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sexta-feira, 25 de março de 2022

Cientistas encontram microplásticos na corrente sanguínea humana

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Tipos mais frequentes foram os de garrafas PET, sacolas de supermercado, isopor e embalagens de alimentos.
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Por g1

Postado em 25 de março de 2022 às 09h00m

Post.- N.\ 10.260

Foto mostra garrafas PET e embalagens de plástico descartadas. — Foto: Pexels
Foto mostra garrafas PET e embalagens de plástico descartadas. — Foto: Pexels

Em um achado possivelmente inédito, cientistas de universidades na Holanda encontraram microplásticos na corrente sanguínea de seres humanos. A pesquisa com os resultados foi publicada nesta quinta-feira (24) na revista "Environmental International".

Os cientistas coletaram o sangue de 22 doadores anônimos. Foram encontradas partículas micro e nanoplásticas (ainda menores) em 17 deles. A concentração das partículas atingiu uma média de 1,6 microgramas por mililitro – equivalente a uma colher de chá em mil litros de água. Algumas amostras chegaram a ter 2 ou 3 tipos de plástico.

Nosso estudo é a primeira indicação de que temos partículas de polímero em nosso sangue – é um resultado inovador, disse o professor Dick Vethaak, ecotoxicologista da Vrije Universiteit Amsterdam, ao jornal britânico "The Guardian".

Os tipos mais frequentes de plástico encontrado foram o PET (de garrafas plásticas), polietileno (usado em embalagens de alimento e sacolas de supermercado) e polímeros de estireno (isopor).

Os pesquisadores também analisaram as amostras para identificar polipropileno – usado em embalagens e rótulos de produtos – mas as concentrações eram muito baixas para uma medição precisa.

Agora provamos que nossa corrente sanguínea, nosso rio da vida, por assim dizer, tem plástico, declarou Heather Leslie, da Vrije Universiteit.

A próxima questão para os pesquisadores é descobrir o quão fácil é para essas partículas se deslocarem da corrente sanguínea para os tecidos e órgãos.

Este conjunto de dados é o primeiro de seu tipo e deve ser expandido para obter informações sobre a disseminação da poluição plástica nos corpos humanos e o quão prejudicial isso pode ser. Com essa percepção, podemos determinar se a exposição a partículas de plástico representa uma ameaça à saúde pública", declarou a pesquisadora Marja Lamoree, da mesma universidade.

Microplásticos

Os microplásticos são pequenos resíduos que vêm dos mais diversos produtos de plástico. Eles podem ser de vários tamanhos. Às vezes são tão pequenos que podem ser invisíveis a olho nu, mas já se tornaram um dos principais poluentes da água nos rios e oceanos.

Várias pesquisas anteriores já apontavam a presença dos microplásticos no corpo humano ou muito próximos a ele: as partículas já foram encontrados na placenta de mulheres grávidas, em mamadeiras e na água potável, em 2019, segundo um relatório feito pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

"Os microplásticos são onipresentes no ambiente e foram detectados em água marinha, esgoto, água doce, na comida, no ar e na água potável, tanto na engarrafada quanto na água de torneira", constatou o relatório.

Cientistas encontram microplástico no ÁrticoCientistas encontram microplástico no Ártico
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quinta-feira, 24 de março de 2022

'Botão nuclear', academia e decoração neoclássica, como é por dentro o avião presidencial de Vladimir Putin

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Conhecida também como o 'Kremlin Voador', a Aeronave nº 1 é um Ilyushin Il-96, de fabricação russa.
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TOPO
Por Agência Gazeta Russa

Postado em 24 de março de 2022 às 17h35m

Post.- N.\ 10.259

Vladimir Putin dentro do avião presidencial em foto de arquivo — Foto: Kremlin via AP
Vladimir Putin dentro do avião presidencial em foto de arquivo — Foto: Kremlin via AP

Modelo exclusivo, produzido na Rússia, o mais seguro possível e, de preferência, enorme. Foi assim que a Aeronave nº 1, o avião presidencial, foi concebida em meados do século passado.

Desde 1996, essa função é desempenhada por um Ilyushin Il-96, a única aeronave que Vladimir Putin usa para suas viagens tanto pelo país quanto para o exterior. 

Por que um Ilyushin Il-96?

Putin desembarca em Helsinki em foto de arquivo — Foto: Cortesia/Kremlin
Putin desembarca em Helsinki em foto de arquivo — Foto: Cortesia/Kremlin

O Ilyushin Il-96 é uma aeronave grande: 55 metros de comprimento e 60 metros de envergadura. Pode atingir até 900 km/h de velocidade e possui quatro motores a jato.

Os mesmos motores são instalados em aeronaves das séries Tupolev Tu-204 e Tu-214 - as duas mais populares aeronaves comerciais russas, bastante semelhantes ao Boeing 757.

A aeronave é configurada na versão padrão para passageiros com capacidade para 300 assentos. Projetada na década de 1980 na Fábrica de Aviação de Voronej, fez seu voo inaugural em uma rota comercial em dezembro de 1992.

No entanto, a Aeroflot aposentou seus Il-96 em 2014, e outras companhias aéreas nem sequer planejaram comprá-los. Ao todo, a fábrica produziu 25 modelos, mas a maioria deles foi integrado à frota do Esquadrão de Operações Especiais Rossiya (subsidiária da Aeroflot), servindo ao governo.

Há uma explicação simples para o motivo pelo qual o presidente gostou do avião: o Il-96 era considerado o projeto mais promissor do país - o auge da construção de aeronaves russas.

Mas acabou se revelando caro demais para as companhias aéreas: quatro motores exigiam duas vezes mais combustível e gastos com manutenção do que os aviões estrangeiros.

Avião presidencial russo em voo em foto de arquivo — Foto: E233renmei/CC 3.0
Avião presidencial russo em voo em foto de arquivo — Foto: E233renmei/CC 3.0

Para a frota de aviões presidenciais, preenche todos os requisitos. 

“A aeronave tem quatro motores. Mesmo se dois motores falharem, ainda pode decolar ou descer de altitude, ainda consegue manobrar e prosseguir seu voo”, explica o major-general Vladimir Popov em um vídeo no YouTube. Mesmo que apenas um motor continuasse funcionando, o avião presidencial seria capaz de voar 800 quilômetros antes de pousar.

“Há uma série de razões pelas quais o Il-96 é usado atualmente como aeronave do governo”, afirma Vladimir Talanov, piloto benemérito da Federação da Rússia. “Em primeiro lugar, é realmente uma aeronave confiável e segura, algo que o uso do avião ao longo de muitos anos confirmou. Além disso, tem um elemento de prestígio para um chefe de Estado - nem todos podem se dar ao luxo de voar em seu próprio avião feito por fabricantes do país.”

No total, a versão presidencial do Il-96 foi atualizada cinco vezes desde que foi produzida.

O que há por dentro?

À primeira vista, nada distingue o avião presidencial de outros da frota Rossiya, além de uma pequena bandeira russa em sua cauda. Por dentro, entretanto, o avião é único, atendendo aos mais altos padrões de comunicação e segurança, o que lhe rendeu o apelido de “Kremlin Voador”.

Putin senta-se a frente do ministro da Defesa dentro do avião presidencial em foto de arquivo — Foto: Kremlin via AP
Putin senta-se a frente do ministro da Defesa dentro do avião presidencial em foto de arquivo — Foto: Kremlin via AP

Graças a seu aparato de comunicação, é possível transmitir mensagens criptografadas de qualquer altitude para qualquer ponto do globo usando qualquer canal de comunicação.

Identificado também pelo código Il-96-300PU – o PU significa “punkt upravlenia” [do russo, ponto de comando] –, entre outras coisas, é equipado com um “botão nuclear”.

Possui também controle de radar, eletrônico, eletro-ótico e visual. Todo o equipamento é duplicado para lidar com contingências inesperadas.

Os especialistas em equipamento de bordo do fabricante austríaco de aviação Diamond Aircraft Industry foram responsáveis ​​pelo layout interior e instalação dos equipamentos.

De um modo geral, os detalhes do que há a bordo é segredo de Estado. Mas muito se sabe sobre o interior no que diz respeito à comodidade para os passageiros.

Putin dentro de uma das salas de reuniões do avião presidencial em foto de arquivo — Foto: Kremlin via AP
Putin dentro de uma das salas de reuniões do avião presidencial em foto de arquivo — Foto: Kremlin via AP

As condições de vida e de trabalho dentro do avião não são diferentes do que no próprio Kremlin: a bordo há o gabinete particular da presidência, várias salas de reuniões, sala de conferências, sala de descompressão do presidente, lounge para hóspedes, academia, sala de jantar, um bar, chuveiros e uma unidade médica separada com instalações para reanimação e atendimento de emergência.

Toda a decoração neoclássica é em tons claros, com destaque para as três cores da Rússia, e os interiores são adornados com painéis bordados a partir de estampas históricas, feitos por artesãos.

Sua aparência interior foi revelada em 2018, quando Putin permitiu que o estudante Arslan Kaipkulov, que sonhava em fazer um vídeo do avião, participasse de um passeio a bordo. 

Estudante Arslan Kaipkulov, que sonhava em fazer um vídeo do avião presidencial de Putin, foi autorizado a entrar — Foto: Reprodução/Twitter/Kremlin
Estudante Arslan Kaipkulov, que sonhava em fazer um vídeo do avião presidencial de Putin, foi autorizado a entrar — Foto: Reprodução/Twitter/Kremlin

Existem diferentes estimativas do valor de produção dessas máquinas.

Em 2013, a Diretoria do Presidente da Federação da Rússia encomendou dois desses aviões - por 3,8 bilhões de rublos (US$ 52 milhões) e por 5,2 bilhões de rublos (US$ 71 milhões).

O tabloide britânico Daily Mail escreveu, porém, que o custo real chegava a £ 390 milhões (US$ 500 milhões, de acordo com a taxa de câmbio da época).

Estudante Arslan Kaipkulov, que sonhava em fazer um vídeo do avião presidencial de Putin, foi autorizado a entrar — Foto: Reprodução/Twitter/Kremlin
Estudante Arslan Kaipkulov, que sonhava em fazer um vídeo do avião presidencial de Putin, foi autorizado a entrar — Foto: Reprodução/Twitter/Kremlin

Quantos Ilyushin Il-96 estão à disposição de Putin?

Na prática, o nome Aeronave nº 1 não se refere a um único avião. Existem sempre várias aeronaves semelhantes de reserva - transportando guardas, assistentes e jornalistas.

A aeronave reserva geralmente segue a principal em um intervalo de 15 a 20 minutos. Se a aeronave principal apresentar uma falha e precisar pousar, a função da aeronave reserva é resgatar os passageiros para dar sequência à viagem e levá-los ao destino.

Desde 1977, ficou estabelecido enviar não apenas uma aeronave reserva, mas duas (uma reserva para a reserva). Essa regra foi imposta depois que o presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, voou para Moscou, e Leonid Brejnev decidiu levá-lo para um voo a bordo de um Il-62 (o modelo que os chefes de Estado russos usavam na época).

Arslan Kaipkulov filma o interior do avião presidencial de Vladimir Putin, na Rússia — Foto: Divulgação/Kremlin
Arslan Kaipkulov filma o interior do avião presidencial de Vladimir Putin, na Rússia — Foto: Divulgação/Kremlin

Os passageiros ocuparam seus assentos, mas um dos motores não deu partida. Eles foram transferidos para a aeronave reserva, mas esta também não conseguiu decolar.

Além disso, todos os aviões do presidenciais permanecem em serviço por, no máximo, 15 anos após saírem da linha de produção. Ao final desse período, as aeronaves são entregues para uso por outros órgãos do governo e o presidente recebe um modelo novo.

Normas rígidas

O avião presidencial tem que cumprir uma série de requisitos. O principal deles se refere à operacionalidade, que se aplica tanto aos próprios aviões quanto aos tripulantes.

“Mesmo se um único assento não reclinar, trocamos de avião e não o enviamos. Ou fechamos uma fileira específica para impedir que qualquer pessoa se sente lá”, diz o ex-piloto-chefe de Putin, Konstantin Tereschenko.

Embora as companhias aéreas atribuam status de diferido a certos defeitos (aqueles que não representam uma ameaça à segurança) e a aeronave em questão tenha permissão para continuar o trajeto, a regra é distinta no caso do avião presidencial.

Arslan Kaipkulov filma o interior do avião presidencial de Vladimir Putin, na Rússia — Foto: Divulgação/Kremlin
Arslan Kaipkulov filma o interior do avião presidencial de Vladimir Putin, na Rússia — Foto: Divulgação/Kremlin

O veículo também deve ser capaz de operar de forma totalmente autônoma, como um submarino. Isso significa que a manutenção e o reparo da Aeronave nº 1 são realizados por pessoal técnico exclusivamente interno e nenhuma outra pessoa pode tocá-la em aeroportos.

“Quando ocorre uma visita presidencial, são enviados o avião principal, aviões reserva e um grupo avançado. [Este último] transporta seis técnicos, o avião reserva tem quatro e o principal, dois. Uma equipe de oito técnicos tem capacidade para até desmontar e remontar todo o avião. Eles são treinados para isso”, afirma o ex-piloto.

O controle de tráfego aéreo, porém, é realizado pelo mesmo pessoal dos voos civis comerciais. A única diferença é que para a aeronave principal os níveis de voo e corredores aéreos são liberados e há intervalos definidos em relação às demais aeronaves, tanto na dianteira quanto na traseira.

O mesmo acontece com a aeronave reserva, mas de forma um pouco mais limitada. De acordo com Tereschenko, antigamente, o intervalo da aeronave principal para outras aeronaves poderia ser de até duas horas; atualmente, no entanto, esse intervalo foi drasticamente reduzido.

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quarta-feira, 23 de março de 2022

Entenda o que é o Crispr, ferramenta que consegue editar o DNA

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Dupla que descobriu a ferramenta foi premiada nesta quarta-feira (7).
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Por Lara Pinheiro, g1

Postado em 23 de março de 2022 às 10h20m

Post.- N.\ 10.258

Em 2020, o Prêmio Nobel de Química foi para as duas cientistas que desenvolveram o Crispr, uma ferramenta que consegue editar o DNA, o código genético de seres vivos. Abaixo, nesta reportagem, você vai entender o que é o Crispr, para que ele serve, para que já foi usado e quais são as polêmicas em torno da sua aplicação.

O que é o Crispr? Para que ele serve?

O Crispr/Cas9 é uma espécie de "tesoura genética", que permite à ciência mudar parte do código genético de uma célula. Com essa "tesoura", é possível, por exemplo, "cortar" uma parte específica do DNA, fazendo com que a célula produza ou não determinadas proteínas.

A pesquisa com a descoberta da ferramenta foi publicada na revista científica "Science", uma das mais importantes do mundo, em junho de 2012.

Entenda o que é o CrisprEntenda o que é o Crispr

Usando o Crispr, cientistas podem alterar o DNA de animais, plantas e microrganismos com extrema precisão. A tecnologia "teve um impacto revolucionário nas ciências da vida", segundo o comitê do Prêmio Nobel, e está contribuindo para novas terapias contra o câncer. A ferramenta também pode tornar realidade o sonho de curar doenças hereditárias (veja infográfico).

Entenda o Crispr — Foto: Betta Jaworski/G1
Entenda o Crispr — Foto: Betta Jaworski/G1

Para que ele é usado hoje?

Como o Crispr é bastante fácil de usar, ele foi amplamente difundido na pesquisa básica. Ele é usado para alterar o DNA de células e de animais de laboratório, com o objetivo de compreender como diferentes genes funcionam e interagem, por exemplo, durante o curso de uma doença.

"A gente consegue derivar linhagens [de células] de pacientes com diferentes doenças genéticas no laboratório e, a partir do sangue, conseguimos fazer células musculares, neurônios, células pulmonares, qualquer tipo. Com essa tecnologia, a gente tenta corrigir o defeito genético para resgatar o quadro clínico [do paciente]. Ou pode criar mutações e ver o que acontece", explica a geneticista Mayana Zatz, que lidera o Projeto Genoma da USP.

No laboratório, os cientistas também estão editando genes de porcos para desenvolver órgãos que possam ser transplantados em humanos sem que haja rejeição, segundo Zatz.

Além dos usos em humanos, pesquisadores também conseguiram desenvolver plantas capazes de resistir a mofo, pragas e seca, por exemplo, além de criar cães extramusculosos, porcos que não contraem viroses e amendoins antialérgicos.

Há um poder enorme nessa ferramenta genética, que afeta a todos nós. Não só revolucionou a ciência básica, mas também resultou em colheitas inovadoras e levará a novos tratamentos médicos inovadores , disse Claes Gustafsson, presidente do comitê do Prêmio Nobel de Química. 
Quais são os problemas em torno do uso?

Uma das polêmicas com a ferramenta é que o Crispr pode "cortar" a parte errada do genoma, ou fazer mudanças que não eram as pretendidas. Por isso, ela não pode ser usada em embriões humanos que vão ser implantados em tratamentos de reprodução assistida, por exemplo.

"Não há controle se, ao editar o gene que causa a doença genética, não se está criando mutações, ao acaso, em outros genes, e que não podem ser controladas", explica Mayana Zatz.

Em novembro de 2018, um pesquisador chinês usou o Crispr para fazer uma edição genética em embriões humanos de modo torná-los, supostamente, imunes ao HIV. Os embriões foram implantados e deram origem a gêmeas.

Em fevereiro do mesmo ano, um estudo publicado por um cientista do MIT indicou que a alteração provavelmente teria impacto na função cognitiva das bebês. Na época, o pesquisador disse que a edição de DNA em humanos não deveria ser feita justamente porque os efeitos dela eram impossíveis de prever.

Zatz defende que pesquisas sejam realizadas em embriões com a técnica, mas apenas nos que não serão implantados em reprodução assistida.

"Se conseguirmos corrigir mutações em embriões para doenças genéticas, isso vai ser um avanço. Mas não tem nenhuma seguranca para fazer em embriões que vão ser implantados", afirma.

Pesquisador chinês explica processo por trás de 'edição genética'Pesquisador chinês explica processo por trás de 'edição genética'
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Terra registra recordes de calor nos polos; entenda o que há de inédito e o que isso revela sobre a crise climática

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A Antártica e o Ártico registraram recordes de temperatura na mesma semana.
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Por Carolina Dantas, g1

Postado em 23 de março de 2022 às 07h15m

Post.- N.\ 10.257

Base franco-italiana Concordia, instalada na Cúpula C, na Antártica — Foto: Michael Studinger/Nasa
Base franco-italiana Concordia, instalada na Cúpula C, na Antártica — Foto: Michael Studinger/Nasa

A Antártica e o Ártico registraram recordes de temperatura na mesma semana — os extremos da Terra apresentaram um calor pelo menos 30ºC maior do que a média para esta época do ano. O cenário, segundo climatologistas, é inédito, apesar de ser previsto pelos cientistas como uma das consequências da atual "era" de emergência climática.

As duas regiões do planeta têm características próprias e, portanto, reagem às mudanças do clima de forma diferente. O Ártico é um oceano coberto por uma camada de gelo marinho, cercado por três continentes - Ásia, América do Norte e Europa. Já a Antártica é um continente por si só, cercado pelo oceano.

Na Antártica, o recorde recente foi registrado na sexta-feira (18) na base de pesquisa franco-italiana Concordia, instalada na Cúpula C, ou Domo C, uma região inóspita e com mais de 3 km de altitude. A temperatura registrada foi de –11,5ºC (ou seja, 11,5ºC negativos), sendo que o esperado para essa época do ano é pelo menos - 50ºC (50ºC negativos), em média. É considerada, por alguns cientistas, a região mais fria da Terra.

Além disso, segundo a plataforma "Climate Reanalyzer", da Universidade do Maine, nos Estados Unidos, todo o continente antártico estava, em média, 4,8ºC mais quente do que a temperatura de referência registrada entre os anos de 1979 e 2000.

Cúpula C, região da Antártica — Foto: Wagner Magalhães/g1
Cúpula C, região da Antártica — Foto: Wagner Magalhães/g1

"Imagina um platô polar que está a 3 mil metros de altura, que deveria estar a - 50ºC, - 45ºC, e de repente vai a -11ºC. E esse -11ºC nunca foi visto, pelo menos não desde 1957, 1958, quando passamos a ter estação naquela região", afirma o pesquisador Francisco Eliseu Aquino, o Chico Geleira, que já esteve 18 vezes na Antártica. Ele é integrante do Centro Polar e Climático da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Segundo Geleira, o recorde na Antártica é inédito e, mais do que isso, o fato de a temperatura variar tanto quase "no fim do mundo" surpreendeu os pesquisadores. Para ele, a chegada de uma onda de calor à região congelante por natureza é um sinal dos impactos da emergência climática.

"Nós estamos indo do outono em direção ao inverno, que lá é muito pronunciado. Nós não esperamos onda de calor por lá nem no verão", explicou.

"Para isso acontecer, a circulação atmosférica precisou se organizar de uma forma muito intensa, induzindo um ciclone extratropical para levar ar quente e úmido da região tropical até o interior da Antártica. É como se você tivesse um rio voador de umidade indo para o interior do platô polar", completou.

Recorde no Ártico

Em medições pontuais em estações do Ártico, incluindo recordes na Noruega e na Groenlândia, alertaram temperaturas até 30ºC mais altas do que o previsto para essa época do ano. Na sexta-feira, toda a região estava em média 3,3ºC mais quente do que o período de 1979 a 2000, de acordo com a "Climate Reanalyzer".

Por ser um oceano coberto por uma camada de gelo e apresentar outra dinâmica, esse extremo do planeta já tem registrado ondas de calor há algumas décadas – apesar da recorrência, isso não significa que o fenômeno é inócuo e não possa ter consequências da crise climática.

"Em alguns anos, durante o verão, a extensão do gelo caiu mais de 40% do que seria a média esperada. Nós estamos vendo o desaparecimento no auge do verão, isso é setembro, de grande parte do oceano Ártico. Ou seja: a cobertura de gelo do oceano Ártico está cada vez menor", explica Jefferson Simões, coordenador-geral do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Criosfera.

Simões explica que, com as mudanças do clima, o mar congelado do Ártico desaparece e o oceano fica na superfície, que é mais escura, e assim absorve mais energia solar, além da circulação natural do oceano.

"Aquece, derrete o gelo, gera mais energia do oceano, e absorve mais energia do sol, e derrete mais gelo, e assim por diante. Esse processo que está acelerando as mudanças do clima no Ártico", detalha.

Além disso, Geleira acrescenta que a situação atual do Ártico induz a ondas de calor no sul da Europa, na Ásia e na América do Norte, como as que foram vistas em 2021.

Em 28 de fevereiro, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU publicou a segunda parte de seu 6º documento, que começou a ser divulgado ainda em 2021.

Um dos capítulos tratava da crise climática nos polos da Terra, com informações sobre Ártico e Antártica. O IPCC reúne as principais evidências científicas e seu grau de confiabilidade a respeito do assunto.

Veja o que diz o painel sobre essas regiões:

  • Nas últimas duas décadas, a temperatura do ar na superfície do Ártico aumentou mais do que o dobro da média do planeta;
  • Pesquisas conseguem interligar o papel do homem e de suas emissões de gases do efeito estufa com o aumento da temperatura no Ártico;
  • Eventos recentes apontam a existência de novos "extremos" no clima da região;
  • A temperatura anual do Ártico entre 2014 e 2018 é mais alta do que qualquer ano desde 1990;
  • Foram registradas anomalias de temperatura na superfície durante o inverno – de janeiro a março - com até + 6ºC em média;
  • A Antártica tem visto mudanças na temperatura menos uniformes nas últimas décadas, com aquecimento maior na parte Ocidental e sem mudança significativa na parte Oriental – o fato de o recorde desta sexta-feira ter sido registrado justamente na parte sudeste do continente chama a atenção.
Cientistas explicam efeitos do aquecimento globalCientistas explicam efeitos do aquecimento global
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