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domingo, 7 de novembro de 2021

Os aditivos químicos presentes em 4 de cada 5 alimentos vendidos nos mercados do Brasil

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Levantamento inédito revela como indústria no Brasil usa essas substâncias, que conservam e dão forma, sabor, cheiro e textura ao que comemos. Nutricionistas alertam para possíveis prejuízos à saúde, mas empresas e governo dizem que não há riscos.
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TOPO
Por Rafael Barifouse, BBC

Postado em 07 de novembro de 2021 às 09h20m


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Pesquisa revelou um uso intensivo de aditivos em alimentos industrializados — Foto: Getty Images via BBC
Pesquisa revelou um uso intensivo de aditivos em alimentos industrializados — Foto: Getty Images via BBC

Quando a nutricionista Vanessa Montera investigou a presença de aditivos em alimentos vendidos nos supermercados, ela levou um susto — não só porque muitos tinham (o que ela já esperava), mas porque alguns tinham vários aditivos, e muitos deles só servem para disfarçar que certas comidas poderiam ser difíceis de engolir de outra forma.

Seu estudo mostrou que os aditivos estão por toda parte no mercado: quatro em cada cinco dos quase 9,9 mil alimentos analisados tinham ao menos um aditivos entre os ingredientes e um quarto tinham seis ou mais.

O estudo de Montera foi o primeiro do tipo a ser feito nessa escala no Brasil. A nutricionista diz que, apesar de ser esperado que alimentos industrializados contenham aditivos — substâncias naturais ou sintéticas que são usadas para alterar as características de um produto —, ela não imaginava que os encontraria nesse número.

"Alguns alimentos são coquetéis de aditivos. Chegamos a encontrar um produto de panificação que tinha 35. Foi o recorde."

Outra coisa que chamou sua atenção foi o uso intensivo dos aditivos cosméticos, como são chamados por uma parte dos profissionais da área aqueles aditivos que mudam o sabor, o aroma e a forma dos alimentos, embora essa classificação não seja oficialmente reconhecida por autoridades brasileiras.

Corantes, saborizantes, aromatizantes, emulsificantes, entre outros, garantem que alimentos que passaram por vários processos industriais na sua fabricação correspondam ao que os consumidores esperam deles. São usados porque esse processamento pode às vezes alterar os alimentos a ponto de deixá-los irreconhecíveis.

Diferentemente de outros aditivos, como os conservadores, por exemplo, os aditivos cosméticos não ajudam a fazer com que as comidas sejam mais baratas, durem mais tempo, cheguem a mais pessoas ou possam ser consumidas com mais segurança.

Na prática, são o equivalente a uma maquiagem dos alimentos. "Não precisariam nem estar ali", diz Montera.

Sua presença nos alimentos, principalmente quando são muito frequentes, funciona como um indicativo de que este alimento é ultraprocessado — e cada vez mais pesquisas associam esse tipo de comida a doenças.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) regula o uso dos aditivos em alimentos e estabelece os níveis máximos de consumo diário para uma pessoa.

Mas alguns nutricionistas têm dúvidas se esses limites são realmente seguros, porque comemos cada vez mais alimentos ultraprocessados, que têm muitos aditivos.

Eles apontam ainda para evidências de que há aditivos que podem fazer mal à saúde — o que a indústria nega — e também para problemas na forma como esses ingredientes são informados nos rótulos.

Por isso, defendem que as regras sejam revistas pela agência, e está previsto que isso ocorra em breve.

Outro questionamento vem da comparação desta pesquisa brasileira com um estudo semelhante na França, que apontou um uso substancialmente menor de aditivos por lá.

Isso indicaria, de acordo com cientistas, que muitos produtos vendidos no Brasil são mais artificiais e de pior qualidade.

O que são aditivos alimentares

80% dos produtos analisados tinham ao menos um aditivo e 25% tinham seis ou mais — Foto: Getty Images via BBC
80% dos produtos analisados tinham ao menos um aditivo e 25% tinham seis ou mais — Foto: Getty Images via BBC

Aditivos são qualquer ingrediente adicionado ao alimento sem o propósito de nutrir.

Eles modificam as características físicas, químicas, biológicas ou sensoriais do produto, durante sua fabricação, processamento, preparação, tratamento, embalagem, acondicionamento, armazenagem, transporte ou manipulação.

Essas substâncias ajudam a garantir que podemos consumir um alimento sem riscos, por exemplo.

Embora bastante associados à alimentação moderna, eles não são uma novidade. Já eram usados em sociedades antigas, como o sal que é adicionado para preservar uma comida.

O vinagre das conservas, o açúcar dos alimentos cristalizados e a fumaça da defumação são outros exemplos de aditivos bastante comuns.

Mas também se tornaram bem comuns aditivos sintéticos, que passaram a ser empregados pela indústria para produzir comida em larga escala e fazer com que ela chegue em boas condições para os consumidores.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o uso dos aditivos se justifica quando ele tem uma utilidade clara, como preservar o valor nutricional ou a estabilidade de um alimento, e não é usado para enganar o consumidor.

Cientistas também apontam que seu uso excessivo pode ser problemático.

Aditivos por toda parte

Bebidas de fruta, refrigerantes e outros produtos semelhantes são o que têm mais aditivos, de acordo com o estudo — Foto: Getty Images via BBC
Bebidas de fruta, refrigerantes e outros produtos semelhantes são o que têm mais aditivos, de acordo com o estudo — Foto: Getty Images via BBC

A nutricionista Vanessa Montera investigou em seu estudo como esses aditivos são usados pela indústria no Brasil.

Esse trabalho foi sua tese de doutorado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e foi publicado no periódico Food and Function, da Sociedade Real de Química, do Reino Unido.

A nutricionista analisou uma base de dados elaborada pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor a partir da visita a dez lojas das cinco maiores redes de supermercado do país em duas cidades, Salvador e São Paulo.

Todos os produtos embalados tiveram seus rótulos fotografados. De cerca de 14 mil itens, foram excluídos os que estavam duplicados, as águas engarrafadas e aqueles que não tinham informações nutricionais nas embalagens. Restaram 9.856 alimentos, que foram divididos em 25 categorias.

Em seguida, foram verificados os ingredientes de cada um deles. A cientista concluiu que 79,4% tinham ao menos um aditivo.

Mas isso conta apenas uma parte da história, porque a minoria (11,6%) tinha um aditivo só, enquanto 19,8% tinham dois ou três, 23,2% tinham quatro ou cinco e 24,8% — a maior parcela do total — tinham seis ou mais.

Os produtos com mais aditivos foram as bebidas de fruta saborizadas (com teor de suco abaixo de 30% e pós e concentrados para preparo de refrescos). Nesses produtos, em média, os aditivos representavam 79,7% do número total de ingredientes listados.

Também se destacaram refrigerantes (74,5%), outras bebidas (57,3%) — tais como aquelas à base de soja, chás prontos para consumo, bebidas para desportistas, leite de coco —, produtos lácteos não adoçados (51,1%), néctares (49,7%), produtos lácteos adoçados (45,6%) e doces e sobremesas (45,4%).

Entre os cinco aditivos mais usados, quatro eram do tipo cosmético — a exceção foram os conservadores, que fazem com que os alimentos durem mais tempo.

Os aromatizantes, que dão cheiro a um produto, foram de longe o aditivo mais comum. Estavam em 47,1% dos produtos.

Depois, vieram os conservadores (28,9%), os corantes (27,8%; conferem cor à comida), os estabilizantes (27,6%; mantêm a dispersão de componentes) e os emulsificantes (19,4%; mantêm uma mistura).

"Os conservadores têm um propósito, porque a indústria precisa fazer com que esses produtos possam ficar mais tempo na prateleira, mas os aditivos cosméticos só servem para deixar o pão mais fofinho, fazer o iogurte ficar rosa, deixar o creme de leite mais branco. Seu único propósito é tornar o produto mais atraente para o consumidor e, por isso, não são estritamente necessários", avalia Montera.

A nutricionista argumenta que sua pesquisa mostra que a indústria de alimentos está pesando a mão no uso desses ingredientes.

"Tinha um produto que tinha um umectante [que previne a perda de umidade] e um antiumectante [que impede a absorção de umidade]. Qual é o sentido disso?", questiona.

O que dizem as regras

A principal preocupação é com o impacto no corpo que o consumo desses aditivos causa, dizem os nutricionistas.

O Ministério da Saúde se negou a comentar o assunto e disse à BBC News Brasil que caberia à Anvisa tratar do tema.

A agência afirmou por sua vez, em comunicado, que analisa os riscos envolvidos no consumo de aditivos e determina quais são permitidos e seus limites máximos, para que a indústria possa tirar proveito deles sem prejudicar os consumidores.

As substâncias são avaliadas caso a caso, segundo a Anvisa, e o fabricante precisa comprovar que elas são seguras, necessárias e que o consumo médio esperado não traz perigos.

A agência disse ainda que segue as regras e recomendações da OMS, da Organização para Alimentação e Agricultura, e o que é praticado na União Europeia e nos Estados Unidos.

Mas nutricionistas ouvidas pela reportagem acreditam que a Anvisa pode (e deve) fazer melhor.

Um dos problemas apontados é que os limites diários determinados pela agência levam em conta a ingestão de um aditivo individualmente e determinam o quanto pode ser usado em um único produto.

Mas isso seria colocado em xeque pelo aumento em todo o mundo, medido por diversas pesquisas, do consumo de produtos ultraprocessados, que contêm muitos aditivos.

Isso significa que, na prática, não é difícil alguém consumir mais de um alimento que contém o mesmo aditivo e ir além do limite considerado seguro.

Também não seria levado em consideração nas regras atuais que esses aditivos são consumidos muitas vezes de forma combinada. Como a pesquisa de Vanessa Montera mostra, é comum que alimentos tenham vários aditivos.

Por fim, a lei brasileira não exige que o rótulo informe a quantidade de aditivos usada em cada produto, explica Daniela Canella, pesquisadora do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da Universidade de São Paulo (Nupens-USP).

"Não temos como saber o quanto estamos comendo. A indústria diz que isso é segredo industrial e que não revela para que os concorrentes copiem seus produtos, mas isso significa que a gente desconhece o quanto a gente consome de aditivo no Brasil", diz Canella, que também é professora da Uerj e orientou Montera em sua pesquisa de doutorado. 
O que diz a ciência

A ciência ainda é inconclusiva sobre se os aditivos causam ou não prejuízos à saúde.

Há estudos que apontam indícios de que seu consumo por pode estar ligado a distúrbios de comportamento, transtornos mentais, alergias, alterações no metabolismo do corpo, obesidade e câncer.

Existe ainda a preocupação com o fato de os ultraprocessados acostumarem nosso paladar a um excesso de certos ingredientes, como sódio e açúcar, tornando mais difícil adquirir o gosto pelos alimentos in natura, que são fontes de nutrientes.

A indústria de alimentos diz que os aditivos são importantes para garantir a segurança e o valor nutricional dos alimentos e que não há por que se preocupar.

A Associação Brasileira da Indústria e Comércio de Ingredientes e Aditivos para Alimentos disse à BBC News Brasil que o número de aditivos na composição de um produto "não tem nenhuma relação" com o alimento ser saudável ou não.

"A quantidade máxima permitida leva em conta a interação entre os aditivos em todas as categorias de alimentos, bem como a ingestão diária aceitável, com base no perfil alimentar da população brasileira", declarou a entidade.

Por sua vez, a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos disse à reportagem que os aditivos são usados em "pouquíssimas quantidades" e controlados rigorosamente.

"Não há evidências que demonstrem que a combinação de aditivos num mesmo alimento possa oferecer riscos à saúde humana", afirmou a associação.

Um dos motivos é que essas pesquisas quase não são feitas, argumenta Daniela Canella.

"Não há estudos no Brasil e existem pouquíssimos no mundo que analisam os aditivos somados, isso normalmente é feito com cada um deles sozinho. É possível que o efeito cumulativo deles não seja seguro", afirma a nutricionista.

Vanessa Montera aponta outros problemas. De acordo com a pesquisadora, a maioria das pesquisas, que são feitas pela própria indústria, analisam apenas se os aditivos são tóxicos ou causam mutações nas células e não investigam os prejuízos que podem causar ao metabolismo, ou seja, ao funcionamento do corpo.

"Tem alguns estudos que apontam efeitos preocupantes, mas realmente não é nada que nos faça bater o martelo. Mas, ainda assim, deveria ser adotado o princípio da precaução, porque, da mesma forma que não dá pra dizer com 100% de certeza que são prejudiciais, também não dá pra garantir que não são", diz a cientista.

Além disso, os estudos são realizados majoritariamente em animais, explicam os especialistas. Não seria ético fazer pesquisas dos efeitos em humanos, dando aditivos às pessoas para ver o que acontece.

A saída, explica Canella, é fazer os chamados estudos observacionais, em que se acompanha um grupo de pessoas por um tempo e se analisam seus hábitos e estilo de vida e os problemas de saúde para ver se há alguma correlação.

"É difícil fazer estudos assim porque sempre pode ter havido outra influência. Pode ter sido a poluição, e não o aditivo, que causou uma doença, por exemplo. Por isso, o nível de evidências nunca vai ser o ideal, o que é uma maravilha para a indústria, que sempre vai poder dizer que não dá pra estabelecer uma relação de causa e consequência, e é verdade", diz a pesquisadora da USP.

Anvisa vai rever regras de aditivos

Uma outra preocupação surge com a comparação do estudo feito por Montera no Brasil com outro na França.

A pesquisa com 126 mil produtos alimentícios disponíveis nos supermercados franceses apontou que 53,8% tinham aditivos e 11,3% tinham cinco ou mais aditivos — bem abaixo dos índices encontrados no estudo brasileiro.

"Isso mostra que talvez a qualidade dos alimentos que estão sendo oferecidos aqui é pior do que a dos alimentos de lá", diz Montera.

A nutricionista afirma ainda que, se a amostra do estudo nacional fosse tão grande quanto a da pesquisa francesa, os resultados poderiam ser ainda piores.

"A Europa tem um controle maior sobre o uso de alguns aditivos alimentares", explica Montera.

Ter mais aditivos é sinal de pior qualidade porque essas substâncias são usadas muitas vezes para substituir ingredientes naturais.

Em tese, por exemplo, uma empresa poderia usar morangos de verdade para deixar o iogurte rosa, mas morangos são mais caros do que um corante.

Os aditivos também servem para "maquiar" os produtos ultraprocessados, diz Canella, tornando seu aspecto, textura e gosto aceitáveis.

A nutricionista defende que cabe ao governo brasileiro exigir padrões de qualidade melhores das fabricantes de alimentos.

"Os países têm legislações mais e menos rigorosas. Se em um lugar você pode usar matéria-prima de pior qualidade, esse país se torna um refugo da indústria. Se dá pra produzir mais barato e a legislação não barra, por que uma empresa vai ter mais despesa e menos lucro?", questiona Canella.

Também seria bom que os rótulos informassem melhor sobre esses ingredientes, indicando sua quantidade, por exemplo, acrescenta Montera.

O Brasil terá uma oportunidade de aprimorar suas regras para os aditivos. Está prevista na agenda da Anvisa para o período entre 2021 e 2023 a modernização das regras e procedimentos para autorização do uso dos aditivos em alimentos.

Mas, questionada sobre esse assunto, a agência disse à BBC News Brasil que não iria comentar.

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sábado, 6 de novembro de 2021

Fóssil de criança de 250 mil anos é encontrado na África do Sul

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Equipe de pesquisadores reuniu 28 fragmentos de crânio e seis dentes. Eles estimam que a criança tinha entre 4 e 6 anos. Jovem Homo naledi foi nomeado como “Leti”.
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Por g1

Postado em 06 de novembro de 2021 às 12h25m


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Pesquisador segura a reconstrução do crânio da criança Homo naledi — Foto: Wits University
Pesquisador segura a reconstrução do crânio da criança Homo naledi — Foto: Wits University

Pesquisadores da Universidade Wits encontraram em uma caverna da África do Sul ossos de uma criança que teria vivido há pelo menos 250 mil anos. A equipe reuniu 28 fragmentos de crânio e seis dentes e estimam que a criança tinha entre 4 e 6 anos. Os resultados foram publicados em dois artigos do periódico PaleoAnthropology.

O crânio da criança foi encontrado sozinho, e nenhum resto de seu corpo foi recuperado.

Ao juntarmos o crânio, vimos que não havia partes repetidas e que muitos trechos se encaixavam, indicando que todos eram de uma única criança, explicou o paleoantropólogo Darryl de Ruiter. 

Os ossos estavam em uma passagem extremamente remota do complexo de cavernas Rising Star, local original da descoberta dos primeiros restos de Homo naledi, revelados em 2015. A região é chamada de "berço da humanidade" graças aos vários fósseis do gênero Homo encontrados no local.

O Homo naledi continua sendo um dos parentes humanos antigos mais enigmáticos já descobertos, disse Lee Berger, autor principal do estudo.

Os pesquisadores apelidaram a nova descoberta de Leti, abreviação de uma palavra em um idioma local da África do Sul que significa "o perdido". Eles ainda não sabem dizer se o fóssil era de um homem ou mulher.

A descoberta de um único crânio de criança, em um local tão remoto dentro do sistema de cavernas, adiciona mistério sobre como esses muitos restos vieram a estar nesses espaços remotos e escuros do Rising Star. É apenas mais um enigma entre muitos que cercam este fascinante parente humano extinto", disse Berger.

Pesquisadores encontraram fóssil de criança de 250 mil na África do Sul — Foto: Wits University
Pesquisadores encontraram fóssil de criança de 250 mil na África do Sul — Foto: Wits University


Criança tinha entre 4 e 6 anos — Foto: Wits University
Criança tinha entre 4 e 6 anos — Foto: Wits University


Pesquisadores recuperaram seis dentes do fóssil — Foto: Wits University
Pesquisadores recuperaram seis dentes do fóssil — Foto: Wits University


Fóssil foi encontrado em região estreita da caverna — Foto: Wits University
Fóssil foi encontrado em região estreita da caverna — Foto: Wits University

Assista abaixo o leilão do esqueleto do maior dinossauro triceratops já encontrado:

Colecionador americano arremata esqueleto do maior dinossauro triceratops já encontrado
Colecionador americano arremata esqueleto do maior dinossauro triceratops já encontrado

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sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Cartas do século 17 são traduzidas do tupi pela 1ª vez na história: 'Por que faço guerra com gente de nosso sangue', escreveu indígena

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Professor da USP Eduardo Navarro traduziu seis cartas trocadas entre potiguares que estavam em lados opostos na guerra travada entre portugueses e holandeses pelo domínio do Nordeste.
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Por Patrícia Figueiredo, g1 SP — São Paulo

Postado em 05 de novembro de 2021 às 14h00m


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Cartas do século 17 são traduzidas do tupi pela 1ª vez na história — Foto: Arte/g1

O professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, da Universidade de São Paulo (USP) Eduardo Navarro concluiu, pela primeira vez, a tradução de seis cartas em tupi trocadas entre indígenas no século 17 durante a invasão holandesa no Nordeste. É o primeiro documento da história escrito em tupi por e para indígenas traduzido para o português.

A tradução de Navarro deve ser publicada em breve pelo Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi, de Belém, no Pará.

As cartas revelam diálogos de homens que lutavam entre si durante uma guerra religiosa travada entre portugueses e holandeses, conhecida como Insurreição Pernambucana. De um lado, os indígenas protestantes, apoiadores dos holandeses que invadiram o nordeste brasileiro; do outro, indígenas que defendiam o governo português.

Por que faço guerra com gente de nosso sangue, se vocês são os verdadeiros habitantes desta terra? Será que falta compaixão para com nossa gente?, pergunta o líder indígena Felipe Camarão ao cacique Pedro Poti, em um dos textos.

Carta em tupi de Felipe Camarão a Pedro Poti, de 19 de agosto de 1645, traduzida pelo professor da USP, Eduardo Navarro — Foto: Arquivo pessoal/Eduardo Navarro
Carta em tupi de Felipe Camarão a Pedro Poti, de 19 de agosto de 1645, traduzida pelo professor da USP, Eduardo Navarro — Foto: Arquivo pessoal/Eduardo Navarro

Esta é a primeira vez que pesquisadores conseguem traduzir essas correspondências, que são estudadas desde o século 19.

Quase todos os documentos do período colonial foram escritos pelos "vencedores", no caso os colonizadores do Brasil, e, esses são os únicos textos conhecidos em tupi trocados pelos "vencidos", os indígenas, nesta época.

É a primeira vez que essa história é contada pela pena dos índios, e está ali o lado dos vencidos, afirma Navarro, autor da pesquisa.

O idioma tupi era só falado, e, os jesuítas criaram a representação escrita. Por isso, não são comuns os documentos escritos redigidos pelos próprios indígenas.

Segundo o professor Eduardo Navarro, a tradução dessas seis cartas só foi possível com a ajuda de um dicionário de tupi, também de sua autoria, publicado em 2013.

Carta em tupi de Felipe Camarão a Pedro Poti, de 4 de outubro de 1645 — Foto: Arquivo pessoal/Eduardo Navarro
Carta em tupi de Felipe Camarão a Pedro Poti, de 4 de outubro de 1645 — Foto: Arquivo pessoal/Eduardo Navarro

Essas cartas foram entregues na mão de Teodoro Sampaio, que foi um historiador e um engenheiro, o primeiro que se debruçou sobre esses textos. E ele confessou, em um artigo, que ele não conseguiu traduzir as cartas, que seguiram sendo um mistério para ele. Depois, o Aryon Rodrigues, linguista indígena da Unicamp muito conhecido, tentou também. Ele foi até a Holanda buscar essas cartas para traduzi-las, mas também não conseguiu, explica Navarro.

Navarro teve contato com os textos pela primeira vez nos anos 1990, graças à pesquisa de Aryon. Desde 2013, após a publicação do seu Dicionário de Tupi Antigo: a Língua Indígena Clássica do Brasil, passou a se dedicar mais intensamente à tradução das cartas. Os documentos estão guardados na Biblioteca Real de Haia, na Holanda.

"Eu pedi uma cópia para a biblioteca e eles mandaram um grande acervo, com microfilmes, e eu tive que, dentro disso, encontrar as seis cartas, conta o professor.

No processo de tradução, uma das principais dificuldades foi decifrar a letra e a ortografia das cartas. Mas a importância de revelar a visão dos indígenas sobre a guerra entre Portugal e Holanda justificou o empenho na pesquisa.

Contexto histórico

Assinatura de Felipe Camarão em carta enviada a Antônio Paraupaba em 4 de outubro de 1645, durante a Insurreição Pernambucana — Foto: Arquivo pessoal/Eduardo Navarro
Assinatura de Felipe Camarão em carta enviada a Antônio Paraupaba em 4 de outubro de 1645, durante a Insurreição Pernambucana — Foto: Arquivo pessoal/Eduardo Navarro

As correspondências recém-traduzidas, escritas no ano de 1645, envolvem alguns dos principais combatentes da Insurreição Pernambucana, como Felipe Camarão, chefe nativo dos índios potiguares e alinhado aos interesses de Portugal.

Durante a guerra, ele organizou diversas ações de guerrilha que se revelaram essenciais para conter o avanço dos holandeses no Nordeste brasileiro, segundo historiadores.

Nas cartas reveladas, Camarão pede a seus parentes Pedro Poti e Antônio Paraupaba, indígenas protestantes, que abandonassem os holandeses.

Ele diz ainda que, embora os holandeses tenham dado títulos aos indígenas que se juntaram a eles, essas honrarias não eram consideradas válidas pelos portugueses.

Não pensem que se poupa a vida dos potiguaras, da gente nossa, por esses terem sido feitos chefes. Não pensem que os holandeses livram vocês de nós. Somente a vida deles é poupada, diz Felipe Camarão, em carta escrita para o líder indígena Pedro Poti.

Retrato anônimo de Filipe Camarão, do século XVII, no Museu do Estado de Pernambuco — Foto: Museu do Estado de Pernambuco, Coleção Museus Brasileiros, edição Banco Safra, 2003
Retrato anônimo de Filipe Camarão, do século XVII, no Museu do Estado de Pernambuco — Foto: Museu do Estado de Pernambuco, Coleção Museus Brasileiros, edição Banco Safra, 2003

O pesquisador Eduardo Navarro explica que os holandeses tinham a política de fazer alianças com os índios por meio da concessão de liberdade e de cargos e títulos.

Mas tais títulos, como o de capitão, por exemplo, não eram reconhecidos pelos portugueses nem conferiam garantia de que suas vidas seriam poupadas em caso de captura, como se fazia com os oficiais holandeses, que não eram mortos, mas viravam prisioneiros, explica Navarro.

Em 1649, Poti foi capturado pelos portugueses e viveu uma série de torturas na prisão. Ele morreu alguns anos depois de sua prisão, a bordo de um navio no qual era conduzido para ser julgado em Portugal.

Respostas às cartas

As respostas de Pedro Poti às cartas de Felipe Camarão não foram preservadas. Mas, por meio de um resumo feito por um pastor holandês, os historiadores verificaram que Poti discordou dos argumentos de Camarão.

Segundo o resumo, Poti teria respondido que não havia motivos para continuar apoiando os portugueses, que escravizaram e praticaram violência contra os indígenas da região.

Outro indígena que recebeu cartas de Camarão no mesmo ano de 1645 foi Antônio Paraupaba, que lutava ao lado dos holandeses. Em 1625, ele foi, com outros índios potiguaras, para os Países Baixos, onde aprendeu o idioma. De volta ao Brasil, passou a atuar como intérprete entre os holandeses e os indígenas e, entre 1645 e 1649, assumiu o cargo de Capitão e Regedor do Rio Grande do Norte.

Carta em tupi de Felipe Camarão a Antônio Paraupaba, de 4 de outubro de 1645, traduzida pelo professor da USP Eduardo Navarro — Foto: Arquivo pessoal/Eduardo Navarro
Carta em tupi de Felipe Camarão a Antônio Paraupaba, de 4 de outubro de 1645, traduzida pelo professor da USP Eduardo Navarro — Foto: Arquivo pessoal/Eduardo Navarro

Na carta escrita para Paraupaba, Camarão diz que é seu "verdadeiro pai" e que por isso não quer sua morte.

"Envio-lhe estas minhas palavras, estando como seu verdadeiro pai, na verdade. Será que isto é contra a sua vontade? Por quê? Estando eu como seu verdadeiro pai, não quero sua morte sem sentido, como se você fosse aquele animal que não conhece a Deus", diz Camarão, na carta.

As correspondências revelam ainda os nomes de outros combatentes indígenas e detalhes sobre algumas batalhas, além de lamentos sobre a perda de tradições dos potiguares.

Em uma das cartas escritas por Camarão para Poti, o líder dos combatentes portugueses critica a dominação dos holandeses na Caatinga e atribui a eles o desaparecimentos de alguns de seus ritos.

"Nossas antigas terras, nossos velhos ritos, nossos parentes paraibanos, os de Cupaguaó, os de Uruburema, os de Jareroí, os de Guiratiamim, todos os antigos filhos dos habitantes da Caatinga, tudo e todos estão sob as leis dos insensatos holandeses, assim como seu corpo e sua alma também estão", afirma Camarão.

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Na Alemanha há recorde de casos de Covid-19 pelo segundo dia consecutivo; ministro de Saúde fala em voltar a lockdown

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Pelo menos duas regiões do país podem entrar em lockdown se a tendência de alta não for revertida. Dirigentes de Saúde do país afirmaram que haverá uma dose de reforço para todos.
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Por g1

Postado em 05 de novembro de 2021 às 12h25m


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Covid-19 na Europa: países com baixa vacinação sofrem explosão de casos
Covid-19 na Europa: países com baixa vacinação sofrem explosão de casos

A Alemanha teve o segundo recorde seguido de número de novos casos diários de Covid-19 nesta sexta-feira (5): foram pouco mais de 37 mil casos nas últimas 24 horas.

O recorde anterior, o de quinta-feira, era de pouco menos de 34 mil notificações.

Segundo a agência de notícias Associated Press, houve um represamento de notificações no começo da semana por causa de um feriado que caiu na segunda-feira.

O país chegou a 96.346 mortes por Covid-19.

O centro Robert Koch, o responsável pelas respostas às doenças infecciosas no país, as pessoas não vacinadas correm um alto risco de infecção.

O ministro da Saúde, Jens Spahn, afirmou que o país poderá ter que impor um novo lockdown.

Dois líderes de estados, Saxônia e Turíngia, afirmaram que deverão impor lockdowns se medidas nacionais não forem tomadas para reverter a atual tendência de alta de infecções.

O líder da Turíngia disse que vão faltar leitos de UTI em dias.

Jens Spahn durante entrevista coletiva no dia 3 de novembro de 2021 — Foto: Markus Schreiber / AFP
Jens Spahn durante entrevista coletiva no dia 3 de novembro de 2021 — Foto: Markus Schreiber / AFP

Ministro de Saúde

Spahn, o ministro de Saúde, conversou com os secretários de Saúde do país, e eles concordaram que todos devem ter acesso a uma dose de vacina de reforço seis meses depois da segunda dose.

Isso deve se tornar a norma, e não a exceção, ele afirmou nesta sexta-feira.

Ele pediu para que as pessoas se vacinem e observem as normas de distanciamento social. Quem acha que é jovem e não é vulnerável deveria conversar com os trabalhadores de unidades de tratamento intensivo, ele disse.

O governo da Alemanha está transferindo pacientes de regiões onde os hospitais estão sobrecarregados para áreas onde há menos infecções.

Vacinação na Alemanha

Na Alemanha, 69,4% da população recebeu ao menos uma dose, de acordo com o monitoramento do jornal Financial Times.

No Brasil, 72,74% da população recebeu ao menos uma dose de vacina.

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