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sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Quase R$ 1 milhão em uma garrafa: o que tem de diferente na cachaça mais cara do mundo? VÍDEO

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Lançada no começo de 2023, a VB Platinum, da Velho Barreiro, é um dos produtos da popular marca de bebidas que planeja gerar mais valor para a companhia e chegar a diferentes classes sociais - no Brasil e no mundo.
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Por Bruna Miato, g1

Postado em 18 de agosto de 2023 às 07h10m

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Conheça a cachaça mais cara do mundo, que é vendida por quase R$ 1 milhão
Conheça a cachaça mais cara do mundo, que é vendida por quase R$ 1 milhão

A popular marca de bebidas Velho Barreiro lançou um novo produto em maio deste ano que é praticamente impossível de passar batido. Estamos falando sobre a VB Platinum, a cachaça mais cara do mundo, disponível por valores a partir de US$ 180 mil — o que equivale a quase R$ 1 milhão.

A cachaça milionária é toda preparada de forma especial. Começa pelo líquido, que é produzido em alambique, de forma artesanal, até ser reduzido a um teor alcóolico entre 39% e 40% e depois vai para tonéis de uma madeira especial, a amburana, onde fica armazenado por cerca de quatro anos, envelhecendo para que o sabor seja mais adocicado e floral. (saiba mais sobre ela abaixo)

Mas, o que traz o preço que se sobressai aos olhos, na verdade, não é a bebida, e sim o que está por fora. A garrafa da cachaça, de 700 ml, é coberta por ouro rosé e centenas de pequenos diamantes. O presidente da empresa, Cesar Rosa, dispensa a modéstia: "uma verdadeira obra de arte".

Foi ele, aliás, quem desenhou o layout e mandou o projeto para um ourives de sua confiança, que fabricou a primeira unidade. Três meses depois do lançamento, essa ainda é a única garrafa produzida, já que nenhuma venda foi concretizada. O empresário diz que alguns clientes fiéis da marca estão com os cálculos na ponta do lápis para comprar o produto.

Rosa diz que esse processo de estudo da compra é natural. O alto valor não é corriqueiro, e, por isso, a Velho Barreiro só fabricará outra dessa garrafa da VB Platinum quando a compra da primeira for efetuada, com algum valor sinalizado.

As tratativas com o "cliente VIP", inclusive, são discutidas diretamente entre o presidente da empresa e o possível comprador.

Versão mais acessível

Mas, para quem não têm quase R$ 1 milhão disponível para a compra, ainda há outra possibilidade. A Velho Barreiro produziu, também, uma edição de varejo da VB Platinum, com uma garrafa sem todos os adornos e que pode ser comprada a partir de R$ 230.

De R$ 230 para quase R$ 1 milhão há uma enorme diferença. Mas a bebida produzida é a mesma tanto para a versão varejo, com as garrafas mais simples, quanto para a versão premium, com ouro e diamantes.

Essa diferença de preço, aliás, já foi muito comentada por especialistas e consumidores de cachaça e, para a companhia, está tudo bem. Afinal, a mídia espontânea gerada pela garrafa milionária atraiu até os olhos mais exigentes para a versão mais acessível.

Mauricio Maia, publicitário e especialista em cachaças, conta que buscou a bebida pela curiosidade em saber como seria esse produto, que visa posicionar a Velho Barreiro em um segmento premium.

O resultado, para Maia, é uma cachaça de alambique "boa e que obedece a todos os padrões de qualidade de uma bebida do tipo". Ele comenta que o produto não é inferior ou superior a outras cachaças do mesmo segmento e que o preço de R$ 230 é factível e está "dentro do que o mercado pratica".

Já o presidente da empresa diz encarar o lançamento de uma garrafa com ouros e diamantes como uma brincadeira que a companhia, pelo tamanho e tradicionalidade que tem no mercado, pode fazer para chamar a atenção do consumidor.

De qualquer forma, a VB Platinum está na prateleira de cachaças premium, com um processo de produção diferente das versões de entrada das cachaças no mercado.

As cachaças mais conhecidas — e mais baratas — são feitas em coluna, que é um modelo industrial de larga escala. Já a VB Platinum é parte de uma linha da Velho Barreira produzida em alambique, que é um recipiente próprio para a destilação e produção de uma bebida artesanal.

Depois de passar pelo processo conhecido como alambicagem, em que o álcool reduz até o teor desejado, a cachaça é armazenada em tonéis de amburana, uma madeira especial que traz as notas de sabor.

Da alambicagem ao armazenamento em amburana, a produção da VB Platinum dura cerca de quatro anos, enquanto as cachaças de coluna levam apenas algumas semanas.

Gerar valor para o setor de cachaça

Essa não é a primeira vez que a Velho Barreiro lança uma cachaça diferenciada. Antes da VB Platinum vieram outras, como a Diamond e uma edição especial numerada pelo bicentenário da Independência do Brasil, ambas de alambique e armazenadas em madeiras diferentes.

De acordo com o presidente da companhia, esses lançamentos refletem, na verdade, uma necessidade de todo o setor de cachaças: gerar valor com a bebida para além das classes sociais mais baixas, em que já está bastante inserida.

Rosa destaca que a Velho Barreiro já é uma marca consolidada entre as classes C, D e E e, com esses produtos mais requintados, está atingindo, também, as classes A e B, que são fãs mais fiéis de outros tipos de destilados, como rum, whisky e saquê, por exemplo.

Mauricio Maia destaca, no entanto, que a cadeia de geração de valor vai para muito além do preço e implica, sobretudo, em três pontos:

  • reconhecimento da qualidade do produto;
  • desejo de consumo;
  • fidelização do cliente para com a marca.

O especialista comenta que a Velho Barreiro já atingiu isso com o público C, D e E e considera que a estratégia de lançar a cachaça mais cara do mundo foi uma estratégia inteligente para dar um passo mais firme em direção às classes A e B.

Maia destaca que é como em um desfile de moda de marcas de luxo: os vestidos de alta moda e com valores exorbitantes normalmente são lançados em pouquíssimas peças e representam uma parte pequena do volume de vendas da marca. Mas, com todo mundo falando sobre aquilo, a marca vira desejo de consumo e vende centenas de outras peças.

Além de mirar as classes mais altas no Brasil, o executivo da Velho Barreiro também pontua que, já há algumas décadas, trabalha em parceria com o exterior para popularizar a cachaça como um produto de qualidade e tipicamente brasileiro, sobretudo nos Estados Unidos e na Europa.

Ele explica que clientes de mercados internacionais são "um pouco mais exigentes em relação às bebidas e têm gostado mais dos produtos feitos artesanalmente", o que incentiva a empresa a continuar em sua empreitada com os produtos premium.

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quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Como animais têm 'amizades' surpreendentemente parecidas com as humanas

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A amizade evoluiu ao longo dos anos porque trouxe benefícios, tanto para os humanos quanto para os animais.
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TOPO
Por Beki Hooper, Delphine de Moor e Erin Siracusa, BBC, The Conversation

Postado em 17 de agosto de 2023 às 07h10m

#.*Post. - N.\ 10.916*.#

 — Foto: GETTY IMAGES
— Foto: GETTY IMAGES

Quando você pensa em amizade, o que vem à sua mente? Uma conversa telefônica até tarde da noite? Ver um filme e dividir uma pizza? Dar algumas risadas bebendo uma cerveja?

A amizade é uma parte central da experiência humana. Nossas histórias, nossas canções e nossas conversas são tecidas com fios de amizade.

Em termos científicos, duas pessoas são consideradas amigas se consistentemente preferem uma à outra ao invés de outros indivíduos. No entanto, os humanos não são os únicos que fazem amizades.

Talvez não seja tão surpreendente que nossos parentes mais próximos, como os chimpanzés e os bonobos, também tenham amigos.

Mas espécies de todo o reino animal, de pássaros e peixes a cavalos e golfinhos, também têm amigos. E é surpreendente o quanto essas amizades são semelhantes às humanas.

Semelhanças

Quando pensamos em nossos próprios amigos, percebemos que eles são iguais em vários sentidos.

Talvez vocês tenham crescido na mesma cidade e tenham estudado juntos, compartilhem hobbies ou tenham empregos semelhantes.

Essa propensão à semelhança, ou o que os cientistas chamam de "homofilia", não é exclusiva dos humanos. Acredita-se que essa preferência pela semelhança aumenta a previsibilidade e a confiança em um amigo.

Macacos, zebras, marmotas, elefantes e baleias mostram preferência por interagir com indivíduos próximos de sua faixa etária.

🐵 🐬 Chimpanzés e macacos-de-assam gostam de estar com outros que têm personalidades semelhantes (sim, os animais também têm personalidades) e os golfinhos preferem outros golfinhos que encontram sua comida de maneira semelhante.

Uma das tendências homofílicas mais estabelecidas é a afinidade por outros que compartilham os mesmos genes, ou seja, pela família.

Em todo o reino animal, as espécies mostram uma predileção por interagir com parentes.

Portanto, apesar das teimosas rivalidades entre irmãos, os membros de sua família podem estar entre seus melhores amigos.

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Conexão física
A conexão física é importante em qualquer tipo de relacionamento — Foto: GETTY IMAGES
A conexão física é importante em qualquer tipo de relacionamento — Foto: GETTY IMAGES

Quando consideramos a importância do toque nos relacionamentos, muitas vezes pensamos em parcerias românticas. Mas a conexão física pode ser importante em qualquer tipo de relacionamento.

Os animais nos provam isso. Alguns dos comportamentos que eles adotam para formar e manter amizades são bastante práticos.

Gralhas limpam seus amigos gentilmente com o bico, enquanto macacos usam as mãos. Esses comportamentos não são tão diferentes da forma como nós, humanos, abraçamos nossos amigos.

No entanto, no caso de alguns animais, os rituais de amizade podem parecer selvagens. Os macacos-prego-de-cara-branca cumprimentam seus melhores amigos enfiando os dedos nas órbitas oculares. Babuínos machos da Guiné testam seus laços acariciando os órgãos genitais um do outro.

Embora não recomendemos cutucar os olhos, um abraço na próxima vez que você disser olá ao seu melhor amigo pode ser uma boa ideia.

Mas é claro que nem todas as amizades exigem proximidade.

As amizades podem até se formar entre indivíduos de espécies que se evitam ativamente.

🐿️ Os esquilos-vermelhos-americanos são territoriais, o que significa que cada um deles defende sua própria casa e raramente entra em contato além do acasalamento.

Mas pesquisas mostram que esquilos que vivem juntos por muito tempo desenvolvem amizades que os ajudam a viver mais e a ter mais bebês. Quanto mais tempo esses esquilos vivem perto do mesmo vizinho, mais eles relaxam e gastam menos tempo e energia defendendo seu território.

Embora no passado as amizades dependessem de presença física, viagens internacionais, redes sociais e videochamadas mudaram a maneira como nos conectamos hoje.

🧫 A amizade humana está cada vez mais diferente, especialmente desde a pandemia de covid, mas nossos colegas animais têm nos mostrado que boas amizades podem ser cultivadas mesmo à distância.

Os golfinhos, por exemplo, mantêm proximidade se comunicando com outros golfinhos por meio de chamados de longas distâncias. Os sons emitidos podem viajar até 740 metros para ajudar a preservar relacionamentos de longa distância.

Muitos primatas, incluindo lêmures, macacos-japoneses, bonobos e chimpanzés, também usam vocalizações para manter laços sociais.

A amizade evoluiu ao longo dos anos porque trouxe benefícios, tanto para os humanos quanto para os animais.

Animais (incluindo humanos) que têm aliados vivem vidas mais longas e saudáveis, ajudando seus companheiros a lidar com os desafios.

Amigos podem oferecer apoio em tempos de conflito e fornecer proteção contra ameaças como predadores e escassez de alimentos.

Essa aliança pode ajudar a evitar ferimentos e morte. Por exemplo, orcas e lobos socialmente integrados têm maior probabilidade de sobreviver quando a comida é escassa do que aqueles que vivem nos limites de seus grupos.

Isso ocorre porque seus amigos compartilham alimentos e informações sociais sobre onde encontrá-los.

Ainda temos muito a aprender sobre a amizade animal, e alguns cientistas estão trabalhando para aprofundar nossa compreensão dos laços sociais dos animais.

👉 A vida humana moderna tende a estar longe de riscos como ser caçado por ursos ou lobos, mas o resultado final da amizade permanece verdadeiro.

Os humanos fazem amigos porque há benefícios mútuos. Esses benefícios podem ser um ombro para chorar, uma babá para cuidar de nossos filhos ou um aviso sobre vagas de emprego.

Como demonstram baleias, pássaros e primatas, os amigos nos ajudam. Sem eles, temos menos chances de sobreviver e prosperar.

* Beki Hooper, Delphine De Moor e Erin Siracusa são pesquisadoras de pós-doutorado em comportamento animal, da Universidade de Exeter, no Reino Unido.

** Este artigo foi publicado no The Conversation e reproduzido aqui sob a licença Creative Commons. Clique aqui para ler a versão original em inglês.

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quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Fóssil de réptil que viveu há 230 milhões de anos é descoberto no interior do RS; veja FOTOS

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São mais de 50 fragmentos encontrados de partes do crânio, bico e fêmur. De acordo com os pesquisadores, o réptil viveu no mesmo período dos dinossauros e tem parentesco com os pterossauros, os répteis voadores.
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Por Mauricio Rebellato, RBS TV e g1 RS

Postado em 16 de agosto de 2023 às 15h10m

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Fóssil de réptil que viveu há 230 milhões de anos é descoberto no interior do RS — Foto: Imagens cedidas CAPPA/UFSM
Fóssil de réptil que viveu há 230 milhões de anos é descoberto no interior do RS — Foto: Imagens cedidas CAPPA/UFSM

Um estudo coordenado por paleontólogos do Rio Grande do Sul descobriu um fóssil de réptil pré-histórico, que viveu há 230 milhões de anos em um sítio arqueológico em São João do Polesine, na Região Central do estado. De acordo com os pesquisadores, o réptil, conhecido como Venetoraptor gassenae, viveu no mesmo período dos dinossauros e tem parentesco com os pterossauros, os répteis voadores.

São mais de 50 fragmentos encontrados de partes do crânio, bico e fêmur. A descoberta é destaque na edição desta quarta-feira (16) da revista Nature. A publicação é considerada uma das importantes de ciência do mundo.

"Esse fóssil foi descoberto em 2022. Aí ele passou por um processo de preparação, depois a gente analisa ele, junta dados para poder fazer a publicação, então é um estudo bem minucioso demora bastante. Além disso, ele passa por revisão de outros pesquisadores", explica o coordenador do Centro de Apoio a Pesquisas Paleontológicas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Rodrigo Temp Müller.

Fóssil de réptil que viveu há 230 milhões de anos é descoberto no interior do RS — Foto: Imagens cedidas CAPPA/UFSM
Fóssil de réptil que viveu há 230 milhões de anos é descoberto no interior do RS — Foto: Imagens cedidas CAPPA/UFSM

Os pesquisadores fizeram a reconstituição de como seria o esqueleto do Venetoraptor gassenae. O réptil tinha cerca de um metro de comprimento. O bico lembra o das aves de rapina e as garras eram longas e afiadas, característica que permitia ao animal segurar presas e escalar árvores.

"Eles tinham uma diversidade morfológica muito maior do que se imaginava. Então a gente derruba aquela ideia de que os precursores são animais simples fadados a extinção. A gente viu que existe uma diversidade muito maior e que a gente precisa explorar mais, para encontrar mais exemplares e completar esse quebra-cabeça evolutivo", complementa Müller.

O estudo contou com a participação de pesquisadores do Rio de Janeiro, da Argentina e dos Estados Unidos.

Fóssil de réptil que viveu há 230 milhões de anos é descoberto no interior do RS — Foto: Imagens cedidas CAPPA/UFSM
Fóssil de réptil que viveu há 230 milhões de anos é descoberto no interior do RS — Foto: Imagens cedidas CAPPA/UFSM

Região Central: abrigo de fósseis

A Região Central do RS é conhecida por abrigar alguns dos fósseis mais antigos do mundo. Desta vez, a descoberta foi no sítio arqueológico dentro de uma propriedade rural.

"Para nós, aqui da família Buriol, foi muito interessante. A gente deu um valor muito grande para isso, para todo mundo que nos conhece assim, né? Muito importante para nós", comemorou o agricultor Onélio Buriol.

As escavações continuam na região. Os estudiosos destacam que descobertas como essa ajudam a entender como era o ecossistema.

"Como viviam, o que faziam e, enfim, comparar com outros locais ao redor do mundo também", diz o pesquisador Mauricio Garcia.

Fóssil de réptil que viveu há 230 milhões de anos é descoberto no interior do RS — Foto: Imagens cedidas CAPPA/UFSM
Fóssil de réptil que viveu há 230 milhões de anos é descoberto no interior do RS — Foto: Imagens cedidas CAPPA/UFSM

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terça-feira, 15 de agosto de 2023

'Titanic brasileiro': o naufrágio de 5 minutos do Príncipe de Astúrias, a maior tragédia marítima brasileira

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Naufragado em 1916 perto de Ilhabela (SP), transatlântico era considerado o navio mais luxuoso da Espanha e tinha estrutura de duplo casco, como o Titanic.
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TOPO
Por Simone Machado, BBC

Postado em 15 de agosto de 2023 às 12h15m

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O transatlântico era considerado o navio mais luxuoso da Espanha — Foto: DIVULGAÇÃO via BBC
O transatlântico era considerado o navio mais luxuoso da Espanha — Foto: DIVULGAÇÃO via BBC

Era madrugada de 5 de março de 1916 quando o transatlântico Príncipe de Astúrias passava pela costa de Ilhabela (SP) em direção ao porto de Santos (SP).

A bordo, oficialmente, estavam 588 pessoas, sendo 193 tripulantes. No entanto, estima-se que havia mais pessoas — imigrantes que viajavam sem registros.

A embarcação havia saído de Barcelona, na Espanha, com destino a Buenos Aires, na Argentina. Ela passaria por Las Palmas, Santos e Montevidéu até chegar ao seu destino.

O transatlântico era considerado o navio mais luxuoso da Espanha e tinha 150 metros de comprimento. Era composto por dezenas de confortáveis cabines, subdivididas em 1ª e 2ª classes, classe econômica e setor de imigrantes, que concentrava quase a metade das pessoas que estavam a bordo.

O navio tinha ainda: restaurante, biblioteca, deck com vidros de cristal e sala de música.

Além da separação por pavimentos, cada classe tinha a sua cozinha e seu restaurante próprio. Assim, a cozinha internacional e requintada da primeira classe servia um cardápio diferente dos demais, explica Plácido Cali, arqueólogo e historiador.

As famílias ricas ficavam nos camarotes especiais da primeira classe, com quarto, sala e banheiro com banheira. Enquanto o chamado setor de imigrantes não tinha luxo, com quartos pequenos e até mesmo sem janelas.

Os passageiros eram de várias origens. Além de espanhóis, em sua maioria, havia italianos, portugueses, brasileiros, franceses, sírios, turcos, argentinos e ingleses. Dentre esses passageiros, havia trabalhadores do comércio, jornaleiros, domésticas, artistas, agricultores, industriários, curtidores, cozinheiros, carpinteiros, sapateiro e estudantes, detalha o historiador.

A lista de passageiros do transatlântico registrada no Porto de Santos — Foto: MUSEU NÁUTICO DE ILHABELA/PLÁCIDO CALI/via BBC
A lista de passageiros do transatlântico registrada no Porto de Santos — Foto: MUSEU NÁUTICO DE ILHABELA/PLÁCIDO CALI/via BBC

Naufrágio durou 5 minutos

Já fazia 16 dias que o Príncipe de Astúrias estava em alto mar. Era uma segunda-feira de carnaval. Durante a noite, havia ocorrido um baile e os tripulantes dançaram marchinhas no salão principal do navio.

Naquela madrugada, chovia muito e a visibilidade estava péssima até mesmo para o experiente capitão José Lotina. Era a oitava viagem dele no comando do Príncipe de Astúrias.

O historiador conta que foram encontrados registros de várias passagens do Príncipe de Astúrias pelo litoral do Brasil.

Os documentos da 'Inspectoria de Immigração no Porto de Santos' registram a passagem do Príncipe de Astúrias em outubro e novembro de 1914, janeiro, março, maio, julho, setembro e novembro de 1915; janeiro e março de 1916, a última viagem dele, explica.

Uma das alternativas encontradas por Lotina para fugir da tempestade e melhorar a navegabilidade naquela madrugada foi mudar a rota. Em vez de seguir em mar aberto em direção a Santos (SP), ele ordenou que um desvio fosse feito. Ele não sabia que a nova rota ia em direção à parte mais rasa do mar e que ali havia uma área de corais.

Às 4h15, o luxuoso transatlântico bateu em formações rochosas na área da Ponta da Pirabura, na costa de Ilhabela (SP). O choque danificou sua estrutura, abrindo uma fenda de aproximadamente 40 metros no casco. Em poucos minutos, a casa de máquinas do navio foi inundada, causando a explosão das caldeiras, que partiu a embarcação em três pedaços.

Em cinco minutos, a tragédia aconteceu: o Príncipe de Astúrias naufragou e levou à morte mais de 440 pessoas, o que rendeu ao transatlântico o apelido de "Titanic brasileiro.

Para se ter uma ideia da rapidez do naufrágio, o Titanic levou mais de duas horas para afundar completamente.

Foram resgatadas 143 pessoas que estavam no Príncipe de Astúrias e diversos cadáveres foram retirados do mar por um navio inglês que passou pelo local após a tragédia.

Mais de um século depois, a razão do naufrágio do Príncipe de Astúrias ainda é motivo de controvérsia.

O corpo do capitão José Lotina nunca foi encontrado, assim como o de seu primeiro oficial, Antônio Salazar Linas.

Especula-se que havia imigrantes europeus sendo transportados clandestinamente porque o número de sepulturas encontradas nas praias passou de mil.

O Príncipe de Astúrias

O salão de música do navio — Foto: Divulgação via BBC
O salão de música do navio — Foto: Divulgação via BBC

O navio foi construído na Escócia, dois anos antes do naufrágio, em 1914, sob encomenda de uma companhia espanhola.

Ele tinha uma estrutura de duplo casco, assim como o Titanic. Essa tecnologia, na época, era considerada capaz de tornar a viagem mais rápida e segura.

O transatlântico era um navio misto: transportava pessoas e também cargas.

Na viagem que resultou na tragédia, além dos passageiros e tripulantes, a embarcação estava carregada com fios elétricos, vinho português, metais como estanho e cobre, e também 12 estátuas de mármore e bronze que tinham como destino o Monumento dos espanhóis (La Carta Magna y las Cuatro Regiones Argentinas), em Buenos Aires.

Acredita-se também que no navio havia 40 mil libras-ouro, porém elas nunca foram encontradas.

Veja a lista completa dos itens que estavam sendo transportado pelo transatlântico no dia da tragédia:

  • 12 estátuas de bronze, destinadas ao Monumento dos espanhóis, do Parque Palermo, em Buenos Aires;
  • 1.470 toneladas de peças de cobre; 668 toneladas de estanho; 25 toneladas de tungstênio; 150 toneladas de vanádio;
  • 106 toneladas de cromite; 490 toneladas de fios elétricos de alta tensão; 260 toneladas de chapas de cobre; 960 toneladas de chumbo; 450 toneladas de aços especiais; 80 garrafões de mercúrio.
  • Arsenal destinado à Marinha Argentina: 14 hélices de bronze de duas toneladas e nove hélices de uma tonelada; 20 âncoras de ferro de duas toneladas, 14 de uma tonelada e, ainda, 900 toneladas de correntes de ferro.
  • Fardos de cortiça.
Mergulho difícil

Hoje, mais de 100 anos depois do naufrágio, muitos dos destroços do navio estão em uma profundidade de 9 a até 30 metros, no litoral norte de São Paulo, e é possível mergulhar no local para vê-los.

No entanto, a área é um ponto de mergulho desafiador devido à movimentação da água no local.

Além disso, a cor turva deixa o local onde estão os destroços mais escuro, o que pode confundir os mergulhadores – especialistas alertam para o risco de entrar nos destroços do navio sem perceber e se perder no local. Apenas profissionais experientes conseguem acessar a área.

Assim, durante os mergulhos, é difícil ver os restos do transatlântico com clareza. Entretanto, ainda é possível avistar itens que compunham o cenário, como banheiras, chuveiros e até mesmo encontrar itens que eram levados a bordo, como pratos e outros utensílios.

Mergulhador profissional há 35 anos, João Paulo Franco, de 52 anos, mais conhecido como Johnny, já visitou os destroços do Príncipe de Astúrias seis vezes.

É um mergulho difícil porque é um local em que a água sempre está muito mexida, mesmo quando o mar está tranquilo. Mas é uma experiência muito interessante, é possível identificar onde eram a primeira e segunda classes, encontrar itens como as banheiras que tinham as cabines, e ver a parte das caldeiras e os porões. É um verdadeiro mergulho na história, diz.

Materiais recuperados compõem museu

Museu Náutico foi inaugurado em Ilhabela em 2022 — Foto: MUSEU NÁUTICO DE ILHABELA/PLÁCIDO CALI/via BBC
Museu Náutico foi inaugurado em Ilhabela em 2022 — Foto: MUSEU NÁUTICO DE ILHABELA/PLÁCIDO CALI/via BBC

Muitas dessas relíquias que estavam no Príncipe de Astúrias foram retiradas dos escombros pelos mergulhadores ao longo dos anos.

Elas e diversos itens encontrados na época do naufrágio por moradores do litoral compõem o Museu Náutico, que foi inaugurado em Ilhabela, em junho de 2022.

No museu, é possível encontrar talheres e pratos utilizados pelos hóspedes a bordo e até mesmo bonecas pertencentes a meninas que estavam viajando.

Também foi recuperada uma das 12 estátuas de bronze, destinadas ao Monumento dos espanhóis, do Parque Palermo, em Buenos Aires. Hoje ela está no Museu da Marinha, no Rio Janeiro (RJ). Há mais peças retiradas do navio Príncipe de Astúrias, no momento em poder de particulares, e é objeto de Inquérito Civil e de processo no IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, para que esse material seja destinado ao Museu de Ilhabela, explica o historiador.

Cerca de 85 mil visitantes já passaram pelo museu desde a inauguração.

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