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quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

Neve que brilha é encontrada no Ártico; Veja FOTOS

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Microbiologista Vera Emelianenko notou um leve brilho azul na neve ao longo da costa do Mar Branco. O efeito natural é causado por pequenas criaturas bastante incomuns.
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TOPO
Por Agência Gazeta Russa

Postado em 12 de janeiro de 2022 às 15h00m

Post.- N.\ 10.166

Neve que brilha é encontrada no Ártico
Neve que brilha é encontrada no Ártico

Em uma noite de dezembro, a bióloga russa Vera Emelianenko foi passear na costa do Mar Branco com Mikhail Neretin, filho do biólogo molecular da estação, e dois cachorros.

Em um dos montes, Neretin notou um brilho azul que parecia luzes de Natal. Emelianenko pegou com as mãos um punhado dessa neve; quando espremida, a bola de neve brilhava ainda mais. Os cães correndo pela superfície nevada também deixaram um rastro brilhante. 

Neve com bioluminescência no Ártico — Foto: Reprodução/Facebook/Alexander Semenov
Neve com bioluminescência no Ártico — Foto: Reprodução/Facebook/Alexander Semenov

Na estação científica do Mar Branco, pertencente à Universidade Estatal de Moscou no Ártico, onde Emelianenko e Neretin trabalham, ninguém havia visto nada parecido durante os 80 anos de existência da base.

Neve que brilha é descoberta no Ártico — Foto: Reprodução/Facebook/Alexander Semenov
Neve que brilha é descoberta no Ártico — Foto: Reprodução/Facebook/Alexander Semenov

Neretin convidou o fotógrafo da estação, Aleksandr Semenov, para capturar as luzes. Nós ficamos pisando juntos no chão por umas duas horas para fazer as manchas brilharem mais.

Na sequência, a microbiologista decidiu levar a neve para análise e encontrou vários pequenos crustáceos bioluminescentes com alguns milímetros de comprimento, chamados copépodes.

Bioluminescência dos copépodes explica brilho na neve do Ártico — Foto: Reprodução/Facebook/Alexander Semenov
Bioluminescência dos copépodes explica brilho na neve do Ártico — Foto: Reprodução/Facebook/Alexander Semenov

Trata-se de uma espécie especial de Metridia longa que é comumente encontrada no Ártico e nas águas circundantes, bem como no Atlântico Norte e no Pacífico.

Eles estão geralmente presentes mais distantes da costa, vivendo em profundidades de até 90 metros durante o dia e subindo vários metros da superfície da água à noite.

Pontos de luz na neve encontrada no Ártico — Foto: Reprodução/Facebook/Alexander Semenov
Pontos de luz na neve encontrada no Ártico — Foto: Reprodução/Facebook/Alexander Semenov

Os copépodes brilham devido a uma substância chamada luciferina, que oxida, torna-se colorida e começa a brilhar quando interage com o oxigênio. Os copépodes usam esse brilho como proteção, assustando os potenciais predadores.

De acordo com Ksênia Kosobokova, especialista em zooplâncton marinho do Ártico da Academia Russa de Ciências em Moscou, esses Metridia provavelmente foram carregados por uma forte corrente, que anualmente passa pela costa do Mar Branco no início de dezembro, e lançados no solo pelas ondas.

Neve com pontos de bioluminescência é encontrada no Ártico — Foto: Reprodução/Facebook/Alexander Semenov
Neve com pontos de bioluminescência é encontrada no Ártico — Foto: Reprodução/Facebook/Alexander Semenov

Os crustáceos encontrados na neve já estavam ligeiramente desbotados, mas vivos, diz Kosobokova. Porém, outros cientistas suspeitam que eles possam emitir brilho mesmo após a morte, e ainda que esmagados.

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Onda de calor na América do Sul pode elevar temperaturas a quase 50 graus

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Uma onda de calor intensa atinge a região central da América do Sul nesta semana e pode fazer com que cidades na Argentina, Uruguai e Paraguai registrem temperaturas recordes, próximas dos 50ºC.
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Por Julia Braun, BBC — Da BBC News Brasil em São Paulo

Postado em 12 de janeiro de 2022 às 12h45m

Post.- N.\ 10.165

Pessoas vão à praia em Mar del Plata, na costa da Argentina, no dia 11 de janeiro. — Foto: Mara Sosti / AFP
Pessoas vão à praia em Mar del Plata, na costa da Argentina, no dia 11 de janeiro. — Foto: Mara Sosti / AFP

Uma onda de calor intensa atinge a região central da América do Sul nesta semana e pode fazer com que cidades na Argentina, Uruguai e Paraguai registrem temperaturas recordes, próximas dos 50ºC. Causado por uma massa de ar quente e seca, o fenômeno repercute também no sul do Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul, onde os termômetros podem chegar a 40ºC.

Os primeiros sinais do aquecimento já são sentidos desde segunda-feira (10), quando a cidade de San Antonio Oeste, na Patagônia argentina, registrou 42,8ºC, e a província de Mendoza foi colocada sob alerta vermelho.

Nesta terça-feira (11/1), a previsão de máxima de 37ºC para Buenos Aires foi superada e os termômetros marcavam 40ºC por volta das 16h do horário local – a maior temperatura desde 1995.

Segundo o Serviço Meteorológico Nacional (SMN), a capital argentina enfrenta seu quarto dia mais quente em 115 anos, ou desde que os registros passaram a ser arquivados em 1906.

A expectativa é que o calor só cresça nos próximos dias. Os locais mais quentes da Argentina devem registrar entre 45ºC e 47ºC, de acordo com previsões feitas pela MetSul, empresa de meteorologia gaúcha. Os termômetros uruguaios devem ficar entre 41ºC e 43ºC.

Já no Brasil, as temperaturas mais altas no Rio Grande do Sul devem ser marcadas no oeste do estado, com máximas entre 10ºC e 15ºC acima da média para esta época do ano. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu aviso de perigo para 216 municípios do RS em razão da onda de calor.

De acordo com o modelo feito pela MetSul, a área da cidade de Uruguaiana pode ver uma escalada de calor com máximas de 41ºC e 42ºC nos próximos dias. Até regiões mais frias, como a Serra Gaúcha, podem ter marcas extremas no final da semana, com máximas de até 37ºC em Caxias do Sul e ao redor dos 40ºC nos vales de Farroupilha e Bento Gonçalves.

Em Porto Alegre e região, o calor será maior no final da semana e no próximo fim de semana, com marcas ao redor ou acima dos 40ºC e índices de radiação ultravioleta entre 11 e 16. A Defesa Civil do município pede cuidado extremo e recomenda que a população se proteja do sol, mantenha a hidratação constante e evite exercícios entre 10h e 16h.

A maior temperatura já registrada no Rio Grande do Sul, de acordo com os dados oficiais contabilizados desde 1910, foi de 42,6ºC, nos verões de 1917, em Alegrete, e de 1943, em Jaguarão.

Prejuízos no campo e cortes de energia

O impacto das condições climáticas extremas deve ser sentido especialmente pelos agricultores. A região que engloba o sul do Brasil, o Uruguai e a Argentina sofreu perdas significativas no cultivo com uma profunda seca que marcou o ano que passou, e as temperaturas elevadas podem agravar ainda mais a situação.

No Rio Grande do Sul, 159 municípios já estão em situação de emergência devido à estiagem que começou em novembro. Os prejuízos registrados até o momento estão espalhados pela produção de grãos, frutas, hortigranjeiros e leite.

Já no sul da Argentina, onde as chuvas não acumularam nem 200 milímetros em todo o ano de 2021, a seca atinge especialmente o polo portuário de Rosário, onde cerca de 80% das exportações agrícolas do país são carregadas.

Chuvas de verão colocam milhões de brasileiros em risco

Pessoas vão à praia em Mar del Plata, na costa da Argentina, no dia 11 de janeiro. — Foto: Mara Sosti/AFP
Pessoas vão à praia em Mar del Plata, na costa da Argentina, no dia 11 de janeiro. — Foto: Mara Sosti/AFP

"O setor agropecuário que já vinha sofrendo com a falta de chuva deve ser ainda mais castigado pelas altas temperaturas. O calor em excesso afeta diretamente o desenvolvimento das plantas e pode queimar as plantações", diz Olivio Bahia, meteorologista do Inmet.

Há ainda risco de incêndios florestais e quedas de energia. No Uruguai, os primeiros dias de 2022 já foram marcados por imagens assustadoras do fogo no oeste do país. Cerca de 37 mil hectares foram arrasados nas regiões de Paysandú e Río Negro, marcando a maior queimada da história do país.

Enquanto isso, as autoridades argentinas já alertavam desde a semana passada para a possibilidade de uma crise de abastecimento de luz com cortes de energia em Buenos Aires e outras cidades do país. Só nesta terça-feira, 11 bairros e 700 mil usuários ficaram sem luz na capital.

A falta de energia está associada à alta demanda e ao baixo nível dos rios que abastecem as usinas hidrelétricas do país.

O cenário preocupante levou o governo argentino a reunir vários ministérios e organismos para coordenar ações que possam amenizar os riscos provocados pelas altas temperaturas.

5 metros de neve na Califórnia e calor de 20º no Alasca: o estranho inverno de extremos nos EUA

No encontro realizado na segunda-feira, as autoridades discutiram a ampliação da oferta de unidades de terapia intensiva, centros de diálise e neonatologia para acompanhar a população mais vulnerável e buscaram soluções para manter o fornecimento de energia e água.

"Fizemos contato com governadores e prefeitos para unir forças e responder a esta difícil situação excepcional", disse à imprensa o ministro chefe da Casa Civil, Juan Manzur.

O que está causando o calor extremo?

Pessoas vão à praia em Mar del Plata, na Argentina, no dia 11 de janeiro. — Foto: Mara Sosti/AFP
Pessoas vão à praia em Mar del Plata, na Argentina, no dia 11 de janeiro. — Foto: Mara Sosti/AFP

Segundo Éder Maier, especialista em climatologia da América do Sul e membro do Centro Polar e Climático da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), a onda de calor atual é consequência da massa de ar quente e seca instalada entre a Argentina e o Brasil. O fenômeno é favorecido pela área de alta pressão atmosférica que está atuando sobre o Rio Grande do Sul, inibindo a formação de nebulosidade e, consequentemente, elevando as temperaturas e reduzindo a umidade do ar.

"A baixa cobertura de nuvens e o tempo seco causam maior eficiência do sistema ambiental em converter a radiação solar em calor", diz o especialista.

O que se observa atualmente também pode ser classificado como um "extremo climático composto". O termo é utilizado pelos meteorologistas para descrever eventos climáticos extremos simultâneos, concorrentes ou coincidentes, que podem levar a impactos ainda maiores para o meio ambiente e a população.

Atualmente na América do Sul, a poderosa onda de calor é acompanhada por um quadro de estiagem forte a severa – enquanto a seca favorece as altas temperaturas, o calor também piora a estiagem.

Segundo o climatologista e professor de ciências atmosféricas da USP, Pedro Leite da Silva Dias, a onda de calor está ainda associada às fortes chuvas registradas na Bahia e em Minas Gerais nas últimas semanas. O bloqueio de alta pressão atmosférica impede que as chuvas se desloquem para o sul, fazendo com que elas fiquem retidas sobre as regiões nordeste e sudeste do Brasil.

Foto mostra inundação na cidade de Juatuba (MG), na Região Metropolitana de Belo Horizonte, no dia 10 de janeiro, em meio às fortes chuvas que atingem a região. — Foto: Douglas Magno / AFP
Foto mostra inundação na cidade de Juatuba (MG), na Região Metropolitana de Belo Horizonte, no dia 10 de janeiro, em meio às fortes chuvas que atingem a região. — Foto: Douglas Magno / AFP

"Funciona como uma gangorra: enquanto o centro da América Latina experimenta seca e calor, o nordeste e sudeste brasileiros sofrem com a chuva", diz.

Há ainda uma relação com o fenômeno climático La Niña, que se desenvolve quando ventos que sopram sobre o Pacífico empurram as águas quentes da superfície para o oeste, em direção à Indonésia. Isso causa grandes mudanças climáticas em diferentes partes do mundo, inclusive na América do Sul.

"A atmosfera está toda conectada e um fenômeno anômalo nunca acontece de forma isolada", explica o climatologista e professor de ciências atmosféricas da USP, Pedro Leite da Silva Dias. "O La Niña contribui não só para potencializar a intensidade da atual onda de calor, como também pode fazer com que ela demore a passar".

Há registros de eventos extremos associados ao La Niña há pelo menos 2 milhões de anos, mas já se sabe que seus efeitos negativos estão se tornando cada vez mais intensos.

Cientistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC, na sigla em inglês) atrisbuem essa e outras mudanças do comportamento natural do planeta às mudanças climáticas. O estudo, feito por centenas de cientistas que analisam milhares de evidências coletadas ao redor do planeta, alerta para o aumento de ondas de calor, secas, alagamentos e outros eventos climáticos extremos nos próximos dez anos.

"As temperaturas máximas aumentaram significativamente nos últimos 60 anos e o aquecimento global é, sem dúvidas, um potencial candidato para explicar o aumento da intensidade das ondas de calor", diz Silva Dias.
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Últimos 7 anos foram os mais quentes já registrados, diz agência europeia

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Serviço europeu Copernicus aponta que, em 2021, temperatura global ficou 1,2 °C acima dos níveis pré-industriais. Relatório alerta também para concentração recorde de metano na atmosfera.
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TOPO
Por Deutsche Welle

Postado em 12 de janeiro de 2022 às 10h00m

Post.- N.\ 10.164

Um homem com uma garrafa d'água passa por uma mulher tomando uma bebida em uma ponte sobre o rio Sena, em frente à Torre Eiffel, em Paris, na França. Parisienses se preparam para o aumento da temperatura na capital francesa com a chegada de uma nova onda de calor no norte da Europa que pode bater recordes em vários países — Foto: Philippe Lopez/AFP
Um homem com uma garrafa d'água passa por uma mulher tomando uma bebida em uma ponte sobre o rio Sena, em frente à Torre Eiffel, em Paris, na França. Parisienses se preparam para o aumento da temperatura na capital francesa com a chegada de uma nova onda de calor no norte da Europa que pode bater recordes em vários países — Foto: Philippe Lopez/AFP

Os últimos sete anos foram os mais quentes já registrados globalmente "por uma margem clara", comunicou o serviço de monitoramento do clima da União Europeia (UE) nesta segunda-feira (10). Análises preliminares apontaram que a temperatura global em 2021 ficou 1,2 °C acima dos níveis pré-industriais.

Em sua avaliação anual mais recente, o Copernicus Climate Change Service (C3S) confirmou que o ano de 2021 se juntou à sequência de calor ininterrupta desde 2015 – e alertou também sobre aumentos nas concentrações de metano na atmosfera.

A pesquisa do C3S chegou à conclusão de que o ano passado foi o quinto mais quente já registrado – ligeiramente mais quente do que 2015 e 2018. As medições remontam a meados do século 19.

"O ano de 2021 foi mais um de temperaturas extremas, com o verão mais quente da Europa, ondas de calor no Mediterrâneo, sem mencionar as altas temperaturas sem precedentes na América do Norte", disse o diretor do C3S Carlo Buontempo.

"Esses eventos são um forte lembrete da necessidade de mudar nossos caminhos, dar passos decisivos e eficazes em direção a uma sociedade sustentável e trabalhar para reduzir as emissões de carbono", afirmou Buontempo.

O relatório apontou que diversos países ao redor do mundo foram atingidos por desastres climáticos relacionados ao aquecimento global nos últimos anos. Entre os exemplos citados estão incêndios florestais recordes na Austrália e na Sibéria, uma onda de calor devastadora na América do Norte e chuvas torrenciais que causaram enormes inundações na Ásia, África, nos EUA e na Europa.

Recorde de metano na atmosfera

A agência europeia C3S também monitorou as concentrações atmosféricas dos gases de efeito estufa e concluiu que houve um aumento de dióxido de carbono e metano e afirmou não haver sinais de uma desaceleração.

Refinaria da Lagoa de Berre é vista no fim de tarde em Marignane, na França — Foto: Boris Horvat/AFP
Refinaria da Lagoa de Berre é vista no fim de tarde em Marignane, na França — Foto: Boris Horvat/AFP

A concentração de metano apresentou uma alta "muito substancial" e alcançou um recorde anual de cerca de 1.876 partes por bilhão (ppb). As taxas de crescimento para 2020 e 2021 foram de 14,6 ppb e 16,3 ppb, respectivamente. Os valores correspondem a mais do que o dobro da taxa média de crescimento anual observada nos 17 anos anteriores.

No entanto, segundo o C3S, uma série de fontes naturais e antropogênicas tornou difícil identificar por qual razão houve um aumento tão acentuado nos últimos anos. O metano (CH4) é o gás mais responsável pelo aquecimento global depois do dióxido de carbono (CO2). Embora tenha vida curta na atmosfera, o metano é muitas vezes mais potente do que o CO2.

As fontes naturais de metano incluem as zonas úmidas do globo terrestre, enquanto as fontes induzidas pelos seres humanos são as extrações de gás natural e a produção de petróleo, mineração de carvão e aterros sanitários, bem como arrozais, pecuária e manuseio de estrume.

'Um alerta para políticos e opinião pública'

Vincent-Henri Peuch, diretor do serviço de monitoramento Copernicus, que tem catalogado o aumento dos gases de efeito estufa, disse que as evidências observacionais são cruciais para direcionar os esforços para prevenir uma "catástrofe climática".

Reduzir a quantidade de metano que chega à atmosfera resultaria rapidamente numa desaceleração do aumento das temperaturas e ajudaria a fechar a lacuna entre a meta do Acordo de Paris de um limite de 1,5 °C no aquecimento e os 2,7 °C para os quais as previsões atuais estão apontando – mesmo que todas as nações honrassem suas promessas de redução de carbono.

Na COP26 no ano passado, cerca de 100 nações aderiram a uma inciativa para reduzir as emissões de metano em pelo menos 30% nesta década. As indústrias de petróleo e gás têm o maior potencial para reduções rápidas, especialmente por meio de detecção e reparo de vazamentos de gás durante a produção e o transporte.

Embora o aquecimento global possa parecer gradual, seu impacto em eventos extremos é dramático, segundo Rowan Sutton, do Centro Nacional de Ciências Atmosféricas da Universidade de Reading, no Reino Unido.

"Devemos ver os eventos recordes de 2021, como a onda de calor no Canadá e as inundações na Alemanha, como um alerta para que políticos e a opinião pública acordem para a urgência da emergência climática", disse Sutton. "Além disso, os contínuos aumentos nas concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera indicam que as causas subjacentes ainda precisam ser abordadas."

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terça-feira, 11 de janeiro de 2022

Covid: 3 dados-chave que ainda não sabemos depois de 2 anos de pandemia

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À medida em que especialistas aprendem mais sobre o coronavírus, novas perguntas surgem sobre o tema.
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Por BBC

Postado em 11 de janeiro de 2022 às 21h15m

Post.- N.\ 10.163

Dois anos após o início da pandemia, diversas questões sobre o vírus Sars-Cov-2 permanecem sem resposta — Foto: Getty Images via BBC
Dois anos após o início da pandemia, diversas questões sobre o vírus Sars-Cov-2 permanecem sem resposta — Foto: Getty Images via BBC

"Quanto mais perguntas respondemos, mais perguntas novas surgem". A frase é de Seema Lakdawala, professora de microbiologia e genética molecular da Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos.

Lakdawala refere-se à intensa corrida empreendida por cientistas como ela para decifrar o Sars-Cov-2 desde dezembro de 2019, quando o vírus começou a se espalhar.

Pouco mais de dois anos depois, os pesquisadores conseguiram grandes avanços, que permitiram o desenvolvimento de vacinas e tratamentos para combater a covid-19.

Mas a especialista indica que ainda existem dados fundamentais que permanecem desconhecidos. Resolver esses mistérios permitiria fortalecer a luta contra a pandemia.

Existem três questões fundamentais sobre o Sars-Cov-2 que ainda não têm resposta definitiva.

1. A origem exata do vírus

A Agência de Segurança Sanitária do Reino Unido indica no seu site que "a fonte do surto original ainda não foi determinada".

Em fevereiro de 2021, uma equipe da OMS encarregada de pesquisar as origens da covid-19 viajou à China e concluiu que o vírus provavelmente surgiu nos morcegos, mas que seria necessário realizar mais pesquisas a respeito.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que as pesquisas enfrentaram obstáculos causados pela falta de dados e transparência da China.

Uma das conclusões da investigação da OMS foi que é "extremamente improvável" que o vírus tenha chegado aos seres humanos devido a um incidente em laboratório.

Mas Adhanom ressaltou em seguida que essa conclusão era "prematura" e, em um editorial publicado em outubro pela revista Science, ele afirmou que "não se pode descartar um acidente de laboratório até que haja evidências suficientes".

Naquele mesmo mês, a OMS nomeou uma equipe de especialistas para o seu Grupo Consultivo Científico sobre a Origem de Novos Patógenos (Sago, na sigla em inglês), cuja missão é investigar se o vírus passou de animais para os seres humanos nos mercados de Wuhan ou se escapou em um acidente de laboratório.

O grupo teve sua primeira reunião em novembro de 2021. Adhanom explicou que as descobertas de grupos como o Sago podem ser úteis para desenvolver políticas destinadas a reduzir a possibilidade de que vírus de animais infectem seres humanos.

No final de outubro de 2021, as agências de inteligência dos Estados Unidos publicaram um relatório que afirma ser possível que a origem do vírus Sars-Cov-2 nunca venha a ser identificada.

Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor da OMS, determinou a criação de um grupo consultivo para descobrir a origem do Sars-Cov-2 — Foto: Getty Images via BBC
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor da OMS, determinou a criação de um grupo consultivo para descobrir a origem do Sars-Cov-2 — Foto: Getty Images via BBC

O documento descarta que o vírus tenha sido criado como arma biológica e conclui que as hipóteses mais plausíveis são a transmissão dos animais para os seres humanos e uma fuga de laboratório. Mas o relatório adverte que não se chegou a nenhuma conclusão definitiva.

A China negou categoricamente a teoria de que o vírus teria escapado em um acidente de laboratório.

Em um artigo publicado em novembro de 2021 no portal da internet Stat News, o professor de microbiologia e imunologia da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, John P. Moore afirma que "talvez nunca saibamos a origem da covid-19".

Moore acrescenta que surgiram outras teorias "mais extravagantes" que podem ser descartadas e que hoje o debate se concentra na transmissão natural do vírus e na fuga de um laboratório.

2. A dose infecciosa do vírus

Dose infecciosa é a quantidade de vírus necessária para que ocorra uma infecção.

No caso do Sars-CoV-2, essa dose não é conhecida - ou seja, não está claro qual a quantidade de partículas de vírus inaladas por uma pessoa que é suficiente para o contágio.

"A dose infecciosa de Sars-CoV-2 necessária para transmitir a infecção não foi determinada", segundo indicam os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos.

Os CDC também afirmam que estudos em animais e pesquisas epidemiológicas demonstram que inalar o vírus pode causar a infecção, mas a contribuição da inalação do vírus ou seu contato com membranas mucosas (como os olhos) "permanece sem quantificação e dificilmente será determinada".

"A dose infecciosa de Sars-CoV-2 em seres humanos é muito difícil de ser medida sem infectar seres humanos experimentalmente", segundo declarou à BBC News Mundo, o serviço em espanhol da BBC, Seema Lakdawala, que é especialista em vírus respiratórios com potencial pandêmico.

Com alguns vírus como os da influenza, por exemplo, basta que a pessoa se exponha a 10 partículas de vírus para ser infectada. Já para outros vírus, como o Mers, é preciso ter milhares de partículas para causar o contágio.

No caso do Sars-CoV-2, essa quantidade é desconhecida. Lakdawala explica que o conhecimento mais próximo provém do vírus 229e, um tipo de coronavírus que causa um resfriado comum e possui dose infecciosa similar à da influenza. "Mas não está claro se o mesmo ocorre com o Sars-CoV-2", ressalta a especialista.

"No caso da variante ômicron, não está claro se ela é mais infecciosa porque são necessárias menos partículas para a infecção. Não sabemos se são necessárias 100, mil ou 10 mil partículas para o contágio", afirma ela.

Claramente, a covid-19 é muito contagiosa, mas isso tanto pode ocorrer porque são necessárias poucas partículas para a infecção (a dose infecciosa é baixa) ou porque as pessoas infectadas liberam grandes quantidades de vírus ao seu redor, segundo Lakdawala.

Atualmente, grande parte das informações sobre o potencial infeccioso de uma pessoa e as medidas de isolamento é baseada em quanto tempo a pessoa continua liberando o vírus.

Por isso, Lakdawala explica que saber mais sobre a dose infecciosa do vírus poderia servir para avaliar melhor os riscos em espaços como escolas ou restaurantes, conforme o tempo que as pessoas passam em determinados lugares.

"Neste momento, estamos apenas sendo cautelosos e tratando de evitar a transmissão, mas saber a quantidade de vírus necessária poderia ajudar a melhorar algumas medidas", segundo ela. E conclui que, embora não se conheça a dose infecciosa, "com as vacinas, a quantidade de vírus necessária para a infecção provavelmente é mais alta".

"Com a vacina, você precisa respirar mais vírus para iniciar a infecção", segundo Lakdawala.

Atualmente, estão em desenvolvimento diversos estudos em que os voluntários são expostos a diferentes doses do vírus em ambientes controlados. Espera-se que esses estudos forneçam mais informações sobre a dose infecciosa.

3. O nível de anticorpos necessário para evitar a infecção

Atualmente, não se sabe qual quantidade de anticorpos deve ter uma pessoa para ser considerada protegida contra a covid-19.

Essa quantidade é conhecida como "correlato de proteção", pois é um indicador de que o corpo humano está protegido contra a enfermidade ou a infecção. Diversos especialistas concordam que essa quantidade de anticorpos necessária para que alguém seja considerado protegido é um dado fundamental na luta contra a covid-19.

"O correlato de proteção para as vacinas contra o Sars-Cov-2 é uma necessidade urgente", segundo Florian Krammer, professor do Departamento de Microbiologia da Escola de Medicina Icahn do Hospital Monte Sinai, em Nova York, nos Estados Unidos.

Em seu artigo publicado pela revista Science em julho de 2021, Krammer explica a importância de determinar o nível de anticorpos correspondente ao correlato de proteção, ou seja, identificar a quantidade mínima de anticorpos que oferece proteção.

Um motivo é a possibilidade de acelerar a aprovação de novas vacinas com base na leitura do nível de imunidade oferecido, sem necessidade de longos testes de fase 3, segundo ele.

Krammer explica ainda que conhecer o correlato de proteção também permitiria a vacinação mais eficiente de pessoas imunodeprimidas, por exemplo, aplicando doses de reforço quando se observar que não foi gerada quantidade suficiente de anticorpos.

O especialista também destaca que o correlato de proteção poderia ser um indicador a ser utilizado pelas autoridades sanitárias para determinar qual porcentagem da sua população está protegida.

Ele adverte que é pouco provável que se chegue a identificar um correlato que possa ser aplicado a todas as vacinas, variantes e populações - mas que, mesmo assim, seria "extremamente útil" na luta contra a covid-19.

No caso da variante ômicron, por exemplo, as vacinas geram menos anticorpos neutralizadores do vírus, segundo Lakdawala, "mas isso não significa que não estejamos protegidos", esclarece ela. "Os dados demonstram de forma consistente que as vacinas previnem os casos graves de enfermidade em comparação com os não vacinados".

A especialista acrescenta que o surgimento de novas variantes pode fazer com que os dados de dose infecciosa e correlato de proteção sejam alterados.

"Cada vez que o vírus é transmitido, ele pode sofrer mutações - e cada mutação pode alterar essas variáveis, de forma que é preciso evitar a transmissão", afirma Lakdawala.

Para isso, enquanto os pesquisadores tentam responder estas e outras questões, recomenda-se continuar a manter as medidas de "bom senso": usar máscaras, vacinar-se e manter distância das pessoas.

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