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domingo, 12 de junho de 2022

Ceará teme perder aeroporto, torres eólicas, escolas e hospitais em litígio de terras com Piauí

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Ação do Piauí no STF reivindica 2,8 mil quilômetros de terras ocupadas por cidades cearenses. Empresários temem que divisa fiscal entre as cidades inviabilize negócios na região de litígio.
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Por André Teixeira, g1 CE

Postado em 12 de junho de 2022 às 10h00m

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Divisa entre e Piauí: área de litígio entre os estados inclui território de 13 cidades cearenses — Foto: Sistema Verdes Mares
Divisa entre e Piauí: área de litígio entre os estados inclui território de 13 cidades cearenses — Foto: Sistema Verdes Mares

As terras do Ceará reivindicadas na Justiça pelo Piauí têm potencial para geração de energia limpa, abrigam parques ecológicos que recebem milhares de turistas e possuem forte produção no agronegócio, além de equipamentos municipais e estaduais, como hospitais, estradas e um aeroporto. O conflito pelas terras já afasta investidores e pode criar uma barreira fiscal para o comércio local, segundo empresários e políticos cearenses ouvidos pelo g1.

O Piauí pede no Supremo Tribunal Federal (STF) 2,8 mil km ² de terras que o Ceará supostamente invadiu no estado vizinho. Um estudo prévio do Exército solicitado pelo STF e pago pelo Piauí define a divisa entre os estados ainda mais ao oeste, ou seja, o Ceará deverá devolver mais terra que o reivindicado pelos piauienses caso perca a ação.

O procurador do Piauí, Luiz Filipe Ribeiro, diz não haver interesse econômico na ação que reivindica as terras, mas o reconhecimento jurídico de um decreto de 1880 que determina a região como piauiense.

O Governo do Estado do Ceará disse ao g1 que atua para manter a integralidade do território. "Para tanto, apresentou todas as evidências técnicas (estudos do IPECE [Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará] e PGE [Procuradoria Geral do Estado]) da posse das áreas dos municípios, bem como os aspectos culturais, tradicionais e de identificação da população cearense ali instalada."

O caso tem relatoria da ministra Cármen Lúcia e, se aceito conforme o estudo do Exército, 13 cidades cearenses perdem até 90% do território: Granja, Viçosa do Ceará, Tianguá, Ubajara, Ibiapina, São Benedito, Carnaubal, Guaraciaba do Norte, Croatá, Ipueiras, Poranga, Ipaporanga e Crateús. Com isso, 172 unidades de saúde, 290 escolas, 598 torres eólicas, entre outros ativos, passam para o Piauí.

Izolda Cela conversa com ministra Cármen Lúcia sobre litígio de terras entre Ceará e Piauí
Izolda Cela conversa com ministra Cármen Lúcia sobre litígio de terras entre Ceará e Piauí

A decisão também ampliaria o tamanho de oito cidades piauienses: Luís Correia, Cocal, Cocal dos Alves, São João da Fronteira, Pedro II, Buriti dos Montes, Piracuruca e São Miguel do Tapuio.

A governadora do Ceará, Izolda Cela, em encontro com a ministra Cármen Lúcia, defendeu a manutenção das terras no estado. "Minha defesa é permanente e nós temos o nosso bom direito e nós temos o direito das pessoas, com o seu pertencimento, o seu direito de ser e continuar cearense", disse a governadora após a reunião.

Impacto no comércio local

O presidente da Agência de Desenvolvimento da Ibiapaba, Paulo Wagner, afirmou que a saída das cidades da Ibiapaba do Ceará para o Piauí vai prejudicar a economia da região, pois as relações de compra e venda que hoje são locais teriam de enfrentar barreira fiscal interestadual. Seria uma "catástrofe", na avaliação de Wagner.

O presidnete da Agência de Desenvolvimento da Ibiapaba, Paulo Wagner, chama atenção para a eventual transformação de transações locais em interestaduais, com criação de barreira fiscal  — Foto: Arquivo pessoal
O presidnete da Agência de Desenvolvimento da Ibiapaba, Paulo Wagner, chama atenção para a eventual transformação de transações locais em interestaduais, com criação de barreira fiscal — Foto: Arquivo pessoal

Conforme Wagner, empresários da Ibiapaba mantêm negócios principalmente com as cidades vizinhas, livre de impostos estaduais, pois não precisam cruzar divisas. A Agência de Desenvolvimento da Ibiapaba reúne empresários e industriais da região.

"O principal impacto econômico está na possibilidade de criação de novas barreiras fiscais entre os municípios da região. Isso impactaria diretamente nos negócios, na indústria e principalmente no agronegócio, base da nossa economia. Isso iria inviabilizar muitos negócios e, consequentemente, teria desemprego." 
O que está em jogo
Bica do Ipu é um dos cartões postais da região que passariam para o Piauí se demarcação de divisa se guiar pelo estudo do Exército — Foto: TV Verdes Mares/Reprodução
Bica do Ipu é um dos cartões postais da região que passariam para o Piauí se demarcação de divisa se guiar pelo estudo do Exército — Foto: TV Verdes Mares/Reprodução

Atualmente, a Serra da Ibiapaba tem parques eólicos que somam 598 aerogeradores e empresas do setor também já adquiriram terras para implantar novas torres de geração de energia a partir do vento.

A região também tem forte produção no agronegócio, polos turísticos e segurança hídrica — uma vantagem no Nordeste brasileiro, historicamente afetado pela estiagem. A região tem também equipamentos instalados pelo Governo do Ceará ao longo de décadas, como delegacias, escolas e o Aeroporto de São Benedito, sob gestão estadual.

Um dos 10 aeroportos regionais do Ceará, o Walfrido Salmito de Almeida, na cidade de São Benedito — Foto: Governo do Estado/Divulgação
Um dos 10 aeroportos regionais do Ceará, o Walfrido Salmito de Almeida, na cidade de São Benedito — Foto: Governo do Estado/Divulgação

O Parque Nacional de Ubajara, com trilhas, mirantes, grutas e cachoeiras que atraem milhares de turistas todos os anos, passaria a pertencer ao território piauiense pelo estudo do Exército. O parque ganhou recentemente um teleférico.

Se o STF decidir a favor do Piauí, o parque, que é um dos principais pontos turísticos do Ceará, passa a pertencer ao estado vizinho. Moradores da região afirmam que o Piauí tem interesse no potencial econômico da região; Luiz Filipe, procurador do Piauí, nega.

"A ação é pautada no interesse jurídico, a indefinição gera uma insegurança jurídica. Se houver repercussão econômica, não é objeto dessa ação. Existem dados geográficos que fundamentam a ação. É uma ação bem embasada com fatos históricos e jurídicos, não é nenhuma ação aventureira", diz.

Divisa do Ceará com Piauí, conforme definida pelo Exército, define como piauiense território onde há aeroporto, escolas e unidades de saúde de municípios e do estado do Ceará — Foto: Arte g1
Divisa do Ceará com Piauí, conforme definida pelo Exército, define como piauiense território onde há aeroporto, escolas e unidades de saúde de municípios e do estado do Ceará — Foto: Arte g1

Valor afetivo

Para o comerciante Paulo Otávio, de Tianguá, o litígio também inclui um valor afetivo: o sentimento de pertencimento ao estado e à cultura cearense.

"É algo abstrato, que o dinheiro não pode medir, mas a nossa 'cearensidade' tem que ser considerada. As pessoas aqui se sentem cearenses, filhas de cearenses", diz.

"Não há motivo para pânico, medo ou qualquer temor da população envolvida", diz o procurador do Piauí.

"A gente não quer mudar RG ou a identidade cultural das pessoas. As pessoas nascidas nessas terras vão continuar cearenses. As que nascerem futuramente, caso a ação seja julgada procedente, é que serão naturais do Piauí", defende o procurador do Piauí.

Caso a região seja definida como território do Piauí por decisão do STF, os moradores da divisa passarão a pagar impostos municipais e estaduais às cidades e ao estado do Piauí.

Prejuízo nos negócios

Para o vereador Jocélio Luiz, parlamentar de Tianguá, maior cidade da área de litígio, o Ceará já sofre prejuízos com o conflito pela posse da terra. Com a possibilidade de uma mudança na jurisdição da área, empresários estão temerosos em investir nas cidades que ficam na divisa entre os estados.

"Imagine que sou empresário, sei como é a situação tributária toda do Ceará. Mas como eu vou agir hoje nessa situação, com a insegurança de que daqui a alguns dias, por exemplo, eu não estou mais no Ceará, eu sou do Piauí? Imagine isso na cabeça de um empresário que pensa em fazer um investimento aqui na região", argumenta.

Wagner, da Agência de Desenvolvimento da Ibiapaba, afirma que há também um "desinteresse" por parte do poder público em investir nas cidades da Serra da Ibiapaba.

Terras de litígio entre Ceará e Piauí têm forte potencial para geração de energia limpa; atualmente, parques eólicos na região somam 598 aerogeradores — Foto: Arquivo SVM
Terras de litígio entre Ceará e Piauí têm forte potencial para geração de energia limpa; atualmente, parques eólicos na região somam 598 aerogeradores — Foto: Arquivo SVM

"A nossa região tem mais de meio milhão de habitantes e não tem uma universidade federal, não tem um hospital regional, uma perícia forense, centro de hemodiálise... a população de um local com alto potencial econômico fica desassistida. A gente acredita que isso é por conta de um desinteresse no investimento por parte do poder público em uma região que talvez ele não saiba se realmente é dele, uma região em processo de litígio que pode vir a não ser mais do Ceará."

O Governo do Ceará nega o desinteresse na região e acrescenta que citou à ministra Cármen Lúcia equipamentos estaduais implantados na região como argumento para manter a jurisdição do território.

"São novas escolas, centros de educação infantil, brinquedopraças, poços profundos, equipamentos de saúde e centenas de quilômetros de estradas", diz, em nota.

Segurança hídrica e turismo

Açude Jaburu, um dos maiores do Ceará, garante abastecimento de água na região da Ibiapaba, área de litígio com o estado do Piauí — Foto: SVM
Açude Jaburu, um dos maiores do Ceará, garante abastecimento de água na região da Ibiapaba, área de litígio com o estado do Piauí — Foto: SVM

O Piauí alega que o Ceará invadiu terras com base na divisa geográfica definida pela Serra da Ibiapaba. Conforme entendido no século XIX, a partir do ponto onde as águas escorrem da serra para o oeste, as terras são do Piauí e as terras ao leste pertencem ao Ceará.

O cume da Ibiapaba possui atualmente o açude Jaburu, um dos maiores do Ceará e responsável pelo abastecimento da região.

"A água é uma forte moeda para o Ceará, Piauí e o Nordeste todo. Hoje temos águas que abastecem uma produção rural forte e turismo ecológico, porque as cachoeiras nascem da serra. Perder essas terras seria um baque pro turismo e pra economia do Ceará, porque é preciso considerar que a produção daqui abastece boa parte do estado", diz o comerciante Otávio Mendes, de Tianguá.

Conforme a Agência Líder, que reúne empresários da região, três de cada cinco cidades da área de litígio têm o agronegócio e o turismo como fontes de renda. "Temos aqui indústria exportando produtos do agronegócio, por meio de multinacionais instaladas na região. Eu acredito que isso o que o Piauí busca aqui", diz o presidente do grupo.

Origem do litígio

Entendendo a disputa por terras entre o Piauí e o Ceará. Litígio está no STF — Foto: g1
Entendendo a disputa por terras entre o Piauí e o Ceará. Litígio está no STF — Foto: g1

A jurisdição das terras na divisa entre Ceará e Piauí é secular, com argumentos conflitantes de políticos, historiadores e pesquisadores dos dois estados. Em dissertação pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), o geógrafo Eric de Melo diz que o Ceará avançou sobre terras piauienses e criou a freguesia de Amarração (atual município de Luís Correia, no Piauí) em terras que não são suas.

Um dos argumentos da Procuradoria-Geral do Estado do Piauí é que o Ceará invade a divisão geográfica definida pela Serra da Ibiapaba: a partir do cume, o que estiver a oeste é do Piauí; e a leste, do Ceará.

Povo se tornou cearense, diz pesquisador

O historiador João Bosco Gaspar, em audiência pública na Câmara Municipal de Tianguá sobre o litígio, rebate o argumento da Procuradoria-Geral do Estado do Piauí de que a divisão definida pela Serra da Ibiapaba defina o limite entre os estados. Conforme a pesquisa de João Bosco, um decreto do século XIX determina as terras como sendo cearenses. A decisão foi tomada não baseada na geografia, segundo o pesquisador, mas no reconhecimento da população local como sendo povo do Ceará.

Conforme argumento de pesquisadores cearenses, os piauienses que residiam próximo à divisa buscavam serviços públicos no Ceará, ofertados com melhor qualidade e mais próximos de onde moravam. Com o passar do tempo, essa população passou a se considerar cearense, e um decreto estabeleceu a região como pertencente ao Ceará.

"O decreto é fruto de um acordo entre as províncias, passou nas duas casas: passou na Câmara dos Deputados e no Senado do Império, e teve um parecer das duas casas", afirma João Bosco.

Rússia e China inauguram primeira ponte rodoviária entre os dois países

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O projeto, um acordo de 1995, simboliza a aproximação e o aumento do comércio entre os dois países.
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TOPO
Por France Presse

Postado em 12 de junho de 2022 às 09h00m

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Imagem da ponte que conecta a Rússia e a China — Foto: AFP
Imagem da ponte que conecta a Rússia e a China — Foto: AFP

Rússia e China inauguraram nesta sexta-feira (10) a primeira ponte rodoviária entre os dois países. A ligação atravessa o rio Amur e conecta as cidades de Heihe, na China, e Blagoveshchensk, na Rússia.

A construção da ponte terminou há dois anos, mas a inauguração foi adiada devido à pandemia de coronavírus.

O projeto, um acordo de 1995, simboliza a aproximação e o aumento do comércio entre os dois países.

A agência estatal de notícias russa Ria Novosti publicou um vídeo da cerimônia de inauguração da ponte, com a passagem dos primeiros caminhões e a explosão de fogos de artifício.

A ponte, de apenas um quilômetro de extensão e com duas faixas de circulação, custou 19 bilhões de rublos (R$ 1,6 bilhão), dos quais 14 bilhões corresponderam à parte russa.

De acordo com a imprensa de Moscou, 630 caminhões, 164 ônibus e 68 veículos leves poderão utilizar diariamente a ponte, destinada exclusivamente ao transporte de mercadorias.

Rússia e China compartilham 4.250 quilômetros de fronteira, principalmente no rio Amur.

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quinta-feira, 9 de junho de 2022

Passagens aéreas e remédios foram os 'vilões' da inflação em maio, enquanto alimentação freou aumento da taxa

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Viajar de avião ficou, em média, 18,33% mais caro na comparação com abril - em 12 meses, alta acumulada foi de 88,65%. Já alimentos importantes na mesa dos brasileiros sofreram deflação.
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Por Daniel Silveira e Darlan Alvarenga, g1

Postado em 09 de junho de 2022 às 13h35m

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Passageiros formam fila no Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo, após atrasos e cancelamentos de voos no dia 19 de maio de 2022 — Foto: TV Globo/Reprodução
Passageiros formam fila no Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul de São Paulo, após atrasos e cancelamentos de voos no dia 19 de maio de 2022 — Foto: TV Globo/Reprodução

Depois de meses pressionada pela energia elétrica e pelos combustíveis, a inflação no Brasil teve novos vilões em maio. Desta vez, foram as passagens aéreas e os remédios que exerceram maior pressão sobre a taxa, enquanto alimentos importantes na mesa dos brasileiros ajudaram a contê-la.

Os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (9) mostram que a inflação desacelerou no país, passando de 1,06% em abril para 0,47% - a menor taxa mensal desde abril do ano passado, quando ficou em 0,31%. Com isso, também desacelerou a inflação acumulada em 12 meses, que passou de 12,13% para 11,73%.

De acordo com Pedro Kislanov, gerente da pesquisa de Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador considerado a inflação oficial do país, dentre os produtos e serviços pesquisados pelo IBGE para compor a taxa, a passagens aérea foi o que, individualmente, provocou maior impacto sobre a taxa em maio.

O levantamento mostrou que, em média, a passagem aérea sofreu aumento de 18,33% na comparação com abril, respondendo por 0,08 ponto percentual sobre a inflação de maio.

"São, basicamente, dois fatores que ajudam a explixar o aumento nos preços das passagens aéreas.Tem o efeito dos custos, por causa da alta no preço da querosene de aviação, e também o efeito da demanda, já que houve um reaquecimento da demanda por viagens que ficou reprimida desde o começo da pandemia", apontou o pesquisador.

O pesquisador enfatizou que "o resultado do PIB do primeiro trimestre corrobora" com o efeito da demanda sobre a passagem aérea, uma vez que os dados divulgados pelo IBGE mostraram que o setor de serviços foi o que segurou a economia do país, puxado justamente pelos serviços relacionados a viagens com um todo.

Vale fazer uma ressalva de que a coleta das passagens aéreas é feita dois meses antes. Neste caso, os preços das passagens aéreas foram coletados em março para viagens que seriam realizadas em maio, destacou o pesquisador.

Já o segundo maior impacto (também de 0,08 p.p.) partiu dos produtos farmacêuticos, que tiveram alta de 2,51% no mês puxada pelo reajuste, autorizado pelo governo, de 10,89% sobre os preços de remédios.

O reajuste nos preços dos medicamentos foi autorizado em abril e, segundo o IBGE, pode ter sido aplicado pelos varejistas de forma gradual, tendo reflexo no índice tanto em abril quanto em maio, embora a variação tenha sido menor neste último mês.

Alimentação freia inflação em maio

Vilã comum da inflação no Brasil, a alimentação desta vez ajudou a conter o índice na passagem de abril para maio. Conforme apurado pelo IBGE, o IPCA do grupo alimentos e bebidas desacelerou de 2,06% em abril para 0,48% em maio.

Essa desaceleração foi puxada pela alimentação no domicílio, cujo índice passou de 2,59% em abril para 0,43% em maio, enquanto a fora do domicílio ficou praticamente estável (de 0,62% para 0,61%).

Alimentos importantes na mesa do brasileiro e que chegaram a pressionar a inflação em abril registraram deflação em maio, pressionando a desaceleração do indicador na comparação com o mês anterior.

As principais quedas nos preços de alimentos registradas na passagem de abril para maio foram do tomate(-23,72%), da cenoura (-24,07%) e batata-inglesa (-3,94%) - apesar da deflação na comparação mensal, em 12 meses estes produtos acumulam alta, respectivamente, de 55.62%, 116,37% e 54,30%.

Hortaliças e verduras (-3,22%), além das frutas (-2,30%), também tiveram deflação em maio, mas em 12 meses também acumulam alta expressivam, de 32,15% e 25,30%, respectivamente.

Por outro lado, outros alimentos indispensáveis da mesa dos brasileiros mantiveram alta de preços significativa em maio. É o caso da cebola, cujo aumento médio foi de 21,36%, do feijão-carioca, de 7,31% e do leite longa vida, de 4,65%.

O gerente da pesquisa destacou que, conforme o índice de difusão do IPCA, 72% dos produtos e serviços investigados registraram alta de preços em maio, enquanto em abril esse percentual chegou a 78%. Foi justamente a alimentação que provocou esse menor espalhamento da inflação.

"O índice de difusão para os produtos não alimentícios ficou em 78%, o mesmo de abril, enquanto o índice para os produtos alimentícios caiu de 79% para 65%", enfatizou Kislanov. 
Inflação de serviços mais alta

A passagem aérea também ajuda a explicar o aumento da inflação dos serviços no país, que ao contrário do índice geral, acelerou de 0,66% em abril para 0,85% em maio.

Além da alta nos preços das passagens aéreas, houve também aumento nos preços médios de serviços relacionados aos cuidados pessoais (cabeleireiro, barbeiro, manicure e depilação) e de combos de telefonia e TV por assinatura.

Em 12 meses, a inflação acumulada para serviços ficou em 8,01%, maior taxa desde dezembro de 2015, quando ficou em 8,09%.

Inflação acima da meta pelo 2º ano seguido

A média das expectativas do mercado para a inflação fechada de 2022 está atualmente em 8,89% segundo a última pesquisa Focus divulgada pelo Banco Central.

Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta de inflação para este ano é de 3,5% e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 2% e 5%. O próprio Banco Central já admitiu, entretanto, que a meta de inflação deve superar pelo 2º ano seguido o teto da meta.

Para tentar trazer a inflação de volta para a meta, o Banco Central tem feito um maior aperto monetário. A taxa básica de juros (Selic) está atualmente em 12,75% e o BC sinalizou que caminha para elevar mais os juros.

Para o próximo ano, a meta de inflação foi fixada em 3,25%, e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%.

Para 2023, a projeção atual do mercado é de inflação de 4,39% e taxa de juros em 9,75% no final do ano.

Brasil é o 4º país com maior inflação entre os 20 mais ricosBrasil é o 4º país com maior inflação entre os 20 mais ricos

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quarta-feira, 8 de junho de 2022

Como estão as promessas ambientais feitas pelos maiores poluidores do mundo?

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A 9ª edição da Cúpula das Américas acontece até sexta-feira em Los Angeles, nos EUA, como foco em 'construir um futuro sustentável, resiliente e equitativo'. Ao mesmo tempo, governos se reúnem em Bonn, na Alemanha, para discutir os avanços na ação climática desde a COP26.
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TOPO
Por BBC

Postado em 08 de junho de 2022 às 11h50m


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Em Glasgow, os países concordaram em apresentar planos climáticos mais ambiciosos, incluindo cortes nas emissões de dióxido de carbono  — Foto: Getty Images via BBC
Em Glasgow, os países concordaram em apresentar planos climáticos mais ambiciosos, incluindo cortes nas emissões de dióxido de carbono — Foto: Getty Images via BBC

A 9ª edição da Cúpula das Américas — que acontece até sexta-feira (10/6) em Los Angeles, nos EUA — tem como foco, nas palavras do governo americano, "construir um futuro sustentável, resiliente e equitativo".

E a expectativa é de que o presidente democrata Joe Biden proponha declarações conjuntas a seus pares — como o presidente Jair Bolsonaro —, com políticas e planos para conservação ambiental e mudanças climáticas.

A Cúpula das Américas coincide com a realização da Conferência de Mudança Climática de Bonn, na Alemanha, que discute até o dia 16 de junho os avanços alcançados desde a assinatura do acordo do clima na COP26, em novembro do ano passado, em Glasgow, na Escócia.

Na ocasião, líderes mundiais se comprometeram com novas metas para reduzir suas emissões, diminuir o uso de combustíveis fósseis e acabar com o desmatamento.

Será que eles estão cumprindo suas promessas?

Emissões: possível queda neste ano

  • O que foi acordado?

Em Glasgow, os países concordaram em apresentar planos climáticos mais ambiciosos, incluindo cortes nas emissões de dióxido de carbono (CO2).

  • Por que isso importa?

O dióxido de carbono é um gás de efeito estufa que causa mudanças climáticas. A redução das emissões é necessária para ajudar a manter os aumentos de temperatura dentro de 1,5°C. Acima disso, poderia causar uma "catástrofe climática", segundo cientistas da ONU.

  • O que foi feito?

Os países receberam um prazo até setembro para apresentar novos planos — mas atualmente apenas 11 de 196 países fizeram isso.

No entanto, análises recentes sugerem que a China apresentou uma redução contínua nas emissões desde o verão de 2021. Isso pode ter um impacto significativo, uma vez que o país é responsável por 27% das emissões mundiais.

O que é a COP e a Conferência de Mudanças Climáticas de Bonn?

  • Todos os anos, os governos do mundo se reúnem em uma cúpula climática chamada Conferência das Partes (COP, na sigla em inglês);
  • A 26ª edição (COP26) foi realizada em Glasgow, no ano passado; a COP27 será em Sharm-el-Sheikh, no Egito, neste ano;
  • A Conferência de Mudança Climática de Bonn acontece no meio caminho entre as duas COPs — para checar os avanços.
Combustíveis fósseis: crise energética ameaça avanço

  • O que foi acordado?

A COP26 incluiu um plano para reduzir o uso de carvão — que é responsável por 40% das emissões anuais de CO2.

Os líderes mundiais também concordaram em reduzir os subsídios "ineficientes" a petróleo e gás. São ajudas financeiras governamentais que reduzem artificialmente o preço dos combustíveis fósseis.

Os líderes mundiais também concordaram em reduzir os subsídios 'ineficientes' a petróleo e gás – ajudas financeiras governamentais que reduzem artificialmente o preço dos combustíveis fósseis — Foto: BBC
Os líderes mundiais também concordaram em reduzir os subsídios 'ineficientes' a petróleo e gás – ajudas financeiras governamentais que reduzem artificialmente o preço dos combustíveis fósseis — Foto: BBC

  • Por que isso importa?

O órgão de ciência climática da ONU, o IPCC, diz que os combustíveis fósseis são responsáveis ​​por 64% das emissões de CO2 do mundo.

  • O que foi feito?

Existem agora 34 países considerando novas usinas de carvão, em comparação com 41 no início do ano passado.

A China, o maior consumidor de carvão, concordou em parar de financiar "completamente todos os projetos de energia a carvão no exterior".

No entanto, a Índia — o segundo maior consumidor de carvão — anunciou em abril que estava aumentando a produção de energia a carvão e reabrindo 100 usinas.

Os subsídios aos combustíveis fósseis também aumentaram em 2021, de acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE). Mas Sabrina Muller, analista de políticas da Universidade London School of Economics, no Reino Unido, acredita que esta é uma medida de curto prazo para se afastar do gás russo.

Desmatamento: Brasil dificulta avanço global

Área da Amazônia desmatada em Juara (MT) — Foto: Divulgação
Área da Amazônia desmatada em Juara (MT) — Foto: Divulgação

  • O que foi acordado?

Mais de 100 países — com cerca de 85% das florestas do mundo — prometeram acabar com o desmatamento até 2030.

  • Por que isso importa?

Esta medida é vista como vital, já que as árvores absorvem cerca de 10% do CO2 emitido a cada ano.

  • O que foi feito?

Metade das florestas do mundo estão em apenas cinco países — Rússia, Brasil, Canadá, Estados Unidos e China —, então suas ações podem fazer grande diferença.

Em abril, o presidente dos EUA, Joe Biden, assinou uma ordem executiva para proteger florestas antigas em terras do governo.

Mas no Brasil — que abriga mais da metade da floresta amazônica — o desmatamento aumentou 69% em relação ao ano passado.

Frances Seymour, do grupo de pesquisa World Resources Institute (WRI), disse que isso não é surpreendente "à luz do relaxamento da fiscalização ambiental" pelo governo brasileiro.

Outro desafio está na Rússia, que está enfrentando uma temporada significativa de incêndios florestais — e perdeu 6,5 milhões de hectares de floresta para o fogo no ano passado.

Ação climática: dinheiro extra, mas é necessário mais

Ação climática: dinheiro extra, mas é necessário mais — Foto: BBC
Ação climática: dinheiro extra, mas é necessário mais — Foto: BBC

O que foi acordado?

Os países mais ricos concordaram em fornecer US$ 100 bilhões por ano às nações em desenvolvimento para a ação climática até o final de 2022 — uma promessa que não foi cumprida em 2020.

  • Por que isso importa?

As nações em desenvolvimento precisam de dinheiro para deixar para trás os combustíveis fósseis, fazendo coisas como investir em tecnologias verdes. Também precisam se preparar para os piores impactos das mudanças climáticas.

  • O que foi feito?

Apesar de União Europeia, EUA, Canadá e Austrália terem aumentado as promessas de financiamento, o WRI diz que eles precisam gastar mais por causa de sua riqueza relativa e emissões anteriores.

O Reino Unido, a França, a Alemanha e o Japão estão compatíveis ou fornecendo mais do que o necessário.

Metano — situação piorou

  • O que foi acordado?

Um programa para cortar 30% das emissões de metano até 2030 foi acordado por mais de 100 países.

Os grandes emissores — China, Rússia e Índia — ainda não aderiram, embora a China tenha chegado a um acordo com os EUA para trabalhar na questão.

  • Por que isso importa?

O metano é atualmente responsável por um terço do aquecimento global causado pelos seres humanos.

  • O que foi feito?

No ano passado, os níveis de metano apresentaram seu maior aumento anual desde o início dos registros, de acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA.

A agricultura e o setor de energia são as principais fontes de metano — e o aumento do uso de petróleo e gás devido ao alívio das medidas contra a Covid pode ser parcialmente responsável.

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