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quarta-feira, 12 de outubro de 2022

O Brasil enfrenta uma 'estagflação'? Entenda o termo, o cenário global e os impactos no seu cotidiano

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Banco Mundial manifestou preocupação diante do baixo crescimento e da alta inflação na economia global.
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Por André Catto, g1

Postado em 12 de outubro de 2022 às 08h00m

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Preços de alimentos exibidos em supermercado no Rio de Janeiro. — Foto: REUTERS/Ricardo Moraes
Preços de alimentos exibidos em supermercado no Rio de Janeiro. — Foto: REUTERS/Ricardo Moraes

O Banco Mundial fez, em setembro, um novo alerta sobre a estagflação (entenda abaixo o que é). Segundo o economista-chefe da instituição, Indermit Gill, há uma preocupação real diante do baixo crescimento e da alta inflação na economia global.

"Há seis meses estávamos muito preocupados com uma recuperação lenta e preços muito altos de commodities. E agora acho que estamos muito mais preocupados com uma estagflação generalizada, disse, durante coletiva de imprensa em Washington, em 15 de setembro.

Gill também afirmou que o cenário traz de volta lembranças muito ruins de meados da década de 1970 e das décadas perdidas.

Mas o que é ''estagflação'? Qual sua relação com a década de 1970 e quais os impactos no seu cotidiano?

O que significa ‘estagflação’?

De forma prática, o termo é a junção das palavras estagnação e inflação. Traduz, portanto, um contexto em que a economia de um país está parada, com alto desemprego e menor produção, ao mesmo tempo em que os preços de produtos e serviços estão mais altos – ou subindo.

É uma tempestade perfeita. Um ambiente horrível em que você tem, ao mesmo tempo, inflação alta e uma economia estagnada, resume o professor de Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Fábio Gallo.

O termo estagflação foi usado pela primeira vez em meados de 1960. Mas foi na década seguinte que se popularizou no mundo econômico. Era, ainda assim, um conceito totalmente novo – a inflação tinha, até então, uma relação positiva com os dados de emprego e atividade econômica.

A lógica era a seguinte: quanto mais gente trabalhando, maior o consumo e o dinheiro em circulação. Consequentemente, maior produção nas empresas. Isso faria a roda girar e, quanto maior a demanda, maiores os preços.

Trata-se da relação entre inflação e emprego, abordada na chamada Curva de Phillips, teoria do economista neozelandês William Phillips. Segundo a tese, se a inflação está alta, é porque as taxas de emprego também estão altas e a economia caminha bem.

Mas foi principalmente na década de 1970, citada pelo economista-chefe do Banco Mundial, que essa teoria passou a ser fortemente questionada.

Em 1973, ocorre primeiro choque do petróleo, que faz o preço dos combustíveis dispararem. Isso obriga as economias desenvolvidas a adotarem taxas de juros muito mais altas para frear essa inflação, explica o economista-chefe da Análise Econômica Consultoria, André Galhardo.

"Você tem, então, uma inflação alta, causada pelo aumento do preço dos combustíveis, o que acaba contaminando outras áreas. O aumento das taxas de juros, no entanto, não resolve o problema do petróleo, que mantém os preços lá em cima, continua Galhardo.

O economista destaca outro efeito negativo dentro desse ciclo: os juros altos jogam o nível de atividade econômica para baixo – quanto maior a taxa, mais caro o crédito e menor o incentivo à economia. Havia, portanto, um quadro de inflação alta e atividade econômica baixa.

Isso foi ficando pior ao longo da década de 1970, especialmente com o segundo choque do petróleo, em 1979.

É possível ‘medir’ a estagflação?

Não há um cálculo específico para o termo. Mas dois principais indicadores são utilizados para analisar o cenário: o Produto Interno Bruto (PIB), que mensura a atividade econômica do país, e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerada a inflação oficial, no caso do Brasil.

Normalmente, começamos a falar em estagflação quando a economia emite sinais claros e inequívocos de que está desacelerando. Você observa o PIB brasileiro, por exemplo. Se ele começa a cair e você tem um processo de inflação crônico – subindo de forma crônica, ou parado, mas num nível muito alto – caracteriza-se, então, a estagflação, diz Galhardo.

O Brasil enfrenta um cenário de estagflação?

Para o professor Fábio Gallo, tecnicamente, não. Ele explica que a inflação foi sentida, principalmente, a partir de 2015, ao mesmo tempo em que o país acumulou resultados negativos no PIB. Agora, apesar das quedas recentes no indicador, o saldo deve ser positivo neste ano.

Estamos crescendo consideravelmente, e em um ambiente que permite o combate à inflação. Vamos para o terceiro mês com queda de preços. Então, não estamos num ambiente de estagflação, afirma.

Riscos para 2023

Gallo aponta, no entanto, receios em relação ao ano que vem, ao citar um alerta da Conferência da ONU para o Comércio e Desenvolvimento. Segundo projeção da organização divulgada no início deste mês, a economia brasileira deve desacelerar já em 2022, e o PIB do país deve ter crescimento de apenas 0,6% em 2023.

André Galhardo segue a mesma linha. Segundo o economista, não seria correto dizer que, neste momento, o Brasil passa por uma estagflação.

A economia brasileira não está em um quadro de estagflação justamente porque o PIB tem se comportado positivamente – respondendo a estímulos pontuais do governo, sobretudo em 2022. E a inflação, apesar de elevada, está, neste momento, com tendência de queda, analisa.

Galhardo também alerta para um possível processo de estagflação em 2023, reflexo do alto patamar da Selic, a taxa básica de juros do Brasil, hoje em 13,75% ao ano.

Podemos ter um ritmo menor de atividade econômica. E não está totalmente descartada a possibilidade de um retorno da inflação por conta da piora da guerra na Ucrânia e novos desajustes na cadeia produtiva, como a estiagem na Europa, diz. Aí, sim, teríamos um quadro de estagflação.

Quais os impactos no seu cotidiano?

Baixa atividade econômica, queda na produção e inflação lá em cima. Além do desaquecimento no mercado de trabalho, causado pela estagnação econômica, os impactos da alta nos preços são sentidos diretamente no bolso do trabalhador.

Particularmente, afeta a cesta básica. A população mais frágil sente muito mais fortemente o aumento de preços, afirma o professor Fábio Gallo.

Portanto, nós sentimos [a estagflação] de forma absoluta. E mais: quando se está em um ambiente de estagflação, além de você estar em um ambiente inflacionário, você corre o risco de perder o emprego e não ter chance de arrumar outro porque está em um momento de recessão, continua. 
Estagflação no mundo

Os Estados Unidos e grande parte da União Europeia estão, hoje, em um quadro de estagflação, segundo o economista André Galhardo. A maioria dos países que integram a zona do euro tem um PIB ainda positivo, mas cada vez menor, diz.

Levantamento realizado pela Análise Econômica Consultoria mostra a relação entre o PIB e a inflação nos países do G7, clube dos países mais ricos do mundo.

No gráfico acima, é possível observar: quanto mais distante a linha do PIB em relação à inflação, mais amplo o cenário de estagflação. As maiores diferenças são vistas nos Estados Unidos, na Alemanha e no Reino Unido. A menor, no Japão.

Galhardo cita os EUA como caso mais simbólico. O PIB do país registrou duas quedas seguidas este ano – de 1,6% no primeiro trimestre e de 0,6% no segundo –, configurando, segundo ele, uma recessão técnica.

Mesmo que venham números positivos até o fim do ano, a expectativa é de que a economia continue em rota de deterioração, porque a taxa de juros tende a subir. E este é o principal elemento que tende a desacelerar a economia norte-americana", diz. Enquanto isso, a inflação do país segue alta, acima dos 8%.

Na Europa, vários países enfrentam situação parecida. A inflação da Alemanha, por exemplo, é a mais alta da série histórica desde que o país passou a integrar a zona do euro.

Galhardo considera a situação dos alemães ainda mais crítica, com tendência de alta na inflação por conta da crise energética que atinge a União Europeia – reflexos, principalmente, da guerra na Ucrânia.

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terça-feira, 11 de outubro de 2022

IPCA fica em -0,29% em setembro, terceira deflação seguida, aponta IBGE

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Resultado, mais uma vez, foi puxado pela redução nos preços dos combustíveis. Desde 1998, o país não registrava três deflações seguidas - a deste ano é a maior deflação acumulada da série histórica.
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Por Daniel Silveira, g1 — Rio de Janeiro

Postado em 11 de outubro de 2022 às 10h00m

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Bomba de combustíveis em posto no Rio de Janeiro, registro de setembro de 2022; — Foto: Licia Rubinstein/Agência IBGE Notícias
Bomba de combustíveis em posto no Rio de Janeiro, registro de setembro de 2022; — Foto: Licia Rubinstein/Agência IBGE Notícias

O Brasil registrou deflação pelo terceiro mês consecutivo, algo que não era visto no país havia 24 anos. Em setembro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, ficou em -0,29%, conforme divulgado nesta terça-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

De acordo com o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov, desde 1998 o país não registrava três meses seguidos de deflação. Ele destacou que, naquele ano, isso também ocorreu no trimestre de julho, agosto e setembro.

Trata-se, no entanto, da maior deflação acumulada da séria histórica da pesquisa, iniciada em janeiro de 1980. De julho a setembro deste ano, o país acumula deflação de -1,32%, – em igual período de 1988, o acumulado foi de -0,85%.

A taxa de setembro, contudo, foi a menos intensa destes três meses de queda do indicador: em julho, ela ficou em -0,68%; e, em agosto, em -0,36%.

O indicador prévio, (IPCA-15), divulgado há duas semanas, já apontava que a taxa mensal viria no campo negativo, ao ficar em -0,37%.

No ano, a inflação acumulada até setembro é de 4,09% – e, nos últimos 12 meses, de 7,17% –, ainda bem acima da meta do governo para 2022.

Miriam Leitão sobre deflação: 'Boa notícia'Miriam Leitão sobre deflação: 'Boa notícia'

Mais uma vez, a redução no preço dos combustíveis, sobretudo da gasolina, foi o que mais contribuiu para a redução de preços no país.

"Se o preço da gasolina tivesse se mantido estável, a gente não teria tido deflação nestes três meses. Em setembro, em particular, retirando a gasolina do índice e a redistribuindo, o país teria tido inflação de 0,15%", afirmou o gerente da pesquisa.

Kislanov enfatizou que a gasolina é o item que, individualmente, mais tem o maior peso sobre o IPCA e, por isso, mais tem contribuído para o indicador no campo negativo nos últimos três meses.

Economista explica impacto da deflação de 0,29% em setembro no bolso do consumidorEconomista explica impacto da deflação de 0,29% em setembro no bolso do consumidor

Alta de preços menos disseminada

Embora a deflação venha sendo provocada pelo preço da gasolina, menos produtos têm registrado aumento de preços. O índice de difusão do IPCA passou de 65% em agosto para 62% em setembro. Isso significa que, dos 379 produtos e serviços investigados pelo IBGE para composição do indicador, 234 tiveram alta na média de preços, 12 a menos que em agosto.

Segundo o gerente da pesquisa, foi o menor índice de difusão desde agosto de 2020, quando ficou em 55,4%.

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, quatro tiveram deflação em setembro, sendo a mais intensa observada no grupo Comunicação. No entanto, a do grupo Transportes, embora menos intensa, foi a que mais contribuiu para a queda do índice geral.

Veja o resultado para cada um dos grupos que compõem o IPCA:

  • Artigos de residência: -0,13%
  • Alimentação e bebidas: -0,51%
  • Transportes: -1,98%
  • Comunicação: -2,08%
  • Educação: 0,12%
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,57%
  • Habitação: 0,60%
  • Despesas pessoais: 0,95%
  • Vestuário: 1,77%
Transportes lidera a deflação

O grupo dos transportes contribuiu com -0,41 ponto percentual (p.p.) no IPCA de setembro. Segundo o gerente da pesquisa, isso se deve à queda nos preços dos combustíveis, por conta do peso deles sobre o indicador.

Com queda de 8,33%, a gasolina exerceu o impacto individual mais intenso, de -0,42 p.p. Os outros três combustíveis pesquisados também tiveram queda nos preços: etanol (-12,43%), óleo diesel (-4,57%) e gás veicular (-0,23%).

"O etanol, mesmo tendo um preço livre, acaba acompanhando a gasolina, pois é um produto substituto, destacou Kislanov.

No grupo de transportes, houve ainda o recuo nos preços das motocicletas (-0,08%), dos automóveis novos (-0,15%) e dos automóveis usados (-0,38%), que haviam subido em agosto.

Alimentação cai pela 1ª vez no ano

Os preços médios de alimentação e bebidas tiveram queda de 0,51%, depois de terem subido 0,24% em agosto. Foi a primeira deflação para este grupo desde novembro do ano passado, quando ficou em -0,04%, e a mais intensa desde maio de 2019, quando ficou em -0,56%.

O gerente da pesquisa destacou que os alimentos vinham apresentando alta de preços constantes desde o começo do ano, inclusive em patamares elevados, como em março (2,42%) e abril (2,06%).

Segundo Kislanov, o leite longa vida foi o que mais pesou na deflação do grupo de alimentos e bebidas em setembro. Com queda de -13,71%, ele contribuiu com -0,15 p.p. no resultado do mês. Apesar da queda, o item ainda tem alta de 36,93% no acumulado dos últimos 12 meses.

O leite vinha subindo muito nos últimos 12 meses, especialmente em 2022, por conta do período de entressafra, a partir de março e abril, mas também por causa da guerra da Ucrânia, que aumentou muito o preço dos insumos agrícolas. Agora, com o final do período de entressafra e a volta das chuvas, aumentou a oferta do produto no mercado, o que gerou uma queda nos preços, explicou o pesquisador.

Outro destaque em setembro foi a queda de 6,27% no preço médio do óleo de soja, cuja "explicação vem da redução do preço da soja no mercado internacional, que está caindo desde o final de junho", segundo Kislanov.

Considerando o índice de difusão, em setembro, 58% dos alimentos e bebidas pesquisados pelo IBGE tiveram aumento de preços, abaixo dos 59% observado em agosto.

Entre os alimentos com aumento, o maior destaque é a cebola, com alta de 1,22%. Nos últimos 12 meses, ela subiu mais de 120%.

O que está causando essa alta no preço da cebola é o fato de a produção do Nordeste estar aquém do esperado, aliada a uma redução da área de plantio, destacou o gerente da pesquisa.

Inflação só na Grande Vitória

Das 16 regiões do país pesquisadas pelo IBGE para a composição do IPCA nacional, apenas Vitória registrou inflação em setembro. Segundo o IBGE, a alta na capital capixaba foi puxada pelos reajustes de 13,01% na taxa de água e esgoto e de 4,95% na energia elétrica residencial.

A deflação mais intensa entre as 15 áreas com IPCA negativo em setembro intensa foi registrada na região metropolitana de Fortaleza. A menos intensa foi em Belém.

Acumulado acima do teto

O Banco Central já admitiu oficialmente, porém, que a meta de inflação será descumprida em 2022 pelo segundo ano seguido. Em 2021, a inflação fechou em 10,06%, bem acima do teto da meta (5,25%), representando o maior aumento desde 2015.

Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta de inflação para 2022 é de 3,5% e só será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 2% e 5%.

Os indicadores acumulados até setembro deste ano, entretanto, estão em patamares mais baixos. O IPCA acumulado no ano ficou em 4,09% – e o acumulado em 12 meses é de 7,17%. Em setembro do ano passado, esses índices ficaram, respectivamente, em 6,90% e 10,25%.


Inflação sobre serviços acelera

A queda na média de preços não atingiu os serviços, que acelerou – passou de 0,28% em agosto para 0,40% em setembro. Em 12 meses, os serviços acumulam alta de 8,50%, acima do IPCA geral.

De acordo com o gerente da pesquisa, o que mais contribuiu para isso foram o aumento de 8,22% nas passagens aéreas e de 6,14% nas tarifas de transporte por aplicativo. Em agosto, esses dois serviços haviam registrado queda de -12,07% e -1,06%, respectivamente.

Serviços relacionados com estética, como depilação, cabeleireiro e barbeiro e manicure, por exemplo, também tiveram grande contribuição para a inflação de serviços em setembro, destacou Kislanov.

Entre os serviços com queda na média de preços na passagem de agosto para setembro, destacam-se: plano de acesso à internet (-10,55%); combo de telefonia, internet e TV por assinatura (-2,70%); aluguel de veículo (-2,02%); e cinema, teatro e concertos( -1,31%).

Expectativas

Os economistas do mercado financeiro reduziram, nesta segunda-feira (10), de 5,74% para 5,71% a estimativa de inflação para este ano. Essa foi a 15ª queda seguida da estimativa para a inflação de 2022.

Quanto maior é a inflação, menor é o poder de compra das pessoas, principalmente das que recebem salários menores. Isso porque os preços dos produtos aumentam sem que o salário necessariamente acompanhe esse crescimento.

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segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Ben Bernanke, Douglas Diamond e Philip Dybvig ganham Nobel de Economia 2022

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Os pesquisadores foram premiados por estudos sobre os bancos e sua relação com as crises financeiras.
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Por g1

Postado em 10 de outubro de 2022 às 08h55m

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Membros da Real Academia Sueca de Ciências Tore Ellingsen, Hans Ellegren e John Hassler anunciam o Prêmio Nobel de Ciências Econômicas de 2022, durante coletiva de imprensa na Real Academia Sueca de Ciências em Estocolmo, Suécia. Os vencedores são Ben S Bernanke (EUA), Douglas W. Diamond (EUA) e Philip H. Dybvig (EUA). — Foto: TT News Agency/Anders Wiklund via REUTERS
Membros da Real Academia Sueca de Ciências Tore Ellingsen, Hans Ellegren e John Hassler anunciam o Prêmio Nobel de Ciências Econômicas de 2022, durante coletiva de imprensa na Real Academia Sueca de Ciências em Estocolmo, Suécia. Os vencedores são Ben S Bernanke (EUA), Douglas W. Diamond (EUA) e Philip H. Dybvig (EUA). — Foto: TT News Agency/Anders Wiklund via REUTERS

Os norte-americanos Ben S. Bernanke, Douglas W. Diamond e Philip H. Dybvig foram premiados nesta segunda-feira (10) com o prêmio Nobel de Economia 2022.

Os pesquisadores foram premiados pelos estudos sobre bancos e sua relação com as crises financeiras.

Ben S. Bernanke, de 68 anos, foi presidente do Federal Reserve (Fed, BC dos EUA) de 2006 a 2014 e trabalha na The Brookings Institution, em Washington, EUA. Ele é especializado em bancos e crises financeiras.

Douglas W. Diamond, de 68 anos, é professor de finanças, crise financeira e liquidez da Universidade de Chicago, também nos EUA.

Philip H. Dybvig, de 67 anos, é professor de bancos e finanças na Universidade de Washington.

Eles desenvolveram modelos teóricos que explicam por que os bancos existem, como seu papel na sociedade os torna vulneráveis ​​a rumores sobre seu colapso iminente e como a sociedade pode diminuir essa vulnerabilidade.

"O trabalho pelo qual Ben Bernanke, Douglas Diamond e Philip Dybvig estão sendo reconhecidos foi crucial para pesquisas subsequentes que melhoraram nossa compreensão sobre bancos, regulamentação bancária, crises bancárias e como as crises financeiras devem ser gerenciadas", informou a Real Academia de Ciências da Suécia.

Além disso, o prêmio reconheceu os três economistas por terem melhorado significativamente a compreensão do papel dos bancos, particularmente durante crises financeiras, e também sobre como regular os mercados financeiros e por que evitar colapsos de bancos é vital para a economia.

Os pesquisadores receberão o prêmio de 10 milhões de coroas suecas (cerca de US$ 900 mil), dividido igualmente pelos três.

Nobel de Economia 2022 vai para Ben S. Bernanke, Douglas W. Diamond e Philip H. Dybvig
Nobel de Economia 2022 vai para Ben S. Bernanke, Douglas W. Diamond e Philip H. Dybvig

Como bancos mexem com a economia

Os premiados no Nobel de Economia de 2022 — Foto: Reprodução
Os premiados no Nobel de Economia de 2022 — Foto: Reprodução

Usando fontes históricas e métodos estatísticos, a análise de Bernanke mostrou quais fatores foram importantes na queda do Produto Interno Bruto (PIB). Ele descobriu que fatores diretamente ligados a bancos que entraram em falência foram responsáveis ​​pela maior parte dessa queda.

Ben Bernanke analisou ainda a Grande Depressão da década de 1930 e mostrou como as corridas bancárias foram um fator decisivo para que a crise se tornasse tão profunda e prolongada.

"A pesquisa apresentada pelos laureados deste ano reduz o risco de crises financeiras se transformarem em depressões de longo prazo com graves consequências para a sociedade, o que é do maior benefício para todos nós", informou a organização do prêmio.

De acordo com Real Academia de Ciências da Suécia, Diamond mostrou como os bancos desempenham uma função socialmente importante. Como intermediários entre poupadores e mutuários, os bancos são mais adequados para avaliar a qualidade de crédito dos mutuários e garantir que os empréstimos sejam usados ​​para bons investimentos.

Diamond e Dybvig apresentaram ainda uma solução para a vulnerabilidade bancária, na forma de seguro de depósito do governo. Quando os correntistas sabem que o Estado garante seu dinheiro, eles não precisam mais correr para os bancos assim que começam os rumores sobre possíveis quebradeiras ou corridas bancárias.

Descobertas melhoraram a forma de lidar com crises financeiras

A pesquisa de Ben Bernanke, Douglas Diamond e Philip Dybvig começou no início dos anos 1980 buscando esclarecer a razão da existência dos bancos, como torná-los menos vulneráveis ​a crises e como os colapsos bancários exacerbam essas crises financeiras.

Para que a economia funcione, a poupança deve ser canalizada para investimentos. No entanto, os poupadores querem acesso instantâneo ao seu dinheiro em caso de gastos inesperados, enquanto as empresas e os proprietários precisam saber que não serão forçados a pagar seus empréstimos.

Diamond e Dybvig mostram como os bancos oferecem uma solução para esse problema. Atuando como intermediários que aceitam depósitos de muitos poupadores, os bancos podem permitir que os depositantes acessem seu dinheiro quando quiserem, ao mesmo tempo em que oferecem empréstimos de longo prazo aos tomadores.

No entanto, a análise também mostrou como isso torna os bancos vulneráveis ​​a rumores sobre seu colapso iminente. Se um grande número de poupadores correr simultaneamente para o banco para retirar seu dinheiro, o boato pode se tornar uma profecia auto-realizável – ocorre uma corrida ao banco e o banco entra em colapso.

Segundo eles, essas dinâmicas podem ser evitadas se o governo fornecer seguro de depósito e atuar como credor de última instância para os bancos.

Diamond demonstrou como os bancos desempenham outra função socialmente importante. Como intermediários entre muitos poupadores e mutuários, os bancos são mais adequados para avaliar a qualidade de crédito dos mutuários e garantir que os empréstimos sejam usados ​​para bons investimentos.

Com a análise da Grande Depressão, reconhecida como a pior crise econômica da era moderna por Bernanke, o economista demonstrou o efeito decisivo dos saques nos bancos no aprofundamento e prolongamento da crise que se instalou na época.

Quando os bancos entraram em colapso, informações sobre os mutuários foram perdidas e não puderam ser recuperadas rapidamente. A capacidade da sociedade de canalizar a poupança para investimentos produtivos foi severamente diminuída.

Os insights dos laureados melhoraram nossa capacidade de evitar crises sérias e resgates caros, afirmou Tore Ellingsen, presidente do Comitê do Prêmio em Ciências Econômicas.

Os outros vencedores do prêmio Nobel deste ano foram:

Vencedores mais velhos e apenas duas mulheres

Até agora, somente duas mulheres foram laureadas no prêmio. Em 2019, o prêmio foi atribuído a um trio de pesquisadores especializados no combate à pobreza, os americanos Abhijit Banerjee e Michael Kremer e a franco-americana Esther Duflo, segunda mulher distinguida na disciplina e a mais jovem laureada da história deste prêmio, na época com 46 anos.

A primeira mulher a ganhar o Nobel de Economia foi a norte-americana Ellinor Ostrom, em 2009 (veja lista dos últimos ganhadores abaixo).

Economia tem sido, até agora, o Nobel onde o perfil do futuro vencedor é o mais fácil de adivinhar: homem com mais de 55 anos de nacionalidade americana.

Nos últimos 20 anos, três quartos deles se enquadram nessa descrição. A média de idade dos vencedores também é superior a 65 anos, a maior entre os seis prêmios.

O prêmio

O prêmio de Economia, oficialmente chamado de "Prêmio do Banco da Suécia em Ciências Econômicas em memória de Alfred Nobel", foi criado em 1968 e concedido pela primeira vez em 1969.

A homenagem não fazia parte do grupo original de cinco prêmios estabelecidos pelo testamento do industrialista sueco Alfred Nobel, criador da dinamite. Os outros prêmios Nobel (Medicina, Física, Química, Literatura e Paz) foram entregues pela primeira vez em 1901.

O Nobel de Economia é o último concedido este ano. Os prêmios de Medicina, Física, Química, Literatura e Paz já foram anunciados nos últimos dias.

Embora seja o prêmio de maior prestígio para um pesquisador em economia, o prêmio não adquiriu o mesmo status das disciplinas escolhidas por Alfred Nobel em seu testamento de fundação (Medicina, Física, Química, Paz e Literatura) - seus detratores zombam dele como um "falso Nobel" que representa economistas ortodoxos e liberais.

Últimos ganhadores do Nobel de Economia

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