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quarta-feira, 9 de junho de 2021

Amazônia: indígenas viveram na floresta por 5 mil anos sem destruir bioma, mostra estudo

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A investigação analisou camadas de solo em busca de evidências fósseis microscópicas de impacto humano e lança luz sobre um longo debate sobre o quanto a paisagem local foi transformada por seus primeiros habitantes.
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TOPO
Por Victoria Gill, BBC

Postado em 09 de junho de 2021 às 12h15m


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Pesquisadores estudaram uma área de floresta em um ponto remoto do nordeste do Peru — Foto: Alvaro Del Campo
Pesquisadores estudaram uma área de floresta em um ponto remoto do nordeste do Peru — Foto: Alvaro Del Campo

Os povos indígenas viveram na floresta amazônica por milênios "sem causar perdas ou distúrbios detectáveis de espécies", concluiu um estudo publicado na revista PNAS.

Cientistas que trabalham no Peru pesquisaram camadas de solo em busca de evidências fósseis microscópicas de impacto humano. Eles descobriram que as florestas não foram "desmatadas, cultivadas ou de outra forma significativamente alteradas na Pré-História".

Dolores Piperno, do Smithsonian Tropical Research Institute em Balboa, no Panamá, que liderou o estudo, disse que as evidências podem influenciar o debate moderno sobre conservação — revelando como as pessoas poderiam viver na Amazônia enquanto preservam sua biodiversidade.
Dolores Piperno trabalha no Museu de História Natural do Smithsonian em Washington DC e no Tropical Research Institute no Panamá — Foto: Smithsonian
Dolores Piperno trabalha no Museu de História Natural do Smithsonian em Washington DC e no Tropical Research Institute no Panamá — Foto: Smithsonian

As descobertas de Piperno também informam um longo debate sobre o quanto a paisagem da Amazônia foi moldada por povos indígenas.

Algumas pesquisas sugeriram que a paisagem foi formada de forma ativa e intensa pelos povos indígenas antes da chegada dos europeus à América do Sul. Estudos recentes demonstraram que as espécies de árvores que hoje dominam a floresta foram plantadas por habitantes humanos pré-históricos.

Piperno disse à BBC News que as novas descobertas fornecem evidências de que o uso da floresta tropical pela população indígena "foi sustentável, não causando perdas ou distúrbios detectáveis de espécies, ao longo de milênios".

Para encontrar essa evidência, ela e seus colegas realizaram uma espécie de arqueologia botânica — escavando e datando o solo para construir um quadro da história da floresta tropical. Eles examinaram três locais, em uma parte remota do nordeste do Peru.
Fitólitos são fósseis de plantas microscópicas — Foto: Dolores Piperno/Smithsonian
Fitólitos são fósseis de plantas microscópicas — Foto: Dolores Piperno/Smithsonian

Todos estavam a pelo menos 1 km de cursos de rios e várzeas, conhecidas como "zonas interfluviais". Essas florestas representam mais de 90% da área territorial da Amazônia, portanto, estudá-las é fundamental para entender a influência indígena na paisagem como um todo.

Em cada camada de sedimento, cientistas procuraram fósseis de plantas microscópicas chamados fitólitos — registros minúsculos do que cresceu na floresta ao longo de milhares de anos.

"Encontramos muito poucos sinais de modificação humana ao longo de 5 mil anos", disse Piperno.

"Portanto, acho que agora temos muitas evidências de que essas florestas próximas ao rio foram menos ocupadas e menos modificadas."

Suzette Flantua, da Universidade de Bergen, é pesquisadora do projeto Humanos no Planeta Terra (Humans on Planet Earth, ou Hope). Segundo ela, este é um estudo importante sobre a história da influência humana sobre a biodiversidade na Amazônia.

"É como montar um quebra-cabeça de extensão enorme, onde estudos como este estão lentamente construindo evidências que apoiam ou contradizem a teoria de que a Amazônia de hoje é uma grande floresta secundária após milhares de anos de manejo humano", disse ela. "Será fascinante ver qual lado do debate acabará tendo as evidências mais conclusivas."
Pesquisadores coletaram amostras de solo da floresta tropical — Foto: Corine Vriesendorp
Pesquisadores coletaram amostras de solo da floresta tropical — Foto: Corine Vriesendorp

Cientistas afirmam que suas descobertas também ressaltam o valor do conhecimento indígena para ajudar a preservar a biodiversidade da Amazônia, por exemplo, orientando a seleção das melhores espécies para replantio e restauração.

"Os povos indígenas têm um conhecimento tremendo sobre sua floresta e seu meio ambiente", disse Piperno, "e isso precisa ser incluído em nossos planos de conservação."

Flantua concorda: "Quanto mais tempo esperamos, mais provável é que esse conhecimento se perca. Agora é a hora de integrar conhecimento e evidências e estabelecer um plano de gestão sustentável para a Amazônia".

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terça-feira, 8 de junho de 2021

FBI planta celulares 'criptografados' em quadrilhas e mais de 800 são presos em investigação mundial

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Telefones foram vendidos ao crime organizado durante 3 anos e resultou na operação 'Escudo de Troia', que apreendeu toneladas de drogas e milhões em dinheiro e criptomoedas, além de armas.
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Por G1

Postado em 08 de junho de de 2021 às 15h40m


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Foto sem data fornecida pela polícia da Nova Zelândia mostra uma caixa com grande quantidade de dinheiro apreendida na operação "Escudo de Troia" — Foto: Polícia da Nova Zelândia via AP
Foto sem data fornecida pela polícia da Nova Zelândia mostra uma caixa com grande quantidade de dinheiro apreendida na operação "Escudo de Troia" — Foto: Polícia da Nova Zelândia via AP

Uma investigação mundial em que telefones "criptografados" foram vendidos ao crime organizado resultou em uma operação com mais de 800 prisões e a apreensão milhões de dólares, toneladas de drogas, centenas de armas e dezenas de carros de luxo, disseram autoridades nesta terça-feira (8).

A operação "Trojan Shield" ("Escudo de Troia", em tradução livre) foi concebida em 2018 pela polícia australiana e pelo FBI, a Polícia Federal americana. Os celulares foram "plantados" durante três anos e podiam ser monitorados.

O FBI ajudou a infiltrar 12 mil aparelhos em 300 grupos criminosos em mais de 100 países, afirmou Calvin Shivers, da Divisão de Investigação Criminal da Polícia Federal americana, a repórteres em Haia.

Quase 20 milhões de mensagens foram interceptadas.
A agente especial do FBI, Suzanne Turner, durante coletiva de imprensa sobre a operação "Escudo de Troia" nesta terça (8) — Foto: Mike Blake/Reuters
A agente especial do FBI, Suzanne Turner, durante coletiva de imprensa sobre a operação "Escudo de Troia" nesta terça (8) — Foto: Mike Blake/Reuters

A operação envolveu também a polícia europeia e resultou em prisões na Austrália, na Ásia, na Europa, na América do Sul e no Oriente Médio de envolvidos no tráfico internacional de drogas.

Foram apreendidos US$ 148 milhões em dinheiro e criptomoedas (cerca de R$ 750 milhões) e 32 toneladas de drogas (incluindo mais de oito toneladas de cocaína e também maconha, anfetaminas e metanfetaminas) em todo o mundo, além de 250 armas de fogo e 55 carros de luxo.

Não há informações sobre a participação do Brasil na operação até o momento.
Foto sem data fornecida pela polícia da Nova Zelândia mostra maconha apreendida na operação "Escudo de Troia" — Foto: Polícia da Nova Zelândia via AP
Foto sem data fornecida pela polícia da Nova Zelândia mostra maconha apreendida na operação "Escudo de Troia" — Foto: Polícia da Nova Zelândia via AP

A polícia no bolso

A "Trojan Shield" começou quando autoridades americanas pagaram a um traficante de drogas condenado para dar-lhes acesso a um smartphone e instalou o "ANOM", um aplicativo de mensagens criptografadas.

Telefones "criptografados" passaram então a ser vendidos para redes de crime organizado, por meio de distribuidores no submundo do crime, por US$ 2 mil cada um (mais de R$ 10 mil).

Os celulares não tinham e-mail nem serviço de ligação ou GPS e era necessário enviaram um código por outro usuário do ANOM para que o dispositivo funcionasse. O serviço de mensagens "seguro" era escondido em um aplicativo de calculadora.

"Os aparelhos circulavam organicamente e se tornaram populares entre os criminosos, que confiavam na legitimidade do aplicativo porque figuras reconhecidas do crime organizado os defendiam", afirmou a polícia da Austrália em um comunicado.

A descoberta

A infiltração acabou em março deste ano, quando o usuário "canyouguess67" apontou no WordPress que o ANOM era uma "farsa" e que um dispositivo que havia testado estava "em contato permanente" com os servidores do Google e transmitia dados para outros não seguros na Austrália e nos EUA.

"É preocupante ver uma série de endereços IP vinculados a muitas corporações dentro da Five Eyes", dizia a publicação antes de ser removida. Five Eyes ("Cinco Olhos") é o nome da aliança de inteligência entre Austrália, EUA, Canadá, Reino Unido e Nova Zelândia.

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Vendas do comércio crescem 1,8% em abril e setor elimina perdas de março

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Com o resultado, setor voltou a ficar acima do patamar pré-pandemia. Foi a maior alta para abril desde 2000, após queda de 1,1% em março. Vendas de móveis e eletrodomésticos saltam quase 25%.
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Por Darlan Alvarenga e Daniel Silveira, G1

Postado em 08 de junho de 2021 às 11h00m


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Vendas cresceram 1,8% em abril na comparação com março, mostra IBGE
Vendas cresceram 1,8% em abril na comparação com março, mostra IBGE

As vendas do comércio varejista cresceram 1,8% em abril, na comparação com março, apontam os dados divulgados nesta terça-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Trata-se da maior alta para um mês de abril em 21 anos, mesmo em meio às restrições ainda impostas pelas medidas de combate ao coronavírus.

Com o resultado, o setor eliminou a queda de 1,1% em março e voltou a ficar acima do patamar pré-pandemia, depois de ter ido abaixo dele no mês anterior.
Vendas do comércio voltam a crescer em abril — Foto: Economia/G1
Vendas do comércio voltam a crescer em abril — Foto: Economia/G1

Na comparação com abril do ano passado, a alta foi de 23,8% – a segunda taxa positiva consecutiva.

Segundo o IBGE, com o resultado de abril o varejo ficou 1% acima do patamar pré-pandemia. O setor acumula crescimento de 4,7% no ano e de 3,6% nos últimos 12 meses.

O resultado veio bem acima do esperado pelo mercado. A expectativa em pesquisa da Reuters era de avanços de 0,1% na comparação mensal e de 19,8% sobre um ano antes.
Resultado acumulado em 12 meses para as vendas do comércio teve salto em abril — Foto: Economia/G1
Resultado acumulado em 12 meses para as vendas do comércio teve salto em abril — Foto: Economia/G1

Vendas de móveis e eletrodomésticos saltam quase 25%

Das 8 atividades pesquisadas, 7 tiveram aumento nas vendas na passagem de março para abril. A maior alta foi em móveis e eletrodomésticos (24,8%), seguida de tecidos, vestuário e calçados, de 13,8%.

Segundo o IBGE, a pandemia tem provocado mudanças na estrutura de consumo das famílias e no calendário de promoções do comércio.

"Abril foi um momento em que as grandes lojas de móveis e eletrodomésticos acabaram focando na receita de consumo das famílias, destacou o gerente da pesquisa, Cristiano Santos. 

Veja o desempenho de cada um dos segmentos em abril:
  • Combustíveis e lubrificantes: 3,4%
  • Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo: -1,7%
  • Tecidos, vestuário e calçados: 13,8%
  • Móveis e eletrodomésticos: 24,8%
  • Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria: 0,9%
  • Livros, jornais, revistas e papelaria: 3,8%
  • Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação: 10,2%
  • Outros artigos de uso pessoal e doméstico: 6,7%
  • Veículos, motos, partes e peças: 20,3% (varejo ampliado)
  • Material de construção: 10,4% (varejo ampliado)

A receita nominal do varejo acumulou alta de 1,4% em abril, frente a março. Na comparação com abril de 2020, houve alta de 36,1%.

Vendas de veículos e de material de construção têm forte alta

Pelo conceito varejo ampliado, que inclui "Veículos, motos, partes e peças" (20,3%) e de "Material de construção" (10,4%), o aumento no volume de vendas foi de 3,8%. Ambas as atividades haviam recuado no mês anterior. Frente a abril de 2020, o avanço foi de 41%. No acumulado no ano, a alta chegou a 9,2% e no acumulado em 12 meses, 3,5%.

Só vendas de supermercados caíram

A única queda foi observada em hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1,7%). Esse setor representa quase metade do volume de vendas pesquisado.

Segundo o gerente da pesquisa, em março, diante das medidas restritivas de funcionamento do comércio, o consumo das famílias se concentrou em hiper e supermercados. Em abril, com a retomada das atividades, o consumo se espalhou nas outras atividades que haviam registrado perdas no mês anterior.

"A atividade de hiper e supermercados perde um pouco de fôlego para outras atividades que tiveram perdas razoáveis em março, como tecidos e vestuário", anfatizou.

O pesquisador ponderou, ainda, que a inflação de alimentos não influenciou a queda das vendas de supermercados em abril.

Apesar do comércio brasileiro ter retomado o patamar pré-pandemia em abril, os dados do IBGE mostram que a recuperação do setor segue bastante desigual, com diversos segmentos ainda no vermelho. Veja gráfico abaixo:
Nível de vendas do comércio varejista ficou 1% acima do registrado em fevereiro de 2020, antes da pandemia — Foto: Economia/G1
Nível de vendas do comércio varejista ficou 1% acima do registrado em fevereiro de 2020, antes da pandemia — Foto: Economia/G1

O que observamos é que está aumentando a volatilidade mês a mês. Se olharmos os últimos índices, veremos que o comércio está tendo movimentos de mais ganhos e mais perdas. Um mês acaba rebatendo o outro, porque em um mês teve uma receita maior e no outro teve uma teve uma receita menor, destacou Santos. 
Avanço na maior parte do país

De março para abril, na série com ajuste sazonal, as vendas do comércio tiveram alta em 21 das 27 unidades da federação, com destaque para Distrito Federal (19,6%), Rio Grande do Sul (14,9%) e Amapá (10,8%). Já as maiores quedas foram em Mato Grosso (-1,4%) , Alagoas (-1,1%) e Sergipe (-0,8%).

No comércio varejista ampliado, houve alta em 25 unidades da federação, com destaque para Ceará (18,7%), Bahia (17,7%) e Tocantins (17,2%).

Repercussão e perspectivas

"O mês de abril foi marcado pelo início da reabertura da economia após as restrições impostas em março e pelo retorno do auxílio emergencial, fatores determinantes para a recuperação. Após uma surpresa positiva com a atividade no primeiro trimestre, o volume de vendas no varejo indica uma retomada mais forte no segundo trimestre", avaliou Felipe Sichel, estrategista-chefe do banco Modalmais.

Os analistas do mercado financeiro elevaram a expectativa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2021 para 4,36%, segundo a última pesquisa Focus do Banco Central. Apesar das incertezas ainda elevadas, os indicadores econômicos dos primeiros meses do ano têm surpreendido positivamente e a perspectiva é de melhora nos próximos meses.

O Índice de Confiança Empresarial (ICE), por exemplo, subiu 7,9 pontos em maio e atingiu o maior nível desde março de 2014, último mês antes da recessão de 2014-2016.

Apesar da melhora nas projeções para 2021, a recuperação ainda enfrenta riscos. Economistas ouvidos pelo G1 destacam que o avanço da vacinação conta a Covid-19 e a dinâmica da pandemia no país seguem como a principal incerteza, mas que também são fatores de preocupação a delicada situação das contas públicas, a inflação elevada, o desemprego em patamar recorde e o risco de racionamento de energia.

Lojistas de Petrolina apostam em boas vendas para o Dia dos namorados
Lojistas de Petrolina apostam em boas vendas para o Dia dos namorados

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segunda-feira, 7 de junho de 2021

Como existência de OVNIs passou a ser levada mais a sério pelos EUA

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Um tema até pouco tempo atrás classificado como teoria da conspiração ou piada vem sendo debatido com seriedade em Washington: a existência de objetos voadores não identificados (OVNIs).
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Por BBC

Postado em 07 de junho de 2021 às 19h10m


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O Departamento de Defesa dos Estados Unidos reconheceu a veracidade de três vídeos em que pilotos ao se depararem com objetos não identificados — Foto: Departamento de Defesa dos EUA/BBC
O Departamento de Defesa dos Estados Unidos reconheceu a veracidade de três vídeos em que pilotos ao se depararem com objetos não identificados — Foto: Departamento de Defesa dos EUA/BBC

Nos últimos meses, um assunto até pouco tempo atrás descartado como teoria da conspiração ou piada vem sendo debatido com seriedade em Washington: os objetos voadores não identificados (OVNIs).

Em meio a recentes declarações de militares, agentes de inteligência e políticos democratas e republicanos sobre o que chamam de fenômenos aéreos não identificados (UAP, na sigla em inglês), vem crescendo a expectativa pela divulgação nas próximas semanas de um relatório detalhando o que o governo americano sabe a respeito desses fenômenos.

Na quinta-feira (3), o jornal "The New York Times" e outros veículos da imprensa americana anteciparam que, segundo fontes anônimas dos serviços de inteligência, uma versão confidencial do relatório indica que não foram encontradas evidências de "atividade alienígena", mas também não exclui essa possibilidade de maneira definitiva.

O documento foi elaborado após a análise de mais de 120 episódios nas últimas duas décadas em que pilotos militares - a maioria deles americanos, mas também alguns de outros países - observaram objetos não identificados durante seus voos.

Segundo as fontes entrevistadas pelo New York Times, a maioria desses casos "não tem origem em nenhuma tecnologia avançada do governo americano". Isso indicaria que esses objetos não são parte de algum programa secreto do governo.

Mas o documento não oferece explicação sobre o que seriam esses objetos. Uma das possibilidades citadas por fontes da imprensa americana é a de que pelo menos alguns deles sejam tecnologia experimental de países rivais, como China ou Rússia.

A versão final do relatório deverá ser apresentada em 25 de junho. Apesar de ser divulgado ao público, o documento provavelmente terá um anexo ainda confidencial, por motivos de segurança nacional.

A determinação de tornar públicas as informações sobre o tema foi incluída em um pacote de medidas aprovado pelo Congresso em dezembro do ano passado. O Departamento de Defesa e o gabinete do diretor de Inteligência Nacional receberam prazo de seis meses para apresentar uma "análise detalhada de dados e inteligência sobre fenômenos aéreos não identificados".

O relatório também deverá incluir detalhes sobre como esse tipo de informação será coletado e analisado pelos serviços de inteligência e como o tema deverá ser estudado de agora em diante. Uma das preocupações citadas pelo Congresso é a de que os objetos sejam tecnologia de outros países e que adversários tenham adquirido capacidades aeroespaciais que possam representar ameaça aos Estados Unidos.

Em agosto do ano passado, o Departamento de Defesa já havia anunciado a criação de uma força-tarefa, sob a liderança do Departamento da Marinha, com a missão de "detectar, analisar e catalogar UAPs que possam potencialmente representar uma ameaça à segurança dos Estados Unidos".

Esse anúncio foi feito poucos meses depois de o Departamento de Defesa confirmar a veracidade e autorizar a divulgação de três vídeos mostrando a reação de pilotos militares ao avistarem objetos não identificados. Essas gravações, datadas de novembro de 2004 e janeiro de 2015, já haviam sido vazadas e circulavam pela internet mas, até então, sem confirmação oficial.

'Sem explicação'

O fato de um objeto não ser identificado não significa que seja alienígena, e muitos dos fenômenos relatados por pilotos militares podem ser drones, balões meteorológicos ou até resultado de problemas em sensores. Mas outros são mais difíceis de serem explicados.

"O que é verdade, e eu estou realmente falando sério agora, é que há imagens e registros de objetos nos céus que nós não sabemos exatamente o que são. Não podemos explicar como se moveram, sua trajetória. Eles não tinham um padrão facilmente explicável", disse no mês passado o ex-presidente democrata Barack Obama em entrevista ao apresentador James Corden.
Objetos vistos por pilotos podem ser drones ou balões — Foto: Departamento de Defesa dos EUA/BBC
Objetos vistos por pilotos podem ser drones ou balões — Foto: Departamento de Defesa dos EUA/BBC

O presidente Joe Biden brincou ao comentar a afirmação de Obama e evitou dar declarações mais específicas, mas sua porta-voz, Jen Psaki, disse que o governo "leva muito a sério e investiga cada um dos relatos de incursões de qualquer aeronave, identificada ou não, no nosso espaço aéreo".

Nas últimas semanas, o debate sobre OVNIs, por décadas considerado tabu, vem ganhando força e cobertura ampla na imprensa americana, incluindo uma longa matéria na revista New Yorker, uma das mais prestigiosas do país, e um especial no programa "60 Minutes", da rede CBS.

"Não acho que podemos permitir que o estigma nos impeça de ter uma resposta a uma pergunta tão fundamental", disse o senador republicano Marco Rubio ao "60 Minutes", ao observar que, enquanto alguns de seus colegas no Congresso estão "muito interessados", outros riem sobre o assunto.

"Eu quero que isso seja levado a sério e que haja um processo para levar isso a sério", afirmou Rubio, que é vice-presidente da Comissão de Inteligência do Senado. "Talvez haja uma explicação muito simples… talvez não."

John Ratcliffe, o diretor de Inteligência Nacional durante o governo de Donald Trump, disse em entrevista à Fox News em março que "há muito mais casos do que os divulgados ao público" de objetos não identificados observados em "ações que são difíceis de explicar, movimentos difíceis de replicar, para os quais não temos tecnologia".

No ano passado, John Brennan, que comandou a CIA (a agência central de inteligência americana) no governo Obama, declarou em entrevista a um podcast que achava "um pouco presunçoso e arrogante acreditar que não há outra forma de vida em lugar algum do universo".

Em abril deste ano, Robert James Woolsey, que foi diretor da CIA nos anos 1990, declarou ao site Black Vault que não é mais "tão cético quanto era alguns anos atrás" sobre OVNIs.

Woolsey citou o fato de fenômenos não explicados surpreenderem pilotos militares experientes. Em depoimento ao "60 Minutes", pilotos da Marinha americana relataram ter avistado aeronaves que apresentavam movimentos, aceleração, capacidade de mudar de direção e submergir nunca vistos antes.

Um deles, o piloto aposentado Ryan Graves, relatou que seu esquadrão começou a encontrar objetos não identificados no espaço aéreo sobre o Estado da Virgínia a partir de 2014, quando o sistema de radar dos caças foi modernizado, e que há relatos de outros pilotos em situações do tipo "todos os dias" nos últimos anos.

Um dos episódios registrados em vídeo ocorreu em 2004, quando dois caças da Marinha encontraram um objeto de cor branca e formato oval e do tamanho de um avião comercial perto da costa de San Diego, no Oceano Pacífico. O objeto tinha altíssima velocidade e era capaz de parar subitamente. "Sem movimento ou trajetória previsíveis", relatou a piloto aposentada Alex Dietrich, que estava em um dos caças.

Mudança de tom

Alguns dos episódios de encontros entre caças militares e OVNIs já haviam sido relatados em uma reportagem de capa publicada em 2017 pelo "New York Times" que, segundo entusiastas, marcou o início da mudança de tom da mídia em relação ao assunto.

Além de incluir vídeos e relatos sobre encontros de pilotos militares com OVNIs, a reportagem trazia pela primeira vez a admissão do Pentágono sobre a existência de um programa dedicado ao estudo desses fenômenos.

Esse programa teve início em 2007, quando o então senador democrata Harry Reid, na época líder da maioria no Senado, conseguiu a liberação US$ 22 milhões (cerca de R$ 111 milhões) para financiar o que ficou conhecido como Programa de Identificação de Ameaças Aeroespaciais Avançadas. Reid representava o Estado de Nevada, onde fica a chamada Área 51, instalação da Força Aérea em que são realizados testes secretos.

"Até recentemente, muitos pilotos militares temiam a possibilidade de retribuição por reportar fenômenos aéreos não identificados", escreveu Reid recentemente em um artigo de opinião no "New York Times".

Segundo Reid, esse tabu pode "prejudicar a segurança nacional e entravar oportunidades de avanço técnico". "Eu nunca busquei provar que existe vida além da Terra. Mas se a ciência provar que existe, eu não tenho nenhum problema com isso", escreveu Reid.

A mudança de tom em Washington também é resultado de anos de esforços por parte de alguns entusiastas sobre o tema. O ativista político Stephen Bassett é um dos principais nomes, com atuação na área desde 1996.

"Meu principal trabalho é fazer com que o governo americano finalmente confirme a presença de extraterrestres", diz Bassett em entrevista à BBC News Brasil. "É o que chamamos de Revelação, com letra maiúscula."

Bassett acredita que o momento atual representa o fim do que chama de "embargo da verdade" sobre OVNIs. Ele questiona a informação antecipada pela imprensa americana de que uma das explicações no relatório a ser divulgado seria a de que alguns dos objetos não identificados têm tecnologia avançada de outros países.

"Os Estados Unidos têm a tecnologia militar mais avançada do mundo. Todos no Pentágono sabem disso", afirma. "A única explicação para milhares de episódios do tipo desde 1947 é extraterrestre."

A fascinação do público em relação a OVNIs é antiga, e há relatos de supostos encontros desde a década de 1940. Na época o governo chegou a estudar esses fenômenos, temendo que pudessem ser armas dos inimigos soviéticos. Nas décadas 1950 e 1960, a Força Aérea americana liderou um programa para analisar relatos de OVNIs. Dos 12 mil casos analisados até o encerramento do programa, em 1969, mais de 700 não puderam ser explicados.

Mas foi somente há alguns anos que pilotos militares americanos começaram a falar mais abertamente sobre episódios do tipo que presenciaram, ao mesmo tempo em que alguns políticos e agentes de inteligência também passaram a demonstrar publicamente interesse sobre o tema.

"Isso costumava ser o tipo de coisa que acabava com uma carreira", disse ao site "Politico" o chefe de gabinete da Casa Branca no governo de Bill Clinton, John Podesta, cujo interesse sobre o tema vem de décadas. "Isso claramente mudou, o que é bom."

Futuro

Para Bassett, a mudança ocorreu a partir de 2017, com o anúncio da criação de um grupo não-governamental chamado "To the Stars Academy of Arts & Sciences" ("Academia de Artes e Ciências para as Estrelas", em tradução livre). Bassett salienta o fato de que muitos dos integrantes do grupo haviam trabalhado no complexo militar ou de inteligência dos Estados Unidos.

Logo os vídeos e depoimentos de militares sobre encontros com OVNIs começaram a ser cobertos pela imprensa, em um movimento que foi ganhando força até que, no ano passado, o Departamento de Defesa reconheceu a autenticidade de alguns dos vídeos e anunciou a força-tarefa para analisar esses fenômenos.

Bassett ressalta que a cobertura da imprensa e o fato de algumas testemunhas militares terem ido a público inicialmente diminuiu o estigma e o risco para outros que quisessem seguir o mesmo caminho e falar abertamente sobre suas experiências.

O ativista diz esperar que a divulgação do relatório leve a audiências no Congresso, com a participação de testemunhas militares, e a um futuro anúncio do presidente americano sobre "a presença de extraterrestres interagindo com a raça humana".

Nem todos compartilham dessa opinião, e o novo interesse por OVNIs atrai muitos críticos. Alguns consideram o financiamento desse tipo de programa um gasto desnecessário e uma estratégia do Pentágono para aumentar seu orçamento.

Outros, como Mick West, criador de um fórum para desmentir teorias da conspiração, acreditam que a explicação para os vídeos desses supostos objetos está em simples detalhes técnicos, como configurações da câmera.

Mas pesquisa Gallup de 2019 indica que 68% dos americanos acham que o governo sabe mais sobre OVNIs do que admite publicamente. Segundo o levantamento, 33% acreditam que alguns desses objetos são aeronaves de outros planetas.

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