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segunda-feira, 30 de maio de 2022

Os 33 segundos que marcaram o início da Guerra Fria há 75 anos

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No dia 22 de maio de 1947, entrou em vigor o que alguns consideram a declaração da Guerra Fria.
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TOPO
Por BBC

Postado em 30 de maio de 2022 às 08h40m

 #.*Post. - N.\ 10.344*.#

Guerra Fria — Foto: BBC
Guerra Fria — Foto: BBC

No Capitólio, com a Câmara de Representantes totalmente lotada, o 33º presidente dos Estados Unidos, Harry Truman, com seus 62 anos, óculos redondos, terno escuro e gravata listrada, abriu sua pasta preta com folhas soltas que normalmente gostava de usar para ler seus discursos.

Tomou um gole de água, olhou ao redor da sala para sua audiência e agarrou-se à tribuna.

"A gravidade da situação enfrentada pelo mundo hoje requer meu comparecimento a uma sessão conjunta do Congresso. Estão envolvidas a política externa e a segurança nacional deste país", afirmou.

O dia era 12 de março de 1947. Apenas dois anos antes, a sensação era de que a segurança nacional americana estava garantida com a vitória sobre a Alemanha de Hitler. Mas, naquele dia, Truman descreveu uma ameaça ainda mais insidiosa.

A Doutrina Truman, como este discurso ficou conhecido, convocou os Estados Unidos a se comprometer com a contenção do comunismo e da União Soviética, sua aliada na Segunda Guerra Mundial.

As origens da Guerra Fria são complexas, muito debatidas e certamente não foi a Doutrina Truman que a causou. Mas há historiadores que consideram que este discurso foi o momento em que ela foi declarada.

Mas por que o medo substituiu tão rápido a esperança?

O que havia mudado?

Não haviam ocorrido grandes mudanças, segundo o renomado historiador Melvyn Leffler, professor emérito da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos, e autor de diversos livros sobre a Guerra Fria e a política externa americana.

Na verdade, as relações entre o Ocidente e a União Soviética foram tensas desde a fundação da mesma.

"Os Estados Unidos, o Reino Unido e a França intervieram na Rússia em 1917, 1918 e 1919", diz Leffler.

"Ao longo da guerra, houve tensões sobre a abertura de uma segunda frente na Europa ocidental. Stalin queria essa abertura em 1942, mas ela só aconteceu em 1944."

Caricatura da época, mostrando Stalin em apuros com os efeitos da 'Doutrina Truman' — Foto: BBC
Caricatura da época, mostrando Stalin em apuros com os efeitos da 'Doutrina Truman' — Foto: BBC

"Além disso, os americanos e os britânicos desenvolveram uma bomba atômica que foi mantida em segredo contra Stalin, que tinha seus espiões informando a ele, enquanto os Estados Unidos sabiam que estavam sendo espionados", explica Leffler.

"Mas era fundamental derrotar o Eixo — a Alemanha nazista, a Itália e o Japão —, o que prevaleceu sobre qualquer outra consideração."

Efeito dominó

Assim que a guerra terminou, a prioridade dos políticos americanos foi garantir que, nunca mais, nenhum adversário tivesse a perspectiva de obter o controle dos recursos da Europa e da Ásia.

"O grande temor em 1946 e 1947 não era que a União Soviética de Stalin se envolvesse em uma agressão militar aberta", explica Leffler.

"O grande temor era que pudesse explorar o fermento social e a agitação política existente na Europa do pós-guerra, não só no leste europeu e em parte da Europa central (onde a URSS mantinha tropas), mas em todo o sul e ocidente europeu, onde os partidos comunistas concorriam pelo poder, com muito sucesso na Itália e na França", conforme destacou o historiador no programa de rádio The Forum, do Serviço Mundial da BBC.

Soma-se a isso que os comunistas estavam travando uma guerra civil na China e sua perspectiva de vitória indicava que Stalin seria capaz de projetar sua influência por todo o leste asiático.

E a perspectiva ficava ainda mais assustadora ao se aplicar o que ficaria conhecido como "teoria do efeito dominó", que permeou por décadas a política externa dos Estados Unidos. Segundo ela, a "queda" de um Estado capitalista para o comunismo precipitaria a queda dos governos não comunistas nos Estados vizinhos.

Guerra de palavras

Além de inúmeras condutas que indispuseram as duas partes, houve uma profusão de pronunciamentos que foram traçando o caminho até a Doutrina Truman.

Stalin fez seu discurso na véspera das eleições legislativas da União Soviética de 1946 — Foto: BBC
Stalin fez seu discurso na véspera das eleições legislativas da União Soviética de 1946 — Foto: BBC

Em 9 de fevereiro de 1946, Stalin, em seu primeiro discurso importante do pós-guerra, evocou em Moscou o fantasma latente de outra grande guerra, que ele chamou de "sistema capitalista de economia mundial".

Ele declarou que outras "catástrofes militares" eram inevitáveis porque não era possível que os países atuassem por meio de "decisões coordenadas e pacíficas".

"O desenvolvimento irregular dos países capitalistas, com o passar do tempo, conduz a sérios conflitos nas suas relações, e o grupo de países que se consideram insuficientemente abastecidos de matérias-primas e mercados de exportação tenta mudar a situação e fazer com que tudo se volte a seu favor, com a força das armas", afirmou Stalin.

Por isso, a União Soviética precisaria dedicar seus recursos e energia nos próximos anos para desenvolver as indústrias básicas até o ponto de ficar blindada "contra todas as contingências".

Longo telegrama

"Muitas autoridades americanas, incluindo Truman, não prestaram atenção em Stalin. Mas outros viram este discurso como uma quase declaração da Terceira Guerra Mundial", afirma Denise Bostdorff, catedrática de estudos da comunicação da Faculdade de Wooster, em Ohio, nos Estados Unidos.

Stalin disse, por exemplo, "que queria financiar a ciência para superar as conquistas científicas estrangeiras. E o que essa audiência preocupada ouviu foi que ele queria uma bomba atômica", ela explica.

"E, quando disse que a União Soviética triplicaria sua produção de aço, essas autoridades americanas e alguns meios de comunicação interpretaram como se ele estivesse se preparando para um conflito com o Ocidente."

O Departamento de Estado americano, responsável pela política externa, pediu à sua Embaixada em Moscou uma análise do expansionismo soviético e suas intenções globais. A resposta do, até então, relativamente desconhecido diplomata George Kennan foi explosiva.

Kennan chegaria a ser um dos membros do grupo de especialistas em política externa americana conhecido como 'The Wise Men' — Foto: BBC
Kennan chegaria a ser um dos membros do grupo de especialistas em política externa americana conhecido como 'The Wise Men' — Foto: BBC

"Kennan ditou um telegrama de 8 mil palavras, usando várias metáforas, como: o comunismo era como uma doença, que violava a integridade do corpo e o destruía de dentro para fora", explica Bostdorff.

"Também o preocupava a possível penetração dos comunistas nos sindicatos, nas organizações de direitos civis, nos grupos culturais e, neste caso, o inimigo está novamente no lado de dentro, e a penetração quase tem sentido de violação."

Ele advertiu que as políticas soviéticas presumiam a hostilidade ocidental e que o expansionismo soviético era inevitável. Na opinião de Kennan, Moscou somente seria dissuadido por uma oposição enérgica, fosse ela política ou militar. Ele recomendou uma política de "contenção paciente a longo prazo, mas firme e vigilante".

O "longo telegrama", como ficou conhecido, circulou amplamente e silenciou outras análises mais racionais.

'Os pilares da paz'

Algumas semanas depois, no início de março de 1946, o líder britânico durante a Segunda Guerra Mundial, Winston Churchill, interveio nessa guerra de palavras.

Em um discurso em Fulton, no Missouri (Estados Unidos), ele expôs "alguns fatos sobre a posição atual na Europa": "de Stettin [Polônia], no mar Báltico, até Trieste [Itália], no Adriático, caiu sobre o continente uma cortina de ferro".

"Atrás dela, encontram-se todas as capitais dos antigos Estados da Europa central e oriental", segundo Churchill.

"Varsóvia, Berlim, Praga, Viena, Budapeste, Belgrado, Bucareste e Sófia — todas estas famosas cidades e suas populações, bem como os países no seu entorno, encontram-se no que devo chamar de esfera soviética e todos estão submetidos, de uma forma ou de outra, não apenas à influência soviética, mas a altíssimas e, em muitos casos, crescentes medidas de controle por parte de Moscou."

O discurso de Churchill, intitulado "Os pilares da paz", levou Stalin a acusá-lo de ser belicista.

Churchill e Truman a caminho de Fulton, onde Churchill fez seu famoso discurso 'Os pilares da paz' — Foto: BBC
Churchill e Truman a caminho de Fulton, onde Churchill fez seu famoso discurso 'Os pilares da paz' — Foto: BBC

"Stalin estava furioso", afirma Vladislav Zubok, professor de história internacional da Universidade London School of Economics (LSE), no Reino Unido.

"Churchill, que costumava ser tão gentil poucos meses antes, basicamente estava oferecendo uma aliança militar entre os EUA e o Reino Unido."

"Isso disparou um extremo receio [em Stalin]", explica o professor.

"Ele convocou o povo soviético a produzir mais aço, e os físicos soviéticos a fabricar bombas atômicas em segredo — não porque quisesse iniciar a Terceira Guerra Mundial, mas porque era profundamente inseguro e estava convencido de que somente a força seria a garantia da vitória."

O telegrama de Novikov

Assim como o Ocidente tentava ter uma visão mais clara das intenções soviéticas nos meses e anos que se seguiriam, os soviéticos também tentavam entender o que seus antigos aliados estavam fazendo.

O correspondente soviético do longo telegrama de Kennan foi o telegrama de Nikolai Novikov, embaixador soviético nos Estados Unidos, de setembro de 1946. Ele advertia que os Estados Unidos haviam saído da Segunda Guerra Mundial economicamente fortes e começado a dominar o mundo.

"A política exterior dos Estados Unidos, que reflete as tendências imperialistas do capital monopolista americano, caracteriza-se, no período do pós-guerra, por uma luta pela supremacia mundial", afirmou Novikov.

Ele prossegue: "Este é o verdadeiro significado das muitas declarações do presidente Truman e de outros representantes dos círculos governantes americanos: que os Estados Unidos têm o direito de liderar o mundo. Todas as forças da diplomacia americana — o Exército, a Aeronáutica, a Marinha, as indústrias e a ciência — estão a serviço desta política externa."

Da esquerda para a direita: Novikov, o diplomata Andrey Vyshinsky e o chanceler Vyacheslav Molotov, na ONU, em 1946 — Foto: BBC
Da esquerda para a direita: Novikov, o diplomata Andrey Vyshinsky e o chanceler Vyacheslav Molotov, na ONU, em 1946 — Foto: BBC

O telegrama de Novikov reafirmou a determinação soviética de estender sua influência e garantir sua zona de segurança na Europa oriental. E destacou mais uma vez o medo, a suspeita e a falta de confiança entre os dois lados da Guerra Fria.

'Matar de susto'

Em 21 de fevereiro de 1947, o Departamento de Estado americano recebeu uma mensagem do Ministério de Relações Exteriores britânico, dando conta que o Reino Unido — financeiramente paralisado por sua dívida de guerra, com uma economia industrial cambaleante e depois de um inverno brutal — não poderia mais fornecer a ajuda militar e econômica que havia garantido à Grécia e à Turquia, o que deixaria um vácuo em uma região estrategicamente importante.

Em seu discurso histórico, 19 dias depois, Truman pediu ao Congresso americano US$ 400 milhões em ajuda para aqueles dois países e, a cada cidadão americano, seu compromisso de lutar contra o comunismo em todas as frentes. Mas o que se verificou entre um acontecimento e o outro não foi uma reorientação radical e repentina da política externa americana.

Embora as inúmeras palavras desferidas já estivessem preparando o caminho para o que se seguiria, o democrata Truman enfrentava um Congresso republicano recém-eleito (pronto para se voltar para uma política externa mais isolacionista) e um povo americano cansado da guerra e ansioso para que seus jovens voltassem para casa.

Além disso, os Estados Unidos não tinham tradição de fornecer ajuda econômica para outros países.

Após intensos debates, a ajuda financeira à Grécia e à Turquia solicitada por Truman acabou sendo aprovada pelo Congresso americano — Foto: BBC
Após intensos debates, a ajuda financeira à Grécia e à Turquia solicitada por Truman acabou sendo aprovada pelo Congresso americano — Foto: BBC

O presidente se reuniu em particular com os líderes do Congresso para obter seu apoio.

O senador Arthur Vandenberg, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado e ex-isolacionista, respondeu que os republicanos o apoiariam se ele defendesse publicamente a ajuda à Grécia, que enfrentava uma guerra civil contra rebeldes comunistas, e à Turquia, que era pressionada pela União Soviética para compartilhar o controle do estreito de Dardanelos.

Mas Vandenberg acrescentou que, se quisesse o apoio popular, Truman precisaria "matar de susto o povo americano".

Credo

Truman seguiu o conselho do senador com um discurso incluindo palavras que, em 33 segundos dos 19 minutos do discurso, formavam o núcleo do seu argumento:

"Creio que a política americana deve ser apoiar os povos livres que resistem às tentativas de subjugação por minorias armadas ou pressões externas. Creio que devemos ajudar os povos livres a construir seus próprios destinos, à sua maneira. Creio que a nossa ajuda deve ser principalmente econômica e financeira, o que é essencial para a estabilidade econômica e política."

Truman assinando a lei de assistência de ajuda exterior, que forneceu um programa de ajuda à Grécia e à Turquia — Foto: BBC
Truman assinando a lei de assistência de ajuda exterior, que forneceu um programa de ajuda à Grécia e à Turquia — Foto: BBC

Truman não era um orador eloquente, mas, naquela ocasião, isso jogou a seu favor: ele deu a impressão de estar falando as coisas como elas são, sem adornos, e isso o tornou mais convincente.

Ele foi aplaudido, mas o apoio não era esmagador. Na verdade, as semanas que se seguiram foram marcadas por debates acalorados. Mas as duas câmaras aprovaram a proposta em 22 de maio de 1947, e Truman promulgou o projeto de lei que, segundo ele, era um "aviso de que não se permitiria que a marcha dos comunistas fosse bem sucedida por omissão (dos Estados Unidos)".

Por outro lado, o Compêndio da História da URSS, do historiador soviético Andrey Shestakov, afirma: "em 1947, o presidente Truman proclamou o direito dos Estados Unidos de se intrometer nos assuntos internos de outros países".

A Doutrina Truman impulsionou o Plano Marshall, a criação da Otan e deu forma à política externa dos Estados Unidos por mais de 40 anos, incluindo o período da Guerra Fria e depois dela. E a retórica e as metáforas usadas pelos participantes da saga que dividiu o mundo ainda persistem.

"Às vezes, usamos a linguagem e, às vezes, a linguagem é que nos usa", conclui Bostdorff.

Ouça o programa da série The Forum (em inglês) que deu origem a esta reportagem no site BBC Sounds.

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sábado, 28 de maio de 2022

Pesquisadores sequenciam DNA de homem que morreu na erupção do Monte Vesúvio, há quase 2 mil anos

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Cientistas também detectaram material genético da bactéria que causa a tuberculose – o que indica que ele pode ter sofrido de uma doença chamada espondilite tuberculosa, que afeta a coluna.
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Por g1

Postado em 2022 de maio de 2022 às 14h25m

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Restos humanos encontrados na 'Casa do Artesão', em Pompeia, em 1934.  — Foto: Reprodução/Nature
Restos humanos encontrados na 'Casa do Artesão', em Pompeia, em 1934. — Foto: Reprodução/Nature

Cientistas italianos sequenciaram, pela primeira vez, o DNA completo de um homem que morreu na erupção do Monte Vesúvio, na cidade de Pompeia, há quase 2 mil anos. A pesquisa foi publicada nesta semana na revista "Nature", na seção "Scientific Reports".

O DNA sequenciado foi retirado de um esqueleto que havia sido encontrado em Pompeia em 1934. No local do achado – a "Casa do Ferreiro" – havia também um segundo esqueleto, que foi sequenciado apenas parcialmente.

Antes da descoberta, apenas pequenos trechos de DNA mitocondrial de restos humanos e animais de Pompeia haviam sido sequenciados.

Os resultados apontaram que restos mortais pertenciam a um homem e uma mulher: o homem, que teve o DNA totalmente sequenciado, tinha entre 35 e 40 anos de idade; a mulher, mais de 50. (Na foto no topo da reportagem, o homem é o esqueleto que está deitado).

As análises dos ossos masculinos também identificaram lesões em uma das vértebras e sequências de DNA que são comumente encontradas em Mycobacterium – o grupo de bactérias ao qual pertence a bactéria causadora da tuberculose, Mycobacterium tuberculosis.

O achado sugere que o homem pode ter sofrido de tuberculose na coluna, conhecida como espondilite tuberculosa.

Foto e radiografia de vértebra lombar apontam lesões por espondilodiscite tuberculosa do homem que morreu em Pompeia há quase dois mil anos. — Foto: Reprodução/Nature
Foto e radiografia de vértebra lombar apontam lesões por espondilodiscite tuberculosa do homem que morreu em Pompeia há quase dois mil anos. — Foto: Reprodução/Nature

Origens

Os cientistas também compararam o DNA do homem com o material genético de outras 1.030 pessoas da Eurásia antiga, além de 471 da Eurásia moderna.

A maioria das semelhanças encontradas foram com os italianos centrais modernos e outras pessoas que viveram na Itália durante a era imperial romana.

Infográfico mostra local da erupção do Monte Vesúvio, em Pompeia, no século I — Foto: Arte g1
Infográfico mostra local da erupção do Monte Vesúvio, em Pompeia, no século I — Foto: Arte g1

Por outro lado, as análises também identificaram grupos de genes mais comumente encontrados em pessoas da ilha da Sardenha, no Mar Mediterrâneo – mas não entre as que viviam na Itália durante a era imperial romana. Os dados indicam que pode ter havido altos níveis de diversidade genética em toda a Península Itálica durante esse período.

A erupção do Monte Vesúvio, que ocorreu no ano 79, no século I, foi visível a mais de 40 km de distância; mais de 2 mil pessoas morreram em consequência direta da erupção.

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Conheça o peixe transparente do rio Madeira que tem a bexiga no formato da letra grega Pi; vídeo

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Animal foi encontrado recentemente em Rondônia por um pescador. Peixe tem o corpo translúcido e pequeno, podendo chegar a aproximadamente 4 centímetros, no máximo.
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Por Jaíne Quele Cruz, g1 RO

Postado em 28 de maio de 2022 às 09h45m

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Pescador encontra peixe transparente no rio Madeira
Pescador encontra peixe transparente no rio Madeira

"Alguém sabe que peixe é este?". O questionamento do pescador João Cordeiro gerou várias teorias sobre um minipeixe transparente que ele encontrou durante uma pescaria pelas águas do rio Madeira, em Porto Velho(RO). Assista no vídeo acima.

Lambari albino, lambari "sem roupa", sardinha e até "peixe Gasparzinho" foram alguns palpites feitos nas redes sociais sobre a identidade do pequeno animal.

O g1 consultou alguns especialistas que identificaram o peixe como Protocheirodon pi, mais conhecido como Crystal Tetra — um gênero bem recente e pouco conhecido por estudiosos do mundo marinho.

Fernando Dagosta, especialista em diversidade e biogeografia de peixes de água doce e professor na Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), listou algumas das curiosidades conhecidas até o momento sobre o pequeno animal transparente. Confira:

Peixe transparente tem a bexiga no formato da letra grega Pi — Foto: João Cordeiro/Arquivo pessoal
Peixe transparente tem a bexiga no formato da letra grega Pi — Foto: João Cordeiro/Arquivo pessoal

De onde veio o nome ?

O corpo translúcido do Crystal Tetra é uma das características que chamam mais atenção. Porém, há outro detalhe bem interessante em seu corpo, que, inclusive, deu a ele o nome que possui: uma bexiga natatória que tem um formato semelhante à letra grega Pi (π).

"Isso é uma característica única, nenhum outro tem. Geralmente, os peixes têm essa bexiga natatória estendida no corpo. Nesse bicho, ela é dobrada. E aí os pesquisadores pensaram: 'olha parece a letra Pi'", explicou Fernando.

Peixe tem bexiga no formato da letra grega Pi  — Foto: Arte g1
Peixe tem bexiga no formato da letra grega Pi — Foto: Arte g1

O Protocheirodon pi é um peixe bem pequeno, podendo chegar a aproximadamente 4 centímetros, no máximo. Segundo pesquisadores, apesar de o peixe que João Cordeiro mostra no vídeo ser do tamanho da ponta de seu dedo, o animal já está em sua fase adulta.

Ele se alimenta principalmente de insetos e sementes que caem no rio. Outro aspecto interessante da espécie é que os machos e as fêmeas são idênticos. Por esse motivo, só é possível identificá-los através da dissecação.

Peixe como Protocheirodon pi, mais conhecido como “Crystal Tetra” — Foto:  Martin e Peter Hoffmann/ Reprodução
Peixe como Protocheirodon pi, mais conhecido como “Crystal Tetra” — Foto: Martin e Peter Hoffmann/ Reprodução

Onde eles podem ser encontrados?

Um estudo publicado em 2016 pelos pesquisadores Richard Vari, Bruno Melo e Claudio Oliveira mapeia os lugares onde o Protocheirodon pi é encontrado. Os principais ficam nas partes central e oeste da bacia amazônica, como os rios Amazonas, Solimões, Purus, Madeira e Ucayali.

Mapa mostrando a distribuição de Protocheirodon pi  — Foto: Arte g1
Mapa mostrando a distribuição de Protocheirodon pi — Foto: Arte g1

O pesquisador ressalta que eles vivem nesses locais porque são típicos de "água branca", aquelas com presença de sedimentos. Ele é um peixe que vive mais nas margens dos rios.

"É um peixe típico dessa água e, provavelmente, esse corpo transparente que ele tem seja útil para viver numa água como essa: uma água escura, onde ele possa passar despercebido dos predadores".

Por ser bem distribuído pela Amazônia, tanto no Brasil como em outros países como Peru e Colômbia, não há registros de que o Protocheirodon pi corra risco de extinção.

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sexta-feira, 27 de maio de 2022

Arqueólogos mexicanos descobrem antiga cidade maia em terreno de obras

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Os arqueólogos afirmam que mais de 4 mil pessoas viviam no local descoberto, que foi ocupado entre os anos 600 e 900 .
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TOPO
Por Reuters

Postado em 27 de maio de 2022 às 18h55m

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Ruínas encontradas no México em 26 de maio de 2022 — Foto: Lorenzo Hernandez/Reuters
Ruínas encontradas no México em 26 de maio de 2022 — Foto: Lorenzo Hernandez/Reuters

Arqueólogos descobriram as ruínas de uma antiga cidade maia repleta de palácios, pirâmides e praças em um canteiro de obras de um futuro parque industrial nas proximidades de Mérida, na península mexicana de Yucatán. 

O sítio arqueológico, chamado Xiol, tem características do estilo de arquitetura maia Puuc, segundo os arqueólogos, comum no sul da península de Yucatán, mas raro na região de Mérida. 

"Acreditamos que mais de 4 mil pessoas viviam aqui", disse Carlos Peraza, um dos arqueólogos que lideraram a escavação da cidade, que segundo estimativas foi ocupada entre 600 e 900 d.C. 

Homens trabalham perto de ruína maia no México, em 26 de maio de 2022 — Foto: Lorenzo Hernandez/Reuters
Homens trabalham perto de ruína maia no México, em 26 de maio de 2022 — Foto: Lorenzo Hernandez/Reuters

"Havia pessoas de diferentes classes sociais... sacerdotes, escribas, que viviam nesses grandes palácios, e também havia pessoas comuns vivendo em pequenas construções", afirmou Peraza. 

Pesquisadores também localizaram cemitérios de adultos e crianças, enterrados com ferramentas de pedras obsidianas, oferendas e outros pertences. 

Imagem de ruínas descobertas no México em 26 de maio de 2022 — Foto: Lorenzo Hernandez/Reuters
Imagem de ruínas descobertas no México em 26 de maio de 2022 — Foto: Lorenzo Hernandez/Reuters

Restos de vida marinha também foram encontrados no local, sugerindo que os habitantes da cidade complementavam sua dieta baseada na agricultura com a pesca realizada na região costeira próxima.

Xiol foi descoberto após o início da construção em um parque industrial que ainda será feito, embora os restos arqueológicos ainda serão preservados, de acordo com os proprietários da terra. 

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quinta-feira, 26 de maio de 2022

Pesquisa descobre 'cidades' da era pré-colonial na Amazônia com pirâmides de até 22 metros de altura

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Locais pertenciam à cultura Casarabe, que data do período de 500 a 1400 d.C. Achado, inédito, sugere que o oeste da região amazônica não era tão pouco habitado antes da chegada dos colonizadores como se pensava.
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Por g1

Postado em 26 de maio de 2022 às 14h00m

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Capturas de tela de uma animação 3D de um dos assentamentos grandes encontrados pelos cientistas, o Cotoca. — Foto: H. Prümers / DAI via Nature
Capturas de tela de uma animação 3D de um dos assentamentos grandes encontrados pelos cientistas, o Cotoca. — Foto: H. Prümers / DAI via Nature

Pesquisadores da Alemanha descobriram "cidades" na Amazônia da Bolívia que datam da era pré-colonial. O achado, inédito, foi descrito em um estudo publicado na revista "Nature" na quarta-feira (25).

Os locais foram descritos pelos cientistas como "assentamentos urbanos de baixa densidade". Ao todo, os pesquisadores encontraram dois grandes assentamentos e mais 24 menores. Dos 26, 11 ainda não eram conhecidos.

Os lugares pertenceram à cultura Casarabe, que se desenvolveu no sudoeste da Amazônia boliviana no período de 500 a 1400 d.C. Antes da descoberta, havia evidências apenas de locais isolados, pois a vegetação densa dificulta o mapeamento das florestas tropicais.

Imagem feita com a tecnologia lidar de um dos assentamentos grandes encontrados pelos cientistas, o Cotoca. — Foto: H. Prümers / DAI via Nature
Imagem feita com a tecnologia lidar de um dos assentamentos grandes encontrados pelos cientistas, o Cotoca. — Foto: H. Prümers / DAI via Nature

Para encontrar os novos assentamentos, os cientistas usaram uma tecnologia chamada "lidar", um mapeamento a laser aéreo que funciona disparando feixes infravermelhos de um avião, helicóptero ou drone em direção à superfície e capturando os sinais refletidos.

O método permitiu que eles "removessem", virtualmente, a vegetação densa da região, para visualizar a terra e a arqueologia abaixo das árvores.

“Nossos resultados derrubam os argumentos de que a Amazônia ocidental era escassamente povoada em tempos pré-hispânicos”, dizem os autores no estudo.

Em um comentário divulgado junto com o estudo, o arqueólogo Christopher T. Fisher, professor de antropologia na Universidade Estadual do Colorado, nos Estados Unidos, avaliou que os dados "apontam para populações densas, paisagens geradas pelo homem, centros com arquitetura monumental e uma complexa hierarquia de assentamentos que podem ser indicativos de sociedades de “nível de Estado”, contradizendo percepções anteriores de que as populações da região eram pequenas e de desenvolvimento limitado. Fisher não participou do estudo.

Gestão de água, plataformas e pirâmides

A arquitetura dos assentamentos incluía plataformas escalonadas – sobre as quais havia estruturas em forma de U, montículos de plataforma retangulares e pirâmides cônicas de até 22 metros de altura. Também havia uma infraestrutura maciça de gestão de água, com canais e reservatórios.

Os resultados indicam, segundo os cientistas, que o padrão de assentamento da cultura Casarabe representa um tipo de urbanismo tropical de baixa densidade que não havia sido descrito anteriormente na Amazônia.

“Propomos que o sistema de assentamento da cultura Casarabe é uma forma singular de urbanismo agrário tropical de baixa densidade – até onde sabemos, o primeiro caso conhecido para toda a planície tropical da América do Sul”, dizem os pesquisadores.

Os dois assentamentos maiores encontrados pelos cientistas – chamados de Cotoca e Landívar – foram, de acordo com os cientistas, "centros primários na rede de assentamentos da cultura Casarabe – os principais de uma rede de assentamento regional conectada por calçadas retas ainda visíveis que saem desses locais em direção à paisagem por vários quilômetros".

Além disso, "a presença de plataformas localizadas em pontos estratégicos de algumas das calçadas e em vãos na interseção de calçadas e recintos poligonais sugerem que o acesso a esses grandes locais de assentamento pode ter sido restrito e controlado", acrescentam.

“Esta é a primeira evidência clara de que havia sociedades urbanas nesta parte da Bacia Amazônica”, afirmou, em entrevista à "Nature", Jonas Gregorio de Souza, arqueólogo da Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona, na Espanha, que não participou do estudo.

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