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quarta-feira, 18 de agosto de 2021

Jeff Bezos ou Elon Musk: a decisão que leva a Nasa aos tribunais

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A Nasa concedeu à SpaceX de Elon Musk um contrato para construir um sistema de pouso na lua, rejeitando a proposta de Jeff Bezos.
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TOPO
Por BBC

Postado em 18 de agosto de 2021 às 12h45m


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O fundador da Amazon e da empresa espacial Blue Origin, Jeff Bezos — Foto: Getty Images via BBC

O fundador da Amazon e da empresa espacial Blue Origin, Jeff Bezos — Foto: Getty Images via BBC

A disputada corrida para conquistar o espaço ganhou um novo episódio depois que o magnata americano Jeff Bezos decidiu processar a Nasa, a agência espacial dos Estados Unidos.

O fundador da Amazon e da empresa espacial Blue Origin tomou a decisão depois que a agência espacial americana decidiu assinar com a SpaceX de Elon Musk um contrato para construção de um sistema de pouso na lua.

Com este projeto - que inclui um investimento de US$ 2,9 bilhões (mais de R$ 15 bilhões), o objetivo é que os astronautas voltem à Lua em 2024, em missão que não é realizada desde 1972.

Bezos, assim como Musk, havia apresentado uma proposta à Nasa para fazer parte da construção deste módulo de pouso lunar, mas foi rejeitada.

A disputa é ainda mais complexa porque, embora a ideia original fosse que a construção seria feita por duas empresas, a Nasa acabou por contratar apenas uma por falta de recursos.

O que diz a Blue Origin?

Segundo a empresa do fundador da Amazon, há "problemas fundamentais" no acordo entre a Nasa e a Space X, que Bezos qualificou de "injusto".

Em um processo judicial, a Blue Origin disse que continuava acreditando que dois fornecedores são necessários para garantir o sistema de alunissagem.

Acusou também a Nasa de ter feito uma "avaliação ilegal e inadequada" de suas propostas durante o processo de licitação.

"Acreditamos fortemente que os problemas identificados nesta aquisição e seus resultados devem ser resolvidos para restaurar a equidade, criar concorrência e garantir um retorno seguro à Lua para a América", disse a empresa fundada por Bezos.

O que está por trás da decisão da Nasa?

Na época da concessão, a chefe de exploração humana da Nasa, Kathy Lueders, admitiu que o orçamento atual da agência espacial a impedia de selecionar duas empresas.

Isso porque o Congresso dos Estados Unidos concedeu apenas US$ 850 milhões dos US$ 3,3 bilhões que havia sido solicitado para a execução do projeto.

Diante dessa situação, em julho, Bezos se ofereceu para cobrir até US$ 2 bilhões dos custos da Nasa para que o contrato fosse reconsiderado, mas sua oferta foi rejeitada.

Outro fator citado pela Nasa para aceitar a proposta da SpaceX é o histórico de missões orbitais da empresa de Elon Musk.

Além disso, acredita-se que o custo tenha desempenhado um papel importante - a oferta da SpaceX foi a mais barata de todas.

O órgão fiscalizador dos EUA (Government Accountability Office, ou GAO), rejeitou a reclamação da Blue Origin, afirmando que a Nasa não havia "agido indevidamente" ao entregar o contrato a uma única empresa.

Agora, a agência espacial dos EUA deve apresentar uma resposta à ação legal antes de 12 de outubro. A SpaceX ainda não comentou o processo.

O que a viagem de Bezos ao espaço e um arremesso de basquete têm em comum:

O que a ida de Bezos ao espaço e um arremesso de basquete tem em comum
O que a ida de Bezos ao espaço e um arremesso de basquete tem em comum

Quando será nossa vez de ir ao espaço? Confira no vídeo abaixo:

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Por que o Brasil avançou na 1ª dose da vacina contra a Covid-19, mas o percentual de totalmente imunizados ainda é tão menor?

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Falta de campanhas e busca ativa, atrasos no registro, maior prazo na aplicação da AstraZeneca e da Pfizer, problemas no planejamento e ritmo da vacinação explicam disparidade entre as doses no país, segundo especialistas. Na comparação com outros países, é possível ver que índices de vacinados com uma e duas doses são bem próximos.
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Por Felipe Grandin, G1

Postado em 18 de agosto de 2021 às 07h15m


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O Brasil chegou nesta terça-feira (17) a 55,58% da população vacinada com pelo menos uma dose de vacina contra a Covid-19, segundo dados do consórcio de veículos de imprensa. O percentual é equivalente ao de países que começaram a vacinar mais cedo, como os Estados Unidos, que têm 59% de vacinados com ao menos uma dose.

No entanto, apenas 24,36% dos brasileiros estão totalmente imunizados, seja com a segunda dose das vacinas Coronavac, AstraZeneca e Pfizer, seja com a dose única da Janssen.

Já nos EUA quase todos os vacinados já completaram o esquema vacinal. O percentual é de 50%.

Especialistas ouvidos pelo G1 afirmam que a disparidade entre primeira e segunda doses no Brasil se deve a uma série de motivos, como a falta de campanhas de conscientização e busca ativa pelos governos, falta de vacinas e problemas no planejamento e o ritmo da vacinação.

No vídeo abaixo, de março de 2021, o microbiologista Atila Iamarino explica a importância da segunda dose da vacina contra o coronavírus.
Por que são necessárias 2 doses da vacina contra Covid; entenda
Por que são necessárias 2 doses da vacina contra Covid; entenda

Veja a lista dos motivos:

  • Falta de campanhas e busca ativa para segunda dose
  • Falta de vacinas e incerteza no planejamento
  • Atrasos no registro dos dados de vacinação
  • Prazo de 3 meses entre as aplicações das doses da AstraZeneca e Pfizer
  • Ritmo de vacinação diferente

Os especialistas alertam também que a primeira dose das vacinas já tem efeitos no combate ao vírus, mas ainda é insuficiente para combater a transmissão e casos leves. Por isso, as restrições não devem ser totalmente relaxadas e os cuidados devem ser mantidos.


Falta de campanhas e busca ativa

"A gente não tem nenhuma campanha de comunicação oficial pra falar da importância da segunda dose", afirma a professora da Ufes e doutora em epidemiologia Ethel Maciel.

"Estamos nós pesquisadores e a imprensa falando, mas, enfim, a gente não tem os nossos órgãos oficiais, o Ministério da Saúde, fazendo campanhas publicitárias."

Além disso, segundo a especialista, não há uma busca ativa das pessoas que tomaram a primeira dose para quem voltem e completem o esquema vacinal.

Esse trabalho devia ser feito pelos municípios, com o contato direto dos parcialmente imunizados, mas não é adotado de forma generalizada ao redor do país, diz.

Falta de vacinas e incerteza no planejamento

As interrupções no fornecimento da vacina ao longo dos últimos meses, a falta de previsão de estados e municípios do número de doses a serem recebidas e das datas de envio criaram incerteza tanto para os municípios quanto para os cidadãos, afirma Ethel.

"Com a desorganização da campanha no Brasil, a falta de imunizante, a pessoa já não tem um agendamento automático, 'tem que vir tal dia', não. Na maioria dos estados, tem que marcar, tem que ter acesso a internet, nem sempre é simples."

"Então, todas essas barreiras foram colocadas, porque a gente não tinha dose. E aí você não sabia se ia ter dose naquele dia que está marcado. A pessoa tem que entrar no site de novo, reagendar para tomar a segunda dose. Vão sendo criadas barreiras. Não é só chegar na unidade de saúde e se vacinar."
Jovem é vacinada apenas na repescagem da campanha contra a Covid-19 em Macapá — Foto: Rafaela Bittencourt/Rede Amazônica
Jovem é vacinada apenas na repescagem da campanha contra a Covid-19 em Macapá — Foto: Rafaela Bittencourt/Rede Amazônica

Atrasos no registro dos dados de vacinação

O pesquisador Marcelo Gomes, do Programa de Computação Científica da Fiocruz, ressalta também que parte da diferença se deve aos atrasos nos registros de vacinação.

"O dado de vacinação é sempre muito atrasado em relação à aplicação em si", afirma. "O dado recente está sempre subrepresentado."

Como as segundas doses foram aplicadas mais recentemente, tendem a ser mais afetadas por esses atrasos que as primeiras doses dadas semanas ou meses antes.

Prazos mais longos

Outra diferença destacada pelos especialistas está nos intervalos adotados pelo Brasil para as vacinas AstraZeneca e Pfizer.

A bula da AstraZeneca, que responde por quase metade das doses aplicadas na população brasileira, recomenda intervalo de 4 a 12 semanas. O Ministério da Saúde adota 12 semanas, já que a vacina oferece proteção parcial de 76% já 21 dias após a primeira aplicação.

No Reino Unido, o intervalo adotado foi de quatro semanas.

Alguns estados brasileiros, no entanto, estão reduzindo este prazo para aumentar a proteção contra a variante Delta.

No caso da Pfizer, uma das vacinas mais aplicadas nos Estados Unidos, o fabricante recomenda o intervalo de 21 dias, assim como a Organização Mundial de Saúde (OMS). O Brasil, no entanto, preferiu estabelecer 12 semanas entre as doses, justificando que é o mesmo adotado pelo Reino Unido.

Intervalo adotado para vacinas é uma das explicações da discrepância para outros países — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Intervalo adotado para vacinas é uma das explicações da discrepância para outros países — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Ritmo de vacinação diferente

O infectologista Marcelo Otsuka, coordenador do Comitê de Infectologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Infectologia, afirma que a disparidade é explicada também pelo ritmo de vacinação.

Países como EUA, Reino Unido e Israel avançaram rapidamente no início do ano, chegaram a um patamar e estacionaram. Ao longo dos meses, a segunda dose foi avançando também e foi aplicada na maioria dos vacinados.

Já o Brasil começou lentamente a vacinação, por falta de doses, e nos últimos meses registrou um salto nas aplicações.

"Em alguns países, o ritmo de vacinação até foi maior no início e diminuiu com o tempo. Então, as pessoas que tomaram vacina mais rapidamente tiveram tempo de tomar a segunda dose. No Brasil aconteceu exatamente o oposto, nós tivemos um ritmo muito lento inicial de vacinação. E agora que a gente teve um boom de vacinação mais importante", explica.

"Os Estados Unidos, por exemplo, atingiram esses 50% há muito tempo", diz. "Mas eles pararam de progredir."

Otsuka não acredita que o mesmo aconteça no Brasil. "Acho bem menos provável. Não (acho que vai acontecer) na escala de outros países."

Discrepância nos estados

Entre os estados brasileiros, São Paulo é o que tem o maior percentual de pessoas com pelo menos uma dose de vacina: 68%. É também o que tem a maior disparidade em relação à segunda dose. Ao todo, 29% dos paulistas foram totalmente imunizados.

O Mato Grosso do Sul é o que tem o maior número de totalmente imunizados: 38%. Com pelo menos uma dose são 58%.


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terça-feira, 17 de agosto de 2021

Inflação elevada e auxílio emergencial menor reduzem qualidade do prato feito dos mais pobres no Brasil

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Com alta dos preços, redução do auxílio emergencial e desemprego elevado, brasileiros têm dificuldades para comprar alimentos; cesta básica de julho em custou mais que a metade do valor do salário mínimo atual.
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Por Patrícia Basilio, G1

Postado em 17 de agosto de 2021 às 11h25m


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A vendedora de milho Liane de Souza: carne vermelha só aos fins de semana — Foto: Patrícia Basilio
A vendedora de milho Liane de Souza: carne vermelha só aos fins de semana — Foto: Patrícia Basilio

De segunda a sábado, Liane de Souza vende milho cozido com seus filhos, em frente a um açougue no centro de São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. A rotina é cansativa e as vendas são imprevisíveis, principalmente neste inverno, considerado um dos mais frios no estado em quase uma década.

Com o dinheiro que recebe das vendas semanalmente, a ambulante segue direto ao supermercado para comprar alimento para a família. Na lista, cabem apenas itens essenciais, como arroz, feijão e carne de frango ou porco.

A carne vermelha, que Liane vê à venda no açougue atrás de sua barraca, ela afirma adquirir apenas aos domingos e só a de última qualidade.

"Só quem come carne agora é quem é rico. Nós que somos pobres agora só comemos frango e porco. Um quilo de carne vermelha está R$ 40. Com R$ 40, eu compro frango para uma semana. Faz muito tempo que tenho vontade de comer um bife", disse a vendedora de milho.

Segundo Liane, a carne vermelha não é o único peso de seu orçamento doméstico. O preço do gás de cozinha também está deixando as contas de casa pesadas e, pior, reduzindo o lucro de suas vendas, uma vez que o milho é cozido a gás.

"O movimento aqui varia muito e tem horas que fico só gastando gás. Eu pagava R$ 4 na manteiga que uso, agora pago R$ 8. A gente tem que fazer pouca dívida para pagar as que têm", afirmou.

Liane retrata um cenário cada vez mais comum no Brasil, após a pandemia da Covid-19: o de brasileiros que estão com menor poder de compra e, desta forma, têm dificuldades para adquirir itens essenciais da cesta básica, como arroz, feijão e carne — o famoso prato feito.

Queda do poder de compra do brasileiro — Foto: G1
Queda do poder de compra do brasileiro — Foto: G1

Pesquisa realizada pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) aponta que a proporção entre o valor da cesta básica e do salário mínimo em julho foi de 58%. Ou seja, uma cesta custou em julho mais que a metade do valor do salário mínimo atual, de R$ 1.100 (veja gráfico acima).

Esse índice passou a subir em outubro do ano passado e em novembro e dezembro atingiu 60% (uma cesta custa 60% do salario mínimo), maior percentual mensal em 13 anos (julho de 2008).

Segundo Patrícia Costa, economista sênior do Dieese, itens básicos da alimentação estão mais pesados no orçamento do brasileiro desde o final do ano passado por diversos fatores. O principal foi a inflação.

Inflação segue acelerando

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – a inflação oficial do país acelerou a alta para 0,96% em julho, após ter registrado taxa de 0,53% em junho. A variação foi a maior registrada para o mês de julho desde 2002. Além da conta de luz, houve aumento também nos combustíveis, no gás de cozinha e, claro, nos alimentos. Em 12 meses, a inflação no país chegou a 8,99%.

A desvalorização do câmbio também contribuiu. Com as incertezas do país, os produtores optaram por exportar os alimentos, no lugar de vender para o mercado interno — aumentando o preço aos consumidores locais.

"Este mês, as consequências da geada vão aparecer com os preços dos alimentos mais caros, como o trigo. A questão é que as pessoas já não conseguem comprar com tantos aumentos. De um lado tem a oferta pressionando que os preços subam, de outro tem a demanda que está caindo", explicou a economista.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE), no acumulado em 12 meses, o arroz teve alta de 39,69%, o feijao preto, de 19,13%, as carnes vermelhas, de 34,38%, o tomate, de 42,96%, e o óleo de soja, de 84,31%.

Ossos e fragmentos de arroz e feijão entram no prato do brasileiro
Ossos e fragmentos de arroz e feijão entram no prato do brasileiro

Para agravar o cenário, o Auxílio Emergencial 2021 passou a variar de R$ 150 a R$ 375, de acordo com a composição de cada família. Em 2002, era de R$ 300 a R$ 600.

Com a assistência financeira menor e inflação maior, brasileiros sem trabalho por conta da crise perderam o poder de compra para a própria subsistência, analisou Maria Andréia Parente Lameiras, técnica de planejamento e pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

"Para as pessoas mais pobres, essa alta de preços é mais pesada porque elas não têm de onde tirar o dinheiro. Ou elas pedem emprestado ou fazem trocas que não têm o mesmo valor nutricional", analisou Maria Andréia.

Inflação em alta no Brasil — Foto: G1
Inflação em alta no Brasil — Foto: G1

Fragmentos de arroz

Diferentemente de Liane — que consegue comer seu prato feito diário, ainda que sinta falta da carne vermelha — a classe social citada pela pesquisadora do Ipea substitui alimentos da cesta básica por outros pouco vendidos em supermercados, como fragmentos de arroz e de feijão e até ossos de boi.

Os fragmentos de arroz são grãos que quebraram durante a etapa de polimento e foram separados dos demais. Por conta de seu aspecto, 1 kg deste produto custa custa 12% menos que a mesma quantidade de arroz branco. De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), apesar dos fragmentos serem utilizados em ração para animais, eles também são autorizados para consumo humano e têm os mesmos nutrientes de um grão inteiro.

A Rampielli Alimentos é uma das marcas que comercializa o produto. Nas redes sociais, empresa afirma que vende fragmentos de arroz desde 2016 para preparo de sopas e caldos.

Reportagem do Fantástico mostrou, em julho, pessoas formando filas para receber de pedaços de ossos com retalhos de carne em Cuiabá. O açougue, que distribui os ossos há dez anos, diz que isso acontecia antes apenas uma vez por semana e, agora, são três.

Inflação maior para os mais pobres

Os Índices de Preços ao Consumidor do Instituto Brasileiro de Economia da FGV mostram o peso da alimentação entre os mais pobres de forma estatística. A inflação em 12 meses é maior para famílias com renda per capita de até 2,5 salários mínimos (IPC-C1) do que para as que têm renda per capita de até 33 salários mínimos (IPC-DI).

Isso significa a alta de preços dos alimentos têm um peso maior para famílias que recebem até R$ 2.750, explicou Matheus Peçanha, economista da FGV.

"Está quase impossível fazer frente aos grandes aumentos com o Auxílio Emergencial de R$ 150. Quandos as políticas públicas não alcançam, as pessoas vão começar a depender de caridade", disse Peçanha.

Com pandemia e inflação, brasileiro passa a comer mais salsicha, pão com presunto e mingau
Com pandemia e inflação, brasileiro passa a comer mais salsicha, pão com presunto e mingau

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Poluição do ar mascara 0,5ºC do aquecimento global nos centros urbanos, diz pesquisador da USP em relatório da ONU

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Estudo mostra que ações melhoram a qualidade do ar, podem piorar aquecimento global, ou vice-versa. Cientista Paulo Artaxo diz que empresas, indivíduos e governos têm que se engajar, com cada um implementando ações da sua competência.
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Por G1 SP

Postado em 17 de agosto de 2021 às 10h00m


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Foto de arquivo mostra vista da Marginal Tietê junto à Ponte da Freguesia do Ó, na zona norte de São Paulo, com destaque para a poluição do ar — Foto: Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo
Foto de arquivo mostra vista da Marginal Tietê junto à Ponte da Freguesia do Ó, na zona norte de São Paulo, com destaque para a poluição do ar — Foto: Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo

A poluição do ar mascara o aquecimento global nos grandes centros urbanos e gera o efeito positivo de resfriamento do clima, de acordo com o mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC, sigla em inglês) publicado na segunda-feira (9).

O cientista Paulo Artaxo, professor titular do Instituto de Física da USP e autor do capítulo do estudo dedicado os poluentes de vida curta emitidos em áreas urbanas, como os aerossóis, explicou ao G1 que a abordagem do mascaramento da temperatura e a quantificação disso estão entre as grandes novidades desta edição do relatório.

"Mascaram 0,5°C do aquecimento. Então se as mudanças climáticas causadas pelos seres humanos levaram a um aumento de 1,1°C na temperatura do planeta e existe esse mascaramento, o aumento é de 1,6°C nos centros urbanos", explicou Artaxo.
Enchentes, neve e calor extremo: como as mudanças climáticas afetam o planeta
Enchentes, neve e calor extremo: como as mudanças climáticas afetam o planeta

O estudo esclarece que mudança climática e qualidade do ar estão intimamente relacionadas, sendo a primeira um resultado da emissão de gases que impactam a atmosfera por séculos, enquanto a segunda é impactada por emissões cujos efeitos têm escala de tempo mais curta, durando dias ou anos, e, por isso, têm efeitos mais regionais.

De acordo com o relatório é possível implementar políticas "ganha-ganha", em que se limitam as mudanças climáticas, ao mesmo tempo em que se melhora a qualidade do ar. No entanto, nem sempre essa relação é equilibrada, pois algumas ações são neutras e outras são de ganha-perde, que melhoram a qualidade do ar, mas causam aquecimento global, ou vice-versa.

"A eletrificação da frota veicular, o fim da queima de carvão, o investimento em energia eólica e solar são ações que diminuem a presença dos aerossóis e isso é bom para a qualidade do ar. Por outro lado, sem eles, a temperatura do planeta aumenta 0,5°C, já que removemos o componente que mascara 1/3 do problema. Ou seja, o estudo mostra que a questão do aquecimento global é um pouco pior do que observamos", disse Paulo Artaxo.

Paulo Artaxo, doutor em física atmosférica pela Universidade de São Paulo — Foto: Divulgação/USP Imagens
Paulo Artaxo, doutor em física atmosférica pela Universidade de São Paulo — Foto: Divulgação/USP Imagens

A maioria das atividades humanas, segundo o estudo, geram tanto alterações climáticas, quando degradação da qualidade do ar, como a produção de energia, a agricultura, o transporte, os processos industriais, o uso de aquecedores e ar-condicionados, ou mesmo acender a uma lareira. Desse modo, o que o relatório mostra é que a qualidade do ar e as mudanças climáticas representam as duas faces da mesma moeda, e devem ser abordadas em conjunto.

"O relatório já dá a receita: temos que reduzir as emissões já. Qual a data limite pra agir agressivamente? Foi ontem. As empresas, os indivíduos e os governos têm que se engajar, com cada um implementando ações da sua competência. Na cidade de São Paulo temos 33 mil ônibus, todos queimando combustíveis fosseis. Por que não ônibus elétricos ou de baixa emissão? É possível? É. É barato? É. É factível? É. É uma questão política relacionada a grupos econômicos", concluiu Paulo Artaxo.

O relatório da ONU indica que o impacto da ação humana já está perto do limite de 1,5ºC de aumento da temperatura global que foi definido em 2015 durante a COP21, no Acordo de Paris. À época, os países presentes se comprometeram com algumas metas para conseguir barrar as mudanças do planeta, incluindo o Brasil, que diz querer atingir a neutralidade nas emissões de gases causadores do efeito estufa até 2060.

O IPCC foi criado em 1988 pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e pela Organização Meteorológica Mundial com o objetivo de sintetizar e divulgar o conhecimento mais avançado sobre as mudanças climáticas.
Relatório da ONU aponta ação humana no aquecimento global
Relatório da ONU aponta ação humana no aquecimento global

Perspectiva: 9 pontos do impacto

Abaixo, veja nove pontos do impacto do aumento da temperatura global na vida na Terra, segundo o relatório do IPCC:

  1. A temperatura da superfície terrestre subiu mais rapidamente desde 1970 do que em qualquer outro período de 50 anos visto nos últimos 2 mil anos;
  2. As ondas de calor se tornaram mais frequentes e mais intensas em quase todos os continentes do planeta desde 1950, enquanto frios extremos se tornaram menos frequentes e menos severos;
  3. Nas últimas 4 décadas, houve um aumento da proporção de ciclones tropicais;
  4. A influência humana aumentou a chance de eventos extremos desde 1950 e isso inclui a frequência da ocorrência de ondas de calor, secas em escala global, incidência de fogo e inundações.
  5. Em 2019, a concentração de CO² na atmosfera era maior do que em qualquer outro momento nos últimos 2 milhões de anos e a concentração de metano e óxido nitroso era a maior em 800 mil anos;
  6. As ondas de calor marítimas ficaram aproximadamente duas vezes mais frequentes desde 1980;
  7. Entre 2011 e 2020, a área média de gelo no Ártico atingiu seu número mais baixo desde pelo menos 1850 e era, no final do verão, menor do que em qualquer época nos últimos mil anos;
  8. O recuo das geleiras – com uma redução sincronizada em qualquer todas as geleiras do mundo desde os anos 50 — é sem precedentes pelo menos pelos últimos 2 mil anos;
  9. O nível médio do mar aumentou mais rápido desde 1900 do que em qualquer século em pelo menos nos últimos 3 mil anos.
Grande camada de poluição é vista no céu da região central de São Paulo na manhã desta segunda-feira (16)  — Foto: Nelson Antoine/Estadão Conteúdo
Grande camada de poluição é vista no céu da região central de São Paulo na manhã desta segunda-feira (16) — Foto: Nelson Antoine/Estadão Conteúdo

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