Objetivo:
“Projetando o futuro e o desenvolvimento autossustentável da sua empresa, preparando-a para uma competitividade e lucratividade dinâmica em logística e visão de mercado, visando sempre e em primeiro lugar, a satisfação e o bem estar do consumidor-cliente."
Imóvel de 66 m² concorreu com construções da Índia, México, Alemanha e Vietnã. <<<===+===.=.=.= =---____-------- ----------____---------____::____ ____= =..= = =..= =..= = =____ ____::____-----------_ ___---------- ----------____---.=.=.=.= +====>>> Por Alex Araújo, g1 Minas — Belo Horizonte Postado em 23 de fevereiro de 2023 às 13h00m #.*Post. - N.\ 10.693*.#
'Casa no Pomar do Cafezal', do artista Kdu dos Anjos — Foto: Leonardo Finotti/Divulgação
A Casa no Pomar do Cafezal ou Barraco do Kdu, na Vila Cafezal, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, é a campeã na categoria Casa do Ano no projeto internacional de arquitetura ArchDaily.
A informação foi confirmada, nesta quinta-feira (23), pelo artista Kdu dos Anjos, proprietário do imóvel.
A casa do Kdu
O imóvel fica na Vila Cafezal, no Aglomerado da Serra.(veja galeria de fotos abaixo).
Veja as fotos do 'Barraco do Kdu'
9 fotos
Imóvel de 66 m² concorreu com construções da Índia, México, Alemanha e Vietnã.
Kdu falou que, em 2022, o projeto da casa – feito pelo arquiteto Fernando Maculan – foi um dos mais curtidos na internet e, no mesmo ano, ficou entre os 50 mais interessantes do Brasil.
O artista destacou que a casa, que tem 66 m², foi construída, propositadamente, com os tijolos expostos, sem reboco e pintura, e que as peças foram colocadas deitadas
Casa no Aglomerado da Serra vence concurso mundial de arquitetura
Veja mais informações do projeto arquitetônico aqui.
Os dados obtidos pelo telescópio revelam o que parecem ser seis grandes galáxias que existiram entre 500 e 700 milhões de anos após a explosão do Big Bang, que deu início ao universo há 13,8 bilhões de anos. <<<===+===.=.=.= =---____-------- ----------____---------____::____ ____= =..= = =..= =..= = =____ ____::____-----------_ ___---------- ----------____---.=.=.=.= +====>>> Por g1 22/02/2023 17h00 Atualizado há 02 horas Postado em 22 de fevereiro de 2023 às 19h00m #.*Post. - N.\ 10.692*.#
Imagens de seis galáxias massivas candidatas, vistas 500-700 milhões de
anos após o Big Bang. Uma das fontes (canto inferior esquerdo) pode
conter tantas estrelas quanto a nossa atual Via Láctea, mas é 30 vezes
mais compacta. — Foto: NASA, ESA, CSA, I. Labbe (Swinburne University of
Technology). Processamento de imagem: G. Brammer (Niels Bohr
Institute's Cosmic Dawn Center na Universidade de Copenhagen)
O telescópio James Webb encontrou possíveis galáxias massivas tão maduras quanto a nossa Via Láctea.
Os dados obtidos pelo telescópio revelam o que parecem ser seis grandes
galáxias que existiram entre 500 e 700 milhões de anos após a explosão
do Big Bang, que deu início ao universo há 13,8 bilhões de anos. O
universo tinha aproximadamente 3% de sua idade atual na época.
“Esses objetos são muito mais massivos do que se esperava”, disse o
professor de astronomia da Penn State, Joel Leja, em um comunicado.
"Esperávamos apenas encontrar galáxias pequenas, jovens e bebês neste
momento, mas descobrimos galáxias tão maduras quanto a nossa no que
antes era entendido como o alvorecer do universo."
Cada um dos seis objetos parece pesar bilhões de vezes mais que o nosso
Sol. Em um deles, o peso total de todas as suas estrelas pode chegar a
ser 100 bilhões de vezes maior que o nosso Sol, segundo os cientistas.
"Elas são radicalmente diferentes - criaturas verdadeiramente
bizarras", disse o astrofísico Ivo Labbe da Universidade de Tecnologia
de Swinburne na Austrália, principal autor do estudo.
"Se a Via Láctea fosse um adulto de tamanho regular e médio, digamos,
cerca de 1,75 metros de altura e 70 kg de peso, essas galáxias seriam
bebês de 1 ano de idade pesando o mesmo, mas com menos de 7 cm de
altura. O universo primitivo é um show de horrores."
Método de combate ao aquecimento global consiste em criar grandes nuvens de poeira lunar no espaço para refletir a luz do Sol e resfriar a Terra <<<===+===.=.=.= =---____-------- ----------____---------____::____ ____= =..= = =..= =..= = =____ ____::____-----------_ ___---------- ----------____---.=.=.=.= +====>>> Por Aaron Tang, BBC 20/02/2023 06h05 Atualizado há um dia Postado em 21 de fevereiro de 2023 às 07h45m #.*Post. - N.\ 10.691*.#
O piloto Buzz Aldrin desce os degraus da escada do módulo lunar
enquanto se prepara para andar na Lua durante a missão Apollo 11 — Foto:
Nasa
Um grupo de cientistas americanos propôs no início de fevereiro um método não ortodoxo de combate ao aquecimento global: criar grandes nuvens de poeira lunar no espaço para refletir a luz do Sol e resfriar a Terra.
O plano dos cientistas é extrair poeira da Lua e lançá-la em direção ao Sol. A
poeira ficaria entre o Sol e a Terra por cerca de uma semana, reduzindo
a luz solar na superfície terrestre em cerca de 2%. Depois, ela se
dispersaria e nós lançaríamos mais poeira lunar.
A proposta envolve o lançamento de cerca de 10 milhões de toneladas
de poeira lunar no espaço todos os anos. De certa forma, é uma ideia
criativa. Se funcionar como anunciado do ponto de vista técnico, ela
poderá fazer com que o mundo ganhe um tempo vital para controlar as
emissões de carbono.
Mas, infelizmente, não é surpresa para ninguém que essa história de reflexão da poeira lunar não é tão simples quanto parece.
Por que a poeira da Lua?
As medidas propostas para resfriar a Terra reduzindo a quantidade de
luz solar que atinge a superfície do nosso planeta costumam ser chamadas
de “geoengenharia solar” ou “gestão da radiação solar”.
O método mais discutido envolve a injeção de uma fina camada de partículas de aerossol na atmosferasuperior da Terra. Mas
mexer com a atmosfera desta forma provavelmente irá afetar os padrões
de chuva e seca e pode ter outras consequências inesperadas, como danos à
camada de ozônio. A poeira lunar no espaço deveria eliminar essas armadilhas, já que nossa atmosfera permaneceria intocada.
Outros
sugeriram refletir a luz solar com espelhos ou filtros gigantescos no
espaço, ou com enormes grupos de satélites artificiais.
A poeira lunar parece uma boa solução em comparação com essas ideias.
Ela existe em grande quantidade e o lançamento de nuvens de poeira com a
menor gravidade da Lua exigiria muito menos energia do que os
lançamentos similares na Terra.
Mas, então, qual é o problema?
Lento e complicado demais
Um dos principais pontos dos defensores da geoengenharia solar é a sua suposta rapidez.
Refletir a luz solar, na melhor das hipóteses, é uma forma de evitar rapidamente os catastróficos impactos de curto prazo do aquecimento global, ganhando tempo para a transição para energias renováveis e a remoção de gases do efeito estufa da atmosfera.
A injeção global de aerossóis na atmosfera, por exemplo, pode precisar do desenvolvimento de aeronaves especiais. Esta certamente não é uma tarefa simples, mas pode definitivamente ser realizada na próxima década.
Já as ambições lunares seriam muito mais lentas. Existem diversas
barreiras logísticas e de engenharia importantes que precisariam ser
transpostas.
A via láctea e os meteoros da chuva anual de meteoros Lyrids são vistos
no céu noturno sobre Burg auf Fehmarn, na ilha de Fehmarn, no norte da
Alemanha — Foto: Daniel Reinhardt/dpa/AFP
Precisaríamos,
pelo menos, de bases na Lua, infraestrutura de mineração lunar,
armazenagem em larga escala e de uma forma de lançar a poeira no espaço.
Nenhum ser humano coloca os pés na Lua há mais de 50 anos. A China pretende construir uma base lunar até 2028, seguida pelos Estados Unidos em 2034. Um sistema operativo de mineração e lançamento de poeira provavelmente ainda está a décadas de distância.
Outra vantagem da geoengenharia solar seria a possibilidade de ajustes.
A injeção de aerossóis na atmosfera, em tese, pode ser ajustada para
reduzir os efeitos negativos. Mudar os locais onde ocorrem as injeções
de aerossóis, por exemplo, pode alterar drasticamente os possíveis
efeitos colaterais e seu perfil de risco.
Já uma nuvem gigante no espaço não oferece este nível de precisão.
Vácuo legal e político
Para piorar ainda mais as coisas, o mundo dispõe atualmente de pouca
governança ou políticas abrangentes sobre o espaço e a Lua.
Muitas questões fundamentais sobre as atividades humanas no espaço,
como o gerenciamento da quantidade crescente de lixo espacial que orbita
a Terra em altíssima velocidade, permanecem sem resposta.
Também
segue sem resposta outra questão fundamental: a lei permite minerar na
Lua? Quem é o “dono” do espaço e dos seus recursos?
O que temos atualmente é uma colcha de retalhos de políticas contraditórias.
O Tratado do Espaço Sideral de 1967 proíbe a “apropriação” dos recursos espaciais, o que pressupõe a proibição da mineração. Já o Artigo 11.3 do Tratado da Lua de 1979 afirma que os recursos lunares não podem ser propriedade de um país, grupo ou pessoa.
Mas os Estados Unidos, a Rússiae a China não assinaram o Tratado da Lua. Na verdade, os Estados Unidos
têm uma lei da época do presidente Obama, um decreto do governo Trump e
um acordo internacional não compulsório – o Acordo Artemis. Todos eles
tratam da extração de recursos comerciais.
Esta
política contraditória em vigor faz com que a mineração lunar seja uma
zona cinzenta do ponto de vista jurídico. Lançar a poeira da Lua no
espaço é outro dilema jurídico que ainda está vários degraus à frente.
Problemas no céu e na terra
Essa colcha de retalhos jurídica só existe devido a barreiras políticas
mais abrangentes. Da mesma forma que a corrida espacial do século 20
refletia a geopolítica da Guerra Fria, a governança espacial
contemporânea é moldada pelas divergências políticas atuais.
A Rússia e a China
não assinaram o Acordo Artemis e decidiram (ironicamente, juntos)
permanecer sozinhos. Mas os conflitos sobre um acordo não obrigatório
são apenas a ponta do iceberg.
As divergências políticas sobre a extração de poeira da Lua podem ser muito mais perigosas.
Diferentes países podem preferir diferentes graus de resfriamento ou
discordar se o resfriamento com a poeira lunar deve realmente ser
adotado.
Foguete Falcon 9, da SpaceX, em lançamento realizado em 23 de abril de 2021 — Foto: NASA/Ben Smegelsky via REUTERS
Até o “sistema de lançamento” de poeira proposto – essencialmente, um
canhão eletromagnético gigante do tipo usado atualmente para lançar
caças de combate – pode despertar preocupações com a segurança e
armamentos.
Estas divergências podem infiltrar-se na política terrestre,
exacerbando ainda mais as divisões políticas. E, o que é pior, elas
podem resultar em conflitos armados ou sabotagem da infraestrutura
lunar.
O espaço é outra fronteira para os conflitos políticos, que podem ser
agravados pelo sistema de reflexão da poeira lunar. Esses conflitos
também comprometem o desenvolvimento cooperativo e altruísta do projeto.
Local nobre do espaço sideral
Mesmo se as questões políticas e de implementação fossem resolvidas,
existem ainda muitas outras barreiras a serem transpostas.
A poeira da Lua ficaria no chamado “ponto de Lagrange” entre a Terra e o Sol, onde as forças gravitacionais do planeta e da estrela se equilibram.
Infelizmente,
esse trecho valioso do espaço sideral já está ocupado por satélites,
como o Observatório Solar e Heliosférico e o Observatório do Clima do
Espaço Sideral. Eles talvez pudessem ser deslocados ou desativados, mas o
processo seria caro e criaria novos riscos.
Em resumo, a proposta da poeira lunar, de fato, resolve alguns dos
problemas da geoengenharia solar centralizada na Terra. Mas
provavelmente seria um processo lento demais para atenuar os impactos de
curto prazo das mudanças climáticas e, de qualquer forma, enfrentaria
obstáculos diplomáticos que podem ser intransponíveis.
É preciso ressaltar que os autores, de fato, reconhecem que seu
trabalho tem limitações. No seu comunicado à imprensa, eles dizem:
“Não
somos especialistas em mudanças climáticas, nem na ciência de foguetes
necessária para movimentar massa de um lugar para outro. Estamos apenas
explorando diferentes tipos de poeira em uma série de órbitas diferentes
para ver qual seria a eficácia desta abordagem.”
Por isso, em vez de nos preocuparmos em deslocar satélites, é melhor nos concentrarmos na substituição dos combustíveis fósseis. As soluções para as mudanças climáticas estão bem à nossa frente, não nas estrelas.
* Aaron Tang é estudante de PhD em governança do clima da Universidade Nacional da Austrália.
Eratóstenes partiu do conhecimento de um fenômeno importante: o solstício de verão, ou seja, o dia em que um dos polos da Terra tem sua inclinação máxima em relação ao sol. <<<===+===.=.=.= =---____-------- ----------____---------____::____ ____= =..= = =..= =..= = =____ ____::____-----------_ ___---------- ----------____---.=.=.=.= +====>>> Por Edison Veiga, BBC 15/02/2023 16h10 Atualizado há 4 dias Postado em 20 de fevereiro de 2023 às 08h00m #.*Post. - N.\ 10.690*.#
Eratóstenes ensinando em Alexandria, em pintura feita por Bernardo Strozzi, no século 17 — Foto: DOMÍNIO PÚBLICO
Ainda há quem não acredite que a Terra seja redonda, mesmo com todos os
avanços científicos — da geografia à astronomia. Mas para um sábio da
antiguidade, Eratóstenes de Cirene (276 a.C. - 194 a.C.) foi preciso
apenas um graveto para determinar esse fato — e ainda conseguir estimar,
com boa precisão, o tamanho da circunferência do planeta.
Eratóstenes partiu do conhecimento de um fenômeno importante: o
solstício de verão, ou seja, o dia em que um dos polos da Terra tem sua
inclinação máxima em relação ao sol. Quando ele ocupava o posto de
diretor da Biblioteca de Alexandria, encontrou um manuscrito científico
que dizia que, na então cidade de Siena — hoje chamada de Assuã, no sul
do Egito —, nessa data específica do ano o sol do meio-dia ficava tão
perfeitamente perpendicular ao solo, no chamado zênite, que era possível
vê-lo com facilidade no fundo de um poço.
Isso despertou nele um lampejo, uma sacada. Se ele medisse a inclinação
da luz solar em uma outra localidade ao meio-dia do solstício, sabendo a
distância de um ponto a outro com conhecimentos básicos de matemática
ele conseguiria calcular a circunferência da Terra. Para tanto, bastaria
utilizar uma relação trigonométrica.
Foi preciso preparação, claro. Eratóstenes fez o que era comum na
época: contratou um itinerante. Eram profissionais treinados para
caminhar longas distâncias com passadas regulares, justamente a fim de
medir distâncias entre cidades. Antes de lançar mão da prática, contudo,
o pensador achou que seria possível utilizar a matemática também para
calcular essa distância. "Ele pretendia descobrir a medida entre Siena e
Alexandria utilizando o tempo percorrido por camelos", conta o geógrafo
Leandro Sales Esteves, professor na Universidade Presbiteriana
Mackenzie (UPM). "Mas desistiu da ideia devido à falta de precisão
encontrada nesse método."
Para contratar os itinerantes agrimensores, o geógrafo conta que Eratóstenes precisou de autorização do governo do Egito.
Em linha reta, são cerca de 800 quilômetros — hoje, por estrada, o
trajeto mais curto mede 1011 quilômetros e pode ser percorrido a pé em
204 horas de caminhada. Na unidade de medida utilizada na época
(estádio, que tinha pouco mais de 157 metros), a distância foi
determinada como de 5040 estádios. No dia do solstício de verão, em
Alexandria, Eratóstenes fixou um graveto perpendicular ao solo. A ideia
era medir o comprimento da sombra projetada pela vareta no solo ao
meio-dia e, assim, encontrar o ângulo de inclinação.
Chegou ao número de 7,2 graus, ou seja, o total da circunferência
(360º) dividido por 50. Dessa maneira, fazendo a triangulação matemática
que já era conhecida, bastava multiplicar a distância entre as duas
cidades por 50 para chegar ao tamanho total da Terra. Eratóstenes chegou
ao valor equivalente a 39.750 quilômetros. Convenhamos, muito perto do
que se sabe hoje: a circunferência da Terra mede 40.075 quilômetros.
"Eratóstenes também calculou com grande precisão o raio terrestre,
chegando à medida de 6.366 quilômetros", diz Esteves. "Atualmente,
sabe-se que essa medida é de 6.371 quilômetros."
Quem foi
Eratóstenes foi um sábio da antiguidade grega. E ser sábio nessa época
significava acumular conhecimentos hoje distribuídos em diversas áreas.
Assim, embora normalmente classificado como filósofo, ele foi ainda
matemático, gramático, poeta, geógrafo, bibliotecário e astrônomo.
Nasceu em Cirene, uma cidade do norte da África, na atual Líbia, que na
época era parte do mundo grego. "A Grécia Antiga não era um único país,
mas sim um conjunto de cidades-estado", explica o geógrafo Eliseu
Savério Sposito, professor e pesquisador na Universidade Estadual
Paulista (Unesp). "A cidades eram independentes entre si, mas mantinham
costumes em comum."
Isso significava, exemplifica o professor, que estabeleciam redes de
contato e conservavam práticas parecidas de religiosidade, linguagem,
fazeres artísticos e modelos políticos.
Segundo registros antigos, Eratóstenes foi levado jovem para Atenas, a
fim de estudar com os filósofos mais importantes de sua época. Lá,
acabou chamando a atenção pelas suas capacidades. Então, o soberano do
Egito, Ptolomeu 3º Evérgeta (280 a.C. - 221 a.C.), mandou trazê-lo para
Alexandria. Inicialmente, sua missão era ser o professor do filho do
poderoso Ptolomeu.
Mas, algum tempo depois, Eratóstenes assumiu um cargo que deveria fazer
brilhar os olhos de qualquer intelectual do período: tornou-se
bibliotecário e diretor da Biblioteca de Alexandria, o grande
repositório do conhecimento da Grécia antiga.
Foi nesse posto que teve a ideia do experimento que o consagraria. Mas
esta não foi a sua única contribuição para o conhecimento universal. Ele
é considerado também o fundador da geografia, enquanto área do
conhecimento humano. Isto porque ele publicou uma obra chamada
Geográfica, na qual cunhou um vocabulário próprio para termos do ramo.
Para Eratóstenes, o título de primeiro geógrafo deveria ser conferido
ao poeta Homero (928 a.C. - 898 a.C.), pelo fato de ele ter elaborado
uma série de descrições climáticas e topológicas. Escrita em três
volumes, Geográfica acabou tendo trechos citados por diversos estudiosos
dos séculos seguintes, com o naturalista romano Caio Plínio Segundo (23
- 79), mais conhecido como Plínio, o Velho.
Geográfica acabou se perdendo com o passar do tempo e, hoje, apenas 155
fragmentos da obra são conhecidos — justamente por conta dessas
citações em outros trabalhos.
Terra plana vs. Terra redonda
Para pesquisadores contemporâneos, contudo, um ponto relevante da
descoberta de Eratóstenes é que ele ilustra que a noção de Terra
esférica já era vigente. Afinal, para alguém pensar em medir a
circunferência do planeta, era preciso antes partir do entendimento de
que havia uma circunferência a ser medida.
"Sem dúvidas, a atuação de Eratóstenes prova que, desde a antiguidade, a
noção de que a Terra é redonda já existia", comenta o historiador Vítor
Soares, que mantém o podcast História em Meia Hora. "Essa questão da
prova é interessante porque, nela, temos tanto uma questão filosófica
quanto uma questão matemática." Afinal, para conseguir seu intento, o
sábio da antiguidade utilizou um método trigonométrico.
"Desde os gregos já se sabe que a Terra é redonda", sentencia Sposito.
"Como os gregos desenvolveram a astronomia, um ramo da matemática,
criaram modelos tridimensionais para explicar o movimento, aparente, dos
planeta. Isso ainda no século 4 a.C.."
O geógrafo cita vários nomes além de Eratóstenes. O filósofo e
astrônomo Heráclides do Ponto (390 a.C. - 310 a.C.) propôs que a Terra
girava em torno do próprio eixo. O astrônomo e matemático Aristarco de
Samos (310 a.C. - 230 a.C.) apresentou a teoria do sistema
heliocêntrico, com a Terra girando em torno do sol.
"A cosmologia desenvolvida na Grécia antiga tem importantes pensadores
que produziram evidências para o modelo de Terra esférica que conhecemos
hoje", comenta o geógrafo Esteves. "Apesar do modelo de Terra plana ter
sido utilizado por algumas civilizações da antiguidade, foi a partir da
cosmologia grega que o modelo de Terra esférica se expandiu para outras
regiões, em especial devido à influência de pensadores como Pitágoras,
Aristóteles, Ptolomeu e Eratóstenes."
Nesse sentido, Eratóstenes fez ciência da mesma maneira como se faz
ciência ainda hoje: apoiando-se em pesquisas de seus pares, anteriores,
avançou. Em seu caso, por meio de um experimento concreto.
Eratóstenes de Cirene foi filósofo, matemático, gramático, poeta, geógrafo, bibliotecário e astrônomo — Foto: DOMÍNIO PÚBLICO
"Cabe-lhe o papel da comprovação empírica de uma noção que havia sido
estabelecida já anteriormente por outros pensadores gregos", pontua o
geógrafo Claudio Eduardo de Castro, professor e pesquisador na
Universidade Estadual do Maranhão (Uema). "Ademais, quase
concomitantemente, na China da dinastia Han, há mapas na escala 1:90.000
que trazem uma grade ortogonal de localização."
Segundo Castro, "graças à nossa ignorância quanto à cartografia
oriental, e apesar dela, podemos indagar se o avanço do conhecimento a
cerca da Terra no ocidente se baseou nos conhecimentos do oriente que
tanto utilizou dessa cartografia em seus deslocamentos até a Europa". Ou
ainda, "se a cartografia da Terra esférica, ocidental, rapidamente foi
absorvida e praticada no oriente".
Para o historiador Soares, esse debate entre Terra plana e Terra
redonda "é interessante porque é basicamente uma disputa de narrativas",
já que o conhecimento científico a respeito é extremamente antigo.
"Muita gente acredita que, durante a Idade Média, a Igreja propagou a
ideia de que a Terra fosse plana ou algo parecido. Porém, isso é um
mito", defende ele. "Podemos comprovar isso usando as artes. Se você
analisar diversos quadros representando figuras religiosas ou até
membros da Igreja, há imagens deles com um globo nas mãos, simbolizando o
mundo."
Roteirista do podcast História em Meia Hora, o professor de história
Victor Alexandre cita o livro da historiadora da ciência Christine
Garwood, Flat Earth: The History of an Infamous Idea, para
contextualizar que, durante os séculos 18 e 19, surgiram filósofos e
pensadores que estavam interessados em "manchar" a imagem da Idade
Média, buscando valorizar tanto a Antiguidade Clássica quanto a Época
Moderna.
"Como parte dessa tentativa de apontar que o período medieval foi de
trevas, esses pensadores inseriram a ideia de que nesse período as
pessoas acreditavam que a Terra era plana", diz Alexandre. "O objetivo
era reforçar a noção de que a modernidade era um período de resgate
cultural e científico."
Evidentemente que terraplanistas, se existem até hoje, também existiam
tanto na Antiguidade quanto no período medieval. O historiador Soares
cita o pensador, enciclopedista — e, mais tarde, considerado santo pela
Igreja Católica — Isidoro de Sevilha (560-636). "Mas esses pensadores
eram uma minoria em relação ao consenso que existia", frisa Soares. "O
problema é pegar esses casos isolados e transportar para todo um
período. Ainda na era moderna, qualquer teoria terraplanista caiu por
terra quando os primeiros navegadores conseguiram fazer a navegação ao
redor da Terra."
Mapa-múndi segundo Eratóstenes de Cirene — Foto: GETTY IMAGES
Mapas planos
Obviamente que, se até hoje o conhecimento científico não é plenamente
acessível, nas sociedades mais antigas tais saberes acabavam sendo
privilégio de uma minoria, uma elite intelectual. "Sabemos que as
sociedades da antiguidade em geral eram profundamente estratificadas e
que o acesso aos conhecimentos e a formação acadêmica eram direitos
restritos à uma parcela menor", lembra o geógrafo Esteves.
"Nos espaços onde circulavam os conhecimentos produzidos pelos
pensadores gregos, a ideia da esfericidade da Terra se tornou dominante.
Além disso, os fundamentos científicos apresentados por esses
pensadores se tornaram referência importante para os cientistas nos
períodos seguintes", enfatiza ele.
O geógrafo Castro ressalta que o mundo da antiguidade ainda era "muito
ligado ao cotidiano laboral no campo, no qual as necessidades impostas
ligavam-se aos ciclos da natureza, aos locais passíveis de se
praticarem, rudimentarmente, a agricultura e pecuárias, o extrativismo e
as guerras por esses recursos".
"Nesse contexto, quase universal das sociedades de qualquer dimensão da
época, o palmilhar o território lhe fazia crer na planura da Terra e,
esta, aliás, restringia-se ao vivido", define ele. "Neste mundo antigo, a
cartografia, ferramenta indispensável à prática das localizações,
cumpria exatamente esse papel: planificar nos mapas as direções, os
lugares essenciais aos objetivos das funções vitais ao viver."
O planeta é esférico, claro. Mas, afinal, o mapa sempre foi plano.
"Um pouco dessa cartografia pode chegar até nossos dias através de
registros mesopotâmicos dos povos sumérios, assírios, babilônicos, mas
não podemos deixar de destacar os orientais, que possivelmente antes
mesmo do ocidente, e influenciando este, utilizavam uma precisa
cartografia já com a intenção de demarcar fronteiras, locais de
conservação da água e fins militares", diz Castro. "Infelizmente quase
toda essa cartografia se perdeu primeiro por ser de uso corriqueiro e
por ter sido elaborada sobre bases frágeis, como a argila."
Para o geógrafo, tudo leva a crer que, a julgar pelo experimento de
Eratóstenes e todo o contexto da época, "o mundo antigo sabia dessa
esfericidade", mas esse conhecimento era restrito a pequenos grupos. "E
que esse conhecimento pouco afetava o cotidiano das sociedades, uma vez
que tais conhecimentos pouco contribuíam com o fazer a vida. A esta
bastava a cartografia de uma Terra plana", acrescenta.
O professor de história Victor Alexandre ressalta que o debate atual
buscado por terraplanistas "é marcado por uma grande negação do consenso
científico", em narrativas alimentadas muitas vezes "pela forma que as
redes sociais trabalham".
"Por meio da internet, pessoas que acreditam que a Terra é plana
conseguem se conectar e estabelecer relações afetivas que sobrepõem
qualquer verdade científica. Com isso, acredito que para convencer
alguém de que a Terra de fato é esférica será necessário um esforço
consciente em estabelecer uma relação próxima com essas pessoas, por
mais que fazer piadas possa ser o mais divertido no momento", defende
ele.