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domingo, 19 de dezembro de 2021

Geleira gigante na Antártica pode se desintegrar rapidamente, advertem cientistas

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Cientistas dizem que uma seção na frente da geleira Thwaites poderá em breve 'estilhaçar-se como o para-brisa de um carro'.
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TOPO
Por Jonathan Amos, BBC

Postado em 19 de dezembro de 2021 às 11h25m

Post.- N.\ 10.137

Frente da geleira Thwaites está derretendo — Foto: Rob Larter via BBC
Frente da geleira Thwaites está derretendo — Foto: Rob Larter via BBC

Os cientistas estão alertando sobre mudanças dramáticas em uma das maiores geleiras da Antártica, potencialmente nos próximos cinco a 10 anos.

Eles dizem que uma seção flutuante na frente da geleira Thwaites que até agora esteve relativamente estável poderia "quebrar como o para-brisa de um carro".

Pesquisadores dos Estados Unidos e do Reino Unido estão atualmente envolvidos em um intenso programa de estudos em Thwaites por causa de sua taxa de derretimento. Ela já está despejando 50 bilhões de toneladas de gelo no oceano a cada ano.

Infográfico mostra tamanho da geleira Thwaites — Foto: BBC
Infográfico mostra tamanho da geleira Thwaites — Foto: BBC

Isso está tendo um impacto limitado nos níveis globais do mar hoje, mas há gelo suficiente retido na bacia hidrográfica da geleira para elevar o nível dos oceanos em 65 cm — se tudo derreter.

É improvável que esse cenário de "juízo final" aconteça por muitos séculos, mas a equipe de estudo diz que Thwaites agora está respondendo a um mundo em aquecimento de maneiras realmente muito rápidas.

"Haverá uma mudança dramática na frente da geleira, provavelmente em menos de uma década. Tanto os estudos já publicados quanto os ainda não publicados apontam nessa direção", diz à BBC News o glaciologista Ted Scambos, coordenador-chefe dos EUA para a Colaboração Internacional da Geleira Thwaites (ITGC, na sigla em inglês).

"Isso vai acelerar o ritmo (do degelo da Thwaites) e ampliar, efetivamente, a parte perigosa da geleira", acrescenta ele.

A Thwaites é um colosso. É quase do tamanho da Grã-Bretanha ou da Flórida, e sua velocidade de derretimento dobrou nos últimos 30 anos.

O manto de gelo da Antártica Ocidental ficou ainda mais fino — Foto: BBC
O manto de gelo da Antártica Ocidental ficou ainda mais fino — Foto: BBC

O ITGC mostrou como essa dinâmica está acontecendo. É o resultado da água quente do oceano passando por baixo — e derretendo — a frente flutuante de Thwaites, ou plataforma de gelo como é conhecida.

A água quente está afinando e enfraquecendo esse gelo, fazendo-o derreter mais rapidamente e empurrando para trás a zona onde o corpo da geleira principal se torna flutuante.

No momento, a borda da plataforma oriental de gelo está fixada no lugar por uma crista submarina offshore, o que significa que sua velocidade de vazão é um terço daquela observada no setor oeste da plataforma de gelo, que não tem tal restrição.

Mas a equipe do ITGC diz que a plataforma leste provavelmente se desacoplará da crista nos próximos anos, o que a desestabilizará. E mesmo se isso não acontecer, o aparecimento contínuo de fraturas na plataforma de gelo quase certamente vai romper a área de qualquer maneira.

"Visualizo isso de forma semelhante à janela do carro onde você tem algumas rachaduras que estão se propagando lentamente e, de repente, você passa por um solavanco e a coisa toda começa a quebrar em todas as direções", explica Erin Pettit, da Oregon State University, nos Estados Unidos.

A área afetada é muito pequena quando considerada no contexto da geleira como um todo, mas representa uma mudança para um novo regime, e o mais importante é o que isso significa para mais perda de gelo.

Atualmente, a plataforma oriental, que tem uma largura de cerca de 40 km, avança cerca de 600 m por ano. A próxima mudança de status provavelmente fará com que o gelo salte em velocidade para cerca de 2 km por ano — o mesmo que a velocidade atual registrada no setor oeste de 80 km de largura.

Financiado conjuntamente pela Fundação Nacional da Ciência dos Estados Unidos e pelo Conselho de Pesquisa em Conselho de Pesquisa em Meio Ambiente Natural do Reino Unido, o projeto do ITGC, que vai durar cinco anos, investiga a Thwaites nos mínimos detalhes.

A cada verão na Antártica, equipes de cientistas analisam o comportamento da geleira de todas as maneiras possíveis. De satélite, no gelo e de navios na frente de Thwaites.

As equipes já começaram a se deslocar para iniciar os trabalhos na nova temporada que está a ponto de começar — algumas equipes ainda estão em quarentena por covid antes de dar início ao trabalho de campo para valer.

Um dos projetos para o Ano Novo vai envolver o pequeno submarino amarelo conhecido como "Boaty McBoatface".

Sob o gelo flutuante de Thwaites, ele vai coletar dados sobre a temperatura da água, direção da corrente e turbulência — todos fatores que influenciam o derretimento.

O veículo autônomo fará missões com duração de um a quatro dias, navegando em seu próprio caminho pela cavidade abaixo da plataforma.

Trata-se de uma missão de alto risco, pois o terreno do fundo do mar é extremamente acidentado.

"É assustador. Podemos não ter Boaty de volta", diz Alex Phillips, do Centro Nacional de Oceanografia do Reino Unido.

"Nos esforçamos muito no ano passado no desenvolvimento de sistemas anticolisão, para garantir que ele não se chocasse com o fundo do mar. Também temos planos de contingência pelos quais se ele entrar em apuros, pode refazer seus passos e retirar-se em segurança. "

Os mais recentes estudos sobre a geleira Thwaites estão sendo apresentados nesta semana no Encontro de Outono da União Geofísica Americana em Nova Orleans.

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Revista 'Nature' publica estudo brasileiro que estima morte de 17 mil vertebrados por queimadas no Pantanal

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Pesquisa, publicada nesta quinta-feira (16), contabilizou carcaças de animais e criou um modelo matemático para fazer uma estimativa da destruição provocada pelo fogo no bioma.
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Por Rodrigo Lois, G1

Postado em 19 de dezembro de 2021 às 10h00m

Post.- N.\ 10.136

Extermínio no Pantanal: 17 milhões de animais morreram nas queimadas em 2020, diz estudo
Extermínio no Pantanal: 17 milhões de animais morreram nas queimadas em 2020, diz estudo

A revista "Nature" publicou nesta quinta-feira (16) um estudo brasileiro realizado por 30 pesquisadores de órgãos públicos, de universidades e de organizações não-governamentais que estima a morte de, ao menos, 17 milhões de animais vertebrados em consequência direta das queimadas no Pantanal no ano passado.

Segundo a pesquisa, divulgada pelo g1 em setembro deste ano, as vítimas mais recorrentes foram as pequenas cobras, principalmente as aquáticas: mais de 9 milhões de mortes.

Os pesquisadores dizem que o trabalho é pioneiro no uso da "técnica de amostra de distâncias em linhas" para calcular mortes de animais em queimadas.

A metodologia é baseada nos chamados transectos: trilhas em linha reta através de áreas pré-determinadas pelos focos de incêndio no bioma. Cada linha percorrida tinha entre 500m e 3km. Ao todo, o grupo percorreu 114 km de transectos.

Nestes trajetos lineares, as carcaças avistadas eram registradas com datas e coordenadas geográficas, assim como a distância perpendicular de cada uma delas em relação à linha de referência.

Quanto mais longe do transecto, menor a quantidade de animais encontrados. Ao conhecer o comportamento dessa probabilidade, os pesquisadores conseguiram elaborar um modelo matemático para estimar o número de carcaças presentes na área. Isso permitiu a modelagem de estimativas que o grupo considerou confiáveis para o cálculo da densidade de animais mortos.

"O método é diferente, ele se baseia no conhecimento da probabilidade de detectar um animal a diferentes distâncias da linha. É uma estratégia moderna para corrigir o erro de detectabilidade, que é a probabilidade de enxergar o animal quando ele está presente na área em que se passa", explica Walfrido Moraes Tomas, pesquisador da Embrapa Pantanal e coordenador do estudo. 
Número subestimado

Os 17 milhões de animais vertebrados são assumidamente uma subestimativa, porque muitos animais que vivem em tocas ou dentro de ocos de árvores podem ter morrido nesses locais sem terem sido avistados. Há também o caso de vertebrados muito pequenos que podem ter sido completamente calcinados pelo fogo intenso.

A busca em campo era feita em até 72 horas após o início de cada foco do incêndio, mas a maioria dos casos foi catalogado entre 24 e 48 horas. A força-tarefa para o trabalho de campo ocorreu entre 1º de agosto e 17 de novembro de 2020 (como noticiou o G1 à época), do norte ao sul do Pantanal.

A estimativa abrange o período entre janeiro e novembro de 2020. No ano passado, o Pantanal foi consumido pela maior tragédia de sua história, com a destruição de cerca de 4 milhões de hectares (26% da área de todo o bioma).

Os animais registrados no levantamento foram divididos em dois grupos, de acordo com o tamanho da carcaça: pequenos vertebrados (menos de 2kg), como anfíbios, pequenos lagartos, cobras, pássaros e roedores; e médios para grandes vertebrados (2kg ou mais), como queixadas, capivaras, mutuns, grandes cobras, tamanduás e primatas.

As serpentes aquáticas representaram 60% das vítimas.

"Esses animais possuem baixa capacidade de locomoção, o que dificulta a fuga durante um incêndio. Durante a estação seca costumam ficar enterradas em áreas de campo inundáveis. Quando o fogo atinge uma área úmida seca é bastante comum ocorrer o incêndio de turfa, que consome a espessa camada de matéria orgânica. Esse tipo de fogo é de difícil combate e detecção, podendo queimar por semanas e atingir os animais que habitam esses ambientes", explicou a bióloga Gabriela do Valle Alvarenga, pesquisadora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), participante da pesquisa.

Impacto na biodiversidade

A biodiversidade do Pantanal é composta por mais de 2 mil espécies de plantas, 269 peixes, 131 répteis, 57 anfíbios, 580 aves e pelo menos 174 mamíferos. O número de invertebrados é desconhecido.

Grandes vertebrados como cervos, veados, antas e onças não foram observados a partir dos transectos dada a baixa densidade populacional dessas espécies no Pantanal. Mas foram frequentemente encontrados durante o trabalho de combate aos incêndios, mortos ou feridos perto de estradas.

O estudo alerta que as mudanças climáticas provocadas pelas ações do homem têm influenciado a frequência, a duração e a intensidade das secas na região. O impacto de seguidas queimadas pode ser catastrófico e empobrecer o ecossistema, que já é frágil durante o período sem chuvas. O fogo faz parte da dinâmica natural do Pantanal, mas não nessas proporções.

Diante da possibilidade de novos desastres na região, os pesquisadores esperam com o estudo ajudar a dimensionar os impactos cumulativos causados por incêndios recorrentes no bioma.

"Esses números dão uma ideia do cenário das mudanças climáticas. A probabilidade de ter incêndios como esses é alta. Isso pode acontecer, acontecer, e acontecer, destruindo o ecossistema", comenta o coordenador Walfrido Moraes Tomas. 
Força-tarefa

O trabalho contou com pesquisadores da Embrapa Pantanal, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), do Instituto Nacional de Pesquisa do Pantanal (INPP), Universidade do Mato Grosso (UFMT), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Fundação Meio Ambiente do Pantanal, Instituto Smithsonian (dos Estados Unidos), entre outras instituições.

Houve também o apoio logístico e suporte financeiro de ONGs como WWF Brasil, ONG Panthera, Instituto Homem Pantaneiro, Ecologia e Ação (ECOA), Museu Paraense Emílio Goeldi, além da Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul e da colaboração de voluntários.

No início dos levantamentos no ano passado, a escassez de verbas impactou o planejamento e as ações no campo, e pesquisadores precisaram trabalhar voluntariamente. Com a repercussão da força-tarefa, chegaram depois recursos de governos estaduais e ONGs.

5 pontos sobre as queimadas no Pantanal
5 pontos sobre as queimadas no Pantanal

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sábado, 18 de dezembro de 2021

Um ano de turbilhão na economia: veja o que se esperava para 2021 – e o que de fato aconteceu

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A esperada retomada pós-pandemia veio aos trancos e barrancos, e a inflação, que não estava nos planos, dominou a vida econômica dos brasileiros.
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Por Laura Naime, g1

Postado em 18 de dezembro de 2021 às 08h00m

Post.- N.\ 10.135

2021 foi um turbilhão na economia.

Entre idas e vindas de programas de auxílio, crises institucionais, tentativas de mudanças nas regras para as contas públicas e preços em disparada, o otimismo com a recuperação pós-crise da pandemia deu lugar à tensão – e a muitos desencontros entre o que se esperava quando o ano começou, e o que de fato aconteceu.

Todos os anos, economistas dentro e fora do governo fazem estimativas para o desempenho da economia brasileira. O objetivo é balizar a tomada de decisões ao longo do ano, por isso elas vão sendo ajustadas conforme surgem novos dados. É natural, portanto, que algumas previsões feitas em janeiro se confirmem, enquanto muitas outras se mostrem tiros n’água. E 2021 não fugiu à regra.

Assim, quando 2021 começou, depois de um 2020 de crise, a expectativa de grande parte dos economistas era de um ano de crescimento tímido, com uma recuperação lenta – uma vez que a pandemia já dava mostras de que se arrastaria ainda ao longo de vários meses, prejudicando a retomada dos negócios.

Notícias ruins para os quase 14 milhões de brasileiros que viraram o ano desempregados, e com baixas perspectivas de melhora. Com renda já reduzida, as famílias também já viam a inflação crescente corroendo o poder de compra. Mas poucos imaginavam até onde ela chegaria, obrigando brasileiros a cortarem uma série de itens da cesta de compras.

Um pequeno alívio para as famílias mais pobres veio a partir de abril, quando o Auxílio Emergencial voltou. Veio mais magro, no entanto, e para bem menos pessoas. Mas veio. E em novembro, acabou de vez, deixando pelo menos 22 milhões sem qualquer tipo de ajuda.

No mesmo mês, e depois de 18 anos, também foi extinto o Bolsa Família, substituído pelo Auxílio Brasil, que prometia pagar pelo menos R$ 400 a cada beneficiário, e aumentar o número de famílias atendidas a 17 milhões. Criado às pressas e sem fonte de custeio, no entanto, o programa chega ao fim do ano com as promessas descumpridas.

E se no bolso dos brasileiros o ano foi pior do que o esperado, no mercado financeiro não foi muito melhor, com o dólar disparado e a bolsa amargando perdas.

Parte considerável dessa piora pôde ser creditada diretamente na conta da crise institucional provocada pelo presidente Jair Bolsonaro: em agosto, ameaças reiteradas às eleições e aos demais poderes elevaram a percepção de risco dos investidores em relação ao país – e as incertezas afugentaram investimentos, os dólares e o crescimento.

Com o ano se aproximando do final, a economia segue na corda bamba: as contas públicas apresentaram melhora, o PIB deverá mostrar crescimento, e os serviços apontam para recuperação. Mas o brasileiro, lá fora, segue desempregado, com fome e poucas perspectivas.

Veja abaixo, em 10 gráficos, o que se esperava para a economia brasileira este ano – e o que de fato aconteceu nos seguintes aspectos:

  • Comércio
  • Serviços
  • Desemprego
  • Dólar
  • Inflação
  • Selic
  • Contas públicas
  • Bovespa
  • PIB
Comércio

As vendas do comércio chegam ao final de 2021 com alta, no quarto ano seguido de crescimento – mas ainda sem recuperar as perdas de do ano anterior.

O desempenho, no entanto, foi bastante irregular ao longo do ano, prejudicado em parte pela falta de confiança na economia, em parte pela falta de insumos, e em parte pela disparada da inflação, que corroeu o poder de compra dos brasileiros e os resultados dos varejistas.

Se, ao final de 2020, a projeção era de uma alta de 3,9%, um ano depois esse crescimento decepcionou: os últimos dados disponíveis, até outubro, mostravam alta de 2,6% em 12 meses.

Retrospectiva comércio  — Foto: Arte g1
Retrospectiva comércio — Foto: Arte g1

Serviços

Depois de um tombo de 8% em 2020, marcando o quarto ano seguido de perdas, a reabertura dos negócios prenunciavam um ano de retomada para os serviços, responsáveis pela maior parte da economia brasileira. Cautelosamente otimista, a CNC previa uma alta de 3,7% este ano.

E, pelo menos até o terceiro trimestre, o setor não decepcionou: favorecidos pelo avanço da vacinação e maior mobilidade da população, os serviços foram o principal destaque de recuperação da economia. Até setembro, o setor estava 3,7% acima do patamar pré-pandemia, acumulando alta de 6,8% em 12 meses.

A inflação persistente, o desemprego elevado e as dúvidas sobre a situação fiscal do país, no entanto, mantêm a incerteza quanto ao futuro. Para 2022, a tendência já se mostra de perda de força.

Desempenho do setor de serviços em 2021 — Foto: Arte g1
Desempenho do setor de serviços em 2021 — Foto: Arte g1

Desemprego

A paralisação da economia atingiu em cheio o emprego em 2020. Com isso, 2021 começou com mais de 14 milhões de brasileiros na fila do desemprego, e perspectivas ruins – o FMI projetava que a taxa de desemprego, então em 14,2%, seguiria alta.

Ainda que lentamente, no entanto, essa taxa começou a ceder a partir de maio, até chegar, em setembro, a 12,6%, com estimados 13,5 milhões de desempregados.

Quem saiu dessa fila, no entanto, não encontrou um cenário fácil. Com empregos de baixa qualidade, o rendimento médio do brasileiro caiu, acumulando perda de mais de 10% em um ano.

E quem conseguiu trabalho, em grande parte, não conseguiu exatamente um emprego: dos 9,5 milhões de postos criados em um ano, 3,4 milhões foram de trabalho por conta própria, atingindo um recorde histórico – deixando claro que o mercado de trabalho vai demorar a se recuperar, e mais ainda a recuperar a qualidade das vagas.

Retrospectiva desemprego — Foto: Arte g1
Retrospectiva desemprego — Foto: Arte g1

Dólar

A alta do dólar já vinha assustando desde 2019, e bateu novos recordes em 2020. Mas, em 2021, as expectativas eram de um cenário mais estável, com a moeda recuando de volta ao patamar de R$ 5 ao final do ano.

Mas demorou pouco para ficar claro que seria difícil que esse cenário se concretizasse. Em março, o presidente Jair Bolsonaro anunciou que trocaria a presidência da Petrobras após sucessivas altas no preço da gasolina, criando tensão nos mercados.

Dúvidas quanto à aprovação da PEC Emergencial, que abriria espaço para a nova rodada do Auxílio Emergencial elevaram essas tensões – e a anulação das condenações do ex-presidente Lula, que voltou a ser elegível, levaram a moeda para o patamar de R$ 5,80.

Ao longo dos meses seguintes, essa alta arrefeceu, e o dólar chegou – brevemente – a operar abaixo dos R$ 5, graças ao diferencial de juros entre o Brasil e os EUA.

Mas a escalada das tensões institucionais, e a expectativa de um fim das políticas de estímulo dos EUA voltaram a pesar. E a estimativa, agora, é que o dólar encerre o ano mais a R$ 5,56.

Desempenho do dólar em 2021 — Foto: Arte g1
Desempenho do dólar em 2021 — Foto: Arte g1

Inflação

2020 fechou com a inflação em 4,52% – a maior taxa desde 2016, mas ainda dentro da meta do Banco Central. O último boletim Focus daquele ano indicava um 2021 caminhando para um arrefecimento da alta de preços, com o IPCA (a inflação oficial) fechando o ano a 3,32%. Já para o IGP-M, chamado de 'inflação do aluguel', a estimativa era de uma alta de 4,58% este ano.

Mas o que se viu foi uma inflação em disparada – mesmo com a população sem comprar, o que pressionaria os preços. A alta generalizada foi resultado de uma tempestade perfeita: uma combinação da alta do dólar, valorização global do petróleo, e seca, que levou a uma quebra de safras no campo e ao aumento dos preços de energia.

Em setembro, a inflação acumulada em 12 meses já alcançava a casa dos dois dígitos, e a alta de preços batia recordes não vistos desde o Plano Real.

Gráfico IPCA em 2021 — Foto: Arte g1
Gráfico IPCA em 2021 — Foto: Arte g1

O IGP-M, chamado de inflação do aluguel por ser usado para calcular a maioria dos reajustes de locações residenciais, obrigou inquilinos à renegociação, depois de bater em espantosos quase 40% em meados do ano.

Mas o que mais chamou atenção ao longo do ano foram os preços dos combustíveis, que dispararam – e a fome, que voltou a bater à porta dos brasileiros, que viram a carne (e para muitos, todo o resto) sumir dos pratos.

Com poucos sinais de alívio, o IPCA caminha para encerrar o ano a 10,18%, enquanto a inflação do aluguel deve chegar 17,47%.

Retrospectiva IGP-M — Foto: Arte g1
Retrospectiva IGP-M — Foto: Arte g1

Selic

Quando 2021 começou, a taxa básica de juros brasileira era de 2% – o menor patamar da história. Com a recuperação da economia ainda a passos lentos, fazia sentido que o dinheiro estivessebarato, para incentivar investimentos e consumo.

Uma elevação ao longo do ano já era esperada, porque a inflação começava a bater à porta com mais força. Mas, assim que a escalada da Selic começou, em março, o Banco Central já surpreendeu, elevando a taxa acima do esperado.

A inflação, no entanto, não deu trégua – e, depois da primeira alta, vieram outras seis, levando a Selic a 9,25%, de volta ao maior patamar desde meados de 2017.

Selic em 2022 — Foto: Arte g1
Selic em 2022 — Foto: Arte g1

Contas públicas

Se em 2020 as contas públicas sofreram um rombo histórico de mais de R$ 700 bilhões, as perspectivas para 2021 eram melhores – mas nem tanto. Já à espera de um resultado ruim, a meta para o ano era de um déficit de US$ 250,89 bilhões.

A boa notícia é que, diferente do esperado, as contas públicas caminham para fechar o ano no azul – em outubro, a parcial apontava para um superávit de US$ 49,6 bilhões. A má notícia é que a inflação está por trás de boa parte desses ganhos de arrecadação.

Nas contas do governo federal, uma inflação superior à taxa de juros faz com que o resultado das contas seja beneficiado. Já para os estados, a inflação faz aumentar principalmente a arrecadação do ICMS: mesmo com o percentual de imposto permanecendo igual, ao subirem os preços, sobe o valor arrecadado.

Retrospectiva contas públicas — Foto: Arte g1
Retrospectiva contas públicas — Foto: Arte g1

Bovespa

Em 2020, a bolsa brasileira foi do céu ao chão – e de volta, ou quase.

Com a expectativa de recuperação econômica a caminho, juros baixos e dólares sobrando lá fora, o mercado esperava um ano de ganhos na bolsa aqui dentro, com o Ibovespa chegando aos 130 mil pontos, ou mais, um uma alta de cerca de 10%.

O mercado financeiro até ‘ignorou’ em parte a crise econômica, e chegou aos almejados 130 mil pontos em meados do ano. Mas, daí em diante, o sentido geral da bolsa foi mesmo para baixo.

Conforme as as sucessivas altas dos juros foram tornando a bolsa menos atrativa, e os Estados Unidos indicavam o início do enxugamento dos dólares do mercado, o ímpeto dos investidores foi perdendo força, na mesma medida em que o otimismo com o crescimento da economia também se esvaía, e diversas empresas desistiam de abrir capital.

Ao se aproximar o final do ano, os ganhos parecem longínquos, e a recuperação ficou para 2022: o Ibovespa roda, agora, abaixo dos 110 mil pontos.

Desempenho do Ibovespa em 2021 — Foto: Arte g1
Desempenho do Ibovespa em 2021 — Foto: Arte g1

PIB

O último boletim Focus (relatório produzido pelo Banco Central que compila estimativas de analistas de bancos) de 2020 mostrava que a economia brasileira deveria crescer 3,4% este ano, na maior alta desde 2011 – e recuperando parte do tombo de 4,1% sofrido no ano anterior, quando a atividade foi duramente afetada pela pandemia.

A recuperação já vinha desde o segundo semestre de 2020. E o primeiro trimestre de 2021 não fugiu ao script, e até surpreendeu, com alta de 1,2% e o retorno do PIB ao patamar pré-pandemia.

Em meados do ano, as estimativas para o ano fechado já havia sido revisadas para cima, e passavam dos 5%, acreditando que as regras mais frouxas para controle da pandemia contribuiriam para a aceleração da economia.

Mas a quebra de safras e uma falta global de insumos, além de alta das matérias-primas, começou a pesar já no segundo trimestre. Aliada à piora na confiança de grande parte dos setores, esse otimismo foi perdendo força.

Os dados dos trimestres seguintes mostraram que a recuperação não seria assim tão fácil: com duas contrações seguidas, o Brasil entrou em recessão técnica, sob forte influência da agropecuária.

Ainda assim, o PIB deve chegar ao final do ano com desempenho melhor do que o esperado lá atrás: com uma alta de mais de 4,5%.

Retrospectiva PIB — Foto: Arte g1
Retrospectiva PIB — Foto: Arte g1

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