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domingo, 14 de junho de 2020

'Dragões-bebês' raros são os novos moradores de aquário na Eslovênia

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Os animais nasceram em 2016, sob os cuidados de cientistas e funcionários da Caverna Postojna, mas apenas agora eles serão expostos para o público.   
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 Por Reuters  
 12/06/2020 16h30  Atualizado há 2 dias   
 Postado em 14 de junho de 2020 às 14h45m  
      Post.N.\9.340  
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 O proteus nada como uma enguia e pode passar dez anos sem comida  — Foto: Dragan Arrigler
O proteus nada como uma enguia e pode passar dez anos sem comida — Foto: Dragan Arrigler

Três criaturas aquáticas raras conhecidas como dragões-bebês serão os novos moradores do aquário da Caverna de Postojna, na Eslovênia, uma da maiores atrações turísticas do país.

Os animais têm pele rosa-pálido, um corpo longo e fino, quatro pernas e não enxergam. Eles só vivem nas águas de cavernas escuras da região de Karst, no sul europeu.
Antigamente, moradores locais acreditavam que as criaturas, que a elevação das águas às vezes levava a céu aberto, eram filhotes de dragões que se imaginava viverem nas cavernas.

Em Postojna, a maior caverna europeia aberta a turistas, funcionários conseguiram observar os dragões-bebês nascendo em 2016, mas apenas agora eles serão expostos.
"Ficamos empolgados quando os ovos estavam sendo depositados, e depois tivemos milhares de dúvidas: como sobreviverão, com o que iremos alimentá-los, como os protegeremos de infecções?", disse Marjan Batagelj, diretor-gerente da caverna, à Reuters.

"A ciência disse que eles tinham 0,5% de chance de sobrevivência... mas conseguimos criar 21 deles", acrescentou. Um total de 64 ovos foram depositados em 2016.

Os bebês têm até 14 centímetros de comprimento e chegarão a 30 quando adultos. Eles podem viver até 8 anos sem alimento e têm uma expectativa de vida de até 100 anos.

Um laboratório especial foi montado na caverna onde os dragões-bebês estão sendo monitorados antes de serem apresentados ao público.
Proteus, uma espécie de salamandra cega que vive na caverna de Postojna, na Eslovênia, é vista em foto de 25 de abril — Foto: Jure Makovec/AFP
Proteus, uma espécie de salamandra cega que vive na caverna de Postojna, na Eslovênia, é vista em foto de 25 de abril — Foto: Jure Makovec/AFP

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Crises globais do último século trouxeram aprendizados, mas que nem sempre foram aproveitados; veja quais

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Professores relembram quais lições outras grandes crises deram à humanidade. Memória oferece opções a seguir durante e depois da pandemia de Covid-19. 
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Por Lucas Vidigal, G1    
14/06/2020 06h00  Atualizado há 4 horas  
Postado em 14 de junho de 2020 às 10h00m  


      Post.N.\9.340  
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Quais aprendizados trouxeram as grandes crises mundiais? — Foto: Wagner Magalhães/G1
Quais aprendizados trouxeram as grandes crises mundiais? — Foto: Wagner Magalhães/G1

Mesmo antes do fim, a pandemia do novo coronavírus entrou no rol das grandes crises globais da humanidade — afinal, além dos efeitos sanitários, a Covid-19 trouxe consequências econômicas e políticas que serão sentidas pelos próximos anos.

Considerando os mais de 100 anos passados desde a Gripe Espanhola (1918-1919), a maior pandemia do Século XX, outros marcos da história mundial trouxeram aprendizados e mudanças na política, na economia e na ciência. Alguns deles são:
  • 'Crash' de 1929 e a Grande Depressão
  • Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
  • Guerra Fria (1947-1991)
  • Atentados de 11 de setembro de 2001
  • Crise financeira global de 2008
E quais aprendizados à humanidade essas crises trouxeram? Quais dessas lições estão sendo usadas nesta pandemia? Quais avanços podem ser obtidos quando o novo coronavírus passar? Estamos mais ou menos preparados para lidar com choques globais?

Para responder a essas perguntas, o G1 conversou com cinco professores de instituições brasileiras e internacionais. Na visão dos especialistas, os maiores aprendizados das crises estão nas seguintes áreas:
  • Política — Grandes crises aumentam o senso de coletividade, que podem reforçar as instituições democráticas ou, por outro lado, favorecer líderes autoritários.
  • Economia — Choques econômicos fortaleceram mecanismos de proteção aos bancos e produziram algum grau de regulação do mercado por parte dos governos.
  • Ciência e tecnologia — Guerras aceleraram a produção tecnológica, enquanto grandes epidemias colocam em evidência a questão do acesso à saúde e do desenvolvimento de medicamentos e vacinas.
  • Segurança — As pessoas, até certo ponto, toleram mais medidas de vigilância como controles em aeroportos.
Saiba mais sobre os aprendizados nas crises abaixo:

Política
Panorama da Assembleia Geral da ONU de 2019 — Foto: Lucas Jackson/Reuters
Panorama da Assembleia Geral da ONU de 2019 — Foto: Lucas Jackson/Reuters

Os principais ganhos na área política após as primeiras crises do século XX estão na consolidação das instituições nacionais e internacionais, segundo os professores ouvidos pelo G1. Para os especialistas, isso é uma consequência do aumento do senso de coletividade depois dos grandes choques mundiais.

Bruno Leal, professor de história contemporânea da Universidade de Brasília (UnB), cita as iniciativas de cooperação internacional que surgiram após a Segunda Guerra Mundial, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a União Europeia.
"O fim da guerra é marcado pela cooperação entre os estados. Afinal, você precisa criar organismos que protegem o mundo de uma catástrofe geopolítica", ilustra Leal.
Na mesma linha, o professor de relações internacionais do Ibmec-SP Marcelo Suano explica que essas organizações e alianças dependem de credibilidade internacional para mediar coletivamente os conflitos gerados pelas crises.
"As instituições não têm o papel de governar o mundo, mas orientar saídas e abrir debates para as crises que surgirem", afirma Suano.
Foto histórica mostra o encontro do prrmiê britânico Winston Churchill (esquerda), presidente dos EUA Franklin D. Roosevelt (centro) e premiê soviético Josef Stalin (direita) em 1945 — Foto: AFP PHOTO/HO
Foto histórica mostra o encontro do prrmiê britânico Winston Churchill (esquerda), presidente dos EUA Franklin D. Roosevelt (centro) e premiê soviético Josef Stalin (direita) em 1945 — Foto: AFP PHOTO/HO

Os especialistas ponderam que o senso de coletividade gerado durante as catástrofes poderia levar ao aumento do autoritarismo — e, por isso mesmo, é importante que instituições sejam mais confiáveis para resolver as crises.

Para o professor Olivier Borraz, diretor do Centro de Sociologia das Organizações do instituto Sciences Po de Paris (França), é preciso relembrar os erros do passado para evitar novas tragédias humanitárias causadas pelo autoritarismo.

"Temos que evitar fazer o que levou a Europa a buscar o nazifascismo no período entre guerras. Não podemos correr o risco de novos conflitos", diz Borraz.

Economia
Wall Street, em Nova York — Foto: Lucas Jackson/Reuters
Wall Street, em Nova York — Foto: Lucas Jackson/Reuters

As principais crises econômicas globais dos últimos 100 anos geraram uma série de regulações na economia de mercado, segundo os professores. Eles explicam que as medidas evitam que mais pessoas sofram as consequências caso novos choques financeiros ocorram.
"A Crise de 1929 ensinou como regular o capitalismo para que ele mesmo tenha condições de sobreviver. Era preciso criar regras de valores mobiliários para o sistema não sofrer outro choque", exemplifica Marcelo Suano, do Ibmec-SP.
Funcionário do Lehman Brothers deixa prédio do banco no dia 15 de setembro de 2008. — Foto: AFO
Funcionário do Lehman Brothers deixa prédio do banco no dia 15 de setembro de 2008. — Foto: AFO

O professor Leonardo Weller, especialista em história econômica da Fundação Getúlio Vargas (FGV), aponta que a Crise de 1929 ensinou lições ao mundo financeiro para evitar que a Crise de 2008 tivesse consequências muito piores.

Na Crise de 1929, a bolsa de Nova York sofreu tombo de um terço apenas em um dia, o que desencadeou uma série de quebras no sistema bancário até a disparada do desemprego na década seguinte — período conhecido como a Grande Depressão. Em 2008, a quebra do banco Lehman Brothers e a crise das hipotecas também causaram forte recessão nos EUA, mas os efeitos não foram tão graves como 80 anos antes.

"Naquele ano, diferentemente de décadas atrás, o governo dos EUA não deixou os bancos falirem. Dos maiores bancos, só o Lehman Brothers faliu", cita.

Novamente, porém, os professores alertam para o risco de a ação do estado extrapolar e criar raízes no autoritarismo. Bruno Leal, da UnB, relembra o panorama político da década de 1930, logo depois da Crise de 1929:

"Tem o caso dos EUA, que adotaram um estado interventor baseado em obras públicas para construir um sistema de geração de empregos dentro da democracia. Mas na Europa houve uma epidemia de governos autoritários, que também dão respostas para a crise, mas com um estado autoritário".

Ciência e Tecnologia
Buzz Aldrin andando na Lua, em 20 de julho de 1969; Nasa pretende voltar à superfície lunar em 2024 — Foto: Nasa
Buzz Aldrin andando na Lua, em 20 de julho de 1969; Nasa pretende voltar à superfície lunar em 2024 — Foto: Nasa

Da construção de aviões ao desenvolvimento de sistemas eletrônicos, os conflitos aceleraram inovações no último século. Mesmo na Guerra Fria, Estados Unidos e União Soviética competiram pela primazia no setor aerospacial em um momento em que a ciência desbravava o espaço.

Os especialistas ouvidos pelo G1 explicam que, diferentemente dos demais colapsos, a pandemia de Covid-19 é uma crise sanitária que gerou efeitos políticos e econômicos — e não o contrário. A professora Maria Luiza Tucci Carneiro, especialista em história social da Universidade de São Paulo (USP), ilustra o papel da ciência nesse cenário.
"Na guerra, a ciência pode ser assassina — no Holocausto, inocentes foram assassinados sob esse pretexto. Agora, em uma pandemia, a ciência salva vidas", compara Tucci.
Imagem retirada de vídeo mostra voluntário recebendo injeção durante teste de vacina experimental de Covid-19 realizado pela Universidade de Oxford, em 25 de abril — Foto: University of Oxford via AP
Imagem retirada de vídeo mostra voluntário recebendo injeção durante teste de vacina experimental de Covid-19 realizado pela Universidade de Oxford, em 25 de abril — Foto: University of Oxford via AP

Assim, outras epidemias ensinaram lições sobre o sistema sanitário: da importância do tratamento de esgoto adequado ao desenvolvimento de vacinas ou testes com medicamentos. Mesmo os surtos de SARS e MERS, outros coronavírus que provocam doenças respiratórias, deram a base para algumas das pesquisas sobre a Covid-19.

A professora Tucci explica que, nesses casos, o medo da própria morte ou da perda de uma pessoa querida geram aprendizados para crises do tipo. "Isso vem de um despreparo que nós temos diante de uma morte não esperada", diz.
"São momentos recorrentes que nos trazem não só ensinamento, mas alertas que explicam nossos medos, o medo da morte em massa", conclui.

Segurança
Corpo de Bombeiro do DF fazendo medição de temperatura no Aeroporto de Brasília — Foto: Inframérica/Divulgação
Corpo de Bombeiro do DF fazendo medição de temperatura no Aeroporto de Brasília — Foto: Inframérica/Divulgação

Após os atentados de 11 de setembro de 2001, passageiros encontraram regras mais rígidas nos aeroportos — a vigilância já existente ficou ainda mais intensa, com novas tecnologias para detectar explosivos, por exemplo.

Grandes choques do tipo aumentaram a tolerância das pessoas para certos tipos de vigilância, explicam os especialistas. A professora Maria Luiza Tucci, da USP, comenta que a falta de proteção leva ao medo que abre caminho para essas medidas.

"Você teve ali na época um inimigo exposto, o terrorismo. O que mudou? O medo de multidões e a desconfiança, sobretudo nos países mais atingidos", explica.

Com a pandemia, o cenário quando a taxa de contágio for controlada pode levar a um maior monitoramento das condições de saúde antes de embarcar em um avião, por exemplo. Ou, em caso de um novo surto, rastreamento dos contatos para evitar que o patógeno volte a espalhar.

O mundo está mais preparado para lidar com crises?
Pessoas com máscaras protetoras contra a Covid-19 andam em shopping em Bogotá, na Colômbia, nesta segunda-feira (8). — Foto: Juan Barreto/AFP
Pessoas com máscaras protetoras contra a Covid-19 andam em shopping em Bogotá, na Colômbia, nesta segunda-feira (8). — Foto: Juan Barreto/AFP

As dificuldades do século passado trouxeram uma gama de avanços e aprendizados à humanidade, hoje mais preparada para lidar com uma crise como a pandemia do novo coronavírus. Porém, na opinião de professores ouvidos pelo G1, nem todas as lições vêm sendo aplicadas.

"Essa pandemia pegou a gente em um surto de populismo obscurantista que nega e não acredita nos avanços que obtivemos no último século", opina o professor Leonardo Weller, da FGV.

Para Marcelo Suano, professor do Ibmec, as sociedades aprendem com grandes crises — o que não impede que os mesmos erros sejam cometidos em outras épocas.

"Diante do abismo, o ser humano aprende a sobreviver e a respeitar. Mas a história também mostra que a humanidade repete os mesmos erros de postura por arrogância", diz.

Bruno Leal, professor da UnB, um desses caminhos errados tomados após uma crise ocorreu no período que antecedeu a Segunda Guerra. Depois da Primeira, acreditava-se que o fim do conflito levaria a um período de paz.

"Catástrofes nem sempre nos fazem melhores. Podemos sim melhorar o mundo, mas isso depende mais dos movimentos que acontecem todos os dias. Na pandemia, houve pessoas trocando tapas por causa de papel higiênico.
Mas tem também pesquisadores sem bolsa indo às universidades para produzir", cita.

21 de abril: mulher e criança andam de mãos dadas com máscaras protetoras contra a Covid-19 na Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. — Foto: Ricardo Moraes/Reuters

Na mesma linha, Olivier Borraz, da Sciences Po de Paris, diz que o novo coronavírus tem mostrado as fissuras que já existiam nos países mesmo antes de a Covid-19 se espalhar pelo mundo.

"As vítimas dos vírus não são apenas os doentes. A pandemia vai revelar muitas dessas patologias e paradoxos da sociedade", afirma Borraz.

Por isso, para a professora Maria Luiza Tucci, da USP, é preciso retomar a história para evitar a repetição de erros do passado. "São momentos que nos trazem não só um ensinamento, mas um alerta que explica nossos medos", diz.

"E é esse o papel da história e da memória: retomar a experiência de hoje para que sirva como luz diante das próximas crises", conclui Tucci.

CORONAVÍRUS


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sábado, 13 de junho de 2020

Neutrinos, os mensageiros cósmicos que podem explicar mistérios do Sol e dos buracos negros

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Cientistas levam equipamentos para debaixo da superfície de gelo da Antártida e para o fundo do Mediterrâneo em busca dessas partículas 'fantasmas'.   
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 Por BBC    
 13/06/2020 21h25  Atualizado há 2 horas  
 Postado em 13 de junho de 2020 às 23h30  


      Post.N.\9.339  
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Os detectores de neutrinos IceCube ficam abaixo da superfície de gelo da Antártida — Foto: Jamie Yang Iceclube Collaboration
Os detectores de neutrinos IceCube ficam abaixo da superfície de gelo da Antártida — Foto: Jamie Yang Iceclube Collaboration

Eles são viajantes do Universo, atravessam nossos corpos.
"Dia e noite, a cada segundo, bilhões de neutrinos passam por nós", diz o físico Juan de Dios Zornoza, professor da Universidade de Valência (Espanha).
Os neutrinos estão entre as partículas mais enigmáticas da Física.

Uma das razões para isso está no fato de que eles são extremamente difíceis de se detectar. Assim, os cientistas têm de desenvolver estratégias criativas para tentar "capturá-los".

Alguns chegaram a instalar instrumentos a mil metros abaixo da superfície da Antártida e nas profundezas do mar Mediterrâneo, outros colocaram antenas em um balão que sobrevoa o continente congelado.

"Assim como um astrônomo vai para uma montanha com seu telescópio e observa as estrelas, queremos saber como o Universo funciona. Mas, em vez de usar a luz, usamos outro mensageiro cósmico, que são os neutrinos", explica Zornoza, coordenador do grupo espanhol ANTARES, que busca neutrinos no Mediterrâneo.

Os neutrinos podem vir de outras galáxias, mas também de estrelas mais próximas, como o nosso Sol.

"Eles nos dão informações sobre lugares impossíveis de se acessar", disse à BBC News Mundo (serviço em espanhol da BBC) o físico peruano Carlos Alberto Argüelles, pesquisador do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) e membro do IceCube, projeto que busca neutrinos abaixo do gelo antártico.

O cientista explica que as as fusões nucleares no centro do Sol emitem neutrinos. Assim, estudando essas partículas, seria possível saber o que está acontecendo dentro do astro, por exemplo.

O que a Ciência sabe sobre os neutrinos
Os neutrinos são partículas elementares, um dos blocos fundamentais da natureza.
"Eles são a segunda partícula mais abundante do Universo", explica Zornoza. "O que mais há no Universo são fótons, isto é, partículas de luz. Em segundo lugar, vêm os neutrinos."
E essas partículas têm a especificidade de dificilmente interagirem com o que encontram em seu caminho, passando facilmente pela matéria.

"Das quatro forças que conhecemos — gravidade, força eletromagnética, força nuclear forte e força nuclear fraca —, os neutrinos só interagem com uma, a força nuclear fraca", aponta Argüelles.

E justamente por isso, diz Zornoza, os neutrinos "são capazes de atravessar uma barreira de anos-luz de chumbo e chegar ao outro lado, o que os torna muito difíceis de serem detectados".

Há muitas características dessa partícula ainda não conhecidas.
"Os neutrinos são estranhos, sabemos que eles têm uma massa, mas ainda não sabemos o quanto é ou como se origina. Possivelmente, eles estão conectados a outra partícula que pode lhes dar uma massa secreta, algo que esteja produzindo essa massa", diz Argüelles.

"Há também um fenômeno conhecido como oscilação de neutrinos, porque existem vários tipos de neutrinos e eles podem se transformar."

Eles viajam em linha reta
Os neutrinos não têm carga elétrica e, portanto, são uma ferramenta eficiente para o estudo do Universo.

"Como é uma partícula neutra, sem carga, é ideal para a astronomia, porque ela não é desviada por campos magnéticos", explica Juan Antonio Aguilar, pesquisador espanhol da Universidade Livre de Bruxelas e chefe do grupo IceCube local.

"Isso significa que, se existe uma fonte no Universo que emite neutrinos, esses neutrinos virão diretamente de lá para nós".
Ao viajar em linha reta e interagir de forma fraca com a matéria, os neutrinos revelam em qual direção está sua fonte, diferente de outros "mensageiros", como os raios cósmicos ou raios gama.

"Os raios cósmicos, compostos principalmente de prótons, viajam de fontes muito distantes de nós, mas, como eles têm carga elétrica, se houver campos magnéticos, eles são desviados", detalha Argüelles.

Os raios gama, por outro lado, são luz. E a luz pode ser bloqueada ou obscurecida por nuvens de poeira ou gás.

"Então temos o neutrino, que, mesmo que haja campos magnéticos, ele segue seu caminho; e mesmo que haja nuvens de poeira, ele as atravessa. Por isso, eles são mensageiros diretos dos objetos de onde vêm e nos fornecem informações verdadeiramente únicas", acrescenta.

"Sendo partículas quase 'fantasmas', que atravessam tudo, elas podem nos trazer informações de lugares muito energéticos e muito densos, como aqueles ao redor dos buracos negros."

Pesquisas no Polo Sul e no Mediterrâneo
O projeto ANITA também explora neutrinos na Antártida — Foto: Anita
O projeto ANITA também explora neutrinos na Antártida — Foto: Anita

Para capturar os esquivos neutrinos, cientistas usam táticas diferentes.
O telescópio de neutrinos IceCube, no Polo Sul, é uma iniciativa internacional que envolve cerca de 300 pesquisadores de instituições de 12 países da Europa, América do Norte, Ásia e Oceania.

Eles recebem dados por satélite de sensores instalados abaixo da superfície antártica — e o trabalho não parou durante a atual pandemia de coronavírus.

No caso do projeto ANTARES, os detectores estão a 2,5 mil metros de profundidade no mar Mediterrâneo, perto da costa francesa da Marselha.

O ANTARES ganhará um novo telescópio subaquático de neutrinos, chamado KM3NeT e atualmente em construção. Ele será instalado em profundidades ainda maiores no Mediterrâneo.

Embora os neutrinos se comportem como partículas "fantasmas", os cientistas conseguem encontrá-los.

"De todos os neutrinos que chegam até nós, de tempos em tempos, alguns interagem e produzem outra partícula, chamada múon, que é um tipo de elétron, mas com mais massa", explica Zornoza.

"Então esse múon, se estivermos em um meio transparente, como água ou gelo, emite o que é chamado de luz Cherenkov, uma luz azul que se pode ver."

"No Mediterrâneo ou na Antártida, colocamos detectores de luz. Muitos neutrinos escapam, mas alguns produzem um múon que emite luz."
Equipamentos do projeto ANTARES detectam flashes quando um neutrino produz um múon — Foto: Antares
Equipamentos do projeto ANTARES detectam flashes quando um neutrino produz um múon — Foto: Antares

Já o projeto ANITA (Antártida Transitive Boost Antena), financiado em parte pela Nasa, a agência espacial americana, usa outra estratégia para detectar neutrinos.
Ele recorre a dezenas de antenas presas a um balão estratosférico.

Os detectores ANITA não procuram flashes de luz, mas sim sinais de rádio produzidos pela interação entre o gelo e os neutrinos.

Um mistério centenário
Por que os cientistas fazem estes esforços e desenvolvem projetos mirabolantes para entender melhor os neutrinos?
Primeiro, eles podem ajudar a resolver grandes enigmas, como o da matéria escura, da qual 80% do Universo é constituído, mas que é praticamente uma desconhecida.

"É provável que a matéria escura se acumule em lugares como o centro de nossa galáxia ou do Sol. Ali, se emitiriam, entre outras coisas, neutrinos", explica Zornoza.
"Detectar neutrinos dessas fontes nos daria pistas para entender do que a matéria escura é feita."

E há outro grande mistério que os neutrinos podem ajudar a esclarecer: a origem dos raios cósmicos.

"Mais de 100 anos atrás, esses raios cósmicos que chegam à Terra foram descobertos, mas ainda não entendemos de onde vêm. Entretanto, é muito provável que haja neutrinos nestes lugares (de origem)", afirma.

"Se conseguirmos detectar esses neutrinos, eles podem nos ajudar a resolver o mistério secular do que produz os raios cósmicos."

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