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sexta-feira, 7 de outubro de 2022

Nobel da Paz vai para ativista de Belarus preso Ales Bialiatski, organização russa Memorial e organização ucraniana Centro para as Liberdades Civis

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Vencedores foram reconhecidos pela 'co-existência pacífica nos países vizinhos Belarus, Rússia e Ucrânia', diz comitê norueguês. Bialiatski está preso atualmente em Belarus.
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Por g1

Postado em 07 de outubro de 2022 às 08h45m

 #.*Post. - N.\ 10.497*.#

Nobel da Paz 2022 vai para Ales Bialiatski, Memorial e Center for Civil LibertiesNobel da Paz 2022 vai para Ales Bialiatski, Memorial e Center for Civil Liberties

O ativista de Belarus Ales Bialiatski, a organização internacional russa pelos Direitos Humanos Memorial e a organização ucraniana Centro para as Liberdades Civis venceram o Nobel da Paz de 2022, anunciado nesta sexta-feira (7).

Segundo os organizadores, os vencedores "representam a sociedade civil em seus países de origem".

"O comitê do Prêmio Nobel quis honrar três campeões dos Direitos Humanos, da democracia e da co-existência pacífica nos países vizinhos Belarus, Rússia e Ucrânia. Eles honram a visão de Alfred Nobel (criador do prêmio) sobre paz e convivência, uma visão tão necessária no mundo hoje", declarou o comitê.

O prêmio chega para os três países vizinhos em um dos momentos de maior escalada de tensões desde o começo da guerra na Ucrânia, em 24 de fevereiro (leia mais abaixo).

Vencedores do Prêmio Nobel da Paz de 2022.  — Foto: Divulgação
Vencedores do Prêmio Nobel da Paz de 2022. — Foto: Divulgação

O anúncio do Nobel da Paz também foi feito no dia do aniversário de Vladimir Putin, mas a organização negou que a premiação tenha sido um recado ao líder russo. "Este prêmio não é endereçado ao presidente Putin, nem pelo seu aniversário nem em qualquer outro sentido, exceto pelo de que seu governo, assim como o de Belarus, representa um governo autoritário que suprime ativistas de Direitos Humanos", declarou

Um dos vencedores, Ales Bialiatski está atualmente preso em Belarus. Fundador do centro para os Direitos Humanos Viasna (que significa primavera), ele é um dos principais nomes da oposição ao atual presidente do país, Aleksandr Lukashenko, aliado de Vladimir Putin e frequentemente acusado de perseguir e prender opositores e de violar direitos humanos no país.

Bialiatski, que se dedica a promover a democracia e o desenvolvimento pacífico na Bielorrússia , foi também um dos fundadores do movimento democrático que surgiu no país em meados da década de 1980. Em 1996, ele criou a Viasna em resposta às polêmicas emendas constitucionais que deram a Lukashenko poderes ditatoriais e que desencadearam manifestações generalizadas.

Após o anúncio, os organizadores do Nobel pediram que as autoridades do país soltem o ativista.

Logo após a premiação, a porta-voz da oposição de Belarus afirmou que Bialiatski está atualmente preso "em condições desumanas". O líder da oposição no país, Pavel Latushko, disse que o Nobel reconheceu "todos os presos políticos em Belarus".

O bielorussi Ales Bialiatski, vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 2022. — Foto: Reuters
O bielorussi Ales Bialiatski, vencedor do Prêmio Nobel da Paz de 2022. — Foto: Reuters

"(O prêmio) não é apenas para ele (Bialiatski), mas para todos os prisioneiros políticos que temos atualmente em Belarus", declarou a integrante do comitê do Nobel Berit Reiss-Andersen, que anunciou os vencedores.

Já o Centro para as Liberdades Civis da Ucrânia declarou estar "orgulhoso" de ser um dos laureados do Nobel da Paz deste ano. "Manhã com boas notícias. Estamos orgulhosos", declarou o centro, em sua conta em uma rede social.

O escritório da Alemanha da organização russa Memorial também falou sobre a premiação, que chamou de "um reconhecimento do nosso trabalho com os Direitos Humanos e especialmente dos nossos colegas na Rússia, que sofreram e sofrem ataques e repressões inomináveis".

Fachada da organização de Direitos Humanos da Rússia Memorial, uma das vencedores do Nobel da Paz 2022, em Moscou.  — Foto: Reuters
Fachada da organização de Direitos Humanos da Rússia Memorial, uma das vencedores do Nobel da Paz 2022, em Moscou. — Foto: Reuters

Premiação

O Prêmio Nobel da Paz, no valor de 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 4,7 milhões) será entregue em Oslo em 10 de dezembro, que é a data do aniversário da morte do sueco Alfred Nobel, que fundou os prêmios em seu testamento de 1895.

Repercussões

Líderes mundiais já começaram a comentar a premiação deste ano.

Veja alguns deles abaixo.

Emmanuel Macron, presidente francês. "O Nobel da Paz rende homenagem aos defensores indefectíveis dos Direitos Humanos na Europa. Artesãos da paz, eles sabem que podem contar com o apoio da França", declarou.

Jens Stoltenberg, secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). "O direito de falar a verdade sobre o poder é fundamental para sociedades livres e abertas".

Escalada da guerra

'Isso não é um blefe', diz Vladimir Putin durante pronunciamento'Isso não é um blefe', diz Vladimir Putin durante pronunciamento

A guerra na Ucrânia vive uma forte escalada nas últimas semanas, após Kiev anunciar um ambicioso plano de retomada de diversas regiões em território ucraniano invadidas por Moscou. Com a ajuda militar e estratégica de países do Ocidente, o governo ucraniano afirmou ter reconquistado cerca de 10% das áreas ocupadas por tropas russas.

Em resposta, o presidente russo, Vladimir Putin, fez um pronunciamento à nação pela TV anunciando a convocação de cerca de 300 mil reservistas no país inteiro, o que gerou uma grande onda de fuga de jovens russos. Dias depois, quatro regiões da Ucrânia - Kherson, Zaporizhzhia, Luhansk e Donetsk - foram submetidas a um referendo organizado e realizado por Moscou sobre se os cidadãos locais queriam se separar da Ucrânia e se anexar à Rússia.

Putin anunciou vitória na consulta pública e, na semana passada, assinou a anexação dos quatro territórios em uma cerimônia transmitida por telões em Moscou. A ONU e a comunidade internacional não reconhecem a anexação.

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Annie Ernaux, escritora francesa, ganha Prêmio Nobel de Literatura 2022

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Anúncio foi feito nesta quinta-feira (6) pela Academia Sueca, em Estocolmo. A escritora, que escreveu sobre o aborto que fez nos anos 1960, é uma das convidadas para a Flip deste ano.
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Por g1

Postado em 07 de outubro de 2022 às 08h20m

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Nobel de Literatura 2022 vai para Annie ErnauxNobel de Literatura 2022 vai para Annie Ernaux

Annie Ernaux, escritora francesa, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura 2022. O anúncio foi feito nesta quinta-feira (6), pela Academia Sueca, em Estocolmo.

Segundo a Academia, o prêmio foi concedido "pela coragem e acuidade clínica com que desvenda as raízes, os estranhamentos e os constrangimentos coletivos da memória pessoal."

Annie Ernaux — Foto: Reprodução/Twitter
Annie Ernaux — Foto: Reprodução/Twitter

Uma das mais importantes autoras da França, Annie escreve romances sobre a vida cotidiana em seu país. Segundo o jornal "The Guardian", ela era uma das favoritas para ganhar o prêmio. Durante o anúncio, a Academia informou que ainda não tinha conseguido o contato com ela pelo telefone.

Professora universitária de Literatura, Annie Ernaux escreveu quase 20 livros, nos quais aborda o peso da dominação das classes sociais e a paixão do amor, dois temas que marcaram sua trajetória. Sua obra, essencialmente autobiográfica, constitui uma radiografia da intimidade de uma mulher que evolui na esteira das grandes mudanças na sociedade francesa do pós-guerra.

Entre seus livros está "O Acontecimento", de 2000, em que relata um aborto clandestino que fez nos anos 1960. A Academia afirmou que sua "narrativa clinicamente contida" sobre o aborto ilegal de uma narradora de 23 anos no livro continua sendo uma obra-prima entre seus trabalhos.

"É um texto implacavelmente honesto, onde entre parênteses ela acrescenta reflexões em uma voz vitalmente lúcida, dirigindo-se a si mesma e ao leitor em um único e mesmo fluxo", disse a Academia.

A estreia da autora foi em 1974, com o romance "Les Armoires Vides", que não foi lançado no Brasil. Ela só obteve reconhecimento internacional após a publicação de "Os Anos", em 2008, com o qual ganhou o prêmio Renaudot. Sobre este livro, a Academia disse que "é seu projeto mais ambicioso, que lhe deu uma reputação internacional e uma série de seguidores e discípulos."

Annie Ernaux — Foto: Julie Sebadelha/AFP
Annie Ernaux — Foto: Julie Sebadelha/AFP

Primeira francesa a receber prêmio

Annie é a primeira mulher francesa a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura. Segundo a agência de notícias Reuters, a escritora disse que vencer era "uma responsabilidade".

"Fiquei surpresa. É uma grande responsabilidade testemunhar, não necessariamente em termos de escrita, mas testemunhar com precisão e justiça em relação ao mundo", disse a escritora em entrevista à emissora sueca SVT.

Ainda segundo a agência de notícias, a autora já tinha dito anteriormente que escrever é um ato político, abrindo os olhos para a desigualdade social. "E para isso ela usa a linguagem como 'uma faca', como ela chama, para rasgar os véus da imaginação", disse a Academia.

A escritora é uma das convidadas da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) deste ano. Ela participará da mesa Diamanto Rubro, ao lado de Veronica Stigger, no dia 26 de novembro. A Flip começa em 23 de novembro.

Mulheres no Nobel de Literatura

Entre a centena de homens, o Prêmio Nobel de Literatura foi concedido a dezessete mulheres desde 1901. A primeira delas foi Selma Lagerlöf, em 1909.

Veja abaixo a lista das mulheres premiadas:

Vencedoras do Nobel em Literatura: (acima) Selma Lagerlöf, Grazia Deledda, Sigrid Undset, Pearl Buck. Abaixo: Gabriela Mistral, Nelly Sachs, Nadine Gordimer, Toni Morrison  — Foto: Fotos: Fundação Nobel. | Arte: G1
Vencedoras do Nobel em Literatura: (acima) Selma Lagerlöf, Grazia Deledda, Sigrid Undset, Pearl Buck. Abaixo: Gabriela Mistral, Nelly Sachs, Nadine Gordimer, Toni Morrison — Foto: Fotos: Fundação Nobel. | Arte: G1

  • 1909 – Selma Lagerlöf
  • 1926 – Grazia Deledda
  • 1928 – Sigrid Undset
  • 1938 – Pearl Buck
  • 1945 – Gabriela Mistral
  • 1966 – Nelly Sachs
  • 1991 – Nadine Gordimer
  • 1993 – Toni Morrison
Vencedoras do Nobel de Literatura: Wislawa Szymborska, Elfriede Jelinek, Doris Lessing, Herta Müller, Alice Munro, Svetlana Alexievich — Foto: Fotos (na ordem): Fundação Nobel (Wislawa Szymborska, Elfriede Jelinek, Doris Lessing, Herta Müller); J Munro - Fundação Nobel (Alice Munro), A. Mahmoud - Fundação Nobel (S. Alexievich)
Vencedoras do Nobel de Literatura: Wislawa Szymborska, Elfriede Jelinek, Doris Lessing, Herta Müller, Alice Munro, Svetlana Alexievich — Foto: Fotos (na ordem): Fundação Nobel (Wislawa Szymborska, Elfriede Jelinek, Doris Lessing, Herta Müller); J Munro - Fundação Nobel (Alice Munro), A. Mahmoud - Fundação Nobel (S. Alexievich)

  • 1996 – Wislawa Szymborska
  • 2004 – Elfriede Jelinek
  • 2007 – Doris Lessing
  • 2009 – Herta Müller
  • 2013 – Alice Munro
  • 2015 – Svetlana Alexievich
  • 2018 – Olga Tokarczuk
  • 2020 - Louise Glück
  • 2022 - Annie Ernaux

Após o escândalo #Metoo, que levou à suspensão do prêmio em 2018, e as críticas recorrentes pela presença de laureados masculinos e eurocêntricos, a Academia Sueca informou que renovou seus critérios para que o prêmio seja mais global e feminino.

Nobel em 2022

A medalha do Prêmio Nobel — Foto: The Nobel Prize Foundation
A medalha do Prêmio Nobel — Foto: The Nobel Prize Foundation

O prêmio para cada uma das categorias do Nobel é de 10 milhões de coroas suecas (na conversão direta atual, cerca de R$ 4,8 milhões).

A láurea de medicina foi a primeira a ser anunciada nesta segunda-feira (3). O prêmio foi para Svante Pääbo, por suas descobertas sobre os genomas de hominídeos extintos e a evolução humana. Em 1982, o pai do cientista, Sune Bergstrom, também ganhou o Nobel de Medicina.

O prêmio de Física, anunciado na terça-feira (4), foi para três cientistas, o francês Alain Aspect, o americano John F. Clauser e o austríaco Anton Zeilinger. Eles levaram o Nobel por estudos sobre a mecânica quântica, um campo da física que investiga o comportamento de partículas muito minúsculas como átomos, elétrons e fótons.

Carolyn Bertozzi, uma das ganhadoras do Nobel de Química de 2022. — Foto: Stanford Media Relations via AP
Carolyn Bertozzi, uma das ganhadoras do Nobel de Química de 2022. — Foto: Stanford Media Relations via AP

O prêmio de Química também foi dividido entre três cientistas. Carolyn R. Bertozzi, Morten Meldal e K. Barry Sharpless receberam o Nobel pela criação de uma ferramenta criativa para a construção de moléculas como desenvolvimento da química do clique e da bioquímica bioortogonal."Entre muitas outras aplicações práticas, o trabalho do trio permitiu que tratamentos contra o câncer possam ser mais direcionados", afirmou o comitê do Nobel.

Os prêmios Nobel da Paz e de Economia serão anunciados respectivamente nesta sexta (7) e na segunda-feira (10).

O que é o Prêmio Nobel

A láurea foi criada pelo químico e empresário Alfred Nobel. Inventor da dinamite em 1867, o sueco doou a maior parte de sua fortuna em testamento para a criação de prêmios de física, química, medicina, literatura e paz (o prêmio de economia foi criado anos mais tarde).

Um busto do fundador do Prêmio Nobel, Alfred Nobel, em exibição durante cerimônia de entrega da láurea em 2018, em Estocolmo. — Foto: Henrik Montgomery/TT News Agency via AP, File
Um busto do fundador do Prêmio Nobel, Alfred Nobel, em exibição durante cerimônia de entrega da láurea em 2018, em Estocolmo. — Foto: Henrik Montgomery/TT News Agency via AP, File

O documento dizia que os prêmios deveriam ser concedidos "àqueles que, durante o ano anterior, tenham conferido o maior benefício à humanidade".

Contudo, hoje em dia, conforme explica Juleen Zierath, membro do Instituto Karolinska - o júri do Nobel de Medicina-, essa regra não é mais tão levada à risca.

"Você pode ter feito essa descoberta em um estágio muito inicial de sua carreira de pesquisa, ou pode ter feito essa descoberta em um estágio muito avançado de sua carreira de pesquisador", ressalta a pesquisadora.

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quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Nobel de Química 2022 vai para trio que desenvolveu ferramenta criativa para construção de moléculas

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Os ganhadores são dos Estados Unidos e Dinamarca. As láureas em Literatura e Paz serão entregues ainda nesta semana; já a de Economia será divulgada na próxima segunda (10).
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Por Roberto Peixoto, g1

Postado em 05 de outubro de 2022 às 08h50m

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Nobel de Química 2022 vai para Carolyn R. Bertozzi, Morten Meldal e K. Barry SharplessNobel de Química 2022 vai para Carolyn R. Bertozzi, Morten Meldal e K. Barry Sharpless

Carolyn R. Bertozzi, Morten Meldal e K. Barry Sharpless são os ganhadores do Prêmio Nobel 2022 em Química, anunciou a Academia Real das Ciências da Suécia nesta quarta-feira (5).

Bertozzi e Sharpless são americanos. Meldal é dinamarquês. Até agora, Bertozzi é a única mulher que ganhou um Nobel este ano. Já Sharpless está recebendo o prêmio pela segunda vez (ele já havia recebido a mesma láurea em 2001, por outro trabalho na área).

Eles dividirão o prêmio que totaliza 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 4,8 milhões).

O grupo levou o Nobel pela criação de uma ferramenta criativa para construção de moléculas com o "desenvolvimento da química do clique e da química bioortogonal" (entenda mais abaixo).

Entre muitas outras aplicações práticas, o trabalho do trio permitiu que tratamentos contra o câncer possam ser mais direcionados, afirmou o comitê do Nobel.

Os ganhadores do Nobel de Química deste ano. — Foto: The Nobel Prize
Os ganhadores do Nobel de Química deste ano. — Foto: The Nobel Prize

Usando essa chamada química do clique, produtos farmacêuticos mais precisos podem ser desenvolvidos, "garantindo que medicamentos possam chegar aos lugares corretos no corpo de pacientes", afirmou Bertozzi, por telefone, durante a coletiva de imprensa que anunciou o prêmio.

As descobertas "lançaram as bases para uma forma funcional da química", acrescentou o comitê. "Como resultado, a humanidade é a que mais se beneficia".

No ano passado, o prêmio de Química foi para dois cientistas que desenvolveram uma ferramenta de construção de moléculas com menor impacto ambiental. Desde 1901, mais de cem pessoas foram laureadas. A distinção científica só não foi concedida em oito ocasiões: em 1916, 1917, 1919, 1924, 1933, 1940, 1941 e 1942.

Até 2021, contudo, das 187 pessoas agraciadas com o Nobel em Química, apenas 7 eram mulheres. Entre elas, a cientista polonesa Marie Curie, a primeira mulher a ganhar um Nobel.

As reações químicas acontecem quando as ligações entre os átomos são quebradas e rearranjadas, formando novas substâncias.

Os cientistas comparam esse processo como fazer um bolo. Os ingredientes da receita, o açúcar, os ovos, a farinha, etc., são misturados e, juntos, com a ajuda do forno (uma mudança de temperatura) se transformam em algo novo: o bolo.

Na prática, porém, o problema é que muitas dessas reações químicas não possuem uma receita tão simples e produzem materiais e moléculas (um conjunto de átomos) de uma forma bastante complexa, cara e que consome muito tempo.

Entre muitas outras aplicações práticas, o trabalho do trio permitiu que tratamentos contra o câncer possam ser mais direcionados, afirmou o comitê do Nobel. — Foto: Johan Jarnestad/The Royal Swedish Academy of Sciences
Entre muitas outras aplicações práticas, o trabalho do trio permitiu que tratamentos contra o câncer possam ser mais direcionados, afirmou o comitê do Nobel. — Foto: Johan Jarnestad/The Royal Swedish Academy of Sciences

"Este ano, o Nobel de Química foi para cientistas que desenvolveram um metódo que cria reações muito simples", explica ao g1 Christina Moberg, membro da Academia Real das Ciências da Suécia (o júri do Nobel de Química e Física).

A "joia da coroa da química do clique" são duas moléculas facilmente prepaparadas em laboratórios, a azida e alcino, que juntas com um terceiro ingrediente (íons de cobre), produzem reações químicas de forma muito simples.

Segundo o Comitê do Nobel, este tipo de ligação entre duas moléculas, que lembra o "clique" de um cinto", mudou a Química para sempre, visto que essas reações podem criar uma variedade quase infinita de moléculas.

O "clique" que mudou a Química. — Foto: The Nobel Prize/The Royal Swedish Academy of Sciences
O "clique" que mudou a Química. — Foto: The Nobel Prize/The Royal Swedish Academy of Sciences

E foram Barry Sharpless e Morten Meldal que, nos anos 2000, apresentaram esse conceito – em trabalhos independentes.

Moberg, que também é professora de química orgânica, ressalta que essas reações de clique facilitam a produção de novos materiais. Um material plástico, por exemplo, pode se juntar, ou ser "clicado" com substâncias que conduzem eletricidade, são antibacterianas, protegem contra a radição UV, etc.

Mas a técnica tinha uma limitação: os íons de cobre utilizados no processo são tóxicos para o nosso corpo.

Por isso, o trabalho da bioquímica americana Carolyn Bertozzi foi fundamental para as aplicações farmacêuticas da técnica. Foi ela que, segundo o Nobel, levou essa química do clique a um novo nível ao desenvolver reações de clique que funcionavam dentro de organismos vivos.

E isso só foi possível porque a cientista descobriu que os ingredientes do bolo dessa reação (as azidas e alcinos) podem reagir de maneira quase explosiva – sem a ajuda de cobre – se o alcino for forçado a formar uma estrutura química em forma de anel.

Além disso, surpreendetemente, essas reações funcionavam ainda melhor em ambientes celulares, sem interromper a química normal da célula (chamadas de reações bioortogonais).

Hoje em dia, essa técnica esta sendo estudada para o desenvolvimento de medicamentos que produzem anticorpos "clicáveis" contra uma variedade de tumores.

"Basicamente, estas descobertas podem ser utilizadas em qualquer coisa", disse Olof Ramström, membro do Comitê Nobel de Química.

"Nós podemos fazer novos compostos de drogas para tratar doenças, todos os tipos de materiais diferentes, como polímeros, apenas clicando coisas. Podemos fazer isso com tudo o que conseguimos imaginar". 

Os vencedores
  • Carolyn R. Bertozzi nasceu em 1966 nos Estados Unidos. Em 1993, recebeu o doutorado pela Universidade da Califórnia em Berkeley (EUA).
Carolyn Bertozzi, uma das ganhadoras do Nobel de Química de 2022. — Foto: Stanford Media Relations via AP
Carolyn Bertozzi, uma das ganhadoras do Nobel de Química de 2022. — Foto: Stanford Media Relations via AP

  • Morten Meldal nasceu em 1954 na Dinamarca. Em 1986, recebeu o doutorado pela Universidade Técnica da Dinamarca. Atualmente é professor da Universidade de Copenhague, também na Dinamarca.
  • Barry Sharpless nasceu em 1941 na Filadélfia (EUA). Em 1968, recebeu o doutorado pela Stanford University (EUA). Em 2001, ganhou o seu primeiro Nobel de Química.
Nobel 2022

Os prêmios em Literatura e Paz serão entregues ainda nesta semana; já a láurea em Economia será divulgada na próxima segunda (10). Veja o cronograma:

Veja, abaixo, perguntas e respostas sobre o prêmio.

O que é o Prêmio Nobel?

A láurea foi criada pelo químico e empresário Alfred Nobel. Inventor da dinamite em 1867, o sueco doou a maior parte de sua fortuna em testamento para a criação de prêmios de física, química, medicina, literatura e paz (o prêmio de economia foi criado anos mais tarde).

O documento dizia que os prêmios deveriam ser concedidos àqueles que, durante o ano anterior, tenham conferido o maior benefício à humanidade.

Um busto do fundador do Prêmio Nobel, Alfred Nobel, em exibição durante cerimônia de entrega da láurea em 2018, em Estocolmo. — Foto: Henrik Montgomery/TT News Agency via AP, File
Um busto do fundador do Prêmio Nobel, Alfred Nobel, em exibição durante cerimônia de entrega da láurea em 2018, em Estocolmo. — Foto: Henrik Montgomery/TT News Agency via AP, File

Contudo, hoje em dia, conforme explica Juleen Zierath, membro do Instituto Karolinska -o júri do Nobel de Medicina-, essa regra não é mais tão levada à risca.

"Você pode ter feito essa descoberta em um estágio muito inicial de sua carreira de pesquisa, ou pode ter feito essa descoberta em um estágio muito avançado de sua carreira de pesquisador", ressalta a pesquisadora.

Como o prêmio é escolhido?

Todos os anos, o Comitê do Nobel envia um pedido de nomeação para membros da comunidade científica.

Isso significa que alguns candidatos elegíveis recebem um convite especial para enviar seus nomes. Sem esse convite, nenhum postulante pode concorrer ao prêmio.

"Você não pode se nomear, mas membros de comunidades científicas, reitores de faculdades de Medicina [no caso do prêmio na área], ex-laureados com o Prêmio Nobel e outros que trabalham no ramo científico mais amplo e que receberam esse pedido podem fazer uma indicação", diz Zierath. 
Quantas pessoas podem compartilhar o mesmo prêmio?

Até três pessoas podem compartilhar um Prêmio Nobel, ou uma organização pode ganhar a láurea da Paz.

A Fundação Nobel, responsável por realizar os desejos do seu fundador, ressalta que essa regra está descrita no testamento de Alfred Nobel.

A medalha do Prêmio Nobel. — Foto: Angela Weiss/Pool Photo via AP, File
A medalha do Prêmio Nobel. — Foto: Angela Weiss/Pool Photo via AP, File

Em nenhum caso o valor do prêmio pode ser dividido entre mais de três pessoas", destaca um trecho do documento. Alguns pesquisadores, porém, criticam essa escolha e afirmam que as descobertas científicas de hoje em dia são muito mais coletivas: um trabalho de vários pesquisadores.

A láurea pode ser concedida postumamente? Tem limite de idade?

Não, um Prêmio Nobel não pode ser concedido postumamente.

Apesar, disso, a Fundação ressalta que, desde 1974, se o destinatário do prêmio falecer após o anúncio, a láurea ainda poderá ser concedida.

Sobre o limite de idade, o prêmio também não tem uma regra a respeito.

"O que eu diria é que, na maioria das vezes, levamos muitos anos até que o campo científico reconheça que a descoberta que você fez é uma distinção que deveria ser considerada para um Prêmio Nobel. Então, às vezes você tem que ser bastante paciente", ressalta Zierath.

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