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quarta-feira, 28 de julho de 2021

A disputa legal por tanque da 2ª Guerra que aposentado guardava no porão

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O homem de 84 anos mantinha o veículo de guerra junto com uma arma antiaérea e um torpedo.
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TOPO
Por BBC

Postado em 28 de 2028 às 09h45m


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Veja o tanque da 2ª Guerra que foi encontrado em porão de idoso na Alemanha
Veja o tanque da 2ª Guerra que foi encontrado em porão de idoso na Alemanha

Advogados e promotores na Alemanha estão tendo dificuldades para definir o que fazer com um idoso aposentado que armazenou um tanque da 2ª Guerra Mundial, uma arma antiaérea e um torpedo no porão de casa.

Tanque ficava no subsolo de casa de colecionador — Foto: Carsten Rehder/dpa via AP
Tanque ficava no subsolo de casa de colecionador — Foto: Carsten Rehder/dpa via AP

Os itens foram removidos da residência dele, na cidade de Keikendorf, no norte do país, em julho de 2015, com auxilio do Exército. Promotores e advogados de defesa estão agora negociando possíveis penalidades, incluindo uma multa que pode chegar a 500 mil euros, o equivalente a mais de R$ 3 milhões.

O idoso de 84 anos também precisará encontrar novos lares para os itens de tamanho monumental. De acordo com o advogado dele, um museu nos Estados Unidos está interessado em comprar o tanque Panther. Vários historiadores argumentam que esse era o mais eficiente veículo usado pelas tropas alemãs na 2ª Guerra Mundial.


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Tanque Panther, de 45 toneladas, deu trabalho aos homens do exército que tiveram de apreendê-lo — Foto: Carsten Rehder/DPA via AP
Tanque Panther, de 45 toneladas, deu trabalho aos homens do exército que tiveram de apreendê-lo — Foto: Carsten Rehder/DPA via AP


Arma antiaérea era outra 'lembrancinha' que o colecionador guardava da 2ª Guerra — Foto: Carsten Rehder/DPA via AP
Arma antiaérea era outra 'lembrancinha' que o colecionador guardava da 2ª Guerra — Foto: Carsten Rehder/DPA via AP

O advogado também disse que vários colecionadores alemães abordaram seu cliente, interessados em comprar rifles, pistolas e outros itens que ele mantém, segundo a imprensa local.

Em uma audiência judicial na segunda-feira (26), na cidade de Kiel, a cerca de 100 km de Hamburgo, advogados tentavam decidir se a coleção militar do idoso violava a Lei Alemã de Controle de Armas de Guerra. A legislação regula a fabricação, venda e transporte de armas militares.

A defesa do homem de 84 anos argumenta que várias das armas não funcionam mais e que o tanque Panther foi comprado por ele como sucata. Eles estão considerando aceitar uma multa mais baixa, de € 50 mil (cerca de R$ 300 mil), segundo o jornal "Die Welt".

Promotores afirmam que parte das armas mantidas pelo idoso ainda podem ser usadas.

Em julho de 2015, foram necessários 20 soldados e quase nove horas para retirar o tanque Panther do porão do idoso e colocá-lo em um veículo de carregamento para que fosse transportado. O tanque estava sem os pneus.
Registro histórico de um tanque alemão Panther abandonado na Itália em 1944 — Foto: Getty Images via BBC
Registro histórico de um tanque alemão Panther abandonado na Itália em 1944 — Foto: Getty Images via BBC

Autoridades locais teriam recebido a dica sobre a existência desses armamentos militares de colegas que atuavam em Berlim e que haviam vistoriado a casa do idoso antes em busca de arte roubada pelos nazistas.

Uma decisão final sobre o caso deve ocorrer em agosto de 2021.

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Mudanças climáticas: os preocupantes sinais que unem frio recorde no Brasil a enchentes e calor pelo mundo

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Segundo climatologista, o aquecimento da temperatura média do planeta acelera a circulação de ar entre a América do Sul e a Antártida, favorecendo eventos como o frio extremo que atinge o Brasil nesta semana.
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TOPO
Por João Fellet, BBC

Postado em 28 de julho de 2021 às 08h30m


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A onda deve derrubar as temperaturas nos estados do Sul, Sudeste e de parte do Centro-Oeste até o próximo domingo (1º/8).

Nas serras catarinense e gaúcha, as mínimas previstas são de -10ºC, com sensação térmica de até -25ºC, enquanto Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Campo Grande, São Paulo, Belo Horizonte e Vitória devem registrar as menores temperaturas do ano.

Será a segunda onda de frio intenso a atingir a região em menos de um mês. Em 30 de junho, várias cidades do Sul e Sudeste tiveram as menores temperaturas dos últimos anos — marcas que agora poderão ser batidas pela nova onda.

O frio extremo atinge o sul do Brasil enquanto, no Hemisfério Norte, vários países registram recordes de calor e de volume de chuvas.

No Canadá, os termômetros na cidade de Lytton mediram 49,6ºC no fim de junho — marca que superou em 4,6ºC a temperatura mais alta registrada no país até então.
Praia do Canadá com moluscos mortos após onda de calor no fim de junho de 2021 — Foto: Chek News/Reuters
Praia do Canadá com moluscos mortos após onda de calor no fim de junho de 2021 — Foto: Chek News/Reuters

Poucas semanas depois, chuvas muito acima dos padrões inundaram cidades na Alemanha e na China. Os eventos extremos nos três países provocaram centenas de mortes.
Danos e destroços de enchentes perto do rio Ahr, na cidade de Bad Neuenahr, em foto de 18 de julho de 2021 na Alemanha — Foto: Thomas Frey/DPA via AP
Danos e destroços de enchentes perto do rio Ahr, na cidade de Bad Neuenahr, em foto de 18 de julho de 2021 na Alemanha — Foto: Thomas Frey/DPA via AP

É mais fácil entender como as mudanças climáticas favorecem recordes de calor e de chuva.

Intensificados nas últimas décadas, a queima de combustíveis fósseis (como o petróleo e o carvão) e o desmatamento ampliam a quantidade na atmosfera de gases causadores do chamado efeito estufa.

Esses gases dificultam a dispersão do calor dos raios solares que atingem o planeta, o que tende a aumentar a temperatura no globo como um todo.

Temperaturas mais altas, por sua vez, aceleram a evaporação da água, o que facilita a ocorrência de temporais.
Carros tentam cruzar via inundada em frente a centro comercial de Zhengzhou, na China, em 20 de julho de 2021 — Foto: Chinatopix/AP
Carros tentam cruzar via inundada em frente a centro comercial de Zhengzhou, na China, em 20 de julho de 2021 — Foto: Chinatopix/AP

A temperatura da Terra já subiu cerca de 1,2ºC desde o início da era industrial, e as temperaturas devem continuar aumentando a menos que os governos ao redor do mundo tomem medidas para reduzir as emissões. Porém, o aumento das temperaturas médias não quer dizer que ondas de frio não continuarão a ocorrer — nem mesmo que elas não possam se intensificar em situações específicas.

É o caso da massa polar que chega ao Brasil nesta semana, diz à BBC News Brasil o geógrafo e climatologista Francisco Eliseu Aquino, professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Aquino foi um dos primeiros pesquisadores a estudar as conexões climáticas entre o sul do Brasil e Península Antártica — tema de sua tese de doutorado, em 2012.

Ele diz que, ao longo do ano, massas de ar circulam em sentido horário entre as duas regiões: o sul do Brasil envia à Antártida massas de ar quente e recebe dela massas de ar frio.

Segundo Aquino, a velocidade dessa circulação se acelera conforme a mudança climática eleva a temperatura no Brasil no inverno, época do ano em que a Antártida está bem gelada por não receber qualquer insolação.

Além disso, o calor acima do habitual no sul do Brasil "perturba" o sistema de trocas, induzindo o ar quente a entrar na Antártida e abrindo o caminho para a chegada de ar frio.

Não por acaso, diz ele, exceto pelas ondas pontuais de frio de 2021, o centro-sul do Brasil tem tido um inverno mais quente que a média — o que também tem ocorrido nos últimos anos.

Na véspera da chegada desta massa polar, os termômetros em cidades como Porto Alegre e São Paulo beiravam os 30ºC. Em pleno inverno.

Outro ponto que tende a ampliar o impacto desta onda de frio, diz Aquino, é que a massa que chega ao país se resfriou ainda mais ao passar pelo mar de Weddell — uma das regiões mais geladas da Antártida.

As condições são tão propícias ao avanço da massa, diz ele, que a onda deve derrubar as temperaturas até o sul da Amazônia.

Aquino afirma que especialistas já previam há cerca de 15 anos a ocorrência dos eventos que hoje observamos no centro-sul do Brasil — incluindo ondas de frio extremo em meio a invernos quentes e secos.

"Caminhamos para um cenário de estiagens mais longas e secas no Brasil, com o desmatamento e as queimadas intensificando esses processos", ele diz.

Aquino afirma que o planeta caminha rumo aos "limiares mais perigosos possíveis" dos cenários projetados para 2030 ou 2050.

Embora o Acordo de Paris tenha estabelecido a meta de limitar o aquecimento global a 1,5ºC em relação aos padrões pré-industriais, ele diz que os esforços foram comprometidos pelos anos em que Donald Trump exerceu a presidência nos EUA.

Trump retirou os EUA do acordo e estimulou setores poluentes, o que atrasou a implantação das metas mundo afora.

"O que a comunidade científica entende hoje é que com certeza vamos ultrapassar os 1,5 ou 2 graus."

Para Aquino, os eventos extremos em curso "já dão sinais de que as mudanças podem ser mais intensas do que as previstas pelos cenários mais ruins".

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terça-feira, 27 de julho de 2021

FMI vê alta de 5,3% no PIB do Brasil em 2021, mas mantém projeção global de crescimento

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Segundo a instituição, resultados do país foram acima do previsto no primeiro semestre, mas emergentes têm maior risco de novos surtos da pandemia do coronavírus e de revisões econômicas para baixo.
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Por G1

Postado em 27 de julho de 2021 às 11h00m


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Sede do FMI em Washington  — Foto: Reuters
Sede do FMI em Washington — Foto: Reuters

O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou para cima a projeção de PIB do Brasil em 2021. Pelas novas estimativas, a instituição espera alta de 5,3% da economia do país este ano.

Comparada à estimativa de 3,7% de crescimento publicada em abril, houve, portanto, elevação de 1,6 ponto percentual. Com a maior alta esperada para este ano, a projeção para 2022 foi reduzida em 0,7 ponto, de 2,6% para 1,9%.

O FMI atualizou suas projeções na edição de julho do relatório "World Economic Outlook", publicado nesta terça-feira (27). O crescimento da economia global, no entanto, não sofreu alterações na estimativa de alta de 6% para 2021, mas subiu para 4,9% em 2022 (+0,5 p.p.).

Projeções do FMI para o PIB global - julho/2021 — Foto: Economia G1
Projeções do FMI para o PIB global - julho/2021 — Foto: Economia G1

Diferenças entre países

O órgão ressalta, contudo, que houve movimentações significativas entre os países que compõem o estudo. O Brasil é um dos exemplos de melhora acima da média e que puxa, ao lado do México, a elevação de projeção da região da América Latina e Caribe.

O FMI explica que as projeções brasileiras melhoraram bastante por conta de resultados de atividade econômica acima do esperado no primeiro semestre e demonstração de força de exportações, em especial de commodities. Já o México se beneficia do avanço da economia dos Estados Unidos, seu principal parceiro econômico.

Economias avançadas, como a norte-americana, receberam um pequeno impulso de 0,5 ponto percentual nesta revisão, em virtude do avanço da vacinação contra a Covid-19 e de estímulos fiscais que ainda agem sobre a recuperação do baque pandêmico.

Principal motor do bloco, os EUA, sozinhos, tiveram aumento de 0,6 p.p., chegando a uma expectativa de avanço de 7% em 2021. Em 2022, a arrancada deve continuar. Com aumento de 1,4 ponto contra a projeção de abril, o país deve crescer mais 4,9% no próximo ano.

Efeitos da vacinação

O FMI ressalta que o acesso às vacinas foi o grande flanco entre as economias desenvolvidas e emergentes no relatório de julho. Enquanto as maiores economias passam a se beneficiar da imunização ainda em 2021, as mais vulneráveis sentem o atraso do fim da pandemia.

Os mercados emergentes, em média, tiveram revisão para baixo do PIB. Quem puxa a piora é a Índia, que teve reduzida em 3 pontos percentuais a sua projeção. O país teve forte queda de 7,3% em 2020 e deve registrar recuperação para uma alta de 9,5% em 2021.

A região de Emergentes Asiáticos ainda deve ter alta de 7,5% em 2021, mas perdeu 1,1 ponto percentual em relação ao relatório de abril. A China também teve leve revisão para baixo, de 0,3 p.p. A alta esperada é de 8,1% neste ano.

Brasil: 377 trabalhadores perderam o emprego por hora em um ano
Brasil: 377 trabalhadores perderam o emprego por hora em um ano

Riscos persistentes

O FMI novamente levanta como condicionante para uma recuperação econômica global o controle da pandemia da Covid-19. O fundo listou quatro principais riscos: as variantes do coronavírus, os choques pós-pandêmicos, os desajustes de oferta e demanda, e a pressão inflacionária.

As variantes destacam-se como preocupação. O FMI lembra que não há garantia de uma recuperação econômica estável enquanto a vacinação não estiver amplamente disseminada. O exemplo máximo é o Reino Unido, que atrasou a plena abertura da economia por conta do impacto da variante delta na curva de contágios pela doença.

Não bastasse, países com baixa cobertura vacinal podem ser palco de formação de novas variantes, entre as quais alguma que possa escapar da imunidade provocada pelas vacinas já desenvolvidas.

"A prioridade imediata é distribuir vacinas de forma equitativa em todo o mundo", afirma o FMI. 
Risco inflacionário

Outro tema central é a inflação global. O fundo reconhece que as pressões de preços recentes refletem "desenvolvimentos incomuns" relacionados à pandemia. Segundo o FMI, a inflação deverá retornar aos seus níveis pré-pandêmicos na maioria dos países em 2022, embora a incerteza permaneça alta.

O FMI afirma que as perspectivas da política monetária de países desenvolvidos será fundamental para moldar as expectativas de inflação e proteger contra o aperto prematuro das condições financeiras.

"Os bancos centrais devem, em geral, examinar as pressões inflacionárias transitórias e evitar o aperto até que haja mais clareza sobre a dinâmica dos preços subjacentes", diz o relatório.

No entanto, diz o fundo, existe o risco de que as pressões transitórias se tornem mais persistentes e de que os BCs precisem tomar medidas preventivas.

Uma surpresa nesse sentido seria ainda pior em países emergentes, em que ainda é esperada alguma pressão nos preços de alimentos e atraso no repasse dos preços mais altos do petróleo para os importadores, por exemplo.

"O crescimento seria mais fraco do que o projetado se os obstáculos logísticos na aquisição e distribuição de vacinas nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento levassem a um ritmo de vacinação ainda mais lento do que o previsto", diz o relatório.

"Além disso, o excesso de poupança das famílias pode ser liberado de forma mais gradual se elas permanecerem preocupadas com as perspectivas de emprego e segurança de renda, pesando sobre os gastos agregados."

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segunda-feira, 26 de julho de 2021

Amazônia: Como El Niño ajudou a devastar 2,5 bilhões de árvores e cipós em meio a seca e incêndios

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Pesquisadores estudaram área afetada por El Niño em 2015 e 2016, descobrindo que seca e fogos causaram a morte de bilhões de plantas em área que representa apenas 1,2% de toda a Floresta Amazônica brasileira.
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TOPO
Por Juliana Gragnani, BBC

Postado em 26 de julho de 2021 às 09h40m


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Queimada de floresta amazônica ao lado da BR 163 no Pará deixou grande número de árvores mortas (na imagem, sem folhas e esbranquiçadas) — Foto: Queimada de floresta amazônica ao lado da BR 163 no Pará deixou grande número de árvores mortas (na imagem, sem folhas e esbranquiçadas)
Queimada de floresta amazônica ao lado da BR 163 no Pará deixou grande número de árvores mortas (na imagem, sem folhas e esbranquiçadas) — Foto: Queimada de floresta amazônica ao lado da BR 163 no Pará deixou grande número de árvores mortas (na imagem, sem folhas e esbranquiçadas)

A intensa seca e os incêndios florestais que atingiram a Amazônia em 2015 e 2016 mataram ao menos 2,5 bilhões de árvores e cipós em apenas uma pequena parte da floresta, descobriram pesquisadores.

O El Niño é um fenômeno climático que envolve um aquecimento incomum do Oceano Pacífico. Em 2015 e no início de 2016, provocou efeitos devastadores em diferentes regiões do mundo—- na Amazônia, houve redução de chuvas e intensa seca em uma mata que normalmente é úmida, além de favorecer a disseminação de fogos causados por humanos.

A área analisada pelos pesquisadores fica na região da cidade de Santarém, no Pará, e tem 6,5 milhões de hectares — maior que os Estados de Alagoas e Sergipe juntos. Essa "pequena" parte onde morreram bilhões de árvores representa apenas 1,2% da Amazônia brasileira.
Floresta afetada pela seca e fogos na região de Santarém durante o El Niño em 2015 — Foto: Erika Berenguer/Divulgação
Floresta afetada pela seca e fogos na região de Santarém durante o El Niño em 2015 — Foto: Erika Berenguer/Divulgação

Os pesquisadores também calcularam quanto carbono foi liberado na atmosfera em consequência da morte dessas bilhões de árvores: 495 milhões de toneladas de CO² — valor maior que o liberado pela floresta em um ano inteiro de desmatamento. E descobriram ainda que as árvores continuaram a morrer e a liberar mais carbono na atmosfera por causa da seca provocada pelo El Niño anos depois do fenômeno climático.

O estudo "Tracking the impacts of El Niño drought and fire in human-modified Amazonian forests" (monitorando os impactos da seca e incêndios do El Niño em florestas amazônicas com interferência humana) foi publicado nesta segunda (19/7) no periódico científico PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America).

Como monitorar tantas árvores?

Incêndios florestais na Amazônia são feitos de fogos bem pequenos, com chamas de 30 cm de altura que se movem muito devagar durante dias e dias de queima — Foto: Erika Berenguer/Divulgação
Incêndios florestais na Amazônia são feitos de fogos bem pequenos, com chamas de 30 cm de altura que se movem muito devagar durante dias e dias de queima — Foto: Erika Berenguer/Divulgação

Desde 2010, pesquisadores monitoram 21 parcelas de terra da Floresta Amazônica espalhadas com até 100 km de distância umas das outras na região do Baixo Tapajós.

Em 2015, observando a extrema seca causada pelo El Niño, resolveram verificar como o fenômeno impactaria as plantas daquela região.

Eles já tinham mapeado 6.117 delas — "como num jogo de batalha naval", explica a bióloga Erika Berenguer, das universidades de Oxford e Lancaster e autora principal do estudo. Cada árvore era registrada em quadrantes diferentes, com seu "X" e "Y" correspondente para facilitar sua identificação.

Ao longo de três anos, entre outubro de 2015 e outubro de 2018, os pesquisadores voltaram trimestralmente para cada uma daquelas 21 parcelas de terra e verificavam árvore por árvore para saber qual havia sido seu destino.

As árvores morrem pela seca ou pelo fogo causado por humanos. E esse fogo, por sua vez, pode ter diferentes origens. Uma delas, talvez a mais conhecida, é o desmatamento. Depois de derrubadas as árvores, o fogo é colocado para se livrar da floresta no chão. Outras origem são seu uso para a limpeza de pasto na Amazônia ou para incorporar os nutrientes da vegetação no solo — uma prática antiga que, no entanto, é afetada negativamente pela seca que deixa a paisagem mais inflamável.

Esses fogos controlados podem escapar da área designada e entrar dentro de áreas de floresta. Em um período de seca, isso é perigoso.

"A Amazônia é muito úmida. Normalmente esse fogo, se escapasse, morreria, igual fogo em um pedaço de pano molhado", explica Berenguer. Mas como, no período analisado por cientistas, o clima estava muito seco — foram oito meses de seca — "o fogo, quando escapava, entrava na floresta". "Ela estava como um pano seco parado no sol."

Brasil pode fazer mapa de risco de incêndio para evitar maiores perdas em eventos de seca — Foto: Erika Berenguer/Divulgação
Brasil pode fazer mapa de risco de incêndio para evitar maiores perdas em eventos de seca — Foto: Erika Berenguer/Divulgação

São fogos bem pequenos, com chamas de 30 cm de altura, e que se movem muito devagar durante dias e dias de queima. "É lerdo e de baixa intensidade. Mas quando cobre grandes áreas, fica difícil de apagar", diz a pesquisadora. Além disso, é difícil de ver, porque as árvores são altas. Sua fumaça, sim, é visível.

Então, pesquisadores voltavam para aquelas parcelas de mata para ver se as árvores haviam morrido. É possível descobrir se uma árvore na Amazônia morreu de acordo com diferentes fatores.

"Se não tem folha, é um sinal que já está morta, já que a maioria das árvores na Amazônia não perdem folhas em partes do ano", explica Berenguer. Outra técnica: fazer um corte com um facão. "Você tira um pedaço da casca para ver se ela está seca ou não."

Ela explica que, diferentemente de outros biomas, a Amazônia não evoluiu com o fogo. "As árvores não estão preparadas para lidar com o fogo, elas têm uma casca muito fina, sem o isolamento térmico que árvores do cerrado têm. A casca de árvores da Amazônia são iguais a uma folha de papel. Ela é superfina, sem proteção alguma", diz.

Depois de descobrirem quantas árvores e cipós tinham morrido em excesso, os cientistas extrapolaram esse resultado para a área maior do Baixo Tapajós, de 6,5 milhões de hectares. "A gente sabe o quanto de floresta tem nessa área grande e o quanto em média a gente perdeu de árvores nas parcelas. Se a gente perdeu em média tantas árvores nessas parcelas todas, o quanto a gente perdeu na região toda?", explica Berenguer.

O resultado foram os inacreditáveis 2,5 bilhões de árvores e cipós perdidos naquela região. Para Berenguer, os números surpreenderam ao mostrar a grandeza da mortalidade das árvores e a perda de carbono. "Quando você está andando na floresta, você sabe que a situação não está boa. Mas não sabíamos a magnitude disso."

Ver grande parte da floresta que monitorava havia anos de repente morta foi "difícil emocionalmente", diz Berenguer. "Você cria ligações com a floresta, como se fosse o quarteirão onde você mora, com a árvore que você gosta."

Os pesquisadores também descobriram que os efeitos da seca do El Niño duraram mais de três anos em florestas afetadas pela seca e dois anos e meio em florestas afetadas tanto pela seca quanto pelo fogo, com árvores ainda morrendo nesse período por conta do fenômeno climático.

O número menor para as florestas afetadas pela seca e pelo fogo parece, de início, contraintuitivo. Mas "não é porque fogo causa menos dano", explica Berenguer. "É porque já morreu tanta planta no início, que acaba não tendo mais o que matar."

As árvores localizadas em florestas que já sofreram impacto são muito mais vulneráveis ao próximo fogo, com maior chance de morrerem. A floresta fica aberta, com maior entrada de luz e vento, o que a deixa mais seca. "Se o fogo escapar em outros anos, é mais propício de se sustentar ali. Acaba criando um looping de feedback negativo", diz Berenguer.

Soluções

Autora principal do estudo, Erika Berenguer, monitora árvores em uma floresta amazônica queimada durante o El Niño de 2015 — Foto: Marizilda Cruppe/Rede Amazônia Sustentável
Autora principal do estudo, Erika Berenguer, monitora árvores em uma floresta amazônica queimada durante o El Niño de 2015 — Foto: Marizilda Cruppe/Rede Amazônia Sustentável

O El Niño acontece a cada dois a sete anos, em média, e há estudos que apontam que as mudanças climáticas podem agravar o fenômeno. Seu efeito na Amazônia, como se vê, é devastador. Mas há ações que podem ser feitas para evitar que seja tão destrutivo.

Um ponto fundamental é a prevenção, diz Joice Ferreira, pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental e da Rede Amazônia Sustentável e uma das autoras do estudo. Por meio de satélites, cientistas já têm a capacidade de prever secas. "E já sabemos que a seca é altamente relacionada com queimadas. Uma vez que o fogo inicia é muito difícil controlar."

Quando o desmatamento em um ano é muito alto, é possível inferir, também, que isso poderá se refletir no ano seguinte com uma possibilidade maior de incêndios, já que regiões com áreas mais desmatadas e mais secas são mais vulneráveis a queimadas.

Por isso, diz Ferreira, o Brasil tem "toda a condição de fazer um mapa de risco de incêndio", como está sendo feito na região do Tapajós.

E há três pontos que podem ser endereçados. A seca, o fogo causado pela limpeza de pasto ou por comunidades para incorporar os nutrientes da vegetação ao solo e, claro, o fogo causado para "limpar" uma região desmatada.

Para diminuir as consequências de um evento de seca como o El Niño, a médio e longo prazo, é preciso investir na restauração florestal, diz Ferreira, para reduzir a degradação das florestas. Dessa maneira, as matas ficam menos secas e, assim, menos vulneráveis a secas.

Para controlar o fogo que pode escapar quando usado para limpar o pasto ou para incorporar nutrientes ao solo, gestores podem fazer regras mais rígidas, determinando certas condições para a realização dessas queimadas.

Podem determinar, por exemplo, a quantos dias de diferença da chuva esses fogos poderão ser feitos, impedir que sejam levados a cabo em horários de maior calor ou que sejam postos no contravento e não a favor do vento, entre outros.

O governo pode também disseminar técnicas agrícolas que dependam menos do fogo, diz Ferreira, e dar apoio para que populações tenham condições de usar essas outras técnicas.

 Por fim, é preciso combater o desmatamento — em sua maior parte, ilegal. "É uma questão de comando e controle. As instituições têm que ser mais fortalecidas, devem ser mais rigorosas nas multas, na regularização ambiental das propriedades e realmente fazer esforço para utilizar recursos que tem para responsabilizar quem faz as práticas ilegais", diz Ferreira.

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