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sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

Desmatamento na Amazônia cai 7% em 2024, mas degradação tem alta de 497% por causa das queimadas

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Levantamento do Imazon aponta que, no ano passado, 3.739 km² de floresta foram derrubados, menos do que os 4.030 km² registrados em 2023. Por outro lado, degradação, que é o dano parcial à vegetação, cresceu e atingiu 36.379 km².
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Por Roberto Peixoto, g1

Postado em 24 de Janeiro de 2.025 às 14h10m

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Sobrevoo mostra desmatamento em área da floresta amazônica em Manaus, no Amazonas. — Foto: REUTERS/Bruno Kelly/File Photo
Sobrevoo mostra desmatamento em área da floresta amazônica em Manaus, no Amazonas. — Foto: REUTERS/Bruno Kelly/File Photo

A Amazônia Legal encerrou 2024 com uma redução de 7% no desmatamento, mas a degradação ambiental aumentou 497%, puxada principalmente pelas queimadas de agosto e setembro do ano passado.

📝ENTENDA: diferente do desmatamento, que é a remoção total da vegetação para atividades como agricultura ou pecuária, a degradação ocorre quando há danos parciais na floresta. Isto é, a vegetação permanece, mas sofre impactos significativos, justamente como queimadas ou extração de madeira.

Segundo o MapBiomas, inclusive, as queimadas que encobriram diversas cidades brasileiras com fumaça em 2024 aumentaram quase 80% em relação a 2023.

Em todo o país, mais de 30 milhões de hectares foram queimados, o equivalente a uma área maior do que o estado do Rio Grande do Sul. A maior parte desse território era coberta por vegetação nativa. Este foi o pior cenário registrado desde o início do monitoramento pelo MapBiomas, em 2019.

Já em relação ao desmatamento, no ano passado, 3.739 km² de floresta foram derrubados na Amazônia Legal, menos do que os 4.030 km² registrados em 2023. Isso é uma redução de 7%.

👉 🌱 A Amazônia Legal corresponde a 59% do território brasileiro e engloba a área de 9 estados (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins e parte do Maranhão).

Comparado a 2022, o avanço foi ainda maior: uma queda de 65%, já que naquele ano a destruição atingiu 10.573 km².

Mesmo assim, o número de árvores perdidas em 2024 equivale a mais de mil campos de futebol por dia.

Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do instituto, que diferem da metodologia do Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que também divulgou números no começo deste mês.

Segundo o Imazon, os satélites usados são mais refinados que os dos sistemas do governo e são capazes de detectar áreas devastadas a partir de 1 hectare, enquanto os alertas do Inpe levam em conta áreas maiores que 3 hectares (entenda mais abaixo).

Números da degradação

Ao todo, a degradação florestal na Amazônia cresceu 497% em 2024, atingindo 36.379 km², comparado aos 6.092 km² registrados em 2023, também de acordo com o Imazon.

Segundo o levantamento, esse aumento expressivo tornou 2024 o ano com maior degradação florestal desde o início do monitoramento pelo Imazon, que ocorreu em 2009.

Até então, o recorde havia sido registrado em 2017, quando 11.493 km² foram degradados. Ou seja, a área destruída em 2024 foi mais de três vezes maior que o maior índice anterior.

O instituto diz que a alta foi impulsionada pelas queimadas, especialmente nos meses de agosto e setembro. Nesse período, a degradação aumentou mais de 1.000%.

Uma visão de drone mostra a devastação do incêndio florestal em meio à fumaça na Amazônia, em Lábrea (AM) (6 de setembro) — Foto: Bruno Kelly/Reuters
Uma visão de drone mostra a devastação do incêndio florestal em meio à fumaça na Amazônia, em Lábrea (AM) (6 de setembro) — Foto: Bruno Kelly/Reuters

Imazon

O sistema do Imazon detecta áreas desmatadas em imagens de satélites de toda a Amazônia Legal.

Chamado de SAD (Sistema de Alerta de Desmatamento), o programa foi desenvolvido pelo Imazon em 2008, para reportar mensalmente o ritmo da degradação florestal e do desmatamento na região.

Segundo o Imazon, os satélites usados são mais refinados que os dos sistemas do governo e são capazes de detectar áreas devastadas a partir de 1 hectare, enquanto os alertas do Inpe levam em conta áreas maiores que 3 hectares.

O SAD utiliza atualmente os satélites Landsat 7 e 8, da NASA, e Sentinel 1A, 1B, 2A e 2B, da Agência Espacial Européia (ESA). Ambos são de domínio público, ou seja: seus dados podem ser usados por qualquer pessoa ou instituição.Combinando esses satélites, o sistema é capaz de enxergar a mesma área a cada 5 a 8 dias. Por isso, o sistema prioriza a análise de imagens adquiridas na última semana de cada mês.

Desse modo, caso uma área tenha sido degradada no início do mês e, depois, desmatada no final do mês, ela pode ser identificada como desmatamento no dado final.

Assim como o Deter, do Inpe, o calendário de monitoramento do SAD começa em agosto de um ano e termina em julho do ano seguinte por causa da menor frequência de nuvens na Amazônia. Os sistemas também são semelhantes porque servem como um alerta, mas não representam um dado oficial de desmatamento.

VÍDEO: Como a recente descoberta de um clima árido na Bahia pode impactar o restante do Brasil

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IPCA-15: preços sobem 0,11% em janeiro, puxados por alimentação

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Indicador foi divulgado nesta sexta-feira (24), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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Por Isabela Bolzani, g1

Postado em 24 de Janeiro de 2.025 às 09h35m

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Supermercado, mercado, maçã, maçãs, fruta, frutas, alimentação saudável, alimento, consumidor, compras, consumo, alimentos, consumidora, consumidores — Foto: Celso Tavares/G1
Supermercado, mercado, maçã, maçãs, fruta, frutas, alimentação saudável, alimento, consumidor, compras, consumo, alimentos, consumidora, consumidores — Foto: Celso Tavares/G1

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) — considerado a prévia da inflação oficial do país — registrou uma alta de 0,11% nos preços em janeiro. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O resultado representa uma desaceleração em relação ao observado em dezembro, quando registrou uma alta de 0,34%. O número, no entanto, ainda está bem acima do esperado pelo mercado, que previa uma deflação de 0,02% para o mês.

Com o resultado, o IPCA-15 começou 2025 com uma alta acumulada de 4,50% em 12 meses — uma desaceleração em relação aos 4,71% registrados em dezembro do ano passado.

Mesmo com a desaceleração, no entanto, o indicador ainda segue acima da meta de inflação do Banco Central do Brasil (BC), de 3%. O intervalo de tolerância varia de 1,5% a 4,5%.

O resultado foi mais uma vez pressionado pelo aumento nos preços de Alimentação e bebidas. Segundo o IBGE, o grupo apresentou um avanço de 1,06% no mês — o maior entre os grupos avaliados —, com um impacto de 0,23 ponto percentual no índice geral.

Outro destaque de alta ficou com o grupo Transportes, que subiu 1,01% no período. A única taxa negativa veio do grupo Habitação, que recuou 3,43% e ajudou a conter o índice geral no mês.

Veja abaixo a variação dos grupos em janeiro

Em janeiro, oito dos nove grupos pesquisados pelo IBGE apresentaram alta:

  • Alimentação e bebidas: 1,06%;
  • Habitação: -3,43%;
  • Artigos de residência: 0,72%;
  • Vestuário: 0,46%;
  • Transportes: 1,01%;
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,64%;
  • Despesas pessoais: 0,40%;
  • Educação: 0,25%;
  • Comunicação: 0,15%.

Preços de alimentação continuam a subir

Mais uma vez entre os destaques de alta nos preços, o grupo de Alimentação e bebidas foi o que registrou o maior avanço no mês (1,06%), exercendo uma pressão de 0,23 ponto percentual no índice geral.

O número é resultado de uma variação positiva de 1,10% na alimentação em domicílio, que subiu influenciada pelos preços do tomate (17,12%) e do café moído (7,07%).

A alimentação fora do domicílio, por sua vez, registrou uma desaceleração no período, para 0,93%. Em dezembro, a alta desse item havia sido de 1,23%. O número, no entanto, segue significativo. Nesse caso, tanto o lanche (0,98%) quanto a refeição (0,96%) registraram uma desaceleração em comparação ao mês anterior (eram 1,26% e 1,34%, respectivamente).

O aumento nos preços de alimentação têm sido um tema frequente de debate no governo desde o ano passado. Nesta sexta-feira (24), por exemplo, há a expectativa de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reúna com alguns ministros para tentar trazer medidas que possam contribuir para abaixar os preços dos alimentos.

Devem participar do encontro desta sexta os ministros da Casa Civil, Rui Costa (PT); da Fazenda, Fernando Haddad (PT); da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro (PSD); do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira (PT).

Além de piorarem a avaliação do presidente, o aumento nos preços também pressionam por novas altas de juros por parte do Banco Central do Brasil (BC). A expectativa é que o Comitê de Política Monetária (Copom) anuncie um novo aumento da taxa básica (Selic) em sua próxima reunião, que acontece na semana que vem.

Passagens aéreas sobem 10,25% e têm maior impacto individual no mês

Ainda segundo o IBGE, a outra grande contribuição para o avanço do IPCA-15 de janeiro veio do grupo de Transportes. Nesse caso, o número foi influenciado pelo aumento nos preços das passagens aéreas, que subiram 10,25% no período e registraram o maior impacto individual do mês.

Ainda entre os itens do grupo, os combustíveis tiveram um aumento de 0,67% no mês, puxados por avanços nos preços do etanol (1,56%), do óleo diesel (1,10%), do gás veicular (1,04%) e da gasolina (0,53%).

O reajuste nas tarifas de ônibus urbanos, nas passagens de trem e metrô e o aumento nos preços do táxi vistos em algumas cidades também acabaram influenciando a alta no grupo.

Energia elétrica ajuda a conter resultado geral

Do lado oposto, a energia elétrica mais uma vez ajudou a conter o aumento da inflação no mês, com o grupo Habitação sendo o único entre os avaliados a registrar uma queda no período, de 3,43%, puxado principalmente pela energia residencial, que recuou 15,46%.

Nesse caso, o resultado reflete a incorporação do bônus de Itaipu — um desconto distribuído aos consumidores por conta do saldo positivo da hidrelétrica em 2023.

O desconto será cedido para consumidores residenciais e rurais que tiveram um consumo menor que 350 quilowatts hora em ao menos um mês de 2023, podendo atingir pelo menos 78 milhões de pessoas.

A bonificação na fatura vai ser, em média, de R$ 16,66 e dependendo do consumo, pode chegar a R$ 49 somente na conta de janeiro, segundo a usina.

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quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

EUA precisam do Brasil ou não? Veja dados de comércio e investimentos de empresas americanas no país

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Os investimentos e as relações comerciais mostram que os EUA precisam do Brasil, mas a dependência do Brasil é maior, já que os EUA são os maiores importadores do mundo.
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Por Alexandro Martello, g1 — Brasília

Postado em 23 de Janeiro de 2.025 às 05h50m

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Donald Trump diz que Estados Unidos não precisam do Brasil

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, iniciou um novo mandato nesta semana anunciando profundas mudanças, como a saída do país do acordo climático de Paris, combate à imigração ilegal, menos moderação nas redes sociais e taxação de países estrangeiros, por exemplo.

Uma declaração que chamou a atenção por aqui, entretanto, foi a de que o Brasil e a América Latina precisam "mais dos EUA do que os EUA precisam deles". E que os Estados Unidos não precisariam do Brasil e da América Latina.

"A relação [dos EUA com Brasil e América Latina] é excelente. Eles precisam de nós, muito mais do que nós precisamos deles. Não precisamos deles. Eles precisam de nós. Todos precisam de nós", disse Trump ao ser perguntado se iria falar com o presidente Lula e como seria a relação com o Brasil e com a América Latina.

A ministra interina das Relações Exteriores, Maria Laura da Rocha, declarou que a diplomacia brasileira trabalhará para encontrar convergências na relação com o novo presidente dos EUA.

O presidente Trump pode falar o que ele quiser. Ele é presidente eleito dos Estados Unidos. Nós vamos analisar cada passo das decisões que forem tomadas pelo novo governo. Mas acredito que, como somos um povo que tem fé na vida, que tudo vai dar certo sempre. Vamos procurar trabalhar as nossas convergências, que são muitas, declarou a ministra.

Os números de investimentos e das relações comerciais entre o Brasil e os EUA, relacionamento que completou 200 anos em 2024, indicam que os Estados Unidos precisam do país. No entanto, como os norte-americanos são os maiores importadores e os segundos maiores vendedores do mundo, a dependência brasileira é maior.

Imagem de arquivo mostra navio carregado com mercadoria — Foto: Divulgação/FIEP
Imagem de arquivo mostra navio carregado com mercadoria — Foto: Divulgação/FIEP

Comércio entre os países

Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) mostram, por exemplo, que em 2024, o fluxo comercial entre Brasil e Estados Unidos chegou a cerca de US$ 81 bilhões.

Os números indicam equilíbrio na relação comercial com os Estados Unidos.

Em 2024, foram registrados:

  • US$ 40,33 bilhões em exportações brasileiras para os EUA, novo recorde;
  • US$ 40,58 bilhões em importações brasileiras dos EUA.

Números do Ministério do Desenvolvimento mostram os principais produtos exportados aos Estados Unidos em 2024.

Se destacaram produtos básicos ou semimanufaturados, como petróleo, aço, ferro, café, carnes, mas também produtos de maior valor agregado, como suco de laranja e aviões.

Veja abaixo:

  1. Óleos brutos de petróleo
  2. Outros produtos semimanufaturados de ferro ou aço não ligado
  3. Café não torrado, não descafeinado, em grão
  4. Pastas químicas de madeira
  5. Ferro fundido bruto
  6. Aviões e outros veículos aéreos, de peso superior a 15 mil kg, vazios
  7. Gasolinas, exceto para aviação
  8. Aviões e outros veículos aéreos, a turbojato
  9. Carnes desossadas de bovino, congeladas
  10. Produtos semimanufaturados, de outras ligas de aços
  11. Suco (sumo) de laranja
  12. Bulldozers e angledozers, de lagartas (máquinas pesadas usadas principalmente em construção, mineração e outros projetos de infraestrutura. O termo "de lagartas" representa máquinas com esteiras em vez de pneus).
  13. Carregadoras e pás carregadoras, de carregamento frontal
  14. Açúcares de cana
  15. Pedras de cantaria, trabalhadas de outro modo e obra
  16. Preparações alimentícias e conservas, da espécie bovina
  17. Querosenes de aviação

Ao mesmo tempo, as vendas dos Estados Unidos para o Brasil se concentram em produtos industrializados, combustíveis, produtos químicos, óleos lubrificantes e aviões, entre outros.

Ao todo, em 2024, foram importados mais de 6 mil tipos diferentes de produtos dos EUA.

Veja os destaques:

  1. Partes de turborreatores ou de turbopropulsores
  2. Turborreatores
  3. Gás natural liquefeito
  4. Óleos brutos de petróleo
  5. Gasóleo (óleo diesel)
  6. Naftas para petroquímica
  7. Hulha betuminosa (carvão mineral)
  8. Copolímeros (utilizados na fabricação de brinquedos, eletrodomésticos e autopeças)
  9. Óleos lubrificantes sem aditivos
  10. Polietilenos
  11. Adubos e fertilizantes
  12. Hidróxido de sódio (soda cáustica)
  13. Propanos liquefeitos
  14. Aviões e outros veículos aéreos, a turbojato
  15. Inseticidas
  16. Partes de aviões ou de helicópteros
  17. Medicamentos
Mulher com máscara do Brasil e uma pequena bandeira dos Estados Unidos vai a reunião nomeada "Go Trump, Go", em frente à embaixada dos EUA em Brasília, em defesa à reeleição do presidente americano — Foto: Eraldo Peres/AP
Mulher com máscara do Brasil e uma pequena bandeira dos Estados Unidos vai a reunião nomeada "Go Trump, Go", em frente à embaixada dos EUA em Brasília, em defesa à reeleição do presidente americano — Foto: Eraldo Peres/AP

De acordo com o presidente-executivo da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, o Brasil, de fato, precisa mais dos Estados Unidos — o maior comprador mundial.

Mas ele ponderou que muitas empresas norte-americanas têm representação no Brasil, e que as trocas comerciais acontecem, neste caso, entre matrizes e filiais.

"O que o Trump falou tem uma certa razão, mas na prática não se aplica. É mais uma frase de efeito. Pode se dizer que eles precisam um pouco da gente, é uma verdade. Pergunta a uma matriz americana que exportam para o Brasil o que eles acham. Acham ótimo. No fundo no fundo, precisam", avaliou José Augusto de Castro, da AEB.

O executivo afirmou que a corrente de comércio (exportações mais importações) com os Estados Unidos pode crescer nos próximos anos, e avaliou que o Brasil precisa reduzir custos para melhorar sua competitividade.

Ele citou a importância da reforma tributária, que terá impacto gradual ao longo dos próximos anos, e elogiou a postura do presidente Lula de adotar um tom de evitar atritos.

"Lula sabe muito bem que precisa deles. Tudo o que Lula falar não será bem recebido [pela posição ideológica diferente]. Tem que ficar quieto mesmo, não dar frase negativa. Deixa assentar o pó, pois muitas coisas estão sendo faladas e nem tudo avaliado com a devida atenção", declarou.

Empresas norte-americanas e investimentos

Quando se considera o investimento realizado no Brasil por outros países, os Estados Unidos lideram, de acordo com relatório divulgado pelo Banco Central no final do ano passado com dados relativos ao ano de 2023.

A liderança dos EUA ocorre tanto no conceito de "investidor imediato" (domicílio da empresa não residente que investiu diretamente na subsidiária ou filial) quanto no de "controlador final" (residência do investidor que detém o efetivo controle e interesse econômico na empresa investida no Brasil).

Os dados referem-se à participação no capital, que considera as entradas de recursos em moeda ou bens relativos à aquisição, subscrição ou aumento total ou parcial do capital social de empresas residentes.

Investimentos diretos de empresas estrangeiras no Brasil em 2023 — Foto: Reprodução de estudo do Banco Central
Investimentos diretos de empresas estrangeiras no Brasil em 2023 — Foto: Reprodução de estudo do Banco Central

Dados do Banco Central citados pela Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) mostram o crescimento do número de empresas norte-americanas no Brasil, e também da participação dessas empresas no país.


Crescimento do número de empresas dos EUA e investimentos no país — Foto: Reprodução de estudo da Amcham (com base em dados do BC)
Crescimento do número de empresas dos EUA e investimentos no país — Foto: Reprodução de estudo da Amcham (com base em dados do BC)

A Amcham também detalhou setores ligados a investimentos recentes no país, assim como informações sobre marcas norte-americanas e patentes no país. Os dados são do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

Investimentos, patentes e marcas dos EUA no Brasil — Foto: Amcham e INPI
Investimentos, patentes e marcas dos EUA no Brasil — Foto: Amcham e INPI

De acordo com Abrão Neto, CEO da Amcham Brasil, os Estados Unidos e o Brasil têm uma relação econômica que gera benefícios para ambas as economias, que se caracteriza pelo alto valor agregado das trocas, complementariedade e diversificação no comércio bilateral.

"Os Estados Unidos são, para o Brasil, o principal mercado de exportação de bens industriais e de serviços. E os Estados Unidos são também o principal investidor estrangeiro no Brasil, com um estoque de mais de US$ 350 bilhões e quase quatro mil empresas americanas operando no país", destaca Abrão Neto, da Amcham Brasil.

"É uma relação mutuamente benéfica, bastante longínqua, com um número considerável de empresas brasileiras nos Estados Unidos e americanas no Brasil", prosseguiu.

Ele lembrou que os Estados Unidos tiveram superávit comercial com o Brasil, pelo menos, nos últimos dez anos, sendo que, apenas em 2023, o saldo positivo em favor das empresas norte-americanas foi de quase US$ 24 bilhões — o sexto maior superávit que os EUA tiveram com qualquer outro parceiro individual.

"É importante destacar também que há uma integração muito saudável entre a economia brasileira e americana, que se reflete no perfil do comércio bilateral", acrescentou.

Na prática, "existem exportações brasileiras de insumos, partes e peças e bens de capital e da mesma forma, o Brasil importa não só bens acabados, mas um número bastante considerável de insumos para o seu setor produtivo".

Para o CEO da Amcham Brasil, um bom exemplo da ligação comercial entre os países é o setor aeronáutico, no qual o Brasil exporta e importa bilhões de dólares em partes e peças de naves e aeronaves acabadas.

"Então essa integração mostra uma interdependência e uma complementariedade no comércio entre os dois países", concluiu.

Entenda as relações econômicas entre Brasil e EUA; possíveis tarifas de Trump preocupam

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