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quarta-feira, 23 de março de 2022

Entenda o que é o Crispr, ferramenta que consegue editar o DNA

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Dupla que descobriu a ferramenta foi premiada nesta quarta-feira (7).
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Por Lara Pinheiro, g1

Postado em 23 de março de 2022 às 10h20m

Post.- N.\ 10.258

Em 2020, o Prêmio Nobel de Química foi para as duas cientistas que desenvolveram o Crispr, uma ferramenta que consegue editar o DNA, o código genético de seres vivos. Abaixo, nesta reportagem, você vai entender o que é o Crispr, para que ele serve, para que já foi usado e quais são as polêmicas em torno da sua aplicação.

O que é o Crispr? Para que ele serve?

O Crispr/Cas9 é uma espécie de "tesoura genética", que permite à ciência mudar parte do código genético de uma célula. Com essa "tesoura", é possível, por exemplo, "cortar" uma parte específica do DNA, fazendo com que a célula produza ou não determinadas proteínas.

A pesquisa com a descoberta da ferramenta foi publicada na revista científica "Science", uma das mais importantes do mundo, em junho de 2012.

Entenda o que é o CrisprEntenda o que é o Crispr

Usando o Crispr, cientistas podem alterar o DNA de animais, plantas e microrganismos com extrema precisão. A tecnologia "teve um impacto revolucionário nas ciências da vida", segundo o comitê do Prêmio Nobel, e está contribuindo para novas terapias contra o câncer. A ferramenta também pode tornar realidade o sonho de curar doenças hereditárias (veja infográfico).

Entenda o Crispr — Foto: Betta Jaworski/G1
Entenda o Crispr — Foto: Betta Jaworski/G1

Para que ele é usado hoje?

Como o Crispr é bastante fácil de usar, ele foi amplamente difundido na pesquisa básica. Ele é usado para alterar o DNA de células e de animais de laboratório, com o objetivo de compreender como diferentes genes funcionam e interagem, por exemplo, durante o curso de uma doença.

"A gente consegue derivar linhagens [de células] de pacientes com diferentes doenças genéticas no laboratório e, a partir do sangue, conseguimos fazer células musculares, neurônios, células pulmonares, qualquer tipo. Com essa tecnologia, a gente tenta corrigir o defeito genético para resgatar o quadro clínico [do paciente]. Ou pode criar mutações e ver o que acontece", explica a geneticista Mayana Zatz, que lidera o Projeto Genoma da USP.

No laboratório, os cientistas também estão editando genes de porcos para desenvolver órgãos que possam ser transplantados em humanos sem que haja rejeição, segundo Zatz.

Além dos usos em humanos, pesquisadores também conseguiram desenvolver plantas capazes de resistir a mofo, pragas e seca, por exemplo, além de criar cães extramusculosos, porcos que não contraem viroses e amendoins antialérgicos.

Há um poder enorme nessa ferramenta genética, que afeta a todos nós. Não só revolucionou a ciência básica, mas também resultou em colheitas inovadoras e levará a novos tratamentos médicos inovadores , disse Claes Gustafsson, presidente do comitê do Prêmio Nobel de Química. 
Quais são os problemas em torno do uso?

Uma das polêmicas com a ferramenta é que o Crispr pode "cortar" a parte errada do genoma, ou fazer mudanças que não eram as pretendidas. Por isso, ela não pode ser usada em embriões humanos que vão ser implantados em tratamentos de reprodução assistida, por exemplo.

"Não há controle se, ao editar o gene que causa a doença genética, não se está criando mutações, ao acaso, em outros genes, e que não podem ser controladas", explica Mayana Zatz.

Em novembro de 2018, um pesquisador chinês usou o Crispr para fazer uma edição genética em embriões humanos de modo torná-los, supostamente, imunes ao HIV. Os embriões foram implantados e deram origem a gêmeas.

Em fevereiro do mesmo ano, um estudo publicado por um cientista do MIT indicou que a alteração provavelmente teria impacto na função cognitiva das bebês. Na época, o pesquisador disse que a edição de DNA em humanos não deveria ser feita justamente porque os efeitos dela eram impossíveis de prever.

Zatz defende que pesquisas sejam realizadas em embriões com a técnica, mas apenas nos que não serão implantados em reprodução assistida.

"Se conseguirmos corrigir mutações em embriões para doenças genéticas, isso vai ser um avanço. Mas não tem nenhuma seguranca para fazer em embriões que vão ser implantados", afirma.

Pesquisador chinês explica processo por trás de 'edição genética'Pesquisador chinês explica processo por trás de 'edição genética'
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Terra registra recordes de calor nos polos; entenda o que há de inédito e o que isso revela sobre a crise climática

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A Antártica e o Ártico registraram recordes de temperatura na mesma semana.
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Por Carolina Dantas, g1

Postado em 23 de março de 2022 às 07h15m

Post.- N.\ 10.257

Base franco-italiana Concordia, instalada na Cúpula C, na Antártica — Foto: Michael Studinger/Nasa
Base franco-italiana Concordia, instalada na Cúpula C, na Antártica — Foto: Michael Studinger/Nasa

A Antártica e o Ártico registraram recordes de temperatura na mesma semana — os extremos da Terra apresentaram um calor pelo menos 30ºC maior do que a média para esta época do ano. O cenário, segundo climatologistas, é inédito, apesar de ser previsto pelos cientistas como uma das consequências da atual "era" de emergência climática.

As duas regiões do planeta têm características próprias e, portanto, reagem às mudanças do clima de forma diferente. O Ártico é um oceano coberto por uma camada de gelo marinho, cercado por três continentes - Ásia, América do Norte e Europa. Já a Antártica é um continente por si só, cercado pelo oceano.

Na Antártica, o recorde recente foi registrado na sexta-feira (18) na base de pesquisa franco-italiana Concordia, instalada na Cúpula C, ou Domo C, uma região inóspita e com mais de 3 km de altitude. A temperatura registrada foi de –11,5ºC (ou seja, 11,5ºC negativos), sendo que o esperado para essa época do ano é pelo menos - 50ºC (50ºC negativos), em média. É considerada, por alguns cientistas, a região mais fria da Terra.

Além disso, segundo a plataforma "Climate Reanalyzer", da Universidade do Maine, nos Estados Unidos, todo o continente antártico estava, em média, 4,8ºC mais quente do que a temperatura de referência registrada entre os anos de 1979 e 2000.

Cúpula C, região da Antártica — Foto: Wagner Magalhães/g1
Cúpula C, região da Antártica — Foto: Wagner Magalhães/g1

"Imagina um platô polar que está a 3 mil metros de altura, que deveria estar a - 50ºC, - 45ºC, e de repente vai a -11ºC. E esse -11ºC nunca foi visto, pelo menos não desde 1957, 1958, quando passamos a ter estação naquela região", afirma o pesquisador Francisco Eliseu Aquino, o Chico Geleira, que já esteve 18 vezes na Antártica. Ele é integrante do Centro Polar e Climático da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Segundo Geleira, o recorde na Antártica é inédito e, mais do que isso, o fato de a temperatura variar tanto quase "no fim do mundo" surpreendeu os pesquisadores. Para ele, a chegada de uma onda de calor à região congelante por natureza é um sinal dos impactos da emergência climática.

"Nós estamos indo do outono em direção ao inverno, que lá é muito pronunciado. Nós não esperamos onda de calor por lá nem no verão", explicou.

"Para isso acontecer, a circulação atmosférica precisou se organizar de uma forma muito intensa, induzindo um ciclone extratropical para levar ar quente e úmido da região tropical até o interior da Antártica. É como se você tivesse um rio voador de umidade indo para o interior do platô polar", completou.

Recorde no Ártico

Em medições pontuais em estações do Ártico, incluindo recordes na Noruega e na Groenlândia, alertaram temperaturas até 30ºC mais altas do que o previsto para essa época do ano. Na sexta-feira, toda a região estava em média 3,3ºC mais quente do que o período de 1979 a 2000, de acordo com a "Climate Reanalyzer".

Por ser um oceano coberto por uma camada de gelo e apresentar outra dinâmica, esse extremo do planeta já tem registrado ondas de calor há algumas décadas – apesar da recorrência, isso não significa que o fenômeno é inócuo e não possa ter consequências da crise climática.

"Em alguns anos, durante o verão, a extensão do gelo caiu mais de 40% do que seria a média esperada. Nós estamos vendo o desaparecimento no auge do verão, isso é setembro, de grande parte do oceano Ártico. Ou seja: a cobertura de gelo do oceano Ártico está cada vez menor", explica Jefferson Simões, coordenador-geral do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Criosfera.

Simões explica que, com as mudanças do clima, o mar congelado do Ártico desaparece e o oceano fica na superfície, que é mais escura, e assim absorve mais energia solar, além da circulação natural do oceano.

"Aquece, derrete o gelo, gera mais energia do oceano, e absorve mais energia do sol, e derrete mais gelo, e assim por diante. Esse processo que está acelerando as mudanças do clima no Ártico", detalha.

Além disso, Geleira acrescenta que a situação atual do Ártico induz a ondas de calor no sul da Europa, na Ásia e na América do Norte, como as que foram vistas em 2021.

Em 28 de fevereiro, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU publicou a segunda parte de seu 6º documento, que começou a ser divulgado ainda em 2021.

Um dos capítulos tratava da crise climática nos polos da Terra, com informações sobre Ártico e Antártica. O IPCC reúne as principais evidências científicas e seu grau de confiabilidade a respeito do assunto.

Veja o que diz o painel sobre essas regiões:

  • Nas últimas duas décadas, a temperatura do ar na superfície do Ártico aumentou mais do que o dobro da média do planeta;
  • Pesquisas conseguem interligar o papel do homem e de suas emissões de gases do efeito estufa com o aumento da temperatura no Ártico;
  • Eventos recentes apontam a existência de novos "extremos" no clima da região;
  • A temperatura anual do Ártico entre 2014 e 2018 é mais alta do que qualquer ano desde 1990;
  • Foram registradas anomalias de temperatura na superfície durante o inverno – de janeiro a março - com até + 6ºC em média;
  • A Antártica tem visto mudanças na temperatura menos uniformes nas últimas décadas, com aquecimento maior na parte Ocidental e sem mudança significativa na parte Oriental – o fato de o recorde desta sexta-feira ter sido registrado justamente na parte sudeste do continente chama a atenção.
Cientistas explicam efeitos do aquecimento globalCientistas explicam efeitos do aquecimento global
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terça-feira, 22 de março de 2022

Meteorito de 26kg passou quase 6 anos servindo como adorno de mesa na Paraíba:

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 'Acharam que era chumbo' Irmãos de Nova Olinda acharam a rocha espacial em 2014, mas ela só foi classificada oficialmente no último sábado (19).
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Por Diogo Almeida e Dani Fechine, g1 PB

Postado em 22 de março de 2022 às 15h30m

Post.- N.\ 10.256

Meteorito paraibano é reconhecido por especialistas
Meteorito paraibano é reconhecido por especialistas

O primeiro meteorito encontrado na Paraíba, uma rocha de 26,93 kg e 29 cm de altura, passou quase seis anos servindo como enfeite de mesa na casa do joalheiro Edsom Oliveira, um dos irmãos que achou a pedra na cidade de Nova Olinda, no Sertão paraibano, em 2014. O meteorito, que foi batizado com o nome da cidade, foi oficialmente classificado no último sábado (19).

Edsom é irmão de João Jarba Oliveira da Silva e dono de uma fazenda na zona rural de Nova Olinda. Os dois trabalham com joias e, em novembro de 2014, aproveitaram a seca de um lago da região para procurar por ouro ou outras pedras preciosas utilizando um detector de metais.

Meteorito de 26,93kg foi achado por irmãos em Nova Olinda, na Paraíba — Foto: Edsom Oliveira/Arquivo pessoal
Meteorito de 26,93kg foi achado por irmãos em Nova Olinda, na Paraíba — Foto: Edsom Oliveira/Arquivo pessoal

Neste dia, passando por uma determinada área do terreno, no fundo enlameado do açude seco, o aparelho disparou muito forte, bem diferente de quando encontramos alguma pepita. Na mesma hora, pegamos a picareta e começamos a cavar, conta Edsom.

Segundo o joalheiro, o detector só disparava quando era colocado próximo a uma pedra que estava cheia de barro. Quanto mais a gente encostava o detector, mais apitava. Então resolvemos retirar a pedra e lavar para identificar. Era uma pedra totalmente brilhosa, diz.

Os irmãos então levaram a pedra para a casa da fazenda de Edsom.

Eu falei para meu irmão: é muito bonito, mas não é ouro. Vamos colocar em cima da mesa e usar como enfeite.

Ao longo de quase seis anos, o objeto ficou exposto no local, sem levantar a desconfiança nem dos irmãos, nem de amigos e parentes, de que se tratava de uma rocha espacial.

Algumas pessoas pegaram para ver, acharam que era chumbo, por ser pequeno e pesado, mas nunca imaginamos que era um meteorito.

Edsom Oliveira (à esquerda) e João Jarba Oliveira, irmãos que acharam o primeiro meteorito da Paraíba — Foto: Edsom Oliveira/Arquivo pessoal
Edsom Oliveira (à esquerda) e João Jarba Oliveira, irmãos que acharam o primeiro meteorito da Paraíba — Foto: Edsom Oliveira/Arquivo pessoal

Chuva de pedras em Pernambuco

As coisas começaram a mudar em agosto de 2020, quando uma chuva de pedras atingiu a cidade de Santa Filomena, em Pernambuco, e atraiu a atenção de caçadores de meteoritos. Com a repercussão do caso, Edsom achou que a rocha dele também pudesse ser um meteorito.

Já morando em Salvador, onde reside atualmente, Edsom ligou para o irmão, na Paraíba, e disse que desconfiava do achado. Ao ver as imagens lá de Pernambuco eu achei uma semelhança com a rocha que achamos, porque eram pedras pequenas e muito pesadas. Fiz pesquisas na internet para encontrar cientistas que estudam os meteoritos até que consegui o contato de André Moutinho, que além de pesquisador, é colecionador de meteoritos, diz o joalheiro.

Moutinho orientou o homem a realizar os primeiros testes e, com a possibilidade de ser realmente uma rocha espacial, uma amostra foi retirada e enviada para São Paulo, onde André Moutinho confirmou que se tratava de um meteorito. A partir de então, entrou em contato com pesquisadores para a realização das análises física, química e petrográfica para classificação do meteorito (saiba mais no final da reportagem).

Detalhe de uma fatia do meteorito Nova Olinda — Foto: André Moutinho/Arquivo Pessoal
Detalhe de uma fatia do meteorito Nova Olinda — Foto: André Moutinho/Arquivo Pessoal

A classificação só saiu agora em 2022, após mais de um ano de muito trabalho e de muito gasto, avalia Edsom. O meteorito Nova Olinda agora está no Rio de Janeiro, em um cofre particular de um apartamento do paraibano. O interesse dos irmãos é de que a rocha seja comprada pelo Governo da Paraíba para que ela fique no estado, uma vez que compradores de outros estados e até internacionais já deram lances por ela.

Queremos que fique na Paraíba por dois motivos: primeiro porque o meteorito foi achado aqui no estado; e segundo porque isso vai estimular o desenvolvimento da ciência. É importante para os estudantes terem acesso a achados como esse aqui no estado, sem precisar viajar para outros países para pesquisar, conta.

O que diz o Governo da Paraíba?

Em nota enviada à imprensa por volta das 9h desta terça-feira (22), a Secretaria de Estado da Educação e da Ciência e Tecnologia (SEECT) da Paraíba esclarece que "não recebeu contatos para promover audiência para debater o tema, mas está disposta a agendar uma reunião com a Associação Paraibana de Astronomia para discutir o destino do meteorito".

O Estado diz ainda que acompanha o trâmite do PL 4471/2020 no Congresso Nacional, que estabelece que todos os meteoritos encontrados em terras brasileiras são considerados bens da União e proíbe a exportação sem prévia anuência da Agência Nacional de Mineração.

Análise da rocha

As análises do meteorito encontrado na Paraíba foram feitas através de uma parceria entre pesquisadores da Universidade de Alberta (Canadá) e um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Essa foi apenas a segunda vez que um meteorito metálico foi classificado a partir de análises químicas feitas no Brasil. A primeira foi a do meteorito Conceição do Tocantins, que também foi oficializado esse ano pela Meteoritical Society.

O meteorito Nova Olinda é metálico, composto basicamente por ferro e níquel, além de outros materiais em menor concentração. Ele foi classificado como um octaedrito IIAB. Os meteoritos IIAB têm a menor concentração de níquel entre os meteoritos metálicos.

Detalhes da classificação do meteorito Nova Olinda — Foto: Reprodução/The Meteorical Society
Detalhes da classificação do meteorito Nova Olinda — Foto: Reprodução/The Meteorical Society

Meteoritos como o Nova Olinda se formam no núcleo metálico de seu corpo parental que, provavelmente, origina-se de um protoplaneta destruído por violento impacto.

De acordo com análise dos isótopos de meteoritos semelhantes, o impacto que teria lançado no espaço fragmentos desse núcleo protoplanetário teria ocorrido há cerca de 4,5 bilhões de anos, no período de formação do Sistema Solar. Desde então, estes fragmentos vagam pelo espaço na forma de pequenos asteroides e meteoroides e, eventualmente, alguns deles atingem a Terra.

Ainda não se sabe há quanto tempo o meteorito Nova Olinda teria caído na Terra. No entanto, o intemperismo (deterioração devido à ação do tempo) observado na rocha indica ser provável que isso tenha ocorrido há alguns milhares de anos e que o meteorito tenha permanecido enterrado por todo esse tempo, até ser encontrado pelos irmãos.

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segunda-feira, 21 de março de 2022

Ranking do saneamento básico: veja quais são as grandes cidades com os melhores e os piores serviços do país

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Estudo do Instituto Trata Brasil avalia os indicadores de saneamento básico dos 100 maiores municípios do Brasil. Cidades de São Paulo, Paraná e Minas Gerais ocupam as primeiras posições, enquanto que cidades do Rio de Janeiro e de estados das regiões Norte e Nordeste estão entre as últimas.
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Por Clara Velasco, g1

Postado em 23 de março de 2022 às 06h05m

Post.- N.\ 10.255

Esgoto jorra nas águas da Baía de Guanabara; 100 milhões de brasileiros seguem sem acesso ao serviço de coleta de esgoto, aponta estudo — Foto: Marcos Serra Lima/G1
Esgoto jorra nas águas da Baía de Guanabara; 100 milhões de brasileiros seguem sem acesso ao serviço de coleta de esgoto, aponta estudo — Foto: Marcos Serra Lima/G1

Mais de 35 milhões de brasileiros não têm acesso à água tratada. Além disso, 100 milhões não têm coleta de esgoto. Ao mesmo tempo, apenas 50% do esgoto é tratado -- o que significa que mais de 5,3 mil piscinas olímpicas de esgoto sem tratamento são despejadas na natureza todos os dias.

Estes são apenas alguns dos destaques do atual cenário do saneamento básico no Brasil, segundo um estudo do Instituto Trata Brasil divulgado nesta terça-feira (22) para celebrar o Dia Mundial da Água. O documento considera os dados mais recentes do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), referentes ao ano de 2020.

Para entender melhor a situação do país, o estudo analisa os indicadores de saneamento das 100 maiores cidades do país, que concentram aproximadamente 40% da população brasileira.

Os destaques destas cidades são os seguintes:

  • A cobertura de água tratada aumentou de 93,5% para 94,4% entre 2019 e 2020.
  • A população com acesso a coleta de esgoto também cresceu de 74,5% para 75,7%.
  • o esgoto tratado passou de 62,2% para 64,1%.
  • Na contramão dos outros indicadores, a perda de água na distribuição aumentou de 35,7% para 36,3%. Neste caso, o aumento significa piora, já que mais água está sendo desperdiçada.

A presidente-executiva do Trata Brasil, Luana Pretto, destaca que a melhora da maioria dos indicadores é positiva, mas o ritmo é abaixo do esperado. A tendência de melhora é baixa. Nós vemos um ganho de 0,9, 1,2 e 1,9 ponto percentual nos indicadores, o que ainda é muito pouco para a realidade que nós temos no país, diz.

Essa situação é ainda mais grave quando são comparadas as 20 melhores com as 20 piores do país, segundo Pretto. Existe uma discrepância muito grande. A população atendida com coleta de esgoto nas melhores é de 95,5%, enquanto que, nas piores, é de 31,8%, diz.

Segundo ela, umas das principais correlações que o estudo estabelece é que, quanto mais investimentos são feitos no setor do saneamento, melhores são os serviços e os indicadores. Isso pode parecer óbvio, mas, na prática, significa que as cidades com indicadores péssimo e com grande necessidade de investimento gastam muito menos do que as cidades com bons indicadores e com serviços melhores.

O investimento por habitante, ou seja, quantos reais foram investidos por habitante do município, mostra esta diferença. Entre as melhores cidades, o investimento é de R$ 135,24 por pessoa. Já entre as piores, é de R$ 48,90, diz Pretto.

Por isso, de forma geral, as melhores cidades seguem melhorando e permanecendo no grupo das melhores, enquanto as piores seguem estagnadas nas últimas posições.

Veja a seguir quais são estas cidades.

As 20 melhores cidades

  1. Santos (SP)
  2. Uberlândia (MG)
  3. São José dos Pinhais (PR)
  4. São Paulo (SP)
  5. Franca (SP)
  6. Limeira (SP)
  7. Piracicaba (SP)
  8. Cascavel (PR)
  9. São José do Rio Preto (SP)
  10. Maringá (PR)
  11. Ponta Grossa (PR)
  12. Curitiba (PR)
  13. Vitória da Conquista (BA)
  14. Suzano (SP)
  15. Brasília (DF)
  16. Campina Grande (PB)
  17. Taubaté (SP)
  18. Londrina (PR)
  19. Goiânia (GO)
  20. Montes Claros (MG)
Orla de Santos, no litoral de São Paulo. A cidade lidera o ranking do saneamento básico, feito pelo Instituto Trata Brasil — Foto: Divulgação
Orla de Santos, no litoral de São Paulo. A cidade lidera o ranking do saneamento básico, feito pelo Instituto Trata Brasil — Foto: Divulgação

As 20 piores cidades

  1. Macapá (AP)
  2. Porto Velho (RO)
  3. Santarém (PA)
  4. Rio Branco (AC)
  5. Belém (PA)
  6. Ananindeua (PA)
  7. São Gonçalo (RJ)
  8. Várzea Grande (MT)
  9. Gravataí (RS)
  10. Maceió (AL)
  11. Duque de Caxias (RJ)
  12. Manaus (AM)
  13. Jaboatão dos Guararapes (PE)
  14. São João de Meriti (RJ)
  15. Cariacica (RJ)
  16. São Luís (MA)
  17. Teresina (PI)
  18. Recife (PE)
  19. Belford Roxo (RJ)
  20. Canoas (RS)
Vista aérea de Macapá. A cidade tem os piores indicadores de saneamento básico entre os 100 maiores municípios do Brasil, segundo o Trata Brasil  — Foto: GEA/Divulgação
Vista aérea de Macapá. A cidade tem os piores indicadores de saneamento básico entre os 100 maiores municípios do Brasil, segundo o Trata Brasil — Foto: GEA/Divulgação

Diferenças regionais e políticas públicas

O estudo destaca que, historicamente, as cidades dos estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais ocupam as primeiras posições do ranking. Na outra ponta, entre os piores municípios, estão principalmente cidades das regiões Norte e Nordeste e do estado do Rio de Janeiro.

Essa diferença está relacionada ao estabelecimento de políticas públicas que incentivem o saneamento, diz Luana Pretto.

O Sudeste é muito forte em termos de política pública e de estabelecimento de metas. Já o Norte é uma região em que, muitas vezes, as empresas do setor foram sucateadas. Não há investimento adequado.

É possível constatar estas diferenças regionais por meio dos indicadores. Embora a média de cobertura de água tratada entre as 100 maiores cidades seja de 94,4%, em Porto Velho, por exemplo, apenas 32,9% da população tem acesso a este serviço.

Já em relação ao serviço de coleta de esgoto, Piracicaba e Bauru, no interior de São Paulo, coletam 100% do esgoto produzido. Já Ananindeua, no Pará, coleta apenas 4,1%.

São cidades que geralmente não têm planos municipais de saneamento e não há o estabelecimento de metas, nem a fiscalização e o aporte de recurso para realizar estas metas, diz Pretto.

Cobertura de água e esgoto melhorou nas 100 maiores cidades do país, mas o desperdício aumentou, aponta estudo do Instituto Trata Brasil — Foto: Kayan Albertin/g1
Cobertura de água e esgoto melhorou nas 100 maiores cidades do país, mas o desperdício aumentou, aponta estudo do Instituto Trata Brasil — Foto: Kayan Albertin/g1

Evolução dos investimentos nas capitais

O estudo também avaliou como o investimento em saneamento básico evoluiu entre 2016 e 2020 nas capitais do país. Neste período, foram investidos cerca de R$ 23 bilhões nestas cidades, sendo que São Paulo realizou quase metade desse investimento (R$ 11 bilhões). A capital paulista é seguida por Brasília (R$ 1,5 bilhão) e pelo Rio de Janeiro (R$ 1 bilhão).

Já considerando o investimento médio anual por habitante, Cuiabá foi a capital que mais investiu, com R$ 213,33 por pessoa. A segunda capital que mais investiu foi São Paulo, com R$ 180,97, seguida de Natal, com R$ 141,21.

O patamar nacional médio de investimento anual por habitante para atingir a universalização do saneamento, de acordo com dados do Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), é de R$ 113,30. A média das capitais, porém, ficou abaixo disso: R$ 91,03.

Os patamares mais baixos foram observados em João Pessoa, com R$ 26,36 por habitante, em Maceió, com R$ 21,61 por habitante, e em Macapá, com R$ 11,25 por habitante – o que justifica parcialmente sua posição como último do ranking.

Segundo Pretto, considerando que 2022 é um ano eleitoral, é importante que as pessoas tenham cada vez mais noção sobre a situação de saneamento básico do país para poder cobrar mais melhorias.

"O saneamento básico é um serviço que reflete diretamente na vida das pessoas. A partir do momento em que a dona Maria entende os reflexos positivos em educação, turismo, saúde, é importante que ela cobre que avanços sejam executados", diz. "Nós sabemos que leva um tempo para ter avanço em saneamento. Por isso que é necessário ter planejamento adequado, metas e recursos. É um tema importante que deve ser debatido e cobrado."

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