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terça-feira, 13 de maio de 2025

'Relação entre Brasil e China nunca foi tão necessária', diz Lula em Pequim ao lado de Xi Jinping

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Lula criticou guerra comercial, defendeu papel da OMC e reiterou críticas às guerras em Gaza e na Ucrânia. Na segunda, Brasil anunciou R$ 27 bilhões em investimentos vindos da China.
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Por Guilherme Mazui, g1 — Brasília

Postado em 13 de Maio de 2.025 às 08h05m

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Lula e Xi Jinping defendem comércio justo em meio a tarifas dos EUA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (13), após reunião em Pequim com o presidente Xi Jinping, que a relação entre Brasil e China "nunca foi tão necessária".

"Há anos, a ordem internacional já demanda reformas profundas. Nos últimos meses, o mundo se tornou mais imprevisível, mais instável e mais fragmentados. China e Brasil estão determinados a unir suas vozes contra o unilateralismo e o protecionismo", disse Lula.

"Guerras comerciais não têm vencedores. Elas elevam os preços, deprimem as economias e corroem a renda dos mais vulneráveis em todos os países. O presidente Xi Jinping e eu defendemos um comércio justo e baseado nas regras da Organização Mundial do Comércio", disse Lula.

As falas contra a guerra comercial acontecem um dia após Estados Unidos e China anunciarem trégua de 90 dias na escalada de tarifas e sobretaxas adotada pelo governo Donald Trump – e retaliada por Xi Jinping.

O Brasil também tenta negociar a redução ou a extinção de tarifas adicionais aplicadas pelo governo Trump ao país, sobretudo nas exportações de aço e alumínio.

"Não é exagero dizer que, apesar dos mais de 15 mil quilômetros que nos separam, nunca estivemos tão próximos", disse Lula sobre a relação com a China.

Xi Jinping e Lula na China — Foto: Ricardo Stuckert / Presidência da República
Xi Jinping e Lula na China — Foto: Ricardo Stuckert / Presidência da República

Este foi o terceiro encontro presencial entre Lula e Xi Jinping desde o início do mandato do brasileiro, em 2023 – e o segundo em território chinês.

Em discurso antes de Lula, Xi Jinping também destacou a importância da relação entre os dois países, considerada estratégica por ele.

O líder chinês criticou as guerras comerciais e declarou que China e Brasil concordam que ninguém sai ganhando neste tipo de disputa. "China e Brasil vão defender juntos o livre comércio e o sistema multilateral", declarou.

Xi também mencionou o apoio de China e Brasil para mediar um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia. A proposta dos dois países, contudo, até o momento não foi executada. A Rússia deseja retomar as negociações na Turquia.

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a cerimônia de boas-vindas, no Grande Palácio do Povo. — Foto: Ricardo Stuckert/ Presidência da República
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a cerimônia de boas-vindas, no Grande Palácio do Povo. — Foto: Ricardo Stuckert/ Presidência da República

Críticas às guerras

Lula usou o discurso ao lado de Xi Jinping para reiterar as críticas que vem fazendo às guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza.

"Superar a insensatez dos conflitos armados também é pre-condição para o desenvolvimento. Os entendimentos comuns entre Brasil e China para uma resolução política para crise na Ucrânia oferecem base para um diálogo abrangente que permita o retorno da paz à Europa", disse.

"A humanidade se apequena diante das atrocidades cometidas em Gaza. Não haverá paz sem um Estado da Palestina independente e viável vivendo lado a lado com o Estado de Israel. Somente uma ONU reformada poderá cumprir ideais de paz, direitos humanos consagrados em 1945", seguiu.

Após a reunião e a declaração à imprensa dos presidentes, Brasil e China divulgaram duas notas conjuntas, uma delas sobre a guerra na Ucrânia.

Os dois países saudaram a disposição de Rússia e Ucrânia de retomarem as negociações de paz e se colocaram à disposição para auxiliar nas discussões.

A outra nota reforçou pontos abordados pelos presidentes nos discursos, como as críticas às guerras tarifárias e comerciais, parcerias na área de infraestrutura e combate à fome, necessidade de reforma da Organização das Nações Unidas e o fortalecimento da relação entre Brasil e China.

A nota informa que o Brasil "adere firmemente ao princípio de uma Só China" e "reconhece que só existe uma China no mundo e que Taiwan é uma parte inseparável do território chinês".

Para a China, Taiwan é uma província rebelde que ainda faz parte de seu território. Já para o governo taiwanês, a ilha é um Estado independente, com sua própria Constituição e, por décadas, se considerou o legítimo governo da China no exílio.

Acordos comerciais

Nesta terça, em Pequim, representantes do Brasil e da China assinaram também 20 protocolos e memorandos em áreas como agricultura, estratégia aeroespacial, ciência e tecnologia.

Na segunda, o governo anunciou R$ 27 bilhões em investimentos da China em diversas áreas no Brasil.

Segundo a Agência Brasileira de Promoção de Exportações (ApexBrasil), o valor inclui:

  • R$ 6 bilhões da GAC, uma das maiores montadoras chinesas, para "expansão de suas operações" no Brasil;
  • R$ 5 bilhões da Meituan, plataforma chinesa de delivery – que quer atuar no Brasil com o app "Keeta" e prevê gerar até 4 mil empregos diretos e 100 mil indiretos;
  • R$ 3 bilhões da estatal chinesa de energia nuclear CGN para construir um "hub" de energia renovável (eólica e solar) no Piauí;
  • até R$ 5 bilhões da Envision para construir um parque industrial "net-zero" (neutro em emissões de carbono) – o primeiro da América Latina, segundo a Apex;
  • R$ 3,2 bilhões da rede de bebidas e sorvetes Mixue, que deve começar a operar no Brasil e espera gerar 25 mil empregos até 2030;
  • R$ 2,4 bilhões do grupo minerador Baiyin Nonferrous, que anunciou a compra da mina de cobre Serrote, em Alagoas.

Há na conta, ainda, investimentos previstos da DiDi (dona do 99), da Longsys (empresa chinesa de semicondutores) e de empresas do setor farmacêutico. E acordos para a promoção de produtos brasileiros na China em áreas como café, cinema e varejo.

O presidente Lula viajou ao país acompanhado de 11 ministros e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), além de parlamentares, outras autoridades e cerca de 200 empresários. Nesta terça (13), Lula deve se reunir com o presidente chinês, Xi Jinping.

Antes de chegar à China, a comitiva passou também pela Rússia, onde Lula se reuniu com Vladimir Putin e pediu um cessar-fogo na Ucrânia.

O presidente Lula e a primeira-dama Rosângela Lula da Silva no desembarque em Pequim — Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República
O presidente Lula e a primeira-dama Rosângela Lula da Silva no desembarque em Pequim — Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

Ampliação do comércio

A viagem de Lula à China foi pensada para fortalecer a negociação comercial entre os países. A China é o principal parceiro comercial do Brasil, e o governo brasileiro avalia que há espaço para ampliar as exportações para o país asiático.

A avaliação tem relação direta com a guerra comercial entre os Estados Unidos e os chineses. Ministros e empresários acreditam que o Brasil pode surgir como "alternativa" para parte dos produtos americanos importados pela China.

A ApexBrasil mapeou 400 oportunidades para ampliação dos negócios entre Brasil e China. As possibilidades estão espalhadas em uma série de setores, com especial destaque para o agronegócio.

A agenda dos empresários brasileiros na China prevê eventos voltados ao agro. Em um deles, associações inauguram um escritório, em Pequim, para facilitar negociações para a exportação de carnes do Brasil ao mercado chinês.

Já o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que também integra a comitiva de Lula a Pequim, participou de encontros com autoridades. A pasta afirmou que um dos objetivos da visita era a conclusão de um acordo para reduzir burocracias no registro de produtos biotecnológicos.

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segunda-feira, 12 de maio de 2025

EUA e China chegam a um acordo sobre tarifaço, com redução das taxas e pausa de 90 dias

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Tarifas sobre as importações chinesas cairão de 145% para 30%. Já as taxas da China sobre os produtos americanos serão reduzidas de 125% para 10%.
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Por Redação g1 — São Paulo

Postado em 12 de Maio de 2.025 às 06g20m

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China e EUA anunciam acordo para pausar tarifaço

Os Estados Unidos e a China concordaram em reduzir temporariamente as chamadas "tarifas recíprocas" entre os dois países durante 90 dias.

  • As tarifas dos EUA sobre as importações chinesas cairão de 145% para 30%.
  • As taxas da China sobre os produtos americanos serão reduzidas de 125% para 10%.

Representantes das duas potências se encontraram neste fim de semana em Genebra, na Suíça, para discutir as taxas sobre importações e anunciaram o acordo em conjunto na madrugada desta segunda-feira (12).

Eles disseram que a redução das tarifas entrará em vigor até quarta-feira (14), mas não divulgaram a data exata.

"Ambos os países representaram muito bem seus interesses nacionais", afirmou o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent. "Temos um interesse comum em um comércio equilibrado, e os EUA continuarão caminhando nessa direção."

"O consenso das delegações neste fim de semana é de que nenhum dos lados deseja um desacoplamento", continuou Bessent. "E o que havia ocorrido com essas tarifas altíssimas era o equivalente a um embargo e nenhum dos lados quer isso. Queremos o comércio."

Bessent explicou, porém, que o acordo não inclui tarifas específicas para cada setor e que os EUA continuarão o "reequilíbrio estratégico" em áreas como medicamentos, semicondutores e aço, onde identificaram vulnerabilidades na cadeia de suprimentos.

Ele acrescentou que acredita que os negociadores dos EUA e da China se reunirão novamente nas próximas semanas para discutir um acordo comercial mais detalhado, mas não deixou claro quando isso irá ocorrer.

Reação do mercado

A escalada das medidas tarifárias do presidente americano Donald Trump, com o objetivo de reduzir o déficit comercial dos EUA, abalou os mercados financeiros no mundo todo no mês passado.

Após o anúncio de um acordo entre EUA e China, o dólar passou a subir em relação a outras moedas importantes e os mercados de ações se recuperaram, com a diminuição da possibilidade de recessão global por conta do tarifaço.

O acordo foi mais longe do que muitos analistas esperavam. "Eu achava que as tarifas seriam reduzidas para algo em torno de 50%", disse Zhiwei Zhang, economista-chefe da Pinpoint Asset Management em Hong Kong, à Reuters.

"Obviamente, essa é uma notícia muito positiva para as economias de ambos os países e para a economia global, e deixa os investidores muito menos preocupados com os danos às cadeias de suprimentos globais no curto prazo", acrescentou Zhang.

Trump diz que vai negociar novas tarifas com a China

Relembre a guerra tarifária entre China e EUA

A guerra tarifária entre as duas maiores economias do mundo se intensificou após o anúncio das tarifas prometidas por Trump, no início de abril.

A China foi um dos países tarifados — e com uma das maiores taxas, de 34%. Essa taxa se somou aos 20% que já eram cobrados em tarifas sobre os produtos chineses anteriormente.

Como resposta ao tarifaço, o governo chinês impôs, em 4 de abril, tarifas extras de 34% sobre todas as importações americanas.

Os EUA decidiram retaliar, e Trump deu um prazo para a China: ou o país asiático retirava as tarifas até as 12h de 8 de abril, ou seria taxado em mais 50 pontos percentuais, levando o total das tarifas a 104%.

A China não recuou e ainda afirmou que estava preparada para "revidar até o fim".

Cumprindo a promessa, Trump confirmou a elevação das tarifas sobre os produtos chineses.

A resposta chinesa veio na manhã de 9 de abril: o governo elevou as tarifas sobre produtos americanos de 34% para 84%, acompanhando o mesmo percentual de alta dos EUA.

No mesmo dia, Trump anunciou que daria uma "pausa" no tarifaço contra os mais de 180 países, mas a China seria uma exceção.

O presidente dos EUA subiu a taxação de produtos chineses para 125%.

Em 10 de abril, a Casa Branca explicou que as taxas de 125% foram somadas a outra tarifa de 20% já aplicada anteriormente sobre a China, resultando numa alíquota total de 145%.

Como resposta, em 11 de abril, os chineses elevaram as tarifas sobre os produtos americanos para 125%.

Os Estados Unidos querem tirar da China as vantagens em tratados internacionais por ser considerado um país em desenvolvimento — Foto: AP - Andy Wong
Os Estados Unidos querem tirar da China as vantagens em tratados internacionais por ser considerado um país em desenvolvimento — Foto: AP - Andy Wong

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domingo, 11 de maio de 2025

VÍDEO: Neta X é um SUV elétrico com bom preço, mas por que ele quase não vende?

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Veja a avaliação A marca, pouco (ou nada) conhecida no Brasil, vendeu apenas 42 carros no Brasil durante os quatro primeiros meses de 2025. Será possível reverter a situação?
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Por André Fogaça, g1

Postado em 11 de Maio de 2.025 às 06h00m

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Neta X: veja os pontos positivos e negativos do SUV (que ainda vende pouquíssimo por aqui)

O Neta X é SUV médio que oferece mais espaço no porta-malas que um Jeep Compass híbrido, que o elétrico BYD Yuan Plus e custa menos que alguns concorrentes, mesmo comparado a modelos movidos exclusivamente a gasolina. Então, por que ele vende tão pouco?

A marca, pouco (ou nada) conhecida no Brasil, vendeu apenas 42 carros no Brasil durante os quatro primeiros meses de 2025, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

A concorrente chinesa Zeekr, também novata e sem fama por aqui, vendeu 4,4 vezes mais. Foram 186 modelos emplacados no mesmo período. A líder é a BYD, que colocou 13.281 novos carros nas ruas durante os mesmos quatro meses de 2025.

O g1 testou o Neta X 500 Luxury, versão topo de linha do SUV médio, para avaliar seus pontos fortes e fracos. Será possível reverter esse jogo?

Neta X tem visual minimalista

Neta X de frente — Foto: g1 | Fábio Tito
Neta X de frente — Foto: g1 | Fábio Tito

Mesmo com o Neta X mais barato que seus concorrentes dentro de fora do Brasil, no mercado internacional as vendas da marca também não decolaram e fizeram a companhia repensar muitos de seus planos, envolvendo até mesmo demissão de funcionários.

Segundo Wilson Sun, presidente assistente da fabricante, Neta significa "espírito que nunca desiste". Essa persistência será necessária, realmente.

Por aqui, o Neta X 500 Luxury briga com Jeep Compass, que é vendido por aqui em versão a combustão e híbrida plug-in. Ainda entram neste bolo o Toyota Corolla Cross, Volkswagen Taos, Hyundai Creta e Nissan Kicks, todos em versão topo de linha.

A primeira diferença do Neta X é o visual minimalista, um alívio em meio a concorrentes com excesso de informações em adesivos.

A BYD, por exemplo, costuma estampar o nome da marca por extenso, escrevendoBuild your Dreamslogo abaixo do vidro traseiro e coloca outros detalhes, como faz atualmente com as duas versões do Dolphin, Han, Seal e Yuan Plus.

Até a GWM coloca o nome da marca em destaque na tampa traseira de modelos como Haval e Ora 03, indo até o Tank. Neste último, temos "GWM TANK" de um lado da traseira, "300" do outro, enquanto PHEV e Hi4-T juntos na parte inferior.

No Neta X, o logo da marca está em uma cor que não contrasta com a pintura do carro, e a única adição na tampa do porta-malas é a letra X, representando o nome do modelo.

Além do minimalismo, o restante do visual do carro não tem tanta personalidade. Não que seja ruim, mas não chama atenção, e as linhas laterais que podem ser reconhecidas como inspiradas em outros SUVs médios, como Nissan Kicks e Honda HR-V.

Logo da Neta fica pouco visível na traseira do Neta X — Foto: Fábio Tito/g1
Logo da Neta fica pouco visível na traseira do Neta X — Foto: Fábio Tito/g1

Neta X é espaçoso e concentra comandos na central multimídia

Os maiores pontos de destaque do Neta X estão no interior. O primeiro e mais visível é o acabamento. Há poucas partes com plástico duro e, em praticamente todos os cantos onde você pode colocar a mão, a fabricante utiliza couro ou tecido, sempre macios ao toque.

Esse tipo de conforto ao toque não é exclusividade da Neta, mas se destaca por estar presente em um veículo próximo dos R$ 200 mil. Acabamento predominantemente em couro tende a aparecer apenas em carros mais caros.

Interior do Neta X com 80% do acabamento em couro — Foto: Fábio Tito/g1
Interior do Neta X com 80% do acabamento em couro — Foto: Fábio Tito/g1

Geralmente, um bom espaço para as pernas do passageiro significa um porta-malas menor. Não é o que ocorre com o Neta X, que oferece 508 litros para bagagens. Nesse aspecto, ele também supera o Jeep Compass (476 litros) e o BYD Yuan Plus (440 litros).

Outro ponto de destaque é o espaço interno. São 2,77 metros de entre-eixos, com assoalho plano. Esse espaço é maior que o de seu único concorrente direto, o BYD Yuan Plus (2,72 metros), além de ser mais espaçoso que um Jeep Compass (2,63 metros).

Com o banco do motorista ajustado para uma pessoa de 1,65 metro, há mais de dois palmos de espaço entre o joelho do passageiro e o assento à frente.

Neta X tem bom espaço interno — Foto: Fábio Tito/g1
Neta X tem bom espaço interno — Foto: Fábio Tito/g1

Como nem todo carro é perfeito, o Neta X tem pontos negativos que precisam ser considerados. O primeiro deles é a quantidade exagerada de ajustes do veículo presentes apenas na central multimídia.

Ela é espaçosa (15,6 polegadas), como todo bom carro chinês moderno, e tem resolução para fácil leitura de todo conteúdo, mas até o controle dos retrovisores laterais depende dela. Outros ajustes que deveriam estar em locais mais acessíveis, como os comandos dos faróis, os modos de condução e acionamento do teto solar, também estão na central multimídia.

Imagine que, para ligar o farol, fechar o teto solar ou ajustar o retrovisor, você precisa tocar na tela, sair do GPS ou do controle de mídia, entrar nos ajustes, selecionar a função desejada e só então controlar o recurso do veículo — foram cerca de três toques na central multimídia, sempre retirando atenção da rodovia.

Outro ponto negativo, embora menor, é a localização do câmbio. Ele está na haste que fica na coluna de direção, onde geralmente estão os ajustes do limpador de para-brisas. Esse é um local comum em carros dos Estados Unidos, mas não nos vendidos no Brasil.

Central multimídia do Neta X concentra muitas funções, como controle dos espelhos e até dos faróis — Foto: Fábio Tito/g1
Central multimídia do Neta X concentra muitas funções, como controle dos espelhos e até dos faróis — Foto: Fábio Tito/g1

Ainda na área do motorista, o painel de instrumentos é digital e tem 8,9 polegadas. Ele é moderno, como se espera de um carro atual, mas os indicadores são fixos — não há possibilidade de personalizar o conteúdo exibido.

Uma das maiores vantagens desses painéis digitais é justamente a capacidade de exibir as informações mais relevantes para cada motorista. No Neta X, não há necessidade de mostrar constantemente todas as posições de marcha; bastaria destacar a engatada.

Essas escolhas poderiam ser substituídas por outros dados, como ocorre em modelos concorrentes — inclusive em veículos bem mais baratos, como o Volkswagen Polo — mas não no Neta X.

Por fim, o retrovisor central não possui a função de ofuscamento automático dos faróis dos carros que vêm atrás. Esse recurso, assim como a personalização do painel digital, já é comum até em veículos de menor preço, como o Volkswagen Nivus.

Volante do Neta X não oferece controles, como de piloto automátivo adaptativo — Foto: Fábio Tito/g1
Volante do Neta X não oferece controles, como de piloto automátivo adaptativo — Foto: Fábio Tito/g1

Elétrico é esperto, mesmo com motor mais simples

À primeira vista, a potência de 164 cv em um carro com mais de 1,7 mil quilos pode sugerir um desempenho tímido, especialmente em ultrapassagens na estrada. Esse seria o caso de um veículo a combustão, mas não se aplica a um elétrico.

O torque instantâneo compensa a potência menor. Para ilustrar melhor: durante os testes, sempre conseguimos fazer o Neta X sair na frente das motos ao abrir o semáforo, além de nos proporcionar ultrapassagens seguras na estrada.

Comparado a um SUV de porte semelhante, mas com motorização a combustão, o Neta X oferece um desempenho equivalente ao esperado de um motor 1.4 ou 1.6, ambos turbo.

A suspensão é macia, como em quase todo carro chinês. Com elas o conforto em ambientes urbanos foi uma realidade, com o conjunto amortecendo bem os impactos de buracos, lombadas e valetas, que dificilmente causam maiores solavancos aos ocupantes.

Por fim, o último ponto negativo do Neta X é o tempo de atuação da empresa no Brasil, já que a marca ainda não possui a mesma rede de concessionárias e assistência de uma BYD, Volkswagen, GM ou Fiat.

Quem compra um carro neste momento inicial da marca precisa estar ciente de que pode enfrentar dificuldades para encontrar peças ou conseguir reparo especializado fora das capitais.

No final das contas, o Neta X é vendido por R$ 214,9 mil e é tão ágil e arisco, ou até mais, que um Jeep Compass 4XE, versão híbrida do veículo americano, enquanto custa R$ 132,4 mil a menos — o Jeep é vendido por aqui por R$ 347,3 mil.

O porta-malas é maior, assim como o do BYD Yuan Plus, que é R$ 20,9 mil mais caro.

Outro concorrente eletrificado que o Neta X encontra no Brasil é o Toyota Corolla Cross. Ele tem sistema híbrido pleno, o que impede que o veículo possa circular no modo elétrico por grandes distâncias, como consegue o Compass 4XE, mas vem atraindo compradores no Brasil. Ele custa R$ 219.890 e é, neste momento, R$ 10 mais barato.

O acabamento do Neta X é mais confortável que o desses concorrentes, além de oferecer mais espaço interno para as pernas. Por outro lado, a central multimídia concentra mais comandos do que deveria, e o painel de instrumentos digital carece de personalização.

Neta precisa comer feijão para ir bem no Brasil

O logo da Neta é um ideograma chinês que pode ser traduzido como "pessoas rodeadas pela natureza e esportividade".

A montadora chinesa Neta Auto faz parte do grupo Hozon New Energy Automobile, um conglomerado que fornece tecnologia para o setor automotivo.

Fundada em 2014, a Hozon registrou mais de 3 mil patentes. Quatro anos depois, lançou a Neta, que possui duas fábricas na China e uma na Tailândia.

Desde 2018, a Neta lançou sete modelos mundialmente: GT (que chega até o final do ano), S (um sedã cupê), U (SUV compacto), L (SUV de porte médio) e V (outro utilitário compacto).

Talvez, uma das saídas para a Neta seja mostrar a solidez da empresa, algo que não conseguiu até agora. Até a chegada das recentes gigantes chinesas ao mercado, havia muita desconfiança de que a montadora fosse simplesmente desaparecer.

Com um carro bom e preço melhor que os adversários, a Neta precisa agora ser mais popular.


Chave do Neta X é pequena como um estojo de maquiagem — Foto: Fábio Tito/g1
Chave do Neta X é pequena como um estojo de maquiagem — Foto: Fábio Tito/g1
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