo do tempo. — Foto: NASA's Scientific Visualization Studio

"À medida que a temperatura continua a subir, esperamos um aumento nos eventos climáticos extremos. Em geral, esperamos que as áreas úmidas fiquem mais úmidas e as áreas secas fiquem mais secas. Isso levará a um aumento de incêndios e furacões. O Ártico está aquecendo mais rápido que o resto do planeta, o que levará ao aumento do derretimento do gelo e a subsequente elevação do nível do mar", disse ao g1 Mark SubbaRao, líder do Estúdio de Visualização Científica da NASA, que criou a nova versão da visualização.

A animação foi originalmente projetada pelo cientista climático Ed Hawkins, do Centro Nacional de Ciências Atmosféricas da Universidade de Reading. Uma versão da espiral até foi divulgada na cerimônia de abertura das Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro.

"A ciência indica que o limite mais seguro para o aquecimento global, dentro daquilo que ainda é possível fazer para limitá-lo, é de 1.5ºC até o final deste século. Já passamos de 1ºC e as consequências são eventos climáticos extremos mais fortes e mais frequentes, como as chuvas em Petrópolis, que provocaram centenas de mortes, os furacões devastadores na América Central, ou secas dramáticas em países muito pobres do chifre da África, só para citar alguns exemplos", acrescenta Ritll.

O pesquisador acredita que a espiral ajuda a mostrar que o planeta está muito próximo de ultrapassar um limite que deveria ser atingido só daqui a quase 80 anos e que é preciso ter pressa para reverter esse quadro.

"Devemos agir com muito mais rapidez e responsabilidade, eliminando combustíveis fósseis, o desmatamento e produzindo alimentos de forma sustentável de alimentos para evitar consequências muito mais graves para nós mesmos", diz. 
Visualização em listras
Listras do aquecimento global para o mundo de 1850-2018 — Foto: Divulgação/Show Your Stripes
Listras do aquecimento global para o mundo de 1850-2018 — Foto: Divulgação/Show Your Stripes

O cientista climático Ed Hawkins também foi o responsável por traduzir em uma sequência de listras os dados sobre as temperaturas da Terra, modelo que ganhou uma popularidade imensa nos últimos anos, chegando a estampar calças, sandálias e até mesmo carros.

A visualização trás listras azuis que representam anos mais frios e vermelhas, os mais quentes. Cada listra representa a temperatura média de uma região durante um ano.

Em entrevista ao g1 em 2019, o pesquisador disse que a simplicidade do modelo é uma grande vantagem, pois essa é "uma boa forma de começar uma conversa" sobre as mudanças climáticas que acabam ficando perdidas em tabelas e gráficos complexos dos meteorologistas.

"Cientistas geralmente conversam com gráficos complicados. Esta foi a forma que encontrei de poder me comunicar com mais gente: usamos as cores para representar as mudanças, com o azul, para anos mais frios e vermelho para mais quente, assim não há dificuldade para entender", disse o especialista.

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Paleotocas: o que são as estruturas pré-históricas que atingem tamanho inédito no Brasil

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Pesquisadores buscam por novos registros dessas escavações no país. Entre 2008 e 2018, pesquisadores da UFRGS produziram mais de 80 trabalhos científicos sobre o tema.
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TOPO
Por BBC

Postado em 29 de março de 2022 às 10h35m

Post.- N.\ 10.267

Entre 2008 e 2018, pesquisadores do projeto cadastraram mais de mil paleotocas no Brasil — Foto: PROJETO PALEOTOCAS/UFRGS via BBC
Entre 2008 e 2018, pesquisadores do projeto cadastraram mais de mil paleotocas no Brasil — Foto: PROJETO PALEOTOCAS/UFRGS via BBC

Estruturas cavadas por animais pré-históricos são raras no Hemisfério Norte. Quando atingem alguns centímetros de espessura e poucos metros de extensão, costumam ser definidas pelos paleontólogos por meio de adjetivos como "mega", "gigante" ou "colossal". Em Novo Hamburgo, município gaúcho da região do Vale do Rio dos Sinos, porém, um desses abrigos apresenta 1,20 metro de altura, 1,8 metro de largura e 18 metros de extensão.

A estrutura fica no interior do parque aquático Ecoparque da Lomba, no bairro de Lomba Grande. O proprietário, Siegfried Fischborn, que mantém o estabelecimento há 21 anos, ficou intrigado ao ler uma reportagem no jornal NH, de Novo Hamburgo, sobre uma paleotoca identificada no município vizinho de Taquara, há cerca de dois anos.

A descoberta parecia-se com o vão existente em uma rocha do parque, infiltrado por água potável. "No final do texto, havia um telefone de pesquisadores para que se informasse sobre a existência de possíveis paleotocas", relembra Fischborn à BBC News Brasil.

Dias depois, uma equipe do Projeto Paleotocas, do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), foi ao local e confirmou que se tratava de um túnel escavado por animal pré-histórico.

Entre 2008 e 2018, pesquisadores do projeto já cadastraram mais de mil estruturas desse tipo em todo o Brasil e produziram mais de 80 trabalhos científicos sobre o tema.

Coordenador do projeto, o professor do Instituto de Geociências Heinrich Theodor Frank explica que paleotocas são pouco comuns na Europa e na América do Norte em razão da história geológica daquelas regiões.

"São áreas atingidas por quatro glaciações em 600 mil anos, que funcionaram como niveladores de terreno. Vestígios deixados pela fauna extinta foram consumidos pela ação de agentes naturais, quando não pela atividade humana", analisa.

Para designá-los, surgiu em português o termo "paleotocas", tradução livre do inglês paleoburrows. Segundo Frank, algumas línguas, como o alemão, não dispõem sequer de palavras para definir essas escavações.

Somente no Rio Grande do Sul, foram cadastradas paleotocas em mais de 20 municípios, incluindo Porto Alegre. A capital parece deter a primazia na correta identificação de uma dessas estruturas como obra de animais pré-históricos.

Em 1980, a descoberta de túneis nas imediações da Faculdade de Agronomia da UFRGS, na zona leste da cidade, teve repercussão na imprensa local. Ouvidos na época, moradores atribuíram a escavação a índios, jesuítas, rebeldes farroupilhas do século 19 e até a extraterrestres.

Datação exata das paleotocas, é considerada impossível — Foto: PROJETO PALEOTOCAS/UFRGS via BBC
Datação exata das paleotocas, é considerada impossível — Foto: PROJETO PALEOTOCAS/UFRGS via BBC

Operários que trabalhavam numa obra viária nas imediações relataram ter caminhado por cerca de 30 metros no vão da estrutura e que, ao final, a altura chegava a dois metros e o corredor dividia-se em três túneis, segundo o jornal Folha da Manhã.

Com base nessas informações, os pesquisadores da UFRGS estimam que a abertura tinha altura de 80 centímetros e largura de 1,5 metro.

Ao estudar as paleotocas, os pesquisadores da UFRGS identificaram três padrões básicos de tamanho. A maioria apresenta cerca de 1,3 metro de diâmetro. As mais imponentes podem chegar a 2 metros de altura e 4 metros de largura. Há, porém, um perfil intermediário, de 80 centímetros de espessura.

Somados, os túneis no interior dessas estruturas chegam a mais de 40 metros de comprimento, mas os especialistas estimam que a amplitude original provavelmente chegava a 100 metros.

"É comum que essas estruturas sejam identificadas quando há obras viárias que exigem escavações ou cortes no terreno, especialmente fora dos grandes centros. Para quem tem o olho treinado, é possível descobri-las mesmo quando se passa por acaso, de carro, pelo local", diz Frank.

Foi o que aconteceu em 2018, em uma das últimas saídas de campo da equipe (com a pandemia do novo coronavírus, a adoção do home office pela universidade e a falta de financiamento, essas expedições tiveram de ser interrompidas).

Em Farroupilha, na serra gaúcha, os pesquisadores visualizaram várias paleotocas a mais de 4 metros de altura num paredão escavado para a construção de um prédio. Em razão da localização, não foi possível, porém, explorar o interior do abrigo.

A Paleontologia classifica essas e outras ocorrências como icnofósseis, ou seja, marcas e vestígios deixados por animais e vegetais de outras épocas geológicas em sedimentos e rochas.

Assim como animais hoje existentes, como tatus, corujas e outros, escavam tocas para se proteger de predadores e abrigar filhotes, exemplares da chamada megafauna do Pleistoceno, entre 2,5 milhões de anos e 11 mil anos, recorriam ao mesmo artifício.

Outros exemplos de icnofósseis incluem pegadas, marcas de garras, fezes fossilizadas (coprólitos) e assim por diante. As paleotocas seriam, assim, os maiores iconofósseis existentes.

"Nosso conhecimento sobre os animais que produziram essas estruturas avançou pouco. Acreditamos que tenham sido feitos por tatus gigantes, que chegavam a 250 quilos de peso", estima Frank.

Mesmo esses animais, no entanto, não teriam condições de cavar paleotocas com largura entre 2 e 4 metros. Nesses casos, afirma o pesquisador, o mais provável é que tenham sido feitos por preguiças gigantes que habitavam a América do Sul. Em muitos abrigos, há marcas padronizadas nas paredes, produzidas por garras de animais.

Pesquisadores buscam por estruturas pré-históricas no país — Foto: PROJETO PALEOTOCAS/UFRGS via BBC
Pesquisadores buscam por estruturas pré-históricas no país — Foto: PROJETO PALEOTOCAS/UFRGS via BBC

Geólogos, petrólogos (estudiosos de rochas), paleontólogos e arqueólogos disponham de inúmeros recursos para determinar idade de fósseis, rochas e restos humanos.

A datação exata das paleotocas, porém, é considerada impossível, uma vez que o terreno no qual foram escavadas é composto de rochas muito mais antiga do que esses abrigos.

Admite-se, porém, que por estarem situadas perto da superfície, tenham aparecido há menos de 500 mil anos.

Na propriedade de 21 hectares do agricultor Gilberto Ari Flach, no município de Harmonia, a 74 km de Porto Alegre, o que era considerado há várias gerações como uma gruta foi identificado na década passada como uma paleotoca.

"A toca já era conhecida no tempo do meu avô", afirma Flach à BBC News Brasil. Situada numa área de difícil acesso, num matagal, a estrutura está tomada por água potável e não corre risco de desaparecer.

"Ninguém vai até lá, está no meio do mato", explica o agricultor, que mantém dois aviários na propriedade.

A quem encontrar estruturas assemelhadas a paleotocas, Frank sugere duas medidas: fotografar o local e informar o Projeto Paleotocas pelo e-mail paleotocas@gmail.com.

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segunda-feira, 28 de março de 2022

Saiba como foi a pesquisa que encontrou o 1º ninho de ovos de dinossauro do Brasil, em Uberaba

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Local onde dinossauros fazim ninhos foi encontrado em área de mineração de calcário desativada. Estudo identificou que os ovos pertenciam ao grupo dos titanossauros e foi publicado na revista científica Scientific Reports, do Grupo Nature.
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Por Guilherme Gonçalves, g1 Triângulo e Alto Paranaíba — Uberaba

Postado em 28 de março de 2022 às 19h00m

Post.- N.\ 10.266

Ilustração de titanossauros — Foto: Júlia d'Oliveira/Divulgação
Ilustração de titanossauros — Foto: Júlia d'Oliveira/Divulgação

Após 4 anos de pesquisa, o primeiro sítio de nidificação (local onde ovos são depositados) do Brasil foi comprovado na comunidade rural da Ponte Alta, em Uberaba. A pesquisa confirmou que a região era utilizada por titanossauros para o depósito de ovos e foi publicada na Scientific Reports, revista internacional do Grupo Nature.

Mas como o estudo foi feito? Para responder à questão, o g1 conversou com o professor e paleontólogo do Instituto de Ciências Exatas, Naturais e Educação (Icene/UFTM), Thiago Marinho.

Veja também como visitar os achados paleontológicos de Uberaba.

Fóssil

De acordo com o paleontólogo Thiago Marinho, o primeiro fóssil formalmente descrito em Uberaba foi achado em 1951, sendo um ovo esférico atribuído ao titanossauro. O dinossauro tinha entre 10 m e 27 m de comprimento.

Os titanossauros foram os maiores animais terrestres de todos os tempos. Eram quadrúpedes, se alimentavam de plantas e possuíam cabeça pequena e um longo pescoço, afirmou Marinho.

No entanto, até então não havia a comprovação de um sítio de nidificação, ou seja, um local onde os dinossauros faziam ninhos para depósito de ovos. A pesquisa para comprovação foi iniciada em 2018, quando os ovos chegaram à UFTM.

Apesar do estudo ser iniciado recentemente, o achado ocorreu há mais tempo, quando o servidor da Fundação Cultural de Uberaba, João Ismael, recebeu a informação de que fósseis tinham sido encontrados em uma área de mineração de calcário.

Nos anos de 1990, chegou ao meu conhecimento a ocorrência de ovos de dinossauros em Ponte Alta. Em conversa com amigos meus que trabalhavam na mineração de calcário, pude recuperar alguns ovos isolados e, por fim, uma associação de dez ovos esféricos, disse Ismael.

Servidor da Fundação Cultural de Uberaba, João Ismael, prepara ninhada de ovos de titanossauro, em Uberaba — Foto: Arquivo pessoal/Divulgação
Servidor da Fundação Cultural de Uberaba, João Ismael, prepara ninhada de ovos de titanossauro, em Uberaba — Foto: Arquivo pessoal/Divulgação

Pesquisa

Segundo o paleontólogo, a suspeita de que se tratavam de ovos de titanossauros ocorreu devido ao tamanho deles. Os 20 ovos encontrados têm cerca de 12 cm de diâmetro.

Os ovos eram muito grandes para serem de tartarugas que poderiam ter vivido na região há milhões de anos, por exemplo".

A pesquisa começou analisando as características das cascas e das associações de ovos, comparando elas com fósseis encontrados em outros locais do mundo, em especial, a 2 sítios paleontológicos da Argentina. A ninhada indicou que os titanossauros tinham como estratégia enterrar os ovos que, assim, eram mantidos em condições específicas de calor até a eclosão dos filhotes.

As características apontadas no estudo mostraram que os titanossauros faziam um buraco no solo utilizando as patas e depositavam os ovos no ninho formado. Também apontou várias camadas de depósito de ovos, o que comprovou que os titanossauros usavam o local sazonalmente para deposição deles. Ou seja, eles voltavam ali de tempos em tempos para deposição, pontuou Marinho.

Ainda conforme o especialista, a idade dos ovos foi calculada entre 66 e 70 milhões de anos.

Estão diretamente envolvidos nas pesquisas desse achado: o geólogo da UFTM, Luiz Carlos Borges Ribeiro; o professor e paleontólogo do Instituto de Ciências Exatas, Naturais e Educação (Icene/UFTM), Thiago Marinho; representantes do Consejo Nacional de Investigaciones Científicas y Técnicas argentino (Conicet); da Fundação Cultural de Uberaba (FCU).

Ainda compõem a pesquisa, o Instituto de Biología de la Conservación y Paleobiología (Ibicopa); a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); a Universidade de São Paulo (USP); as Faculdades Associadas de Uberaba (Fazu); a Fundação Educacional para o Desenvolvimento das Ciências Agrárias (Fundagri), da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) e da Escola Estadual Presidente João Pinheiro.

Ovos de titanossauro encontrados no primeiro sítio de nidificação do Brasil, em Uberaba — Foto: UFTM/Divulgação
Ovos de titanossauro encontrados no primeiro sítio de nidificação do Brasil, em Uberaba — Foto: UFTM/Divulgação

Exposição

Alguns ovos entraram na exposição do Museu dos Dinossauros de Uberaba na última sexta-feira (26). Segundo o paleontólogo, a entrada no acervo exposto só pôde ser feita após a comprovação do trabalho científico.

O museu fica a cerca de 20 km do Centro de Uberaba, no bairro rural de Peirópolis, próximo à BR-262. As visitas podem ser feitas de terça-feira à domingo, das 8h às 17h. A entrada é gratuita.

História

Conforme a UFTM, o primeiro fóssil encontrado em Uberaba foi formalmente descrito em 1951: um ovo esférico atribuído a um dinossauro titanossauro. O achado alavancou as pesquisas paleontológicas no município, que vieram a torná-lo uma referência internacional no estudo de vertebrados fósseis do Período Cretáceo, o último da Era Mesozoica.

Depois de sete décadas de pesquisas centenas de fósseis foram encontrados, o que permitiu um vislumbre da vida e dos ambientes do passado da região.

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domingo, 27 de março de 2022

Guerra na Ucrânia: os três ciberataques russos que as potências ocidentais mais temem

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Inteligência norte-americana diz que países no Ocidente podem ser alvos de operações de hackers. Moscou diz que insinuações são "russofobia".
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TOPO
Por Joe Tidy, BBC

Postado em 27 de março de 2022 às 16h30m

Post.- N.\ 10.265

A rede elétrica ucraniana já foi alvo de hackers mais de uma vez — Foto: Reuters
A rede elétrica ucraniana já foi alvo de hackers mais de uma vez — Foto: Reuters

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, convocou empresas e organizações nos EUA a "trancar suas portas digitais". Segundo Biden, a inteligência norte-americana acredita haver indícios de que a Rússia está planejando um ataque cibernético contra seu país.

Autoridades do Reino Unido responsáveis por tecnologia e internet estão de acordo com os pedidos da Casa Branca por "aumento das precauções de segurança cibernética", embora não tenho sido fornecida nenhuma evidência de que a Rússia esteja planejando um ataque cibernético.

Moscou declarou em outras oportunidades que acusações do tipo são "russofóbicas".

No entanto, a Rússia é uma superpotência cibernética com hackers e grande capacidade de ataques disruptivos e potencialmente destrutivos.

Do ponto de vista cibernético, a Ucrânia foi relativamente pouco atacada no atual conflito entre os dois países, mas especialistas agora apontam preocupações de que os alvos sejam os aliados da Ucrânia.

"Os alertas de Biden parecem plausíveis, principalmente porque países do Ocidente determinaram mais sanções contra a Rússia, houve o envolvimento de ativistas hackers na briga e a movimentação em terra da invasão aparentemente não está saindo como planejado", diz Jen Ellis, da empresa de segurança cibernética Rapid7.

Abaixo, os ataques que os especialistas mais temem:

"BlackEnergy"

A Ucrânia é frequentemente descrita como um campo de testes dos hackers russos, por meio de de ataques realizados aparentemente com intuito de experimentar técnicas e ferramentas.

Em 2015, a rede elétrica da Ucrânia foi atingida por um ataque cibernético chamado "BlackEnergy", que causou um apagão de curta duração que afetou 80 mil pessoas no oeste do país.

Quase um ano depois, outro ataque cibernético, que ficou conhecido como "Industroyer", bloqueou o fornecimento de energia elétrica em cerca de um quinto de Kiev, a capital ucraniana, por cerca de uma hora.

Os EUA e a União Europeia atribuíram o incidente a hackers militares russos.

"É totalmente possível que a Rússia tente executar um ataque como esse contra países ocidentais para demonstrar seu poderio e mandar um recado", diz a responsável pela segurança cibernética ucraniana Marina Krotofil, que ajudou a investigar os ataques de corte de energia.

"No entanto, nenhum ataque cibernético contra uma rede elétrica resultou em interrupção prolongada do fornecimento de energia. A execução de ataques cibernéticos de maneira eficiente em sistemas complexos de engenharia é extremamente difícil. Alcançar um efeito prejudicial prolongado muitas vezes é impossível devido aos esquemas de proteção."

Especialistas como Krotofil também levantam a hipótese de que esse tipo de conflito possa se voltar contra a Rússia, já que países ocidentais também têm condições de atingir redes russas.

A força do NotPetya

O NotPetya é considerado o ataque cibernético que mais prejuízos financeiros causou na história. A autoria foi ligada pelas autoridades dos EUA, Reino Unido e UE a um grupo de hackers militares russos.

O software com poder de destruição foi colocado em uma atualização de um programa de computador bastante usado para contabilidade na Ucrânia, mas se espalhou pelo mundo, devastando sistemas de computador de milhares de empresas e causando aproximadamente US$ 10 bilhões em danos.

Hackers norte-coreanos também foram acusados ​​de causar grandes transtornos com um ataque parecidos um mês antes.

O 'pedido de resgate' que aparecia com o worm WannaCry — Foto: Reprodução/Webroot
O 'pedido de resgate' que aparecia com o worm WannaCry — Foto: Reprodução/Webroot

O "worm" (um tipo de vírus ainda mais destrutivo) WannaCry foi usado para truncar ou borrar dados em aproximadamente 300 mil computadores em 150 países. O Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido foi forçado a cancelar um grande número de consultas médicas.

"Esse tipo de ataque pode ser a maior oportunidade para gerar caos em massa, instabilidade econômica e até perda de vidas", diz Jen Ellis.

"Pode ser difícil de se imaginar, mas a infraestrutura crítica [de sistemas] geralmente depende de tecnologias conectadas, tal qual nossas vidas no mundo moderno. Vimos o potencial para isso com o impacto do WannaCry nos hospitais do Reino Unido."

Alan Woodward, professor e cientista da computação da Universidade de Surrey, no Reino Unido, lembra que esses ataques também trazem riscos para a Rússia.

"Esses tipos de hacks incontroláveis ​​são muito mais parecidos com guerra biológica, pois é muito difícil atingir infraestrutura crítica de forma específica, localizada. O WannaCry e o NotPetya também fizeram vítimas na Rússia."

Ataque ao fornecimento de combustível

Em maio de 2021, vários Estados dos EUA adotaram esquemas de emergência depois que hackers conseguiram bloquear as operações de um oleoduto importante.

O oleoduto transporta 45% do suprimento de diesel, gasolina e combustível de aviação da Costa Leste dos Estados Unidos. O ataque provocou uma corrida a postos de combustível.

Esse ataque não foi realizado por hackers ligados ao governo russo, mas pelo grupo de ransomware (modalidade em que criminosos exigem pagamento para desbloquear um sistema) DarkSide, que especialistas apontam estar baseado na Rússia.

A empresa afetada admitiu pagar aos criminosos US$ 4,4 milhões (mais de R$ 21 milhões) em Bitcoin com rastreabilidade dificultada para retomar o funcionamento dos sistemas.

Algumas semanas depois, o fornecimento de carne foi impactado quando outra equipe de ransomware chamada REvil atacou a brasileira JBS, a maior processadora de carne bovina do mundo.

Um dos grandes temores que os especialistas têm sobre as capacidades cibernéticas russas é que o Kremlin possa instruir grupos a coordenar ataques a alvos dos EUA, para maximizar a interrupção.

"A vantagem de usar cibercriminosos para realizar ataques de ransomware é o caos geral que eles podem causar. Em grande número, eles podem causar sérios danos econômicos", diz Woodward, da Universidade de Surrey.

"Também vêm com o bônus de que é possível negar ligação com esses grupos, pois eles não têm uma conexão formal com o Estado russo".

Como os EUA poderiam responder?

No caso altamente improvável de que um país-membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) seja alvo de um ataque cibernético que cause perda de vidas ou danos irreparáveis, isso poderia desencadear o Artigo 5, a cláusula de defesa coletiva da aliança.

Mas especialistas dizem que isso arrastaria a Otan para uma guerra da qual a organização não quer fazer parte, então é mais provável que as respostas venham diretamente dos EUA ou de aliados próximos.

Biden disse que os EUA "estão preparados para responder" se a Rússia lançar um grande ataque aos EUA.

Mas qualquer ação provavelmente será ponderada com muito cuidado.

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