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sábado, 11 de fevereiro de 2023

Garimpo aumentou 787% em terras indígenas entre 2016 e 2022, aponta Inpe

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Dados do Inpe mostram crescimento da mineração ilegal em áreas de reservas protegidas e especialista vê projeto de exploração econômica da Amazônia como fator determinante para a prática.
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Por Arthur Stabile e Poliana Casemiro, g1

Postado em 11 de fevereiro de 2023 às 09h40m

 #.*Post. - N.\ 10.678*.#

Garimpo ilegal em fazenda no Pará — Foto: Ascom PRF
Garimpo ilegal em fazenda no Pará — Foto: Ascom PRF

O garimpo ilegal em terras indígenas na região Norte do Brasil aumentou mais de oito vezes entre 2016 e 2022, apontam dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

As atividades foram detectadas nas Terras Indígenas Yanomami, em Roraima, e em seis reservas do Pará: Sai-Cinza, Munduruku, Baú, Kayapó, Apyterewa e Trincheira/Bacajá.

Avanço do garimpo em terras indígenas de 2016 a 2022 — Foto: Arte/g1

A atividade de garimpo em terras indígenas ganhou projeção nacional em razão da crise sanitária na Terra Indígena Yanomami, a maior do país. Devido ao avanço do garimpo ilegal na região, crianças e adultos enfrentam casos severos de desnutrição e malária.

Segundo os dados do Inpe, em 2016, durante o governo de Michel Temer (MDB), a área de mineração ilegal em terras indígenas estava em 12,87 km², o equivalente a quase metade do arquipélago de Fernando de Noronha.

Em 2021, na gestão de Jair Bolsonaro (PL), o número registrado aumentou 787%, cerca de 114,26 km² --787%. Houve queda em 2022, também sob Bolsonaro, quando 62,1 km² foram detectados como área de mineração ilegal.

Os dados são fornecidos por meio de alertas pelo Deter (Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real), que produz sinais diários de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares (0,03 km²) – tanto para áreas totalmente desmatadas como para aquelas em processo de degradação florestal (além de mineração, ele detecta exploração de madeira e queimadas, por exemplo).

Evolução do garimpo ano a ano:

  • 2016 - 12,87 km²
  • 2017 - 48,72 km²
  • 2018 - 79,17 km²
  • 2019 - 97,24 km²
  • 2020 - 92,38 km²
  • 2021 - 114,26 km²
  • 2022 - 62,1 km²

Para Luciana Gatti, pesquisadora e coordenadora do Laboratório de Gases de Efeito Estufa do Inpe, houve um projeto de exploração econômica na Amazônia durante o governo Bolsonaro. As iniciativas envolviam desmatamento para plantação de soja, milho e explorar minérios, diz.

"Ele foi alterando as políticas públicas, desmantelando órgãos de fiscalização e tomando um monte de medidas para tornar inefetivas as leis de proteção ambiental —tentando, deliberadamente, alterar leis no Congresso", afirma Luciana.

O impacto é direto no solo e nos rios, com a fauna e flora afetadas, além da higiene e sobrevivência da população local, segundo a pesquisadora. "É um desastre do ponto de vista humano e ambiental.", diz.

No início de 2022, Bolsonaro assinou um decreto criando o Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Mineração Artesanal e em Pequena Escala.

O principal objetivo, segundo o texto, era "estimular o desenvolvimento da mineração artesanal e em pequena escala", com o objetivo de alcançar o "desenvolvimento sustentável regional e nacional", mas que incentivou a mineração em terras protegidas, como apontam especialistas.

Para além dos resultados locais imediatos, o desmatamento causado pelo garimpo influencia no aquecimento global. A devastação ambiental à queda no volume de chuva e ao aumento na temperatura.

"Esse estrago causa mudanças climáticas e vai tornando mais difícil recuperar a floresta. O crime que ocorre ali é hediondo e afeta a coletividade de uma maneira que todos nós vamos pagar a conta", afirma Luciana Gatti.

Emergência na TI Yanomami

No dia 20 de janeiro, o Ministério da Saúde do governo Lula (PT) decretou emergência na Terra Indígena Yanomami para atender indígenas com fome e sem atendimento médico. Entre as causas de malária desenfreada na região está a exploração ilegal de mineiros por parte de garimpeiros.

A estimativa é que ao menos 20 mil garimpeiros estejam ilegalmente na Terra Indígena Yanomami. São pouco mais de 30 mil Yanomami na área que deveria, por lei, ser preservada. No entanto, a comunidade sofre com o avanço do garimpo ilegal, que apenas em 2022 cresceu 54%.

Na quarta-feira (8), uma força-tarefa do governo federal destruiu um avião, um trator de esteira e estruturas usadas na logística do garimpo. Dois dias depois, na sexta (10), a Polícia Federal deflagrou a operação Libertação para combater o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami.

Entre os alvos da operação está Vanda Garcia de Almeida, irmã do governador de Roraíma, Antonio Denarium (PP), e o sobrinho dele, Fabrício de Souza Almeida.

Operação contra garimpo ilegal na Terra Yanomami destrói equipamentosOperação contra garimpo ilegal na Terra Yanomami destrói equipamentos

A suspeita da PF é de que havia um esquema de lavagem de dinheiro era de oriundo da extração ilegal de ouro da Terra Indígena Yanomami.

Além da irmã e do sobrinho, outros parentes do governador estão entre os alvos das buscas da PF.

Dados coletados pelo MapBiomas indicam que 9,3% de toda atividade de garimpo no país, em 2020, ocorreu dentro de áreas indígenas. As Terras Indígenas Kayapó e Munduruku, ambas no Pará, e a Yanomami, em Roraima, lideram o ranking. A expulsão de garimpeiros em Roraima tem potencial para agravar a situação em outras TIs da região Norte, em especial no Pará.

Com Roraima no radar das autoridades e a Aeronáutica no controle do espaço aéreo, garimpeiros fogem de barco, arriscam voos e passam dias em caminhadas para cidades no entorno. Além disso, seguem rumo a outros pontos de garimpo já conhecidos. A 1,2 mil quilômetros da TI Yanomami fica a reserva Munduruku, a mais próxima dentro do Pará.

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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Ferramentas pré-históricas encontradas no Quênia têm origem misteriosa e intrigam arqueólogos

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Pesquisadores encontraram 330 ferramentas de pedra de 2,9 milhões de anos no local. No entanto, não se sabe qual espécie de hominídeo criou e usou artefatos.
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Por g1

Postado em 10 de fevereiro de 2023 às 05h00m

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Da esquerda para direita: uma ferramenta percussiva encontrada em 2016, um núcleo Olduvaiense encontrado em 2017 e flocos Olduvaienses encontrados em 2016 e 2017. Sítio de Nyayanga no sudoeste do Quênia. — Foto: T.W. Plummer, J.S. Oliver, E. M. Finestone/Homa Peninsula Paleoanthropology Project via AP
Da esquerda para direita: uma ferramenta percussiva encontrada em 2016, um núcleo Olduvaiense encontrado em 2017 e flocos Olduvaienses encontrados em 2016 e 2017. Sítio de Nyayanga no sudoeste do Quênia. — Foto: T.W. Plummer, J.S. Oliver, E. M. Finestone/Homa Peninsula Paleoanthropology Project via AP

Às margens do Lago Vitória, no Quênia, uma equipe de arqueólogos encontrou 330 ferramentas de pedra de 2,9 milhões de anos, algumas das mais antigas já descobertas. A origem dos artefatos, no entanto, é um mistério: não se sabe qual espécie de hominídeo criou e usou os objetos.

Os cientistas responsáveis pela pesquisa disseram na quinta-feira (9) que encontraram três tipos de ferramentas no sítio arqueológico de Nyayanga: martelos e núcleos de pedra para triturar plantas, ossos e carne, e lascas afiadas para cortar carne. Esses artefatos são exemplos de um tipo de tecnologia da Idade da Pedra chamada de Olduvaiense.

Essa tecnologia:

  • Consiste em objetos feitos de pedra;
  • Foi revolucionária para os hominídeos da época;
  • Permitiu processamento de alimentos e expansão do cardápio;
  • Já foi encontrada em diversas regiões da África;
  • Foi utilizada por pelo menos 1 milhão de anos;
  • Chegou até a Geórgia e a China graças ao Homo erectus.

Acreditava-se que as ferramentas Olduvaienses eram utilizadas apenas por espécies pertencentes ao gênero Homo, um agrupamento que inclui nossa espécie e nossos parentes mais próximos. Entretanto, a recente descoberta colocou esta teoria em xeque.

Além dos artefatos, dois dentes foram encontrados em Nyayanga. Após análises, os arqueólogos concluíram que os molares são os fósseis mais antigos já localizados de um hominídeo do gênero Paranthropus.

"A associação dessas ferramentas de Nyayanga com o 'Paranthropus' pode reabrir o caso de quem fez as ferramentas Olduvaienses mais antigas. Talvez não apenas os 'Homo', mas outros tipos de hominídeos estivessem processando alimentos com a tecnologia", disse Thomas Plummer, principal autor da pesquisa, à Reuters.

 Molares de 'Paranthropus' recuperados no sítio de Nyayanga, no sudoeste do Quênia.  — Foto: S. E. Bailey/Homa Peninsula Paleoanthropology Project via AP
Molares de 'Paranthropus' recuperados no sítio de Nyayanga, no sudoeste do Quênia. — Foto: S. E. Bailey/Homa Peninsula Paleoanthropology Project via AP

A descoberta, então, deu lugar a um mistério, pois não se sabe ao certo quem foram os criadores das ferramentas encontradas no sítio arqueológico do Quênia.

"Existem várias possibilidades. E, a menos que encontremos ossos de mão fossilizados enrolados em uma ferramenta de pedra, o criador das primeiras ferramentas Olduvaienses pode ser desconhecido por muito tempo", afirmou Rick Pott, paleoantropólogo e coautor do estudo, à AP.

Outros hominídeos, como o Australopithecus, também perambulavam pelo planeta naquela época. Os Homo sapiens surgiram mais tarde, apenas cerca de 300.000 anos atrás.

Enquanto algumas espécies de primatas não humanos produzem tecnologias que auxiliam no forrageamento, os humanos são exclusivamente dependentes da tecnologia para sobreviver, explicou Plummer.

Exemplo disso são alguns ossos de hipopótamo encontrados em Nyayanga. As marcas de corte nos fósseis indicam que a carne foi cortada para alimentação — essas são as evidências mais antigas do consumo de um animal grande já registrado.

Esqueleto fóssil de hipopótamo e artefatos Olduvaienses no sítio de Nyayanga, no sudoeste do Quênia, em julho de 2016. — Foto: T.W. Plummer/Homa Peninsula Paleoanthropology Project via AP
Esqueleto fóssil de hipopótamo e artefatos Olduvaienses no sítio de Nyayanga, no sudoeste do Quênia, em julho de 2016. — Foto: T.W. Plummer/Homa Peninsula Paleoanthropology Project via AP

Os primeiros humanos provavelmente também usaram os objetos para quebrar ossos de antílopes para retirar sua medula gordurosa, triturar material vegetal e descascar as cascas externas de raízes de plantas duras.

Ferramentas de pedra permitiam, mesmo nesta data tão inicial, extrair muitos recursos do meio ambiente, disse Plummer. Se você pode abater um hipopótamo, pode abater praticamente qualquer coisa.

Esta foto fornecida pelo Projeto de Paleoantropologia da Península Homa mostra a escavação no local de Nyayanga, no sudoeste do Quênia, em julho de 2016. — Foto: J.S. Oliver/Homa Peninsula Paleoanthropology Project via AP
Esta foto fornecida pelo Projeto de Paleoantropologia da Península Homa mostra a escavação no local de Nyayanga, no sudoeste do Quênia, em julho de 2016. — Foto: J.S. Oliver/Homa Peninsula Paleoanthropology Project via AP

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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

Pesquisadores descobrem rochas de plástico no arquipélago quase inabitado mais distante do litoral brasileiro

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Rochas estão sendo formadas com resíduos de redes de pesca na Ilha da Trindade, que fica a 1.140 quilômetros de Vitória, no Espírito Santo.
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Por Viviane Lopes, g1 ES — Vitória

Postado em 09 de fevereiro de 2023 às 10h15m

 #.*Post. - N.\ 10.676*.#

Pesquisadores encontram rochas de plástico em ilha quase inabitada
Pesquisadores encontram rochas de plástico em ilha quase inabitada

Cientistas e pesquisadores identificaram rochas que estão sendo formadas por plástico na Ilha da Trindade, um paraíso quase inabitado que fica a 1.140 quilômetros de Vitória, no Espírito Santo, e é a ilha brasileira mais distante do continente.

O acesso à ilha é controlado e restringido pela Marinha, o que mostra que a ação do homem começou a influenciar processos que antes eram considerados essencialmente naturais, como a formação de rochas.

Os impactos para o meio ambiente podem ser graves, ameaçando, por exemplo, espécies de tartarugas e aves que se alimentam no local, e também espalhando o material para outras regiões (entenda ao final desta reportagem).

No estudo, que é inédito no Brasil, os cientistas buscam entender a relação entre o homem e o meio em que vive, como as ações humanas transformam o meio ambiente e o impacto disso para as próximas gerações.

A pesquisa foi feita pela doutoranda do programa de pós-graduação em Geologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Fernanda Avelar.

Rochas de plástico se formaram na Ilha da Trindade — Foto: Fernanda Avelar Santos
Rochas de plástico se formaram na Ilha da Trindade — Foto: Fernanda Avelar Santos

A pesquisadora fazia um projeto de estudos costeiros nas ilhas oceânicas brasileiras desde 2017. Ela identificou as rochas formadas por plástico ao fazer uma coleta na Ilha da Trindade em 2019.

"Fiquei uns dois meses na ilha realizando a coleta. Um dia, quando fui até o parcel [recife próximo à superfície] das tartarugas, uma região conhecida por ser a maior área de desova de tartaruga-verde no país, encontrei sedimentos esverdeados nas pedras próximas à praia. Realizei a coleta e depois levei para o laboratório para estudar e entender o que era esse material", contou Fernanda.

Após a análise, a geóloga identificou que o que estava atrelado as rochas era plástico, mais especificamente corda de pesca. O material é formado por pedaços jogado no mar, que são levados até a ilha pela ação das correntes marítimas.

Ilha da Trindade — Foto: Daniele Venturini
Ilha da Trindade — Foto: Daniele Venturini

Formação das rochas

A pesquisadora explicou então que, a partir disso, foi possível identificar que as rochas antes só compostas por substâncias naturais como minerais, estavam sendo geradas pela poluição marinha, compostas principalmente por plástico.

"É fácil reconhecer uma rocha gerada a partir da ação do homem. É só identificar materiais visualmente artificiais, como o plástico, que é um material do nosso cotidiano de fácil reconhecimento visual. As ocorrências encontradas na Ilha da Trindade são compostos por materiais naturais (minerais, conchas, fragmentos de rochas) e materiais plásticos (não-naturais)", disse a geóloga.

Rochas estão sendo formadas com resíduos de redes de pesca na Ilha da Trindade, que fica a 1.140 quilômetros de Vitória — Foto: g1

Rochas estão sendo formadas com resíduos de redes de pesca na Ilha da Trindade, que fica a 1.140 quilômetros de Vitória — Foto: g1

De acordo com o resultado do estudo, o material de corda de pesca se formou na rocha e se fixou na superfície da praia.

O plástico se fixou onde havia rocha e areia e se incorporou na parte de cima da superfície. Com isso, conglomerados foram formados, ficando difícil, até quase impossível, de tirar o plástico da rocha, o que mostra que são detritos plásticos com aparência de rocha.

A maioria do material coletado por Fernanda tem uma idade de poucos anos, com no máximo 1 ou 2 décadas.

O que também chamou a atenção da pesquisadora é que o processo da formação da rocha a partir da poluição marinha é rápido.

"Ele depende de três etapas – nas quais o ser humano atua como principal agente geológico – que são: disponibilidade de lixo plástico no ambiente marinho ou costeiro, arranjo e deposição do lixo em um local da praia (quando as pessoas juntam o lixo a fim de descartar ou fazer fogueira) e aumento da temperatura do ambiente por meio de fogo (como as fogueiras) que derrete o plástico interage com os sedimentos da praia formando cimento plástico e consequentemente estas rochas", afirmou.

Pesquisadora descobriu que rochas são compostas por nylon de rede de pesca. — Foto: Reprodução/ Fernanda Avelar Santos
Pesquisadora descobriu que rochas são compostas por nylon de rede de pesca. — Foto: Reprodução/ Fernanda Avelar Santos

A geóloga explicou que a descoberta foi publicada em um artigo em uma das revistas internacionais mais importantes sobre poluição marinha no final do ano passado, a "Marine Pollution Bulletin".

Segundo Fernanda, a descoberta é considerada a primeira sobre o assunto no Brasil. A nível mundial, é a primeira descoberta de um afloramento que teve vários tipos de detrito no mesmo local.

"No trabalho publicado, reconhecemos diferentes tipos das formas plásticas. Os plastiglomerados, análogos às rochas sedimentares e relatados pela primeira vez no Havaí em 2014, foram encontrados recobrindo sedimentos de praia no Parcel das Tartarugas", explicou.

"Também descrevemos piroplásticos, descritos pela primeira vez na costa da Inglaterra. Estes detritos plásticos estão sendo encontrados em nível global e indicam uma possível correlação estratigráfica deste tipo de poluição marinha", completou Fernanda.

A pesquisadora acredita que a descoberta serve de alerta para possíveis consequências graves para o meio ambiente, principalmente por causa da importância da ilha para o ecossistema, não só de tartaruga-verde, que é a única espécie que se reproduz nas ilhas oceânicas brasileiras, mas de diversas aves que se reproduzem no local.

"Durante a pesquisa eu encontrei vários ninhos de tartarugas próximos às rochas com plástico. Muitas aves migratórias também vão até a ilha, além de ser uma região de recife. É um local muito monitorado no país, que possui uma vida bem frágil. É um monumento natural que deveria ser intocável", explicou a geóloga.

Um outro risco apontado por Fernanda é que com a ação das marés nas rochas compostas por plástico, o material pode se espalhar ainda mais.

"Essas rochas maiores podem se fragmentar, se tornar microplástico e se incorporar na areia. Isso pode fazer com que as tartarugas acabem ingerindo esse material. O ser humano está interferindo no sistema natural da praia. O plástico no mar, a gente sabe que afeta a vida marinha, afeta o clima, só que agora está tão profundamente incorporado que está afetando o ciclo geológico. É sinal que está em muita quantidade", falou.

"A presença disso no sistema geológico é um alerta: a composição da terra está sendo mudada. Esse tipo de poluição está sendo relatada no mundo inteiro, então é um alerta preocupante", relatou a pesquisadora.

A geóloga apontou que mais estudos para entender o impacto das rochas compostas por plásticos para o meio ambiente precisam ser feitos.

"Ainda não sabemos quais os impactos e como elas irão se comportar no registro geológico. De qualquer forma, estas ocorrências devem servir como um alerta, pois mostram que o impacto humano, assim como os seus resíduos, estão tão presentes no meio ambiente que começaram a influenciar processos antes considerados essencialmente naturais, como a formação de rochas", disse Fernanda.

Para Fernanda, a descoberta na ilha pode mostrar um panorama que está acontecendo em várias outras regiões.

"A pesquisa ajuda no sentido principalmente pela divulgação da informação. O Brasil está alertando algo que nunca poderíamos imaginar. Se no meio do oceano, em um lugar pouco habitável já encontramos isso...", falou.

"A ilha reflete o que chega nela, e o que está no mar como um todo. Quanto sociedade, mostra que é preciso fazer alguma coisa para ter o descarte correto desses materiais. É muito triste você encontrar em um paraíso esse tipo de coisa. É chocante de certa forma", contou a pesquisadora. 
A expedição

Fernanda vai à ilha desde 2017, totalizando quatro viagens até o local. O transporte até a Ilha da Trindade é feito pela Marinha do Brasil. São de quatro a cinco dias de navegação para chegar, e o desembarque é feito de bote ou de helicóptero.

A Ilha da Trindade é um território que tem um posto avançado que é de responsabilidade da Marinha. No local também existe uma estação científica e um posto militar.

Equipe de A Gazeta fez expedição na Ilha da Trindade em 2019Equipe de A Gazeta fez expedição na Ilha da Trindade em 2019

Segundo informações da Marinha do Brasil, a Ilha da Trindade foi descoberta em 1501, pelo navegador português João da Nova.

A ilha foi batizada por Estevão da Gama um ano depois da descoberta, com o nome que conserva até hoje, em homenagem à Santíssima Trindade, em função das três elevações mais avistadas à distância. O ponto mais alto é o pico São Bonifácio, com cerca de 625 metros de altura.

A ilha surgiu há 3 milhões de anos de uma zona de fraturas que se estende desde a plataforma continental brasileira.

Devido à sua origem vulcânica, a presença de lavas, cinzas e areias vulcânicas pode ser constatada. A última erupção vulcânica ocorreu há aproximadamente 50 mil anos.

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IPCA tem alta de 0,53% em janeiro, quarto mês seguido de alta

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Trata-se do quarto mês seguido de alta, segundo o IBGE. No entanto, em relação a dezembro (0,62%), houve desaceleração.
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Por Marta Cavallini e Bruna Miato, g1

Postado em 09 de fevereiro de 2023 às 09h35m

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Alimentos puxam inflação — Foto: Licia Rubinstein/Agência IBGE Notícias
Alimentos puxam inflação — Foto: Licia Rubinstein/Agência IBGE Notícias

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, variou 0,53% em janeiro. Trata-se do quarto mês seguido de alta, segundo o IBGE. No entanto, em relação a dezembro (0,62%), houve desaceleração.

Nos últimos 12 meses, o indicador acumula alta de 5,77%, que também desacelerou em relação ao avanço de 5,79% dos 12 meses imediatamente anteriores. Em janeiro de 2022, a variação havia sido de 0,54%.

O maior impacto no mês veio de Alimentação e bebidas (0,59%), que contribuiu com 0,13 ponto percentual no índice.

Na sequência, veio o grupo Transportes, com alta de 0,55% e impacto de 0,11 ponto percentual. Veja abaixo a variação dos nove grupos pesquisados:

  • Alimentação e bebidas: 0,59%
  • Habitação: 0,33%
  • Artigos de residência: 0,70%
  • Vestuário: -0,27%
  • Transportes: 0,55%
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,16%
  • Despesas pessoais: 0,76%
  • Educação: 0,36%
  • Comunicação: 2,09%
Alta da batata inglesa e queda da cebola

No grupo Alimentação e bebidas, houve aumento nos preços da batata inglesa (14,14%), do tomate (3,89%), das frutas (3,69%) e do arroz (3,13%). Já os destaques de queda ficaram com cebola (-22,68%), frango em pedaços (-1,63%) e carnes (-0,47%).

A variação da alimentação no domicílio (0,60%) ficou abaixo da registrada em dezembro (0,71%).

Na alimentação fora do domicílio (0,57%), a maior contribuição veio do lanche (1,04%). A refeição, por sua vez, teve alta de 0,38%, acima do mês anterior (0,19%). Os preços de refrigerantes e água mineral (0,81%) e a cerveja (0,43%) também subiram.

Combustíveis puxam Transportes

Nos Transportes, os combustíveis tiveram alta de 0,68%, puxados pelo aumento nos preços da gasolina (0,83%) e do etanol (0,72%).

Por outro lado, o óleo diesel (-1,40%) e o gás veicular (-0,85%) tiveram queda.

Outros destaques foram emplacamento e licença (1,60%), por causa do IPVA de 2023, e automóvel novo (0,83%). No lado das quedas, os preços dos transportes por aplicativo recuaram 17,03%, após alta de 10,67% em dezembro.

Outro destaque ficou com a alta de 0,91% dos ônibus urbanos, consequência dos reajustes de 6,17% no Rio de Janeiro (4,20%) e de 7,04% em Vitória (4,61%). Também houve reajustes de táxi (3,03%) no Rio de Janeiro (7,74%), onde as tarifas subiram 8,88%, e em Salvador (15,67%), com aumento de 16,74%. O IBGE destaca ainda os reajustes em praças de pedágio (4,29%) de São Paulo (5,08%), Vitória (4,12%) e Curitiba (2,14%).

INPC tem alta de 0,46%

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) teve alta de 0,46% em janeiro, abaixo do registrado no mês anterior (0,69%).

O INPC acumula alta de 5,71% nos últimos 12 meses, abaixo dos 5,93% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em janeiro de 2022, a taxa foi de 0,67%.

Salvador é a capital com maior alta

Das 16 capitais pesquisadas, 14 tiveram alta do IPCA em janeiro. O maior resultado foi em Salvador (1,09%), onde pesaram as altas na energia elétrica (8,07%) e na gasolina (6,34%). Já a menor variação foi em Curitiba (-0,05%), por conta da queda de 3,92% nos preços da gasolina.

  • Salvador 1,09%
  • Vitória 0,92%
  • Fortaleza 0,86%
  • Belo Horizonte 0,82%
  • São Paulo 0,68%
  • Rio Branco 0,67%
  • Aracaju0,63%
  • Campo Grande 0,60%
  • Rio de Janeiro 0,43%
  • Belém 0,41%
  • Brasília 0,33%
  • Goiânia 0,24%
  • Porto Alegre 0,23%
  • Recife 0,03%
  • São Luís -0,01%
  • Curitiba -0,05%
Inflação e os juros no Brasil

A inflação acumulada em 12 meses até janeiro continua acima da meta estabelecida pelo Banco Central em 3,25% neste ano, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, ou seja, entre 1,75% e 4,75%.

A expectativa do próprio BC e de instituições do mercado financeiro nacional, segundo a última edição do Boletim Focus, aponta para o IPCA em 5,78% neste ano.

Em 2022, a inflação encerrou o ano acima do teto da meta. Enquanto a meta estabelecida pelo BC era de 3,5%, com margem de tolerância entre 2% e 5%, a inflação acumulada em 2022 foi de 5,79%. Foi o 4º ano consecutivo em que os preços ficam acima do teto da meta.

Para frear o avanço dos preços, o BC promoveu um ciclo de altas na taxa básica de juros, a Selic, que saiu de 2% ao ano em março de 2021 para 13,75% ao ano em agosto de 2022, o maior percentual dos últimos seis anos. Na semana passada, o Copom escolheu manter, pela quinta vez consecutiva, a Selic no mesmo patamar porque ainda enxerga a força da pressão inflacionária.

Quanto maior é a inflação, menor é o poder de compra das pessoas, principalmente das que recebem salários menores. Isso porque os preços dos produtos aumentam sem que o salário necessariamente acompanhe esse crescimento.

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