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segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Nobel de Medicina 2022 vai para Svante Pääbo por descobertas sobre o genoma de ancestrais humanos extintos

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Vencedor é sueco e leva prêmio de 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 4,8 milhões). As láureas em Física, Química, Literatura e Paz serão entregues ao longo da semana; já a de Economia será divulgada na próxima segunda (10).
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Por Roberto Peixoto, g1

Postado em 03 de outubro de 2022 às 08h35m

 #.*Post. - N.\ 10.492*.#

Nobel de Medicina 2022 vai para Svante Pääbo
Nobel de Medicina 2022 vai para Svante Pääbo

O sueco Svante Pääbo é o ganhador do Prêmio Nobel 2022 em Medicina, anunciou a Assembleia do Nobel no Instituto Karolinska, da Suécia, nesta segunda-feira (3).

Pääbo levou o prêmio, que totaliza 10 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 4,8 milhões), por suas descobertas sobre os genomas de hominídeos extintos e a evolução humana. Em 1982, o pai do cientista, Sune Bergstrom, também ganhou o Nobel de Medicina.

Ao explicar as diferenças genéticas que distinguem todos nós seres humanos vivos desses ancestrais já extintos, o trabalho de Svante Pääbo deu origem a um campo científico totalmente novo: a paleogenética.

"Suas descobertas fornecem a base para explorar o que nos torna exclusivamente humanos", afirmou o comitê.

O cientista sueco Svante Pääbo, ganhador do Nobel de Medicina de 2022. — Foto: The Nobel Prize/Divulgação
O cientista sueco Svante Pääbo, ganhador do Nobel de Medicina de 2022. — Foto: The Nobel Prize/Divulgação

A distinção científica de renome mundial só não foi concedida em nove ocasiões: em 1915, 1916, 1917, 1918, 1921, 1925, 1940, 1941 e 1942.

Ao longo dos anos, das 224 pessoas agraciadas com o Nobel em Medicina, apenas 12 eram mulheres.

Pääbo nasceu em 20 de abril de 1955, em Estocolmo, na Suécia.

Atualmente, o cientista é afiliado ao Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária, em Leipzig, na Alemanha, e ao Instituto de Ciência e Tecnologia de Okinawa, Okinawa, no Japão.

Svante Pääbo, ganhador do Nobel de 2022 de Medicina. — Foto: Nobel Institute
Svante Pääbo, ganhador do Nobel de 2022 de Medicina. — Foto: Nobel Institute

O biólogo descobriu que foi o ganhador do Nobel deste ano enquanto tomava uma xicára de café.

"Depois que o choque passou, uma das primeiras coisas que ele se perguntou foi se poderia compartilhar a notícia com sua esposa, Linda", disse o comitê do prêmio, que divulgou, em um tuíte, uma foto do laureado (veja abaixo).

Svante Pääbo, ganhador do Nobel de 2022 de Medicina. — Foto: The Nobel Prize/Divulgação
Svante Pääbo, ganhador do Nobel de 2022 de Medicina. — Foto: The Nobel Prize/Divulgação

As descobertas

O comitê do Nobel afirmou que o cientista sueco levou o prêmio porque realizou algo aparentemente impossível: sequenciou o genoma do Homem de Neandertal, um parente extinto dos seres humanos de hoje em dia.

Fora isso, um hominídeo anteriormente desconhecido, o Denisova, também foi descoberto por Svante Pääb.

A evolução humana e a disseminação dos humanos pelo mundo foram temas exploradas ao longo dos anos pelo trabalho do cientista sueco.

Pääbo também descobriu que a transferência de genes ocorreu desses hominídeos agora extintos para o Homo sapiens (a espécie à qual pertencemos) após a saída migratória humana da África há cerca de 70.000 anos, uma informação importante que ajuda a entender como o mundo era povoado nessa época.

 O comitê afirmou que o trabalho Pääbo fornece a base para explicar o que nos torna exclusivamente humanos. — Foto: The Nobel Prize/Divulgação
O comitê afirmou que o trabalho Pääbo fornece a base para explicar o que nos torna exclusivamente humanos. — Foto: The Nobel Prize/Divulgação  

Como o DNA (a molécua de de informação genética de um organismo) se modifica quimicamente e se degrada em pequenos fragmentos ao longo do tempo, identificar o genoma desses ancestrais humanos não foi uma tarefa fácil.

O cientista sueco teve que utilizar métodos genéticos modernos e analisar o DNA de mitocôndrias de neandertais (pequenas estruturas encontradas em células e que são responsáveis pela produção de energia) de um pedaço de osso de 40.000 anos.

Como o genoma mitocondrial contém uma fração da informação genética da célula, Pääbo conseguiu então sequenciar, pela primeira vez, uma região do DNA de um ancestral humano extinto.

Esses resultados mostraram que os neandertais têm características distintas que não são encontradas encontradas em humanos modernos e chimpanzés.

Ainda de acordo com o comitê, o cientista levou a láurea de Medicina deste ano porque essas descobertas são fundamentais para o entendimento de como o nosso sistema imunológico reage a infecções.

Isso porque a paleogenética revela como a sequências de genes ancestrais de nossos parentes extintos influenciam o funcionamento do corpo humano.

Na população tibetana de hoje em dia, por exemplo, um certo tipo de gene (EPAS1) encontrado entre os hominídeos de Denisova há 50 mil anos confere uma vantagem de sobrevivência em grandes altitudes e é bastante comum entre os tibetanos.

Nobel 2022

A láurea em Medicina é sempre a primeira a ser anunciada. Os prêmios em Física, Química, Literatura e Paz serão entregues ao longo da semana; já a láurea em Economia será divulgada na próxima segunda (10). Veja o cronograma:

  • Medicina: segunda-feira, 3 de outubro
  • Física: terça-feira, 4 de outubro
  • Química: quarta-feira, 5 de outubro
  • Literatura: quinta-feira, 6 de outubro
  • Paz: sexta-feira, 7 de outubro
  • Economia: segunda-feira, 10 de outubro

Veja, abaixo, perguntas e respostas sobre o prêmio.

O que é o Prêmio Nobel?

A láurea foi criada pelo químico e empresário Alfred Nobel. Inventor da dinamite em 1867, o sueco doou a maior parte de sua fortuna em testamento para a criação de prêmios de física, química, medicina, literatura e paz (o prêmio de economia foi criado anos mais tarde).

O documento dizia que os prêmios deveriam ser concedidos àqueles que, durante o ano anterior, tenham conferido o maior benefício à humanidade.

Um busto do fundador do Prêmio Nobel, Alfred Nobel, em exibição durante cerimônia de entrega da láurea em 2018, em Estocolmo. — Foto: Henrik Montgomery/Pool Photo via AP, File
Um busto do fundador do Prêmio Nobel, Alfred Nobel, em exibição durante cerimônia de entrega da láurea em 2018, em Estocolmo. — Foto: Henrik Montgomery/Pool Photo via AP, File

Contudo, hoje em dia, conforme explica Juleen Zierath, membro do Instituto Karolinska -o júri do Nobel de Medicina-, essa regra não é mais tão levada à risca.

"Você pode ter feito essa descoberta em um estágio muito inicial de sua carreira de pesquisa, ou pode ter feito essa descoberta em um estágio muito avançado de sua carreira de pesquisador", ressalta a pesquisadora.

Como o prêmio é escolhido?

Todos os anos, o Comitê do Nobel envia um pedido de nomeação para membros da comunidade científica.

Isso significa que alguns candidatos elegíveis recebem um convite especial para enviar seus nomes. Sem esse convite, nenhum postulante pode concorrer ao prêmio.

"Você não pode se nomear, mas membros de comunidades científicas, reitores de faculdades de medicina, ex-laureados com o Prêmio Nobel e outros que trabalham no ramo científico mais amplo e que receberam esse pedido podem fazer uma indicação", diz Zierath. 
Quantas pessoas podem compartilhar o mesmo prêmio?

Até três pessoas podem compartilhar um Prêmio Nobel, ou uma organização pode ganhar a láurea da Paz.

A Fundação Nobel, responsável por realizar os desejos do seu fundador, ressalta que essa regra está descrita no testamento de Alfred Nobel.

A medalha do Prêmio Nobel. — Foto: The Nobel Prize Foundation
A medalha do Prêmio Nobel. — Foto: The Nobel Prize Foundation

Em nenhum caso o valor do prêmio pode ser dividido entre mais de três pessoas", destaca um trecho do documento. Alguns pesquisadores, porém, criticam essa escolha e afirmam que as descobertas científicas de hoje em dia são muito mais coletivas: um trabalho de vários pesquisadores.

A láurea pode ser concedida postumamente? Tem limite de idade?

Não, um Prêmio Nobel não pode ser concedido postumamente.

Apesar, disso, a Fundação ressalta que, desde 1974, se o destinatário do prêmio falecer após o anúncio, a láurea ainda poderá ser concedida.

Sobre o limite de idade, o prêmio também não tem uma regra a respeito.

"O que eu diria é que, na maioria das vezes, levamos muitos anos até que o campo científico reconheça que a descoberta que você fez é uma distinção que deveria ser considerada para um Prêmio Nobel. Então, às vezes você tem que ser bastante paciente", ressalta Zierath.

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sábado, 1 de outubro de 2022

Desemprego recua para 8,9% em agosto com recorde de trabalhadores sem carteira assinada, aponta IBGE

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País inicia o segundo semestre do ano com menor índice de desemprego desde 2015, puxado pela informalidade. Pressionado pelo recuo da inflação, rendimento real cresceu novamente.
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Por Daniel SIlveira, g1

Postado em 01 de outubro de 2022 às 11h40m

 #.*Post. - N.\ 10.491*.#

Carteira de Trabalho e Previdência Social — Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Carteira de Trabalho e Previdência Social — Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O Brasil começou o segundo semestre deste ano com índices de desemprego mais baixos em sete anos, consolidando tendência de recuperação do mercado de trabalho. Em contrapartida, bateu recorde histórico o número de trabalhadores sem carteira assinada no país. É o que apontam os dados divulgados nesta sexta-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo o levantamento, realizado por meio da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), a taxa de desemprego em agosto caiu para 8,9%, a menor desde julho de 2015, quando ficou em 8,7%.

Esta foi a sexta queda seguida da taxa de desemprego no país, que já mantinha uma trajetória de declínio desde março do ano passado. De acordo com a coordenadora da pesquisa, Adriana Beringuy, o resultado de agosto consolida a tendência de recuperação do mercado de trabalho no Brasil.

Em números absolutos, o país encerrou agosto com um contingente de, aproximadamente, 9,7 milhões de desempregados - o menor nível desde novembro de 2015 - cerca de 4,2 milhões a menos que em agosto do ano passado, o que representa uma queda de 30,1% em um ano.

Na comparação com o trimestre terminado em julho, o recuo foi de aproximadamente 2%, o que representa cerca de 200 mil trabalhadores a menos na fila do desemprego.

Também diminuiu o número de pessoas subutilizadas no mercado de trabalho, cujo total foi estimado em 23,9 milhões de trabalhadores - 1,5 milhão (ou 5,8%) a menos na comparação trimestral e 7,4 milhões (ou 23,6%) a menos no confronto anual.

O contingente de subutilizados é formado por:

  • 9,7 milhões de desempregados: pessoas que não trabalham, mas procuraram empregos nos últimos 30 dias;
  • 6,4 milhões de subocupados: pessoas que trabalham menos de 40 horas por semana, mas gostariam de trabalhar mais;
  • 7,9 milhões de pessoas na força de trabalho potencial: que poderiam trabalhar, mas não trabalham, grupo que inclui 4,3 milhões de desalentados (que desistiram de procurar emprego) e outras 3,6 milhões de pessoas que podem trabalhar, mas que não têm disponibilidade por algum motivo, como mulheres que deixam o emprego para cuidar os filhos.

Com isso, a taxa composta de subutilização ficou em 20,5%, a menor desde o trimestre terminado em maio de 2016.

Principais destaques da pesquisa:

  • Desemprego caiu para 8,9%, menor índice da série desde o trimestre encerrado em julho de 2015
  • Número de desempregados recuou para 9,7 milhões de pessoas, patamar mais baixo desde novembro de 2015
  • Contingente de pessoas ocupadas bateu novo recorde: 99 milhões
  • População subutilizada caiu para 23,9 milhões de pessoas, 23,6% a menos que em agosto do ano passado
  • Pessoas fora da força de trabalho se manteve estável em 64,6 milhões de pessoas
  • População desalentada (que desistiu de procurar trabalho) foi estimada em 4,2 milhões, estável na comparação trimestral, mas 18,5% menor no confronto anual
  • Taxa de informalidade foi de 39,7% da população ocupada
  • Número de trabalhadores informais chegou a 39,3 milhões
  • Número de empregados sem carteira assinada foi o maior da série: 13,2 milhões
  • Número de empregados com carteira de trabalho assinada subiu para 36 milhões
  • Trabalhadores por conta própria atingiram 25,9 milhões de pessoas
  • Número de trabalhadores domésticos subiu para 5,9 milhões de pessoas
  • Número de empregadores foi de 4,3 milhões de pessoas
  • Rendimento real habitual ficou em R$ 2.713 - 3,1% a mais que no trimestre anterior, mas estável na comparação anual
Recorde na ocupação

A melhora nos índices de desemprego, no entanto, não foi puxada pela redução do número de desempregados, mas pelo aumento da população ocupada no mercado de trabalho brasileiro, que bateu novo recorde da série histórica, iniciada em 2012, somando cerca de 99 milhões de pessoas.

Em um ano, o contingente de ocupados aumentou em 7,3 milhões de trabalhadores, o que corresponde a um crescimento de 7,9% no período. Já na comparação com o trimestre terminado em julho, a alta foi de 1,2 milhão, pouco mais de 1%. Com isso, o contingente de pessoas ocupadas chegou a 99 milhões, batendo novamente o recorde na série histórica, iniciada em 2012.

O nível de ocupação, ou seja, o percentual de pessoas ocupadas na população em idade de trabalhar, foi estimado em 57,1%, com crescimento tanto no confronto trimestral, sobretudo no anual - em agosto do ano passado era de 53,4%.

Segundo o IBGE, três atividades influenciaram o aumento da ocupação e consequente queda no desemprego: comércio, administração pública e outros serviços, que tiveram o número de ocupados aumentado em, respectivamente, 566 mil, 488 mil pessoas e 211 mil pessoas.

O ingresso da maior parte dos 7,3 milhões de trabalhadores que se ocuparam no mercado desde agosto do ano passado se deu por meio da carteira assinada no setor privado - foram assinadas 3 milhões de carteiras em um ano, o que corresponde a 41% do contingente dos novos ocupados e a um aumento de 7,9% na comparação com igual período de 2021.

Outros 1,8 milhão de trabalhadores foram ocupados sem carteira assinada. Embora em menor número, este incremento de informais fez com que o contingente de trabalhadores nesta condição atingisse o maior patamar da série histórica iniciada em 2012, de 13,2 milhões de pessoas, 16% a mais que no mesmo período do ano passado.

Já a quantidade de trabalhadores por conta própria ficou estável em 25,9 milhões de pessoas, enquanto o número de empregados no setor público cresceu 4,1% e chegou a 12,1 milhões.

Aumento do rendimento real

A Pnad mostrou, também, que o rendimento real habitual cresceu pelo segundo mês consecutivo, após dois anos sem crescimento. Esse resultado se deu, sobretudo, por conta da pressão inflacionária.

Em agosto, o salário médio do trabalhador brasileiro chegou a R$ 2.713 – estável na comparação com agosto do ano passado, mas 3,1% acima do apurado no trimestre anterior

Esse crescimento está associado, principalmente, à retração da inflação. Mas a expansão da ocupação com carteira assinada e de empregadores também são fatores que colaboram, diz Beringuy.

O maior aumento percentual do rendimento real se deu entre os empregadores – subiu 11,5%, cerca de R$ 689 a mais. Entre o grupo de empregados com carteira de trabalho assinada, o crescimento foi de 2% (mais R$ 51).

Entre os setores, se destacaram agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, com alta de 7,2% (R$ 123 a mais), Indústria, que subiu 4,4% (R$ 111), Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas, com 3,5% (R$ 77), Informação, Comunicação e Atividades Financeiras, Imobiliárias, Profissionais e Administrativas, com alta de 5,5% (R$ 205).

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Como as 'habilidades digitais' no mercado de trabalho estão mudando com o tempo

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Mercado passou a exigir que colaborador trabalhe de maneira adaptável e estratégica usando diversas ferramentas, aparelhos e plataformas.
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TOPO
Por BBC

Postado em 01 de outubro de 2022 às 09h00m

 #.*Post. - N.\ 10.490*.#

Ter competências digitais antes significava ter conhecimento básico de computadores. Mas, agora, é preciso trabalhar de forma adaptável e estratégica usando diversas ferramentas, aparelhos e plataformas — Foto: Getty Images via BBC
Ter competências digitais antes significava ter conhecimento básico de computadores. Mas, agora, é preciso trabalhar de forma adaptável e estratégica usando diversas ferramentas, aparelhos e plataformas — Foto: Getty Images via BBC

A expressão "alfabetização digital" costumava significar saber mandar e-mails ou digitar com um programa de processamento de texto.

Era um conhecimento muito exigido dos trabalhadores do conhecimento - pessoas que poderiam usar softwares específicos no trabalho e precisariam saber como lidar com eles de forma clara e natural.

Mas essa expressão evoluiu significativamente. Alfabetização digital agora significa conhecer as técnicas necessárias para ter sucesso em uma sociedade em que a comunicação e o acesso à informação dependem cada vez mais das tecnologias digitais, como plataformas online e telefones celulares.

O conceito engloba a ampla compreensão de uma série de ferramentas digitais que permitem que o profissional desempenhe suas funções, seja no escritório, de forma híbrida ou remota em todos os tipos de ambientes. Essas ferramentas incluem software colaborativo em tempo real, como aplicativos de bate-papo entre os profissionais, e ferramentas sofisticadas de trabalho assincrônico.

Atualmente, a alfabetização digital não é mais uma proposição funcional, mas sim uma mentalidade. No ambiente de trabalho moderno, espera-se cada vez mais que os funcionários adotem rapidamente qualquer tecnologia que venha com o seu trabalho e também que eles se adaptem às ferramentas e abordagens em constante evolução. Os profissionais também precisam usar a tecnologia de forma estratégica: desde trabalhar com seus telefones celulares pessoais até impulsionar programas de fluxo de trabalho colaborativos.

E, o mais importante, o conhecimento digital não é mais essencial apenas entre os trabalhadores do conhecimento. "Ele está sendo aplicado universalmente a quase todas as pessoas", afirma Ying Zhou, diretora do Centro de Pesquisas sobre o Futuro do Trabalho da Universidade de Surrey, no Reino Unido.

Em 2019, um relatório do governo britânico demonstrou que pelo menos 82% das vagas de emprego anunciadas online exigiam conhecimentos digitais. E Zhou afirma que os profissionais que pararem de adquirir esses conhecimentos arriscam-se a ficar para trás.

"Cada nova tecnologia desenvolvida amplia as exigências de conhecimento dos profissionais", segundo ela. "É uma corrida entre o conhecimento digital e a tecnologia: quanto mais a tecnologia avança, mais rapidamente precisamos atualizar nossos conhecimentos. O alvo está mudando a todo tempo."

Por que todos precisam da alfabetização digital

"Alfabetização digital é um conceito amplo. Você pode trabalhar com aparelhos digitais de forma simples ou realizar tarefas muito complexas", prossegue Zhou.

"Ela pode variar desde a impressão de uma nota fiscal em uma loja até o uso de processadores de texto e planilhas de cálculo, além de serviços avançados como web design, análise de dados, programação de computadores e criação de códigos", afirma ela.

A demanda do mercado de trabalho por profissionais com conhecimento digital vem crescendo de forma consistente desde os anos 1980. Zhou menciona pesquisas que demonstram que, enquanto a exigência de técnicas de leitura e aritmética no mercado de trabalho britânico se estabilizou, o número de cargos exigindo conhecimentos digitais continuou a crescer.

Ao longo do tempo, os empregadores começaram a esperar um grau de conhecimento digital até para cargos não relacionados com a área técnica - desde operadores de armazéns que utilizam sistemas de gestão em nuvem até médicos que consultam pacientes de forma remota por vídeo e empreiteiros que gerenciam projetos de construção em aplicativos de colaboração móveis.

A tecnologia deixou de ser algo específico de alguns poucos setores.

"A alfabetização digital e a demanda dos empregadores por conhecimentos digitais evoluíram à medida que a economia e o mercado de trabalho foram sendo digitalizados", segundo Danny Stacy, chefe de inteligência e talentos da plataforma de recursos humanos Indeed, com sede em Londres. "O que costumava ser um bônus agora é um componente fundamental de virtualmente todos os cargos."

E essa exigência de alfabetização digital atingiu seu pico quando os empregadores adotaram padrões de trabalho híbrido ou remoto.

"Atualmente, os empregadores são muito mais capazes de identificar conhecimentos digitais específicos e indicar o nome do software que eles usam", segundo Stacy. "Exige-se maior capacidade de uso de softwares específicos e ferramentas de gestão de projetos e do escritório, para que os funcionários possam trabalhar com mais eficiência."

Mas o aumento da importância da alfabetização digital não significa que os profissionais precisem dominar todos os softwares existentes para conseguir um emprego. Na verdade, eles precisam ser confiantes na área digital; estar dispostos a experimentar novas tecnologias; adotar as ferramentas certas que podem facilitar as tarefas rotineiras e aumentar a colaboração no ambiente de trabalho; e também ter a flexibilidade e capacidade de adaptação para aprender novos processos.

E, atualmente, os profissionais precisam ter em mente que eles continuarão a atualizar seus conhecimentos digitais. Afinal, a expectativa quando um funcionário assume um novo cargo é que ele tenha o conhecimento digital necessário para a função ou que irá aprender - e rápido.

"O trabalho híbrido e remoto atingia apenas 5% do mercado de trabalho antes da pandemia", afirma Zhou. "Agora, é cerca da metade de todos os profissionais. Independentemente do trabalho que você fazia anteriormente, o empregador agora espera que você assimile todo e qualquer conhecimento digital que seja necessário para a sua função."

Como se antecipar

Uma notícia positiva é que os profissionais provavelmente já têm alguma alfabetização digital, mesmo se essa expressão for desconhecida para eles.

A onipresença da tecnologia significa que quase todas as pessoas enviam e-mails e outras mensagens, deslizam, clicam e rolam telas. Tudo isso frequentemente se traduz em conhecimentos tecnológicos no ambiente profissional. E, mesmo se os trabalhadores acharem que não atingiram o ponto que desejam ou precisam, existem formas de aprimorar esses importantes conhecimentos.

Quando seus funcionários precisam ser acelerados, as empresas muitas vezes oferecem treinamento para ajudá-los a adquirir qualquer conhecimento digital que seja necessário.

"Com a falta de profissionais, os empregadores estão demonstrando maior disposição do que antes para treinar e capacitar candidatos, em vez de buscar o produto final", afirma Stacy.

Essa capacitação pode assumir a forma de treinamento no trabalho, aprendizado online ou cursos de desenvolvimento. Mas Zhou pondera que uma das melhores formas que os funcionários têm para aumentar sua alfabetização digital é simplesmente fazer o seu trabalho em um processo de tentativa e erro.

"O aprendizado informal, compartilhando o conhecimento com os colegas, é uma das formas mais comprovadas de adquirir novas habilidades", afirma ele.

E o que as pessoas fazem fora do ambiente de trabalho também ajuda. Para os funcionários atrasados em sua alfabetização digital, o uso da tecnologia em casa oferece oportunidades para experimentar e aprender.

Conversar com um amigo em uma chamada de vídeo em vez de mensagem de texto, por exemplo, pode ajudar a familiarizar um funcionário com os aplicativos que ele usará no trabalho. Já o uso de redes sociais pode ajudá-lo a acostumar-se com as formas de comunicação mais informais que ele irá encontrar nas ferramentas de colaboração no local de trabalho.

Zhou afirma que, embora a maior parte dos profissionais no mercado de trabalho talvez não precise de conhecimentos de computação muito complexos no momento, a alfabetização digital é uma necessidade básica em constante crescimento. Isso significa que os profissionais que mantêm seu conhecimento tecnológico atualizado continuam a evoluir em um mercado de trabalho em constante mutação, que valoriza cada vez mais os conhecimentos digitais.

"Os conhecimentos digitais acabam oferecendo maior poder de barganha no mercado de trabalho", afirma Zhou. "O ambiente profissional mudou a favor de quem tem maior alfabetização digital."

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quinta-feira, 29 de setembro de 2022

'Ossos cósmicos': James Webb revela detalhes inéditos da galáxia IC 5332

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Estrutura em espiral está a 29 mil anos-luz de distância da Terra.
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Por Roberto Peixoto, g1

Postado em 29 de setembro de 2022 às 07h00m

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A galáxia IC 5332 e seus "ossos cósmicos", em nova foto do James Webb. — Foto: NASA/ESA/Divulgação
A galáxia IC 5332 e seus "ossos cósmicos", em nova foto do James Webb. — Foto: NASA/ESA/Divulgação

A 29 mil anos-luz de distância da Terra está uma galáxia bem parecida com a nossa Via Láctea, a IC 5332, quase perfeitamente alinhada no céu "de frente" com o nosso planeta.

A estrutura cósmica gigantesca já havia sido flagrada por outros telescópios, mas pela primeveira vez, o supertelescópio James Webb, o maior e mais poderoso telescópio espacial já construído, apontou seus instrumentos para ela.

As imagens do Webb, divulgadas nesta terça-feira (27), revelaram detalhes sem precedentes da galáxia em espiral.

Segundo a Nasa, a agência espacial norte-americana, os "ossos" da IC 5332, ou seja, as regiões escuras que separam os braços espirais da galáxia, geralmente escondidos pela poeira cósmica que envolve a região, puderam ser observados pela primeira vez.

E isso foi possível por causa de um motivo: o James Webb tem instrumentos muito gelados.

A agência espacial explica que o Instrumento de Infravermelho Médio (Mid-Infrared Instrument ou MIRI, na sigla em inglês) do megatelescópio foi o responsável pelo flagra.

O equipamento é como uma câmera que enxerga uma região do infravermelho médio do espectro eletromagnético em comprimentos de onda maiores do que nossos olhos veem.

Para funcionar, porém, o MIRI precisar estar a temperaturas baixíssimas: a cerca de –266 °C (um número muito perto do zero absoluto, a mais baixa temperatura possível, segundo as leis da Física).

"O infravermelho médio é incrivelmente difícil de observar da Terra, pois muito é absorvido pela atmosfera do nosso planeta, e o calor da atmosfera da Terra complica ainda mais as coisas", explica a ESA, a agência espacial europeia.

Ainda segundo a agência espacial, o telescópio Hubble, o "primo mais velho do Webb", não consegue enxergar essa região do infravermelho médio porque seus instrumentos não são frios o suficiente para isso.

Por isso, o flagra que o Hubble fez da mesma galáxia (veja a imagem abaixo) é bastante diferente da nova imagem do Webb.

Imagem do Hubble da mesma galáxia observada pelo James Webb, a IC 5332. — Foto: ESA/Webb, NASA & CSA, J. Lee and the PHANGS-JWST and PHANGS-HST Teams
Imagem do Hubble da mesma galáxia observada pelo James Webb, a IC 5332. — Foto: ESA/Webb, NASA & CSA, J. Lee and the PHANGS-JWST and PHANGS-HST Teams

Comparada com a imagem do Hubble, a imagem do Webb mostra um emaranhado contínuo de estruturas que ecoam a forma dos braços espirais.

Segundo a ESA, essa diferença se deve à presença de regiões empoeiradas na galáxia, já que a luz ultravioleta e visível (como o Hubble enxerga) são muito mais propensas a serem espalhadas pela poeira interestelar do que a luz infravermelha.

Dessa mesma forma, existem diferentes estrelas visíveis nas duas imagens, o que pode ser explicado pelo fato de certas estrelas brilharem mais dependendo da frequência observada.

"As imagens se complementam de maneira notável, cada uma nos contando mais sobre a estrutura e composição da IC 5332", complementou a agência.

(VÍDEO: Veja as primeiras fotos divulgadas pelo supertelescópio James Webb.)

Veja as primeiras fotos divulgadas pelo supertelescópio James Webb.Veja as primeiras fotos divulgadas pelo supertelescópio James Webb.
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