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domingo, 13 de outubro de 2024

O tsunami do tamanho de um arranha-céu que chacoalhou o planeta e ninguém viu

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Neste artigo, pesquisadores discutem como tsunamis de grandes proporções podem vir a se tornar mais comuns, por conta das mudanças climáticas.
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Por Stephen Hicks*, Kristian Svennevig*

Postado em 13 de outubro de 2024 às 07h00m

#.* Post. - Nº.\  11.369 *.#

O Fiorde Dickson em agosto de 2023: apenas algumas semanas depois da captura desta imagem, um grande pedaço da montanha deslizou para o oceano, provocando uma gigantesca onda que reverberou 10 mil vezes durante nove dias dentro do fiorde e fez a Terra inteira vibrar. — Foto: Wieter Boone / Flanders Marine Institute
O Fiorde Dickson em agosto de 2023: apenas algumas semanas depois da captura desta imagem, um grande pedaço da montanha deslizou para o oceano, provocando uma gigantesca onda que reverberou 10 mil vezes durante nove dias dentro do fiorde e fez a Terra inteira vibrar. — Foto: Wieter Boone / Flanders Marine Institute 

O Fiorde Dickson em agosto de 2023: apenas algumas semanas depois da captura desta imagem, um grande pedaço da montanha deslizou para o oceano, provocando uma gigantesca onda que reverberou 10 mil vezes durante nove dias dentro do fiorde e fez a Terra inteira vibrar.

Cientistas especialistas em terremotos detectaram um sinal incomum nas estações de monitoramento usadas para detectar atividade sísmica em setembro de 2023, entre eles nós. Vimos este sinal nos sensores em todos os lugares, do Ártico à Antártica.

Ficamos perplexos - o sinal era diferente de qualquer outro registrado anteriormente. No lugar do estrondo rico em frequências típico dos terremotos, tratava-se de um zumbido monótono, contendo apenas uma frequência de vibração. Ainda mais intrigante foi o fato de o sinal ter continuado por nove dias.

Inicialmente classificado como um objeto sísmico não identificado (USO, na sigla em inglês), a fonte do sinal acabou rastreada até um enorme deslizamento de terra no remoto Fiorde Dickson, na Groenlândia.

Um volume impressionante de rocha e gelo, suficiente para encher 10 mil piscinas olímpicas, mergulhou no fiorde, desencadeando um megatsunami de 200 metros de altura e um fenômeno conhecido como seiche: uma onda no fiorde gelado que continuou a se deslocar para frente e para trás, cerca de 10 mil vezes em nove dias.

Para contextualizar o tsunami, essa onda de 200 metros tinha o dobro da altura da torre que abriga o Big Ben em Londres, e era muitas vezes maior do que qualquer coisa registrada após terremotos submarinos de grandes proporções na Indonésia em 2004 (o tsunami do Boxing Day) ou no Japão em 2011 (o tsunami que atingiu a usina nuclear de Fukushima). Talvez tenha sido a onda mais alta em qualquer lugar da Terra desde 1980.

Nossa descoberta, agora publicada na revista Science, contou com a colaboração de 66 outros cientistas de 40 instituições em 15 países.

Assim como em uma investigação de acidente aéreo, a solução desse mistério exigiu a junção de diversas evidências, desde um grande número de dados sísmicos até imagens de satélite, monitores de nível de água em fiordes e simulações detalhadas da evolução da onda de tsunami.

Tudo isso evidenciou uma cadeia de eventos catastrófica e em cascata, de décadas a segundos antes do colapso. O deslizamento de terra desceu por uma geleira muito íngreme em uma ravina estreita antes de mergulhar em um fiorde estreito e confinado.

No final das contas, foram décadas de aquecimento global que afinaram a geleira em várias dezenas de metros, o que significa que a montanha que se erguia acima dela não podia mais se manter de pé.

Mas além da estranheza dessa maravilha científica, esse evento ressalta uma verdade mais profunda e inquietante: as mudanças climáticas estão remodelando nosso planeta e nossos métodos científicos de maneiras que apenas estamos começando a entender.

É um lembrete claro de que estamos navegando em águas desconhecidas. Há apenas um ano, a ideia de que um maremoto poderia persistir por nove dias teria sido considerada absurda.

Lisboa, com mais de 3 mil anos de história, foi reconstruída após terremoto de 1755, mas ainda guarda relíquias

Da mesma forma, há um século, a noção de que o aquecimento global poderia desestabilizar as encostas do Ártico, levando a deslizamentos de terra e tsunamis em grande escala quase todos os anos, teria sido considerada exagerada. No entanto, esses eventos antes impensáveis agora estão se tornando nossa nova realidade.

À medida que nos aprofundamos nesta nova era, podemos esperar testemunhar mais fenômenos que desafiam nossa compreensão anterior, simplesmente porque nossa experiência não abrange as condições extremas que estamos encontrando agora. Vimos uma onda de nove dias que antes ninguém poderia imaginar que pudesse existir.

Tradicionalmente, as discussões sobre as mudanças climáticas têm se concentrado em olharmos para cima e para fora, para a atmosfera e para os oceanos, com mudanças nos padrões climáticos e aumento do nível do mar. Mas o Fiorde Dickson nos obriga a olhar para baixo, para a própria crosta sob nossos pés.

Talvez pela primeira vez, as mudanças climáticas tenham desencadeado um evento sísmico com impactos globais. O deslizamento de terra na Groenlândia enviou vibrações através da Terra, chacoalhando o planeta e gerando ondas sísmicas que percorreram todo o globo, uma hora após o evento. Nenhuma parte do solo sob nossos pés ficou imune a essas vibrações, abrindo - metaforicamente - fissuras em nossa compreensão desses eventos.

Embora deslizamentos de terra e tsunamis já tenham sido registrados antes, o de setembro de 2023 foi o primeiro a ser visto no leste da Groenlândia, uma área que parecia imune a esses eventos catastróficos induzidos pelas mudanças climáticas.

E esse certamente não será o último megatsunami de deslizamento de terra. Como o permafrost (solo permanentemente congelado) em encostas íngremes continua a se aquecer e as geleiras continuam a derreter, podemos esperar que esses eventos ocorram com mais frequência e em escala ainda maior em todas as regiões polares e montanhosas do mundo.

Os declives instáveis recentemente identificados no oeste da Groenlândia e no Alasca são exemplos claros de desastres iminentes.

À medida que enfrentamos esses eventos extremos e inesperados, está ficando claro que nossos métodos científicos e ferramentas existentes talvez precisem ser totalmente reformados para lidar com eles. Não tínhamos um fluxo de trabalho padrão para analisar o evento de 2023 na Groenlândia. Também precisamos adotar uma nova mentalidade, pois nosso entendimento atual é moldado por um clima quase extinto e anteriormente estável.

À medida que continuamos a alterar o clima do nosso planeta, precisamos estar preparados para fenômenos inesperados que desafiam nosso entendimento atual e exigem novas formas de pensar. O solo abaixo de nós está tremendo, tanto literal quanto figurativamente. Embora a comunidade científica deva se adaptar e preparar o caminho para decisões informadas, cabe aos tomadores de decisão agir.

Stephen Hicks é pesquisador associado em Sismologia Computacional na UCL.

Kristian Svennevig é pesquisador sênior do Departamento de Mapeamento e Recursos Minerais de Pesquisas Geológicas da Dinamarca e Groenlândia.

** Este texto foi publicado originalmente no site do The Conversation Brasil.

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sábado, 12 de outubro de 2024

Elon Musk perde R$ 66 bilhões de sua fortuna após lançamento de robotáxi da Tesla

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Carro autônomo, sem volante nem pedais, foi apresentado na noite de quinta (10). O evento, no entanto, não agradou o mercado, que apontou 'falta de detalhes'. Apesar das perdas, Musk continua sendo o homem mais rico do mundo, com patrimônio de R$ 1,38 trilhão.
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Por g1

Postado em 12 de outubro de 2024 às 06h30m

#.* Post. - Nº.\  11.368 *.#

Elon Musk, presidente-executivo da Tesla, Paris, França 16/06/2023 — Foto: REUTERS/Gonzalo Fuentes
Elon Musk, presidente-executivo da Tesla, Paris, França 16/06/2023 — Foto: REUTERS/Gonzalo Fuentes

Elon Musk perdeu US$ 11,8 bilhões (R$ 66 bilhões) nesta sexta-feira (11). A fortuna do dono da Tesla diminuiu após a empresa dele lançar o robotáxi Cybercab — um carro sem volante nem pedais, desenvolvido para transportar passageiros sem motorista. (conheça o modelo mais abaixo)

As perdas de Musk acompanharam a desvalorização das ações da montadora de veículos elétricos, que recuaram 8,8% nesta sexta. Em valor de mercado, o tombo da companhia foi de US$ 68 bilhões (R$ 382,5 bilhões).

Apesar das cifras, Musk continua sendo o homem mais rico do mundo, com patrimônio de US$ 248,8 bilhões (R$ 1,38 trilhão), segundo o ranking de bilionários da revista Forbes.

Ele está na frente do dono da Oracle, Larry Ellison, que tem uma fortuna de US$ 212 bilhões (R$ 1,2 trilhão) e do fundador da Amazon, Jeff Bezos, que possui US$ 206,6 bilhões (R$ 1,16 trilhão).

Mas o que explica as perdas?

Os papéis da empresa de Musk começaram a despencar na manhã de sexta, logo após a apresentação do Cybercab, que ocorreu na noite de quinta-feira (10), em Los Angeles, nos Estados Unidos.

Para analistas do mercado, o evento de lançamento do robotáxi teve menos informações do que o esperado. O tema foi destacado em relatórios enviados por instituições financeiras a clientes.

Conforme a Forbes, o analista Adam Jonas, do banco Morgan Stanley, apontou decepção com os detalhes do robotáxi. Toni Sacconaghi, analista da gestora de patrimônios Bernstein, chamou a apresentação de "surpreendentemente ausente em detalhes".

Dan Levy, do banco Barclays, destacou que "não houve atualizações indicando oportunidades de curto prazo", enquanto Nancy Tengler, CEO da Laffer Tengler Investments, afirmou ter sido um evento "muito vago" para o gosto do mercado.

Já Dan Ives, analista do Wedbush, destacou que "Musk e a Tesla deveriam ter gastado mais tempo em detalhes".

Por outro lado, apesar da reação negativa e da queda nas ações da empresa, também houve reações positivas. Dan Ives, do Wedbush, ponderou que "discorda fortemente" de que o evento tenha sido uma decepção.

John Murphy, do Bank of America, disse que "o evento correspondeu ao hype".

O lançamento do robotáxi Cybercab

Cybercab é o robotáxi da Tesla, carro sem volantes e pedais, lançado em Los Angeles; imagem foi retirada de vídeo — Foto: Tesla/Divulgação via Reuters
Cybercab é o robotáxi da Tesla, carro sem volantes e pedais, lançado em Los Angeles; imagem foi retirada de vídeo — Foto: Tesla/Divulgação via Reuters

A fabricante de carros elétricos de Elon Musk apresentou na noite de quinta-feira o protótipo do robotáxi Cybercab, um carro sem volante nem pedais, desenvolvido para transportar passageiros sem a necessidade de um motorista.

O modelo tem dois lugares e portas que abrem para cima. A produção do veículo deve começar em 2026, segundo anúncio no evento de lançamento, em Los Angeles, nos Estados Unidos, informou a agência Reuters.

Musk, que chegou ao palco em um dos robotáxis, disse que os veículos estarão disponíveis para compra por menos de US$ 30 mil — cerca de R$ 170 mil.

"A grande maioria do tempo, os carros estão apenas parados", disse Musk no palco. "Mas se forem autônomos, podem ser usados cinco vezes mais, talvez dez vezes mais."

O Cybercab é o primeiro lançamento da Tesla desde o Cybertruck, apresentado como um carro quase indestrutível em 2019. Naquele ano, Musk também prometeu revelar um robotáxi.

Robotáxi da Tesla é exibido em um evento de lançamento em Los Angeles, na Califórnia — Foto: Tesla/Divulgação via Reuters
Robotáxi da Tesla é exibido em um evento de lançamento em Los Angeles, na Califórnia — Foto: Tesla/Divulgação via Reuters

O lançamento foi adiado mais de uma vez, e a tentativa anterior estava prevista para agosto. Segundo o bilionário, o evento não aconteceu na data prevista devido a uma mudança de última hora no visual do carro.

Ele disse que os carros dependem de inteligência artificial e câmeras, não necessitando de outro hardware como o que os concorrentes de robotáxi usam — uma abordagem que investidores e analistas consideram desafiadora tanto do ponto de vista técnico quanto regulatório.

"O futuro autônomo está aqui," disse Musk. "Temos 50 carros totalmente autônomos aqui esta noite. Você verá os Model Ys e o Cybercab. Todos sem motorista."

O plano de Musk é operar uma frota de táxis autônomos da Tesla que os passageiros possam chamar por meio de um aplicativo. Proprietários individuais também poderão ganhar dinheiro no aplicativo, listando seus veículos como robotáxis.

Além do carro, Musk apresentou um robovan, que é um veículo maior e autônomo capaz de transportar até 20 pessoas. Ele também mostrou o robô humanoide Optimus da Tesla.

Robovan da Tesla é apresentado em evento em Los Angeles — Foto: Tesla/Divulgação via Reuters
Robovan da Tesla é apresentado em evento em Los Angeles — Foto: Tesla/Divulgação via Reuters


Robô Optimus da Tesla caminha durante o evento de lançamento em Los Angeles — Foto: Tesla/Divulgação via Reuters
Robô Optimus da Tesla caminha durante o evento de lançamento em Los Angeles — Foto: Tesla/Divulgação via Reuters

Investidores desapontados

Segundo a Reuters, investidores que esperavam detalhes concretos sobre a rapidez com que a Tesla pode aumentar a produção de robotáxis, garantir aprovação regulatória e implementar um plano de negócios sólido para superar concorrentes ficaram desapontados.

"Tudo parece legal, mas não muito em termos de prazos. Sou acionista e estou bastante decepcionado. Acho que o mercado queria prazos mais definitivos," disse Dennis Dick, trader de ações da Triple D. Trading. "Não acho que ele disse muito sobre nada. Ele não deu muitas informações.

'Caixa-preta'

A direção autônoma do Cybercab é baseada na técnica de "aprendizado de máquina e ponta-a-ponta", em que o sistema é treinado para tomar decisões com base em dados brutos.

Depois de receber as informações, o sistema não tem interferência humana, o que faz ele ser apontado como uma "caixa-preta" que dificulta a responsabilização em caso de erros.

O método torna "quase impossível ver o que deu errado quando ele se comporta mal e causa um acidente", disse um engenheiro da Tesla ouvido pela Reuters na condição de anonimato.

Rivalidade com Alphabet e Uber

O Cybercab deverá concorrer com os carros autônomos de empresas como Waymo, (da Alphabet, controladora do Google), Cruise (da General Motors) e Uber.

As adversárias costumam ter mais sensores redundantes, isto é, que funcionam como camadas extras de proteção para garantir segurança e a aprovação de reguladores para seus veículos.

Já a Tesla quer carros com câmeras mais simples que usam inteligência artificial para analisar o que está ao redor. A tática tem o objetivo de tornar os carros mais baratos, mas pode dificultar a autorização de reguladores.

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sexta-feira, 11 de outubro de 2024

Nobel da Paz 2024 vai para grupo japonês Nihon Hidankyo, que luta contra armas nucleares

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Organização é formada por sobreviventes das bombas de Hiroshima e Nagasaki. Prêmio foi "lembrete ao mundo dos riscos do uso de armas nucleares" em momento de escalada de guerras no mundo, disse comitê do Nobel.
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Por Luisa Belchior, g1

Postado em 11 de outubro de 2024 às 07h50m

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Nobel da Paz vai para grupo antinuclear japonês

A organização japonesa Nihon Hidankyo, formada por sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki e que luta pela abolição das armas nucleares, venceu o Prêmio Nobel da Paz 2024, anunciado na manhã desta sexta-feira (11).

A escolha, que surpreendeu analistas e casas de apostas, foi motivada pela escalada de guerras no mundo, como as da Ucrânia, Oriente Médio e Sudão, acompanhadas de ameaças crescentes de uso de armas nucleares (leia mais abaixo).

Também conhecida como Hibakusha, a organização premiada é um movimento popular de sobreviventes das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki — em 1945, os Estados Unidos lançaram as bombas sobre as duas cidades japonesas, matando entre 120 mil e 200 mil pessoas e , marcando o fim da Segunda Guerra Mundial, .

Foi a única vez em que armas nucleares foram usadas durante guerras e conflitos no mundo.

O comitê do Nobel disse que a decisão foi "um lembrete ao mundo atual de que essas armas não devem ser usadas nunca mais".

O uso de armas nucleares, que virou um tabu após Hiroshima e Nagasaki, voltou a ser considerado em dois dos três grandes conflitos atuais — as guerras da Ucrânia, no Oriente Médio e no Sudão. A retirada dos EUA do acordo nuclear que mantinha com o Irã em 2018 também já havia alimentado o debate.

No Oriente Médio, o envolvimento do Irã — que em setembro atacou Israel com mísseis em defesa do Hezbollah e do Hamas, financiados por Teerã — fez com que o regime do país considerasse abertamente a possibilidade de criar um programa nuclear militar.

O Irã tem ogivas nucleares, mas, após chegar a um acordo histórico com os EUA, se compromete a utilizar as usinas apenas para fins civis. Em 2018, no entanto, o então presidente norte-americano, Donald Trump, se retirou do acordo.

Na semana passada, o Parlamento iraniano anunciou que havia recebido um projeto de lei do gverno para a "expansão da indústria nuclear do Irã", que ainda irá a votação.

Na guerra da Ucrânia, o presidente russo, Vladimir Putin, já falou de ameaça nuclear contra o Ocidente. diversas vezes. E sua aliada Coreia do Norte, tecnicamente ainda em guerra com a Coreia do Sul, também afirma constantemente ter ogivas nucleares.

Especialistas apontam ainda que Israel tem seu próprio programa nuclear militar, mas o país nunca se pronunciou sobre a suspeita.

"Os esforços da Nihon Hidankyo têm coloaborado para manter o tabu das bombas nucleares. Atualmente, no entanto, esse tabu está ameaçado. Esta é uma forma de lembrar o mundo da necessidade do desarmamento nuclear", disse o comitê do Nobel.

Segundo a organização, a decisão deste ano foi motivada "por todos os conflitos acontecendo no mundo neste mundo". "Isto é um lembrete para que a gente se lembre que essas armas nunca mais devam ser usadas", disseram os organizadores.

"O prêmio foi um reconhecimento à Nihon Hidankyo por seus esforços para alcançar um mundo livre de armas nucleares e por demonstrar por meio de depoimentos de testemunhas que armas nucleares nunca devem ser usadas novamente", disse o comitê.

Grupo antinuclear japonês ganha prêmio Nobel da Paz 2024

A Nihon Hidankyo foi comunicada sobre o prêmio através da imprensa. Após o anúncio, o diretor da organização, Toshiyuki Mimaki, falou com a imprensa em Hiroshima, onde fica a sede do grupo.

"(O prêmio) Será uma grande força para lembrar ao mundo que a abolição das armas nucleares pode ser alcançada", disse o diretor, que é sobrevivente do bombardeio em Hiroshima.

A organização é totalmente formada por sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki.

O diretor da organização Nihon Hidankyo, vencedora do Nobel da Paz, após o anúncio, em 11 de outubro de 2025. — Foto: Moe Sasaki/Kyodo News via AP
O diretor da organização Nihon Hidankyo, vencedora do Nobel da Paz, após o anúncio, em 11 de outubro de 2025. — Foto: Moe Sasaki/Kyodo News via AP

Quem vence o Nobel da Paz recebe um prêmio de US$ 1,1 milhão (cerca de R$ 6 milhões), além de um diploma e uma medalha de ouro.

O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, disse ter achado "extremamente significativo" que o prêmio deste ano tenha sido concedido à organização de seu país, "que há muito tempo trabalha pela abolição das armas nucleares".

No ano passado, a premiação foi concedida à ativista iraniana Narges Mohammadi, voz da revolução feminina histórica de seu país. Mohammadi foi a 19ª mulher a receber o Nobel da Paz, que já foi concedido a 92 homens.

Moeda concedida aos vencedores do prêmio Nobel da Paz — Foto: Patrick Semansky/AP
Moeda concedida aos vencedores do prêmio Nobel da Paz — Foto: Patrick Semansky/AP

Antes da entrega do prêmio, especialistas apontavam que António Guterres, secretário-geral da ONU, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) e o Tribunal Internacional de Justiça (ICJ) estavam entre os favoritos.

Casas de apostas também indicavam o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, como um dos favoritos.

Neste ano, 286 pessoas foram indicadas ao prêmio, incluindo o Papa Francisco, embora a lista completa seja mantida em sigilo por 50 anos. O Comitê Norueguês do Nobel, composto por cinco pessoas nomeadas pelo Parlamento da Noruega, é responsável pela decisão final.

De acordo com o testamento de Alfred Nobel, o Prêmio Nobel da Paz deve ser entregue à pessoa ou organização que tenha contribuído de forma significativa para a fraternidade entre as nações, a abolição ou redução de exércitos permanentes, e a promoção de congressos de paz.

O Nobel da Paz não foi entregue 19 vezes. A última vez que isso aconteceu foi em 1972.

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