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quarta-feira, 31 de agosto de 2022

'Blob': a extraordinária criatura que nos obriga a questionar se somos a espécie mais inteligente

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Trata-se de um organismo que pode calcular e navegar em sistemas complexos com incrível eficiência e objetividade. Desde 2018, eles são "professores convidados não humanos" em uma universidade em Massachusetts.
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TOPO
Por BBC

Postado em 31 de agosto de 2022 às 19h30m

 #.*Post. - N.\ 10.453*.#

Uma criatura amarela que mora na floresta e não tem cérebro, mas é capaz de pensar — Foto: RONALD GRANT
Uma criatura amarela que mora na floresta e não tem cérebro, mas é capaz de pensar — Foto: RONALD GRANT

Que tal começarmos com um teste rápido.

Você está perdido em uma enorme loja que parece um labirinto e não sabe como sair dela. A quem você pede ajuda?

Pergunta 2: Você está redigindo um documento de política para assessorar o governo dos Estados Unidos sobre como governar suas fronteiras nacionais. Onde você procura conselhos?

Última pergunta: Você precisa desenhar um mapa da teia cósmica, como você faz isso?

Existem, é claro, várias respostas para essas perguntas, mas em todos os casos você poderia ser inspirado por um organismo: o bolor limoso, que também pode ser conhecido por muitos nomes diferentes.

Sendo cientificamente preciso ele não é exatamente um bolor... mas pelo menos uma de suas espécies é extraordinária.

"O bolor é uma divisão do mundo dos fungos, mas o bolor limoso é na verdade um protista (não é um animal, planta ou fungo) - é essencialmente uma célula gigante", diz o biólogo Merlin Sheldrake, autor do livro Entangled Life, que aborda o tema.

O bolor limoso é um plasmódio, ou seja, uma célula que contém muitos núcleos. Então, ao contrário da maioria dos organismos unicelulares, você não precisa de um microscópio para vê-lo.

E essa única célula é capaz de tecer vastas redes exploratórias feitas de tentáculos semelhantes a veias que podem se estender até um metro.

Existem cerca de 900 espécies de bolor limoso, mas vamos nos concentrar no Physarum Polycephalum, que literalmente quer dizer "bolor de várias cabeças". Ele também é conhecido como "blob" (referindo-se ao clássico filme de 1958 The Blob).

Clássico filme The Blob serviu de inspiração para nomear popularmente o bolor limoso — Foto: GETTY IMAGES
Clássico filme The Blob serviu de inspiração para nomear popularmente o bolor limoso — Foto: GETTY IMAGES

Por que os cientistas do mundo estão tão empolgados com essa espécie em particular?

"Ele se tornou um organismo emblemático de resolução de problemas. É fácil de cultivar e cresce rápido, o que é uma das razões pelas quais tem sido tão bem estudado", explica Sheldrake.

"Mas acima de tudo, seus comportamentos são extraordinários."

Ele pode fazer todos os tipos de coisas.

"Explorar, resolver problemas, adaptar-se a novas situações, tomar decisões entre cursos alternativos de ação - e tudo sem cérebro!"

Como ele faz isso?

"O Physarum é sensível ao gradiente químico, então pode crescer em direção a sinais químicos ou ficar longe dos pouco atraentes".

"Primeiro, ele tende a crescer em todas as direções ao mesmo tempo. E então, quando encontra comida, ele se retrai e forma as conexões entre suas fontes de alimento."

É um pouco como se você estivesse no deserto e precisasse procurar água. Você tem que escolher apenas uma direção para caminhar.

O Physarum Polycephalum pode "andar" em todas as direções ao mesmo tempo até encontrar alimentos; depois encolhe os ramos que não encontraram nada e fortalece os que encontraram, através de uma série de contrações químicas.

Em um experimento memorável, "blob" aprendeu a "ignorar" os químicos colocados para bloquear seu caminho para a comida. Esse comportamento sugere uma forma primitiva de memória, e ninguém sabe como ela realiza essa façanha — Foto: SCIENCE PHOTO LIBRARY
Em um experimento memorável, "blob" aprendeu a "ignorar" os químicos colocados para bloquear seu caminho para a comida. Esse comportamento sugere uma forma primitiva de memória, e ninguém sabe como ela realiza essa façanha — Foto: SCIENCE PHOTO LIBRARY

"Nunca deixa de me surpreender que eles possam usar essas contrações para fazer esse tipo de cálculo analógico, para integrar informações sem precisar de um cérebro. Que sua coordenação ocorra em todos os lugares ao mesmo tempo e em nenhum lugar em particular."

Uma rede ferroviária no Japão

Tudo isso significa que o "blob" é capaz, em termos humanos, de resolver problemas, fazer redes, navegar em sistemas e labirintos com uma eficiência incrível.

Há um estudo japonês icônico de 2010, quando o Physarum traçou a rede ferroviária da Grande Tóquio, e para isso precisou somente de uma pequena placa de Petri e um punhado de aveia.

Segundo os estudos, o Physarum adora aveia, é a sua comida preferida.

"Então, eles modelaram a área da Grande Tóquio colocando copos de aveia nos centros urbanos e depois o lançaram. Ao longo de algumas horas, havia formado uma rede eficiente que conectava os copos de aveia, e essa rede parecia muito com a rede de metrô existente na área da Grande Tóquio", detalha o estudo.

O Physarum havia estabelecido, em questão de horas, uma rede eficaz que levou décadas para ser feita na vida real.

Adaptação da ilustração do estudo do professor Toshiyuki Nakagaki sobre a criação e otimização de redes por parte do P. polycephalum. — Foto: TIM TIM / WIKIPEDIA
Adaptação da ilustração do estudo do professor Toshiyuki Nakagaki sobre a criação e otimização de redes por parte do P. polycephalum. — Foto: TIM TIM / WIKIPEDIA

O "blob" no universo

Após o estudo de Tóquio, experimentos com Physarum Polycephalum decolaram em todo o mundo, para projetar novas redes de transporte urbano ou encontrar rotas eficazes de evacuação de incêndio, até mesmo mapear a teia cósmica... o que parece estranho, mas ocorreu.

Uma equipe de cientistas fez uma simulação digital traçando as localizações das 37.000 galáxias conhecidas.

Então, um algoritmo inspirado no "blob", adaptado da placa de Petri para trabalhar em três dimensões, foi liberado em um banquete virtual onde as galáxias estavam representadas por pilhas de copos de aveia digital, por assim dizer.

A partir daí, o algoritmo produziu um mapa digital em 3D da teia cósmica subjacente, visualizando os fios em grande parte invisíveis de matéria que os astrofísicos acreditam que unem as galáxias do universo.

Eles compararam com dados do Telescópio Espacial Hubble, que detecta traços da teia cósmica, e descobriram que tudo combinava em grande parte.

Portanto, parece haver uma estranha semelhança entre as duas redes, a rede de "blob" formada pela evolução biológica e as de estruturas no cosmos criadas pela força primordial da gravidade.

Os astronômos apelaram à criatividade ao tentar rastrear a indescrítivel teia cósmica, a coluna vertebral do cosmos. As imagens mostram algumas das galáxias das quais o "blob" se "alimentou" (representadas em amarelo) e os fios de conexão da rede cósmica (roxo) sobrepostos — Foto: NASA, ESA Y J. BURCHETT Y O. ELEK (UC SANTA CRUZ)
Os astronômos apelaram à criatividade ao tentar rastrear a indescrítivel teia cósmica, a coluna vertebral do cosmos. As imagens mostram algumas das galáxias das quais o "blob" se "alimentou" (representadas em amarelo) e os fios de conexão da rede cósmica (roxo) sobrepostos — Foto: NASA, ESA Y J. BURCHETT Y O. ELEK (UC SANTA CRUZ)

Os "blobs" acadêmicos

Vamos voltar para a dura realidade daquele pequeno ponto azul no espaço que é o nosso mundo.

O Physarum também pode nos ajudar com problemas que vão além do mapeamento e da criação de redes, como para coisas humanas mais complexas, como formulação de políticas e governança.

"De certa forma, os Physarum são economistas, em termos de alcançar um ótimo universo", diz o filósofo experimental Jonathon Keats.

Em 2018, ele foi ao Hampshire College, em Massachusetts, EUA, com uma ideia.

"Propus que os "blobs" fossem nomeados como professores visitantes, com a ideia de ter um grupo desses especialistas no campus para refletir sobre alguns dos problemas mais desafiadores do mundo."

Foi o primeiro programa acadêmico do mundo para uma espécie não humana e foi chamado de Consórcio Plasmodium.

Página de universidade americana tem área dedicada ao consórcio — Foto: Reprodução/Hampshire College
Página de universidade americana tem área dedicada ao consórcio — Foto: Reprodução/Hampshire College

Os polycephalies de Physarum se tornaram estudiosos, com direito a escritório.

"Não tem janelas, mas os "blobs" não gostam muito de luz, então do ponto de vista deles foi bom, e logo que eles se instalaram lá, pudemos começar."

Eles modelaram os problemas humanos de maneira que os blobs pudessem "entendê-los" para obter sua perspectiva imparcial.

"Os Physarum são superorganismos: eles são um apesar de serem muitos. Portanto, eles são mais objetivos do que nós quando se trata de assuntos humanos."

Eles começaram com as questões usuais de rede e mapeamento, distribuição e transporte, antes de passar para algumas preocupações políticas maiores, "desde políticas de drogas até questões de nosso uso de recursos", observa Keats.

O muro de Trump

Talvez os experimentos mais polêmicos tenham sido aqueles que exploraram a política de fronteira internacional.

"Criamos um mundo simplificado, que é realmente o que qualquer um faz quando está criando qualquer tipo de modelo (os economistas fazem isso o tempo todo)."

"O que fizemos foi pegar uma das condições mais fundamentais: um lugar tem alguma coisa, outro lugar tem outra coisa, e cada lugar quer proteger o que tem contra o outro."

O "blob" com seu prato preferido: aveia — Foto: SCIENCE PHOTO LIBRARY
O "blob" com seu prato preferido: aveia — Foto: SCIENCE PHOTO LIBRARY

Eles usaram dois recursos essenciais para os "blobs", proteína e açúcar, e os espalharam em uma placa de Petri, cada um em um lado oposto, e tentaram com uma parede entre eles e também sem ela, deixando Physarum descobrir o que fazer com esses recursos.

"Eles não apenas sobreviveram, mas prosperaram no caso de não haver muro e floresceram mais na área de fronteira", explica o pesquisador.

"Então escrevemos uma carta para Kirstjen Nielsen, que era a Secretária de Segurança Nacional nos EUA na época, e também enviamos para as Nações Unidas e muitos outros órgãos governamentais, dizendo a eles que as fronteiras não são uma boa ideia e que devemos superar o medo para reconhecer como ter fronteiras abertas beneficia a todos."

Absurdo?

É claro que esses problemas internacionais multifacetados não podem ser reduzidos a algumas poucas placas de Petri.

Mas o ponto é que esses experimentos são deliberadamente exagerados para nos desafiar a pensar de novas maneiras.

"O consórcio Plasmodium é, em certo sentido, absurdo. As pessoas riem quando ouvem que os "blobs" montaram um grupo de especialistas em colaboração com humanos em uma universidade nos Estados Unidos porque simplesmente não é assim que as coisas são feitas."

Mas acho que também há algo muito sério por trás disso. O Physarum têm uma inteligência excepcional, então precisamos incorporar algumas das ideias que obtemos ao observar como eles se comportam, pensando em nós mesmos de maneiras que não tínhamos feito antes", declara o pesquisador.

Esse é o aspecto mais atraente de tudo isso. Que um organismo sem cérebro pode nos ensinar a ser mais objetivos, a pensar mais a longo prazo, e que pode abordar um problema de uma maneira que simplesmente não pensaríamos.

E no caso de alguns enigmas, como mapear o cosmos, pode ser mais rápido do que a gente.

Tudo isso põe em dúvida nossas definições humanas de inteligência.

Do fundo de nossas hierarquias, Physarum é considerado um desafio que tem sido cada vez mais estudado — Foto: SCIENCE PHOTO LIBRARY
Do fundo de nossas hierarquias, Physarum é considerado um desafio que tem sido cada vez mais estudado — Foto: SCIENCE PHOTO LIBRARY

"Nossa visão hierárquica da inteligência com humanos no topo da Grande Pirâmide revela o narcisismo de nossa espécie", afirma Sheldrake.

"Pensar sobre o mundo sem usar a nós mesmos como o padrão pelo qual todos os outros seres vivos devem ser julgados pode ajudar a amortecer algumas das hierarquias que sustentam o pensamento moderno", completa.

Essas hierarquias significam que nós, Homo sapiens, temos uma opinião incrivelmente alta de nós mesmos, e isso tem nos ajudado a chegar longe.

Mas talvez isso já tenha cumprido o seu propósito.

"Acho que nós, humanos, temos a necessidade de acreditar em um tipo de superioridade. Essa alta autoestima tem sido o motor da dominação. Temos sido capazes de fazer mais e isso é um resultado de acreditar que podemos mais", aponta Keats. .

"Mas estamos chegando a um limite, ao ponto em que essa forma de pensar está piorando o mundo para nós e para outras espécies. Então é hora de repensar."

E um catalisador para esse repensar é o Physarum Polycephalum, um protista de uma única célula sem cérebro que fica na parte inferior dessa hierarquia, de onde pode abalar todo o sistema.

Este texto foi publicado originalmente em https://www.bbc.com/portuguese/internacional-62703311

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Brasileiros de renda média pagam mais Imposto de Renda do que os super-ricos

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Levantamento dos auditores da Receita Federal mostra que assalariados pagam, proporcionalmente aos rendimentos, mais IR que os contribuintes que estão no topo da pirâmide social; especialistas defendem reforma para rever isenções e faixas de cobrança do tributo.
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Por Bianca Lima e Luiz Guilherme Gerbelli, GloboNews e g1

Postado em 31 de agosto de 2022 às 06h20m

 #.*Post. - N.\ 10.452*.#

O sistema tributário brasileiro coleciona distorções que impactam os cofres do governo – e o bolso dos contribuintes. Uma delas faz com que os assalariados de renda média paguem mais Imposto de Renda (IR) do que os super-ricos.

No topo da pirâmide social, os contribuintes com renda mensal superior a 320 salários mínimos (o equivalente a R$ 334,4 mil) pagam uma alíquota efetiva de IR de apenas 5,25%. Esse percentual representa o quanto de fato é recolhido em IR como proporção do rendimento total da pessoa.

De Olho no Orçamento — Foto: Arte/g1
De Olho no Orçamento — Foto: Arte/g1

É praticamente a mesma alíquota daqueles que ganham de cinco a sete salários mínimos (entre R$ 5,2 mil e R$ 7,3 mil) – que são taxados, efetivamente, em 4,91%. E inferior ao percentual observado na faixa de sete a dez salários (R$ 7,3 mil a R$ 10,4 mil), que pagam em Imposto de renda 7,7% dos rendimentos.

Não existe uma classificação oficial para as faixas de renda no Brasil. Entidades e órgãos de governo utilizam dados diferentes nesse cálculo.

Os números foram calculados pelo Sindifisco Nacional, sindicato que reúne os auditores da Receita Federal, com base nos dados da declaração de Imposto de Renda de 2021, referentes ao ano-calendário de 2020. Por esse motivo, foi considerado o valor do salário mínimo de 2020.

"É exatamente o contrário do que deveria ocorrer. São os que podem pagar menos (Imposto de Renda), pagando mais, e os que podem pagar mais, pagando menos", afirma Isac Falcão, presidente do Sindifisco Nacional.

A análise detalhada do IR mostra que a a faixa de renda em que a cobrança do tributo é maior é entre aqueles que ganham de 20 a 30 salários mínimos (entre R$ 20,9 mil e R$ 31,3 mil), alcançando uma alíquota efetiva de 11,89%. A partir daí, a cobrança fica cada vez menor. (Veja mais detalhes no gráfico abaixo).

"Essa é uma característica muito negativa do sistema tributário brasileiro, porque um dos princípios importantes da tributação é que ele respeite a capacidade econômica do contribuinte. O que significa dizer que você deveria tributar menos os mais pobres, de forma intermediária a classe média e mais quem é mais rico", afirma Manoel Pires, pesquisador associado do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).
Rendas isentas

Essa distorção ocorre, em grande parte, porque uma fatia expressiva da renda dos mais ricos é recebida na forma de lucros e dividendos, que são isentos de IR desde 1996. São valores distribuídos por empresas a sócios e acionistas.

Quem ganha mais de 320 salários mínimos por mês – ou seja, os 1% mais ricos do País – tem quase 70% da sua renda livre desse tributo. Já o trabalhador que recebe entre um e dois salários está na outra ponta e tem apenas 13% dos rendimentos isentos.

O gráfico abaixo deixa claro que, quanto maior a renda do contribuinte, maior é a fatia de rendimentos não tributados.

Ampla reforma

Os analistas afirmam que as distorções na cobrança do Imposto de Renda só serão corrigidas por meio de uma ampla reforma tributária. Na avaliação deles, dois pontos são fundamentais:

  • 1) Rever isenções. A isenção da cobrança de IR sobre lucros e dividendos e fundos fechados de investimentos precisa ser alterada, porque, no formato atual, acaba beneficiando a parcela mais rica da sociedade brasileira.

"Essas isenções são importantes para quem tem mais renda. As pessoas pobres não têm um rendimento relevante obtido com lucros e dividendos, por exemplo", afirma Pires, que ressalta que seria necessário mexer, também, no Imposto de Renda da Pessoa Jurídica.

"O país deveria reduzir a carga (tributária) na empresa para compensar a volta da tributação sobre lucros e dividendos. Isso iria ajudar muito o Brasil, porque a alíquota (de Imposto de Renda) nas empresas é muito elevada. Então, uma redução iria colocar a gente numa convergência com as principais tendências internacionais", acrescenta.

  • 2) Atualizar e criar novas faixas. Os especialistas também acreditam que o país precisa remodelar as faixas de cobrança de IR – o reajuste pela inflação, por exemplo, deixou ser automático desde 1996 – e criar novas alíquotas, que sejam superiores aos 27,5% (a mais alta da tabela atual).

"A nossa faixa mais alta é baixa (na comparação com outros países). Na experiência internacional, a gente vê alíquotas que chegam a 35% ou 40%", diz o pesquisador do Ibre/FGV.

"O país passou a depender de um ato formal do governo para que a tabela pudesse ser reajustada (pela inflação). Ou seja, a simples omissão do Executivo em mandar o reajuste da tabela do Imposto de Renda passou a consistir numa forma de aumento (de carga tributária)", diz Falcão, do Sindifisco Nacional.

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Defasagem da tabela

Atualmente, segundo os cálculos dos auditores fiscais, a tabela do IR acumula uma defasagem de 147% em relação à inflação.

Em junho de 2021, o governo Jair Bolsonaro enviou ao Congresso Nacional uma proposta de alteração do Imposto de Renda, como parte da reforma tributária. O texto chegou a ser aprovado pela Câmara dos Deputados, mas não avançou no Senado.

O projeto isenta de IR todos os trabalhadores celetistas que recebem até R$ 2,5 mil mensais (hoje, esse valor é de R$ 1,9 mil) e reajusta as demais faixas de cobrança. Também propõe alterações no imposto pago pelas empresas e a volta da tributação sobre lucros e dividendos.

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terça-feira, 30 de agosto de 2022

País bate novo recorde de pedidos de demissão em 12 meses

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Foram 6,467 milhões de pedidos de demissão nos 12 meses até julho – 32,4% do total de desligamentos de trabalhadores com carteira assinada no período.
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Por Marta Cavallini, g1

Postado em 30 de agosto de 2022 às 18h05m

 #.*Post. - N.\ 10.451*.#

Apesar de desemprego, pedidos de demissão batem recorde — Foto: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
Apesar de desemprego, pedidos de demissão batem recorde — Foto: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL

O país registrou 6,467 milhões de pedidos de demissão nos últimos 12 meses até julho, entre os trabalhadores com carteira assinada. Trata-se de um novo recorde, apesar do desemprego ainda elevado e da dificuldade dos profissionais de voltar ao mercado de trabalho.

Esse número equivale a 32,4% do total de desligamentos de trabalhadores no período (19,984 milhões). Ou seja, 1 de cada 3 desligamentos foram voluntários (a pedido do trabalhador).

O levantamento é da LCA Consultores e leva em conta os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que contabiliza as vagas com carteira assinada no país. O recorde leva em conta o período a partir de janeiro de 2020, início da série histórica do Caged com a metodologia atual de contagem de vagas.

Em relação a julho de 2021 (4,539 milhões), houve aumento de 42,5% no número de demissões dentro do acumulado de 12 meses.

Veja abaixo:

Dados mensais

Já no mês de julho foram 588.807 demissões voluntárias, 35,3% do total de demissões registradas pelo Caged em julho (1.667.635) – o número só menor que o registrado no mês de março (603.136).

Comparando o mês de julho de 2021 com o deste ano, o aumento no pedido de demissões foi de 32% (de 446.928 para 588.807).

Tanto no acumulado de 12 meses quanto em julho, São Paulo se manteve no topo dos estados com maior número de pedidos de demissão. Isso se deve ao fato de o estado ser o que mais emprega no país.


Estados

Todas as unidades da Federação tiveram seu maior número de pedidos de demissão desde janeiro de 2020 no acumulado em 12 meses.

Já em julho a maioria dos estados bateu recorde nos pedidos de demissão, à exceção de Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Amapá.

Ainda na comparação com janeiro de 2020, o número de demissões em julho chegou a mais que dobrar em alguns estados nas duas bases de comparação.

De acordo com Bruno Imaizumi, responsável pela pesquisa, os números mantêm o movimento de continuidade de normalização do mercado de trabalho.

O economista lembra ainda que no começo da pandemia muita gente acabou aceitando emprego sem ter afinidade com suas formações. Com a diminuição dos efeitos da pandemia no mercado de trabalho, os profissionais pedem demissão para serem admitidos dentro de cargos mais adequados a suas qualificações.

Muitas pessoas permaneceram em trabalhos que não eram condizentes com suas qualificações devido à necessidade de alguma recomposição de renda durante a pandemia. Mas muitas delas passaram a se desligar de empregos para se admitirem em outros mais adequados, diz.

volta ao trabalho presencial é outro fator que influenciaprincipalmente em empregos específicos, mais voltados para o setor de serviços em que seja possível trabalhar de casa.

"Com isso, para os trabalhadores que viram que essa modalidade não é benéfica em termos de qualidade de vida, essa volta ao ambiente de trabalho acaba pesando na escolha do profissional, que prefere trabalhar de casa em vez de pegar trânsito todos os dias", aponta.

Imaizumi explica que o acumulado de 12 meses tem batido recordes sucessivos de pedidos de demissão, e isso deve continuar ocorrendo, porque no levantamento têm entrado mais meses de 2022, que é um ano de normalização do mercado de trabalho, e têm saído os meses de 2021, que foi um momento ainda de incertezas e com trabalhadores em empregos não condizentes com suas formações.

Atividades com mais pedidos de demissão

Em relação ao estoque de vagas, ou seja, o total de empregos com carteira assinada, o setor de alojamento e alimentação foi o que mais registrou pedidos de demissão em julho.

Já os setores de Atividades Administrativas e Serviços Complementares; Atividades Profissionais, Científicas e Técnicas; Informação e Comunicação vêm em seguida na maior proporção de pedidos de demissão dentro do total de vagas. Com isso, mostra-se um movimento de pedidos de demissão vindo principalmente de profissionais mais qualificados e de setores mais aquecidos, como de TI. Veja no gráfico abaixo:

Para obter os dados por setores, Imaizumi fez o ajuste pelo total de trabalhadores dentro de cada atividade (estoque de vagas) para obter maior precisão nas informações, já que no caso do comércio, a quantidade de trabalhadores é significativa.

Segundo Bruno Imaizumi, o setor de alojamento e alimentação tem permanecido em primeiro lugar porque foi uma atividade muito prejudicada pela pandemia.

Agora, com a recuperação desse setor, muitos trabalhadores, com a abertura de novos restaurantes, pousadas e hotéis, estão se demitindo porque estão recebendo ofertas melhores de outros lugares, explica.

Já os outros três setores com maior proporção de pedidos de demissão estão relacionados a vagas mais técnicas que permitem a realização de trabalho remoto.

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Cientistas criam peixe-robô que 'engole' microplásticos

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Estudo foi coordenado por pesquisadores da China. 'Peixe' tem pouco mais de 1 centímetro e se orienta por meio de luz infravermelha.
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Por g1

Postado em 30 de agosto de 2022 às 16h20m

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Peixe-robo tem pouco mais de 1 centímetro.  — Foto: Adapted from Nano Letters 2022, DOI: 10.1021/acs.nanolett.2c01375.
Peixe-robo tem pouco mais de 1 centímetro. — Foto: Adapted from Nano Letters 2022, DOI: 10.1021/acs.nanolett.2c01375.

Cientistas chineses projetaram um pequeno peixe-robô que poderá, no futuro, remover microplásticos dos nosso mares e oceanos.

Os microplásticos são pequenos resíduos que vêm dos mais diversos produtos de plástico. Eles podem ser de vários tamanhos. Às vezes são tão pequenos que podem ser invisíveis a olho nu, mas já se tornaram um dos principais poluentes da água nos rios e oceanos.

"Desenvolvemos um robô miniaturizado bem leve. Ele pode ser usado de várias formas, por exemplo, em operações biomédicas ou perigosas, um robô tão pequeno que pode ser colocado em uma parte do seu corpo para tratar alguma doença", afirmou à agência de notícias Reuters Wang Yuyan, uma dos pesquisadoras que desenvolveram o robô.

A pesquisa com os resultados foi publicada em junho na revista "Nano Letters" da Sociedade Americana de Química.

O "peixe", uma estrutura mole e flexível de apenas 1,3 centímetro, é capaz de absorver os microplásticos em águas rasas e se orienta por meio de uma luz infravermelha posicionada na sua cauda.

O robozinho, que nada numa velocidade de 30 mm por segundo, também é capaz de desviar de outras estruturas e se ingerido por peixes de verdade ou outros animais não apresenta riscos à essas espécies, garantem os cientistas.

Até onde sabemos, este é o primeiro exemplo de robôs maleáveis do tipo, disse Yuyan ao jornal britânico "The Guardian".

Além de absorver os microplásticos e transportá-los para outro lugar, os pesquisadores também afirmam que o peixe-robô é capaz de se reestruturar caso seja danificado e ainda assim coletar os microplásticos, algo importante tendo em vista que esses "peixes" podem ser facilmente danificados em ambientes aquáticos.

A equipe de cientistas visa agora fazer com que esses robôs coletem microplásticos em águas mais profundas - o que não deve acontecer tão cedo tendo em vista da complexidade dessa operação-, e que essas estruturas sejam utilizadas para analisar a poluição marinha em tempo real.

Os microplásticos já foram encontrados na placenta de mulheres grávidas, em mamadeiras e na água potável, em 2019, segundo um relatório feito pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

"Os microplásticos são onipresentes no ambiente e foram detectados em água marinha, esgoto, água doce, na comida, no ar e na água potável, tanto na engarrafada quanto na água de torneira", constatou o relatório.

Cientistas encontram microplástico no Ártico
Cientistas encontram microplástico no Ártico
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segunda-feira, 29 de agosto de 2022

James Webb: supertelescópio flagra novas imagens de 'galáxia fantasma'

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Messier 74, também conhecida como NGC 628, é uma galáxia em espiral perfeitamente simétrica a 32 milhões de anos-luz de distância da Terra.
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Por Roberto Peixoto, g1

Postado em 29 de agosto de 2022 às 13h35m

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A 'galáxia fantasma' M74, flagrada pelo supertelescópio James Webb. — Foto: ESA/Divulgação
A 'galáxia fantasma' M74, flagrada pelo supertelescópio James Webb. — Foto: ESA/Divulgação

O telescópio espacial internacional James Webb capturou novas fotos de uma galáxia curiosa, a Messier 74, também conhecida como NGC 628 ou "galáxia fantasma", apelido dado por causa do fato de que o sistema é bastante díficil de ser observado sem um equipamento profissional.

As imagens foram divulgadas pela ESA, a agência espacial europeia, na manhã desta segunda-feira (29).

Em julho, como mostrou o g1, os mistérios da galáxia em espiral já haviam sido divulgados por um astrônomo espanhol, mas desta vez, o enorme sistema estelar foi visto pelo Webb com uma riqueza ainda maior de detalhes (veja a foto acima).

E, desta vez, duas novas imagens foram reveladas: uma feita apenas com instrumentos do supertelescópio e uma composição de dados tanto do Webb como do seu "primo mais velho", o telescópio Hubble, que mostra a galáxia perfeitamente simétrica a 32 milhões de anos-luz de distância da Terra (veja abaixo a composição).

Segundo a ESA, justamente por causa dessas suas características peculiares, como seus braços espirais bem definidos, a galáxia é um alvo favorito para os astrônomos que estudam a origem e a estrutura dessas formações galácticas.

"A visão nítida do Webb revelou delicados filamentos de gás e poeira nos grandiosos braços espirais da M74, que se estendem para fora do centro da imagem", afirmou a agência.

A agência explica ainda que, ao combinar dados de telescópios, os cientistas podem obter mais informações e detalhes nunca antes vistos sobre objetos astronômicos, aumentando o poder de observação de até mesmo um supertelescópio como o Webb.

Imagem da mesma galáxia feita pelo telescópio Hubble. — Foto: NASA/Divulgação
Imagem da mesma galáxia feita pelo telescópio Hubble. — Foto: NASA/Divulgação

Como a M74 é perfeitamente simétrica, estrelas, gases e toda a poeira que a formam estão alinhados em braços espirais que se espalham para fora desse sistema.

Gabriel Brammer, astrônomo da Universidade de Copenhague, na Dinamarca que divulgou o primeiro flagra da galáxia fantasma com o Webb explicou ao g1 que se pudéssemos observar a nossa própria Via Láctea "de uma espaçonave a milhares de anos-luz da Terra", teríamos uma visão semelhante.

Cores são falsas, mas revelam estruturas nunca vistas

Como também explicou ao g1 o astrofísico brasileiro Rogemar Riffel, que não teve relação com esses trabalhos, todas as imagens astronômicas são de "cor falsa": uma vez que não conseguimos atribuir diretamente um cor para esse tipo de imagem, determinadas colorações são escolhidas para realçar as estruturas de uma foto astronômica.

"E isso aconteceu inclusive nas imagens anteriores do James Webb, ou até mesmo do Hubble. Não é algo que a gente observaria a olho nu. São utilizados filtros que mostram, por exemplo, a emissão de gases, de poeira. Aí depois se criam imagens coloridas, em RGB, por exemplo. Mas a cor é sempre falsa. Lamento decepcionar", conta Riffel, aos risos.

E são justamente esses gases e nuvens de poeiras que aparecem em roxo na imagem abaixo que dão uma característica singular a essa galáxia tão distante de nós.

Composição da galáxia em espiral M74 feita pelo astrônomo Gabriel Brammer com dados do James Webb. — Foto: Composição a cores: Gabriel Brammer (Cosmic Dawn Center, Instituto Niels Bohr, Universidade de Copenhague); dados brutos: Janice Lee et al. and the PHANGS-JWST collaboration.
Composição da galáxia em espiral M74 feita pelo astrônomo Gabriel Brammer com dados do James Webb. — Foto: Composição a cores: Gabriel Brammer (Cosmic Dawn Center, Instituto Niels Bohr, Universidade de Copenhague); dados brutos: Janice Lee et al. and the PHANGS-JWST collaboration.

Mas como toda essa poeira é um problema para telescópios que observam a luz visível [como na imagem do Hubble], a novidade que essas imagens do Webb trazem é que agora conseguimos observar regiões mais empoeiradas e todas as estruturas escondidas dentro dessas nuvens cósmicas.

"Por isso, a imagem é tão diferente da anterior, feita com o Hubble. Como o Hubble opera com luz visível, o que mais aparece são as estrelas. E a poeira são as faixas mais escuras nos braços da galáxia, porque a poeira absorve a luz visível", explica Marina Bianchin, doutoranda em Física pela Universidade Federal de Santa Maria. 
Imagem da M74 feita pelo telescópio Spitzer. — Foto: NASA/JPL-Caltech/B.E.K. Sugerman (STScI)
Imagem da M74 feita pelo telescópio Spitzer. — Foto: NASA/JPL-Caltech/B.E.K. Sugerman (STScI)

"A gente consegue ver uma riqueza de detalhes na imagem do Webb. Uma assinatura dos braços espirais muito bem definida. E são justamente nesses braços onde as estrelas se formam", diz Riffel.

Riffel explica ainda que embora o Webb não tenha sido o primeiro observatório espacial da Nasa que conseguiu enxergar em infravermelho essa galáxia em específico, visto que o Spitzer, aposentado em janeiro do ano passado também fez um registro (veja imagem acima), o supertelescópio vai ser muito útil para a ciência entender como as estrelas se formam em regiões do Universo escondidas por essas camadas de poeira.

"E entender como as estrelas se formam, implica também em entender como o nosso próprio sistema planetário e o nosso próprio Sol se formou", diz.

Como o Webb consegue enxergar o passado? Veja no infográfico abaixo

Por que enxergamos o passado quando olhamos para as estrelas? — Foto: Arte g1
Por que enxergamos o passado quando olhamos para as estrelas? — Foto: Arte g1

(VÍDEO: Veja as primeiras fotos divulgadas pelo supertelescópio James Webb.)

Veja as primeiras fotos divulgadas pelo supertelescópio James WebbVeja as primeiras fotos divulgadas pelo supertelescópio James Webb

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