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domingo, 8 de maio de 2022

Guia para carreira em TI: profissões, salários, por onde começar e como se desenvolver em tecnologia

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Com falta mão de obra, a área conta com remuneração alta e dá oportunidades mesmo para quem tem pouca experiência. Não à toa a rotatividade é grande e setor atrai até quem tem outras profissões.
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Por Tiago Alcântara, Luciana de Oliveira, Victor Hugo Silva, Vivian Souza e Paola Patriarca, g1

Postado em 08 de maio de 2022 às 10h00m

 #.*Post. - N.\ 10.315*.#

Com falta mão de obra, a área de TI oferece salários altos e oportunidades para quem tem pouca experiência — Foto: hisIsEngineering no Pexels
Com falta mão de obra, a área de TI oferece salários altos e oportunidades para quem tem pouca experiência — Foto: hisIsEngineering no Pexels

Enquanto quase 12 milhões de brasileiros estão desempregados, segundo dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), um setor apresenta uma situação bem diferente: falta mão de obra.

Na tecnologia da informação, chamada de TI, existe muito mais demanda do que gente que pode suprir. E olha que em 2021 foram gerados quase 200 mil empregos na área, segundo a associação das empresas de tecnologia, a Brasscom. Veja abaixo as áreas que mais vão gerar emprego em TI.

A pandemia acelerou um movimento que já crescia: com tanta gente em casa, mais do que nunca se recorreu à tecnologia para tudo. Entre as empresas, quem ainda não era digital teve que correr para ser.

E por trás de cada ferramenta acessada, de cada aplicativo que faz chegar comida, remédio, transporte, comprovante de vacinação, que faz pagamentos e que mantém as conversas em dia existem muitos profissionais de TI. Mas não o tanto que o mercado precisa.

A Brasscom estima que o Brasil forme 53 mil pessoas em cursos de perfil tecnológico por ano. Só que, nesse período, o mercado requer, em média, 159 mil profissionais. Ou seja: a conta não fecha.

Os principais efeitos disso são:

  1. aumento nos salários de quem já é especialista na área. A remuneração em tecnologia (incluindo benefícios) é pelo menos 2,5 vezes maior do que a média salarial brasileira, segundo a Brasscom. As posições mais altas no guia de salários deste ano da consultoria de recrutamento Robert Half beiram os R$ 50 mil.
  2. oportunidades para quem tem pouca experiência. A busca por profissionais juniores, com no máximo dois anos de carreira, cresceu mais de 170% no 1º semestre de 2021, frente ao mesmo período do ano anterior, aponta a plataforma GeekHunter. Segundo a Robert Half, a faixa salarial para essas posições pode variar de R$ 3.000 a R$ 9.000, dependendo da carreira.

Não à toa muitos profissionais costumam trocar rápido de emprego, como se sempre existisse algo melhor ali ao lado: e muitas vezes tem mesmo.

Para você não perder oportunidades, o g1 ouviu dezenas de profissionais da área, especialistas em recrutamento e professores para montar um superguia para quem quer entrar na TI:

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Só Brasil e Turquia têm inflação, juros e desemprego de dois dígitos entre as grandes economias

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Último registro desta 'tríplice coroa' negativa no país tinha sido durante a recessão de 2016. Além de impactar a renda e o consumo, situação rara compromete o ritmo de recuperação da economia, que segue com projeções de crescimento bem abaixo da média mundial e dos emergentes. 
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Por Darlan Alvarenga, g1

Postado em 08 de maio de 2022 às 11h35m

 #.*Post. - N.\ 10.314*.#

 Brasil é um caso raro de país com taxas de dois dígitos de inflação, juros e desemprego. — Foto: Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Brasil é um caso raro de país com taxas de dois dígitos de inflação, juros e desemprego. — Foto: Aloisio Mauricio/Fotoarena/Estadão Conteúdo

O Brasil é um caso raro de país com taxas de dois dígitos de inflação, juros e desemprego. Entre as grandes economias do mundo, apenas a Turquia vive tal situação, aponta levantamento feito para o g1 pela agência de classificação de risco Austin Rating.

A Argentina e Rússia também estão no topo dos rankings das maiores taxas de inflação e de juros básicos do mundo, mas mantêm um desemprego abaixo de dois dígitos. Já a África do Sul e a Espanha possuem desemprego superior ao do Brasil, mas inflação e juros bem menores.

O levantamento reúne os dados mais atualizados de 23 países, que representam 81,4% do PIB global, além das taxas da zona do euro.

Veja abaixo os rankings:

Rankings de juros, desemprego e inflação — Foto: Arte g1
Rankings de juros, desemprego e inflação — Foto: Arte g1

No Brasil, taxas de dois dígitos nos 3 indicadores não eram registradas desde a recessão de 2016. Considerando os dados oficiais desde 2012, quando começou a série atual da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), essa tríplice coroa' só ocorreu em 4 meses, segundo a Austin.

Veja o quadro abaixo:

"Essas 4 ocasiões foram as únicas vezes que houve 2 dígitos nos três indicadores. Agora neste ano que passou a ser recorrente", afirma o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, autor do levantamento. 
Inflação

Já são 8 meses seguidos com a inflação anual acima dois dígitos o Brasil, segundo mostrou a prévia da inflação de abril divulgada pelo IBGE. A Selic superou os 10% em fevereiro e foi elevada na última quarta-feira (4) para 12,75% ao ano – maior patamar desde 2017. Já a taxa de desemprego ficou em 11,1% no 1º trimestre e se mantém em dois dígitos desde o final de 2015.


O que explica essa 'tríplice coroa'

Mais do que indicar uma situação econômica bastante ruim no Brasil, a conjunção de taxas de dois dígitos de inflação, juros e desemprego escancara os efeitos das sucessivas crises dos últimos anos e dos problemas estruturais da economia brasileira, que há anos vem registrando baixo crescimento.

Temos no Brasil um problema tão crônico, tão estrutural, que a relação dessas variáveis sai do padrão técnico-econômico", afirma Agostini, destacando que a inflação e o desemprego costumam ter uma relação inversa. Ou seja, quando um aumenta, o outro diminui.

O economista explica que, embora a inflação tenha se tornado um problema global, puxada principalmente pela disparada dos preços da energia e de commodities, em países como os Estados Unidos ela também tem sido alimentada pela situação de praticamente pleno emprego.

"Nos Estados Unidos, há renda para absorver a alta da inflação. Então é natural que se tenha um juro também maior. Já no Brasil, a gente não tem um mercado de trabalho para absorver essa inflação alta e o juros tem que subir para combater essa inflação de custos", observa.

Para Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, essa tríplice coroa também é resultado da instabilidade política, da crise fiscal e da falta de avanço na agenda de reformas. Já são oito anos seguidos de contas do governo federal no vermelho.

Estamos pagando o preço de anos de descaso em relação a uma boa política econômica e também de uma boa política. Temos feito algumas reformas, mas reformas que são insistentemente burladas. Para um país emergente que depende de investimento e da entrada de capital, a incerteza e essa polarização política é a pior coisa que poderia ter", afirma Vale.

Ele lembra que, em 2016, a aprovação de reformas e de medidas de ajuste fiscal como a criação do teto de gastos foram fatores que contribuíram para a queda do dólar frente ao real e para a inflação desacelerar abaixo dos dois dígitos.

Vale explica que o alto nível de endividamento do setor público é um dos fatores que tem mantido o dólar em patamar elevado no Brasil e obrigado a uma elevação da taxa básica de juros mais acelerada e acentuada no Brasil, que retomou a liderança do ranking mundial de juros reais.

"Dado que a política fiscal entrou no modo eleição, a gente depende quase que exclusivamente do Banco Central para controlar a inflação. O juro está subindo com muito mais intensidade agora muito por conta disso", afirma o economista, citando a decisão do governo de mudar a regra do teto de gastos e o pacote de "bondades" quem vem sendo adotado pelo presidente Jair Bolsonaro em busca da reeleição.

"São medidas que podem parecer que são positivos no curto prazo, como redução de imposto, mas que tem um custo enorme lá na frente. É um preço alto que a gente já está pagando e vai pagar ainda mais nos próximos anos", acrescenta.

"O Brasil tem uma inflação persistente", diz o economista André Perfeito
"O Brasil tem uma inflação persistente", diz o economista André Perfeito

Inflação persistente, juros ainda ladeira acima e estagnação

Apesar da perspectiva de desaceleração da inflação a partir dos próximos meses, as projeções para o IPCA fechado no ano seguem sendo revisadas para cima e o próprio Banco Central já admitiu que a meta de inflação deve superar pelo 2º ano seguido o teto da meta do governo, que tinha sido fixada em 3,5% para 2022.

O Itaú revisou nesta sexta-feira (6) sua projeção para o IPCA de 2022, de 7,5% para 8,5%, citando preços administrados como gasolina e energia elétrica mais elevados e desinflação mais lenta de bens no segundo semestre. A estimativa do banco para a Selic é de 13,75% ao ano, com uma extensão do ciclo de alta dos juros por mais dois meses. Já para a taxa de desemprego a previsão é de 12% ao final deste ano.

"Para a Austin, porém, ainda há risco do Brasil terminar o ano com taxa de dois dígitos de inflação, juros e desemprego". Os juros vão permanecer nesse nível por um bom tempo e a inflação até o final do ano corre o risco de ficar em dois dígitos", afirma Agostini.

Os analistas destacam, porém, que a pior consequência desta combinação é o impacto direto no emprego e renda, e no ritmo de recuperação da economia brasileira.

"Estamos numa estagnação agora, mas o Brasil pode até entrar numa recessão também, alerta o economista da Austin, que não descarta eventuais retrações no PIB ao longo do ano, assim como ocorreu nos EUA no 1º trimestre.

O mercado financeiro estima atualmente um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,70% em 2022 e de 1% em 2023. O FMI faz uma projeção um pouco melhor, de avanço de 0,80% neste ano e de 1,4% no ano que vem. Ainda assim, a perspectiva para o Brasil segue bem abaixo da da média mundial e dos emergentes.

A Turquia, por exemplo, que está com uma inflação perto de 70% ao ano, tem previsão de crescimento do PIB de 2,7% em 2022 e de 3% em 2023.

"Essa situação de tríplice coroa, com inflação, juros e desemprego de dois dígitos, é um cenário que para desmontar vai ter um elevado custo econômico, que é justamente crescimento baixo de forma mais estrutural e mais longo prazo, e com a consequência de manter a taxa de desemprego alta por mais tempo", diz Vale.

Valdo Cruz: Com inflação e juros altos, Bolsonaro volta a apontar culpadosValdo Cruz: Com inflação e juros altos, Bolsonaro volta a apontar culpados
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quinta-feira, 5 de maio de 2022

20% da Bacia Amazônica estão impactados por atividades como mineração, diz estudo

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A maior bacia hidrográfica do Brasil e do mundo está em perigo. Segundo a Rede Ambiental Mídia, o avanço dos garimpos ilegais tem aumentado a degradação e o risco de conflitos.
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Por Jornal Hoje

Postado em 05 de maio de 2022 às 17h35m

 #.*Post. - N.\ 10.313*.#

Estudo mostra impactos na maior bacia hidrográfica do BrasilEstudo mostra impactos na maior bacia hidrográfica do Brasil

Um estudo da Rede Ambiental Mídia, formada por cientistas e jornalistas, revelou, a partir de dados públicos, que 20% da Bacia Amazônica, a maior bacia hidrográfica do Brasil e do mundo, já estão altamente impactados por atividades como a mineração e a geração de energia hidrelétrica. O Jornal Hoje mostrou os detalhes.

Das mais de onze mil microbacias da região, 20% sofrem impactos considerados altos, muito altos ou extremos. Os rios mais ameaçados são o Xingu, Tapajós, Tocantins e Madeira. Segundo a pesquisa, quase todos os rios com impactos de alto risco são afetados pela agropecuária.

A hidrelétrica, a mineração e o garimpo geram alterações muito drásticas na água, né? Mudam completamente todo o fluxo, todo o curso de um rio, que é completamente alterado por essas atividades, então elas tiveram um peso maior no nosso cálculo do índice. Já a agropecuária, embora ela seja uma alteração mais entre aspas ''sutil'' aos cursos d'água, ela ocupa uma área muito maior, explica Cecilia Gontijo Leal, pesquisadora da USP/Projeto Aquazônia.

O estudo também alerta que as regiões mais críticas da Bacia Amazônica são aquelas que sofrem impactos de mais de uma atividade ao mesmo tempo. 21% dos rios pesquisados estão nessa situação, em que os riscos ao meio ambiente e às comunidades tradicionais podem ser muito mais graves.

Rio Xingu, no Parque Nacional do Xingu — Foto: Secom-MT
Rio Xingu, no Parque Nacional do Xingu — Foto: Secom-MT

O levantamento também mostra a importância das terras indígenas na proteção dos rios. Em mais de 80% desses territórios, o impacto sobre as bacias foi considerado médio ou baixo. Mesmo assim, o avanço dos garimpos ilegais tem aumentado a degradação e o risco de conflitos.

Uma das regiões mais atingidas é a terra indígena Kayapó, no Sul do Pará.

Estão impactando o rio, os peixes, toda a nossa forma de alimentação, toda nossa forma também de existência, porque no meu povo, em outros povos também, o rio ele faz parte da nossa cultura, diz Maial Kayapó, liderança indígena.

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Como os astros influenciam nossa vida? Veja o que é ciência ou não

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Em livro, físico explica como as estrelas e a observação do céu foram determinantes na geração da vida e na evolução das civilizações humanas - e explica por que considera a Astrologia é uma 'pseudociência'.
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TOPO
Por Paula Adamo Idoeta, BBC — Londres

Postado em 05 de maio de 2022 às 11h30m

 #.*Post. - N.\ 10.312*.#

Desde a composição do corpo humano até a construção de grandes civilizações, devemos nossa existência e nossa evolução às estrelas e à observação do céu. Os astros, então, têm uma influência enorme na nossa vida.

Curiosamente, porém, é comum que as pessoas atribuam à posição de planetas, Lua e estrelas outros "poderes" que, do ponto de vista científico, eles não têm - como moldar nossa personalidade ou comportamento.

Quem explica isso é Marcelo Girardi Schappo, doutor em Física Atômica e Molecular, professor do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) e autor de Astronomia - Os astros, a ciência, a vida cotidiana (ed. Contexto), livro recém-lançado que aborda a importância dos céus no nosso dia-a-dia.

Em entrevista à BBC News Brasil, Schappo explica quatro influências determinantes dos astros na existência humana, e duas que, apesar de bastante populares, não têm respaldo científico.

Somos 'poeira das estrelas'

A maioria dos elementos que compõem o corpo humano foi formada em estrelas, ao longo de bilhões de anos.

Estamos falando de elementos como carbono, oxigênio, enxofre, magnésio e a maior parte dos nomes que vemos na tabela periódica, existentes em estrelas que viveram bilhões de anos atrás e foram continuamente explodindo e se reconstituindo.

Nesse processo, explica Schappo, as estrelas formaram uma "nuvem inicial", que deu origem ao Sol - a principal estrela do nosso Sistema Solar -, aos planetas como a Terra e à combinação de elementos que permitiu que gases, minerais, água e a vida surgissem e evoluíssem por aqui.

É um processo que se estende por cerca de 13 bilhões de anos e que permitiu a riqueza de elementos químicos da Terra.

Por isso, estudiosos de astronomia costumam dizer que nós, seres vivos, somos feitos de "poeira das estrelas".

As estrelas, explica Schappo, "fazem um processo de fusão nuclear e vão juntando esses elementos pequenos, que viram elementos mais pesados. Esses tijolinhos (elementos) fundamentais à nossa vida aqui vieram do interior de estrelas, que explodiram ou expandiram as suas camadas externas e enriqueceram quimicamente o ambiente interestelar. É esse material que vai acabar se aglomerando e dar origem a novas estrelas, planetas e novos sistemas onde eventualmente a vida pode florescer."

Construção das civilizações

Para além da base fundamental da vida, foi graças aos céus - mais especificamente, à capacidade de nossos antepassados em observar os céus - que pudemos construir as civilizações humanas, afirma Schappo.

Ele se refere especificamente às estações do ano.

As diferentes estações existem - e se opõem nos hemisférios Norte e Sul - por causa da inclinação da Terra em relação ao Sol, enquanto dá a volta em torno do Sol.

Como a Terra é inclinada em seu eixo, os raios solares incidem de forma diferente em diferentes partes do mundo, a depender do momento do ano - assim, a energia do Sol incide com mais intensidade nos meses de verão e menos intensidade nos de inverno.

Muito antes de adquirirem esse conhecimento científico, nossos antepassados aprenderam sobre os padrões climáticos observando o céu. Há constelações de estrelas que só aparecem no céu noturno nos meses de verão, enquanto outras são visíveis no inverno, detalha Schappo. Várias civilizações também identificaram as datas de solstícios e equinócios (dias com mais ou menos luz diurna no ano), o que lhes permitiu identificar a troca de estações.

Com esses padrões astronômicos, foi possível se antecipar a períodos de secas ou chuvas, e perceber os melhores momentos de plantar e colher.

"Se antever a isso ajudou na transição de um sistema nômade para um sedentário", em que sociedades puderam se desenvolver e prosperar, argumenta o físico. "É obrigatório conhecer esse ambiente e esses padrões da Terra."

Agricultura no período neolítico; foi pela identificação de padrões astronômicos e as estações do ano que os seres humanos começaram a estabelecer suas civilizações — Foto: SCIENCE PHOTO LIBRARY/BBC
Agricultura no período neolítico; foi pela identificação de padrões astronômicos e as estações do ano que os seres humanos começaram a estabelecer suas civilizações — Foto: SCIENCE PHOTO LIBRARY/BBC

Por isso, ele argumenta que entender astronomia foi uma "questão de sobrevivência".

Esse conhecimento evoluiu para o calendário - o Gregoriano, que vigora atualmente, foi criado há 440 anos para acompanhar os pouco mais de 365 dias que a Terra demora para dar sua volta em torno do Sol.

Agora que a humanidade está diante de mudanças nos padrões climáticos da Terra por conta do aquecimento global, Marcelo Schappo argumenta que o conhecimento astronômico também será fundamental - por conta de sua capacidade de analisar os padrões do Sol e a forma como a nossa atmosfera absorve sua energia.

Das navegações ao GPS

Além de ensinar nossos antepassados a entender os ciclos climáticos, a observação dos céus foi crucial em outro ponto importante na história humana: as navegações.

"Muitas navegações e métodos de navegação importantes na história foram guiados pelas estrelas", afirma Schappo.

Uma das estrelas da constelação do Cruzeiro do Sul, por exemplo, "aponta quase no polo Sul celeste - é um bom indicativo de onde está o sul, e a partir daí sabe onde estão os outros pontos cardeais", explica o físico.

No hemisfério Norte, a Estrela Polar, na constelação da Ursa Menor, é usada como indicativo do norte.

Hoje, a nossa navegação via satélite também se apoia no conhecimento astronômico - tanto no envio de satélites ao espaço quanto na utilização desses satélites para você definir, no GPS do celular, o trajeto que vai fazer de casa para o trabalho.

"O sistema do GPS funciona com vários satélites, colocados em órbita da Terra", explica Schappo.

"Quando quero usar meu celular para saber minha posição no planeta, o que ele (aparelho) faz é trocar informações com esses satélites - e o sinal leva um tempo para sair do celular, chegar no satélite e retornar. É com essa diferença de tempo de sinal que ele troca com pelo menos dois ou três satélites que ele calcula exatamente a posição em que você está no planeta em latitude, longitude e altitude. Portanto, é uma superferramenta para navegação aérea, marítima e exploração terrestre."

(VÍDEO: O sol de perto: ESA divulga imagem do astro com resolução mais alta já feita até hoje.)

O sol de perto: ESA divulga imagem do astro com resolução mais alta já feita até hoje
O sol de perto: ESA divulga imagem do astro com resolução mais alta já feita até hoje

Ciclos biológicos

Nossos ciclos biológicos também são obviamente ligados ao Sol: temos mais sono nos períodos em que não estamos expostos à luz do Sol, e mais disposição durante o período diurno, por exemplo.

As plantas também dependem da exposição ao Sol para fazer fotossíntese.

"Existem ciclos nos seres vivos, e a biologia estuda como o indivíduo muda conforme a época do ano ou do mês, o que pode ter a ver com a mudança na iluminação, com a variação entre o dia e a noite", afirma Schappo.

No entanto, essa influência biológica ligada a variações na exposição à luz do Sol não pode ser confundida com a influência comportamental geralmente atribuída aos astros, afirma Schappo. "Isso não tem nada a ver com (a suposição de que) 'a Lua influencia o meu estado emocional'. Aí a gente começa a transitar por uma zona pseudocientífica", diz ele.

É desses mitos que falaremos agora.

Não é ciência: Astrologia

'Quando você vai fazer um mapa astral, ler um horóscopo, ou acha que está agitado por causa da lua cheia, que tem que cortar o cabelo em tal lua, ou que bebê vai nascer na virada da lua, isso não é baseado em evidências", explica o físico.

"Ou seja, que não pode ser corroborado. A gente acredita nas afirmações de (Albert) Einstein sobre a relatividade porque é (uma teoria) muito corroborada. Já quanto a mapa astral, cabelo, nascimento dos bebês - isso já foi testado por experimentos científicos que mostram que essas afirmações não têm fundamento. Por isso, chamamos de pseudociência - é algo que fala de planetas, usa dados astronômicos reais, mas leva a conclusões que não têm fundamento. Parece ciência mas não é."

Embora tenha grande apelo, astrologia não tem embasamento científico — Foto: SPL/BBC
Embora tenha grande apelo, astrologia não tem embasamento científico — Foto: SPL/BBC

Um dos experimentos que testaram cientificamente a astrologia foi descrito pela astrofísica Sabrina Stierwalt no podcast Everyday Einstein.

No experimento, publicado no periódico Nature, foi conduzido um teste duplo-cego para averiguar se mapas astrais poderiam descrever nossa personalidade com precisão. O físico Shawn Carlson pediu a 30 astrólogos que revisassem o mapa astral de 116 pessoas que não conheciam pessoalmente.

Carlson deu aos astrólogos três descrições para cada uma das 116 pessoas: uma descrição correta e duas descrições erradas (ou melhor, que descreviam outras pessoas que não aquelas). E pediu aos astrólogos que identificassem qual das três era a descrição correta, segundo o mapa astral.

O resultado é que os astrólogos do experimento fizeram a identificação correta em um terço dos casos. "Se você recebesse três descrições de personalidade, (também) teria uma entre três chances de selecionar a correta", diz Stierwalt. Portanto, conclui ela, os astrólogos do estudo não se saíram melhor do que se tivessem escolhido os perfis ao acaso.

"A astrologia também não é capaz de oferecer um mecanismo que explique como ela poderia funcionar. Qual é exatamente a conexão entre as estrelas sobre a sua cabeça quando você nasceu e se você deve ou não tomar grandes decisões durante o verão?", questiona a cientista.

Muitos entusiastas da astrologia, por sua vez, argumentam que as descrições de personalidade ligadas ao zodíaco fazem sentido para si e acham reconfortante acompanhar seu horóscopo. O importante aqui é destacar que não há nenhum embasamento científico nele.

Não é ciência: influência da Lua

E quanto à influência da Lua na nossa vida - desde nosso comportamento até corte de cabelo e nascimento de bebês? Mais um mito, argumenta Marcelo Schappo.

A princípio, argumentar que a Lua nos influencia diretamente pode até soar factível. Afinal, a Lua influencia diretamente as marés dos oceanos da Terra. Se nosso corpo é composto majoritariamente de água, por que não seria igualmente influenciado pela Lua?

Para rebater, isso é preciso entender como funciona a gravidade.

Estamos falando de uma força que interage entre dois corpos com massa. Quaisquer corpos. Mas a força da gravidade é mais forte quanto maior for a massa dos corpos, e quanto menor for a distância entre eles.

"Seguindo esse raciocínio, uma pessoa atrai uma cadeira em uma sala vazia? Sim! Mas a força de atração desse par é muito pequena, pois as massas da pessoa e da cadeira são pequenas, de modo que elas não geram efeitos práticos significativos", escreve Schappo.

No caso da Lua e das marés, a influência gravitacional é grande porque os oceanos formam uma massa gigantesca em nosso planeta.

Já nossos corpos são muito pequeninos em comparação, e a Lua está muito distante de nós para exercer um efeito gravitacional significativo, diz o físico.

"Tanto que uma piscina olímpica, que tem muito mais água que o nosso corpo, não tem maré", detalha. "Então, na vida cotidiana, o que vai influenciar o comportamento do meu corpo é a gravidade da Terra."

(VÍDEO: Canadá aprova lei para processar crimes cometidos na Lua.)

Canadá aprova lei para processar crimes cometidos na LuaCanadá aprova lei para processar crimes cometidos na Lua

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