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domingo, 30 de maio de 2021

Dia da Mata Atlântica: SC perde 887 hectares e é o 4º estado que mais desmatou entre 2019 e 2020

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Dados são do relatório do Atlas da Mata Atlântica que mostra aumento em 25% do índice de desmatamento em comparação ao ano anterior. 'Ficar entre os 5 principais desmatadores é vergonhoso', diz biólogo.
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Por Caroline Borges e Carolina Fernandes, G1 SC

Postado em 30 de maio de 2021 às 17h00m


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Bioma da Mata Atlântica em Florianópolis (SC) — Foto: Pedro Peloso/Arquivo Pessoal
Bioma da Mata Atlântica em Florianópolis (SC) — Foto: Pedro Peloso/Arquivo Pessoal

Dos 17 estados brasileiros que têm a Mata Atlântica presente no território, Santa Catarina é o quarto que mais desmatou o bioma entre 2019 e 2020. Segundo uma pesquisa divulgada na quarta-feira (26) em alusão ao Dia da Mata Atlântica comemorado nesta quinta-feira (27), o estado perdeu 887 hectares no período.

Em comparação ao relatório do Atlas da Mata Atlântica de 2018 a 2019, o estado aumentou em 25% o índice de desmatamento. Um ano antes foram destruídos de forma irregular 710 hectares em Santa Catarina.

Para o biólogo e ex-professor do Departamento de Botânica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), João de Deus, o resultado no Atlas não era esperado

"Temos áreas já alteradas mais do que suficientes para acomodar atividades e empreendimentos. Não é razoável que tenhamos ainda o estado e municípios autorizando supressão de vegetação de Mata Atlântica. Ficar entre os 5 principais desmatadores de Mata Atlântica é vergonhoso", afirmou o biólogo.

Até a noite desta quinta, o G1 tentava contato com o Instituto do Meio Ambiente do estado para posicionamento em relação aos dados.
Figura mostra (em verde) a área de mata perdida entre 2019 - 2020 em Santa Catarina  — Foto: Atlas da Mata Atlântica/Reprodução
Figura mostra (em verde) a área de mata perdida entre 2019 - 2020 em Santa Catarina — Foto: Atlas da Mata Atlântica/Reprodução

A pesquisa, que é realizada desde 1989, mostrou variação dos índices de destruição ao longo dos anos no estado. Nos últimos dez anos, a menor marca registrada de desmatamento foi de 499 hectares, entre 2011-2012 (veja mais abaixo).

Santa Catarina conserva 2.183.862 hectares de áreas de florestas remanescentes da Mata Atlântica. O bioma abriga diversas formações florestais como restingas, manguezais e campos de altitude e está presente nas áreas urbanas e rurais do estado.

Desmatamento da Mata Atlântica em SC

Ano Desmatamento (hectares)
19-20 887
18-19 710
17-18 905
16-17 595
15-16 846
14-15 598
13-14 692
12-13 672
11-12 499
10-11 568

O levantamento foi feito por meio de imagens de satélite e tecnologias na área da informação, do sensoriamento remoto e do geoprocessamento. O objetivo é determinar a distribuição espacial dos remanescentes florestais e de ecossistemas associados da Mata Atlântica, monitorar as alterações da cobertura vegetal e gerar informações permanentemente aprimoradas e atualizadas desse bioma.

O estudo é uma iniciativa da Fundação SOS Mata Atlântica em convênio com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), unidade do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações - MCTI iniciada em 1989.

"A manutenção de um alto patamar de perda da vegetação nativa da Mata Atlântica, com o aumento do desmatamento em alguns estados, mantém o bioma em um grau elevado de ameaça e risco. [...] a proteção e a restauração do bioma são fundamentais para garantir serviços ecossistêmicos para 70% da população que vivem em seus domínios e 80% da economia brasileira", aponta o relatório.

Importância Mata Atlântica em SC

Mata Atlântica em Balneário Camboriú (SC) — Foto: Luíza Fregapani/G1 SC
Mata Atlântica em Balneário Camboriú (SC) — Foto: Luíza Fregapani/G1 SC

O biólogo João de Deus explica que a preservação da Mata Atlântica é essencial para manutenção de organismos importantes para polinização que realizam o controle de herbívoros, o que gera reflexos diretos na agricultura.

"A sequência de períodos de estiagem nos mostra claramente a importância da Mata Atlântica para a segurança hídrica, com reflexos diretos na produção industrial e agropecuária e, sem dúvida, na qualidade de vida de todo cidadão catarinense"

Na área costeira do estado, segundo João, também tem interferência da mata na proteção das restingas e manguezais. É ela que evita a erosão costeira e garante até a sustentabilidade das atividades ligadas à pesca, de acordo com ele.

"A redução da poluição e manutenção da qualidade do ar também se vincula diretamente a manutenção de remanescentes de vegetação nativa. [...] Para isso é essencial fortalecer as entidades organizadas da sociedade civil, para ter maior atuação com a geração dessas demandas, tentando frear medidas tomadas pelo estado que contribuem para a ampliação dessa degradação da Mata Atlântica em Santa Catarina", conclui.

Tulsa: Massacre que destruiu a 'Wall Street negra' completa 100 anos ainda pouco conhecido

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Em 31 de maio de 1921, multidão de brancos invadiu e destruiu o distrito de Greenwood, que na época era uma das comunidades negras mais prósperas do país; episódio pouco conhecido da história dos EUA foi retratado em série da HBO.
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TOPO
Por BBC

Postado em 30 de maio de 2021 às 15h40m


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Teatro completamente destruído durante o ataque à "Wall Street negra" — Foto: DIVULGAÇÃO/GREENWOOD CULTURAL CENTER
Teatro completamente destruído durante o ataque à "Wall Street negra" — Foto: DIVULGAÇÃO/GREENWOOD CULTURAL CENTER

Um dos piores capítulos na longa história de violência racial nos Estados Unidos, e que até pouco tempo atrás muitos americanos nunca tinham ouvido falar, completa agora 100 anos.

Em 31 de maio de 1921, na cidade de Tulsa, no Estado de Oklahoma, uma multidão de pessoas brancas invadiu e destruiu o distrito de Greenwood, que na época era uma das comunidades negras mais prósperas do país, apelidada de "Wall Street Negra".

A violência se estendeu por 18 horas, durante as quais mais de mil casas e estabelecimentos comerciais foram saqueados e incendiados. Alguns historiadores calculam que até 300 pessoas tenham sido mortas.

Cerca de 10 mil ficaram desabrigadas.

Na semana passada, uma mulher de 107 anos, a sobrevivente mais antiga do massacre, foi ao Congresso dos Estados Unidos "para buscar justiça".

"Estou aqui para pedir ao meu país que reconheça o que aconteceu em Tulsa em 1921."

O episódio, ausente de livros escolares durante décadas, voltou a ganhar atenção quando foi tema do capítulo inicial da série Watchmen, da HBO. Muitos espectadores confessaram que não sabiam do que se tratava.

Uma das atrizes da série, Regina King, à época, chegou a tuitar uma reportagem sobre o tema, depois de ver "tantos tuites (dizendo) que Watchmen era a primeira vez que ouviam sobre a 'Wall Street Negra' e que não tinham ideia de que a abertura (da série) mostrava o massacre de Tulsa, que não foi ensinado em aulas de história nos Estados Unidos".

Prosperidade

A Tulsa do início da década de 1920 era uma cidade moderna de mais de 100 mil habitantes. Alguns anos antes, a descoberta de poços de petróleo havia enriquecido muitos moradores brancos e também alguns negros que tinham terras na área.
Moradores tiveram que viver em barracas após destruição — Foto: OKLAHOMA HISTORICAL SOCIETY via BBC
Moradores tiveram que viver em barracas após destruição — Foto: OKLAHOMA HISTORICAL SOCIETY via BBC

Mas esse era um período de violência racial, com linchamentos e rígidas leis de segregação, que proibiam que negros frequentassem os mesmos ambientes que a população branca. Assim como em várias outras cidades americanas, os trilhos da ferrovia marcavam a separação entre a parte negra e a parte branca da cidade.

O distrito de Greenwood ficava ao norte dos trilhos. A partir de 1905, a área começou a atrair comerciantes e empreendedores negros, dando início ao que ficaria conhecido como a "Wall Street Negra", uma das mais bem-sucedidas comunidades negras em um país que somente poucas décadas antes havia abolido a escravidão.

Segundo o historiador Scott Ellsworth, autor do livro Death in a Promised Land: The Tulsa Race Riot of 1921 ("Morte em uma terra prometida: o tumulto racial de Tulsa de 1921", em tradução livre), a maioria dos 10 mil residentes negros da cidade vivia em Greenwood.

"Um bairro vibrante que abrigava dois jornais, várias igrejas, uma biblioteca e vários estabelecimentos comerciais que pertenciam a proprietários negros", escreveu Ellsworth em um artigo para a Oklahoma Historical Society (Sociedade Histórica de Oklahoma).

Os 40 quarteirões que formavam a chamada "Wall Street Negra" eram pontuados por hotéis, restaurantes, joalherias e cerca de 200 estabelecimentos comerciais de pequeno porte, como farmácias, armarinhos, lavanderias, barbearias e salões de beleza. Havia até um cinema.

As casas elegantes de Greenwood eram endereço de muitos médicos, dentistas, advogados e outros profissionais negros de renome. "A. C. Jackson era considerado o melhor cirurgião negro do país. Simon Berry era um piloto negro que tinha seu próprio avião e era proprietário de um serviço de transportes", disse à BBC News Brasil no ano passado a diretora de programação do centro cultural de Greenwood, Mechelle Brown.

"Era extraordinária a prosperidade que existia na comunidade negra de Tulsa na época", afirmou Brown.

Tensão racial e ressentimento

Mas Ellsworth observa que Tulsa também tinha problemas, com altas taxas de criminalidade e casos de linchamento, inclusive o de um jovem branco acusado de assassinato e morto por uma multidão branca meses antes do massacre em Greenwood.

Dajour Ashwood, Steven Norfleet and Alexis Louder em cena da série “Watchmen”, da HBO — Foto: DIVULGAÇÃO/MARK HILL/HBO via BBC
Dajour Ashwood, Steven Norfleet and Alexis Louder em cena da série “Watchmen”, da HBO — Foto: DIVULGAÇÃO/MARK HILL/HBO via BBC

Historiadores ressaltam que, nessa época, em todo o país, havia ressentimento por parte de muitos brancos com o fato de alguns negros serem bem-sucedidos. Os anos anteriores já haviam registrado dezenas de conflitos raciais em diversas cidades americanas, com centenas de negros mortos.

"Muitos brancos tinham inveja do sucesso dos afro-americanos, faziam comentários do tipo 'como esses negros ousam ter um piano de cauda em sua casa se eu não tenho um piano na minha?'. Também acreditavam que os afro-americanos estavam roubando seus empregos", diz Mechelle Brown.

Ela ressalta ainda que o grupo supremacista branco Ku Klux Klan tinha muita força nos anos 1920. A primeira Ku Klux Klan operou entre as décadas de 1860 e 1870, durante o período de Reconstrução. Em 1915, foi fundada a segunda versão do grupo. "Muitos líderes municipais, policiais, bombeiros eram membros da Ku Klux Klan", afirmou Brown.

Segundo Ellsworth, a "explosão de violência" em Greenwood foi um entre vários episódios semelhantes ao redor do país. "Ocorreu durante uma era de profundas tensões raciais, caracterizada pelo nascimento e rápido crescimento da chamada segunda Ku Klux Klan e pelos esforços determinados de afro-americanos para resistir aos ataques contra suas comunidades, particularmente na questão de linchamentos", escreveu o historiador.

Gritos no elevador

O episódio que provocou o massacre em Greenwood ocorreu em 30 de maio de 1921. Naquela tarde, um engraxate negro chamado Dick Rowland, de 19 anos, pegou o elevador no Drexel Building, prédio onde ficava o único banheiro que os negros tinham permissão para usar no centro da cidade. A ascensorista, uma jovem branca chamada Sarah Page, deu um grito.

Guarda nacional com negros detidos após o massacre — Foto: OKLAHOMA HISTORICAL SOCIETY via BBC
Guarda nacional com negros detidos após o massacre — Foto: OKLAHOMA HISTORICAL SOCIETY via BBC

Segundo Ellsworth, não se sabe o que causou a reação da moça, mas "a explicação mais comum é que Rowland pisou no pé de Page ao entrar no elevador, fazendo com que ela gritasse".

Rowland foi detido e, no dia seguinte, o jornal Tulsa Tribune noticiou que ele havia tentado estuprar Page. "Além disso, segundo testemunhas, o Tribune também publicou um editorial, hoje perdido, intitulado 'Negro será linchado esta noite'", escreveu Ellsworth.

Uma multidão de brancos se dirigiu à cadeia, mas o xerife se recusou a entregar o prisioneiro. Ao ficarem sabendo disso, dezenas de homens negros de Greenwood, muitos deles veteranos da Primeira Guerra Mundial que estavam armados, também se dirigiram até a cadeia, para ajudar a proteger Rowland. A ajuda foi recusada pelo xerife.

"Quando (os negros) estavam indo embora, um homem branco tentou desarmar um veterano negro, e um tiro foi disparado. O tumulto começou", relatou Ellsworth.

Destruição

Frustrados por não terem conseguido linchar Rowland, brancos armados começaram a atacar negros aleatoriamente, atirando contra pessoas e casas. De acordo com Ellsworth, as autoridades pouco fizeram para conter o conflito nessas primeiras horas, concentrando-se em proteger bairros com moradores brancos — que não estavam sob ataque.

Outrora vibrante, a região ficou reduzida a escombros — Foto: OKLAHOMA HISTORICAL SOCIETY via BBC
Outrora vibrante, a região ficou reduzida a escombros — Foto: OKLAHOMA HISTORICAL SOCIETY via BBC

Quando a madrugada de 1º de junho chegou, a multidão enfurecida já reunia milhares, e se dirigiu a Greenwood. Segundo testemunhas, os invasores atearam fogo às casas e lojas. Objetos de valor foram roubados, e o resto destruído. Pelo menos uma metralhadora e até aviões foram usados nos ataques.

Sobreviventes relataram ter visto homens, mulheres e crianças mortos a tiros ao tentar escapar das chamas, entre eles A. C. Jackson, o renomado cirurgião negro, que foi alvejado ao sair de sua casa com as mãos para cima e se render a um grupo de homens brancos. O corpo de bombeiros não respondeu aos chamados de emergência.

"Quando o reforço da guarda nacional chegou a Tulsa, às 9:15 da manhã, a maior parte de Greenwood já havia sido destruída", escreveu Ellsworth. "Quando a violência finalmente chegou ao fim, a cidade estava sob lei marcial, milhares de cidadãos haviam sido detidos por guardas armados e a segunda maior comunidade afro-americana do Estado havia sido reduzida a cinzas."

Até hoje não há consenso sobre o número de vítimas. Um relatório publicado em 2001 por uma comissão que investigou o episódio diz que foi possível confirmar 39 mortos, sendo 26 negros e 13 brancos, mas que as estimativas anteriores, de até 300 vítimas, podem ser verdadeiras - já que muitos corpos podem ter sido jogados em valas comuns e no rio Arkansas, conforme o relato de testemunhas.

Os sobreviventes do massacre foram detidos e levados a acampamentos. Os moradores de Greenwood declararam prejuízo de US$ 1,8 milhão de dólares na época, mas as seguradoras se recusaram a pagar.

Sarah Page, a ascensorista, retirou a acusação contra Dick Rowland, e ele não foi indiciado. Mas, mesmo assim, as autoridades decidiram que os negros eram os culpados pela violência, classificada como um motim racial. Nenhum dos invasores brancos jamais foi responsabilizado.

Esquecimento e investigação

Segundo Ellsworth, a maior parte da população negra de Tulsa ficou desabrigada após o episódio, mas dias depois já começaram a trabalhar na reconstrução de sua comunidade em Greenwood. Muitos se mudaram para barracas nos terrenos onde originalmente ficavam suas casas.

Registro histórico da destruição em Tulsa — Foto: OKLAHOMA HISTORICAL SOCIETY via BBC
Registro histórico da destruição em Tulsa — Foto: OKLAHOMA HISTORICAL SOCIETY via BBC

"Eles estavam determinados a ficar em Greenwood", diz Mechelle Brown. "E em 1925, a comunidade afro-americana já havia reconstruído Greenwood completamente."

Mas muitas famílias nunca se recuperaram. Com o tempo, o massacre caiu no esquecimento e o assunto virou tabu.

"Os brancos não queriam falar sobre isso, muito tinham vergonha do que tinha acontecido", observa Brown. "Os negros também não queriam falar sobre isso. Eles diziam que era muito doloroso, e que para seguir em frente e reconstruir era preciso colocar essa parte da história no passado."

Em 1997, uma comissão estadual formada para investigar o episódio recomendou o pagamento de reparações aos sobreviventes. Também encontrou evidências de valas comuns e recomendou escavações para confirmar sua existência, mas as autoridades na época decidiram não ir adiante com nenhuma das recomendações.

Agora, às vésperas de completar cem anos, o massacre está sendo investigado novamente. No ano passado, o prefeito de Tulsa, o republicano G.T. Bynum, anunciou a reabertura do que chamou de uma "investigação de homicídio". Cientistas estão usando radares de penetração no solo para tentar encontrar as valas comuns. A investigação deve ser concluída até janeiro.

O país inteiro vai estar olhando para Tulsa em 2021, na comemoração de cem anos, para ver como a cidade abordou essa história, como mudamos, o que aprendemos", observa Brown.
A Oklahoma Historical Society reúne uma série de registros históricos do conflito — Foto: OKLAHOMA HISTORICAL SOCIETY via BBC
A Oklahoma Historical Society reúne uma série de registros históricos do conflito — Foto: OKLAHOMA HISTORICAL SOCIETY via BBC

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sábado, 29 de maio de 2021

Rodovia de US$ 1 bilhão não leva a lugar nenhum em Montenegro (e pode quebrar o país europeu)

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Pequena nação nos Bálcãs, que tenta entrar na União Europeia, pegou empréstimo da China e ainda não concluiu trecho de apenas 41 km. Conselho Europeu alerta para 'armadilha da dívida'.
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Por Lucas Sampaio, G1

Postado em 29 de maio de 2021 às 09h00m


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VÍDEO: Rodovia de US$ 1 bilhão não leva a lugar nenhum em Montenegro
VÍDEO: Rodovia de US$ 1 bilhão não leva a lugar nenhum em Montenegro

A rodovia de 41 km custou quase US$ 1 bilhão e atravessa montanhas com túneis e vales com pontes imponentes na paisagem bucólica de Montenegro. Mas, até o momento, não leva a lugar nenhum e ameaça quebrar a economia do pequeno país de pouco mais de 600 mil habitantes na Europa.

Após seis anos de obras, o sonolento vilarejo de Matesevo, às margens do Rio Tara, abrigará o improvável fim de uma das rodovias mais caras do mundo.

Quando for concluída, a estrada Bar-Boljare vai conectar a cidade de Bar, na costa do Mar Adriático em Montenegro, à vizinha Sérvia, passando pela capital Podgorica (veja mais abaixo).
Vista aérea do 1º trecho da rodovia Bar-Boljare, que vai conectar a cidade de Bar, na costa do Mar Adriático de Montenegro, à vizinha Sérvia. Foto feita perto da capital Podgorica em 11 de maio de 2021. — Foto: Savo Prelevic/AFP
Vista aérea do 1º trecho da rodovia Bar-Boljare, que vai conectar a cidade de Bar, na costa do Mar Adriático de Montenegro, à vizinha Sérvia. Foto feita perto da capital Podgorica em 11 de maio de 2021. — Foto: Savo Prelevic/AFP

Mas há um problema. O governo já gastou US$ 944 milhões em empréstimo com um banco chinês para concluir o primeiro trecho da estrada, de apenas 41 km, entre Podgorica e Matesevo.

Ainda é preciso fazer mais 130 km para terminá-la, a um custo provável de, no mínimo, mais US$ 1,2 bilhão. Faltam as ligações entre Bar e Podgorica e entre Matesevo e a fronteira com a Sérvia.

Além disso, a própria Sérvia ainda não assinou acordos para a construção do trecho montanhoso que ligará a autoestrada à sua capital, Belgrado. Sem esses trechos, a estrada não vai a lugar algum.
Rodovia de US$ 1 bilhão não leva a lugar nenhum em Montenegro (e pode quebrar o país europeu) — Foto: Elcio Horiuchi/G1
Rodovia de US$ 1 bilhão não leva a lugar nenhum em Montenegro (e pode quebrar o país europeu) — Foto: Elcio Horiuchi/G1

Empréstimo salgado

Em 2014, o pequeno país dos Bálcãs, que é candidato a entrar na União Europeia, pegou um empréstimo de US$ 944 milhões com um banco chinês para que a estatal chinesa CRBC (China Road and Bridge Corporation) construísse o primeiro trecho da rodovia.

Trabalhadores chineses passaram seis anos cavando túneis em rocha sólida e erguendo pilares de concreto acima de desfiladeiros, e o trecho que liga o vilarejo de Matesevo aos subúrbios da capital, Podgorica, será inaugurado em novembro.

O prazo para começar a quitar o empréstimo começa em julho, antes mesmo de o primeiro trecho ficar pronto (que deveria ter sido inaugurado em maio de 2019, mas atrasou).

Caso a dívida não seja paga, uma comissão de arbitragem em Pequim pode obrigar Montenegro a ceder a gestão de importantes infraestruturas do país, segundo cópia do contrato à qual a agência de notícias France Presse teve acesso.

O projeto faz parte de uma enorme onda de investimentos chineses nos Bálcãs, que geram preocupação na União Europeia de que os governos locais passaram a depender demais do dinheiro de Pequim.
Chineses trabalham na construção da rodovia Bar-Boljare, em Montenegro, em foto tirada em 11 de maio de 2021 perto de Kolasin — Foto: Savo Prelevic/AFP
Chineses trabalham na construção da rodovia Bar-Boljare, em Montenegro, em foto tirada em 11 de maio de 2021 perto de Kolasin — Foto: Savo Prelevic/AFP

'Armadilha da dívida'

Em abril, o ministro das Finanças de Montenegro, Milojko Spajic, tentou diminuir a tensão no bloco europeu, insistindo que o país pode pagar a dívida e não precisa da ajuda.

"Montenegro tem finanças públicas estáveis ​​e sustentáveis ​​e pode financiar regularmente todas as suas dívidas e obrigações para com os parceiros internacionais", disse Spajic.

Em um relatório de fevereiro, o Conselho Europeu de Relações Exteriores descreveu Montenegro como um "exemplo clássico de diplomacia da armadilha da dívida" — quando um país sobrecarrega outro com dívidas incontroláveis ​​para aumentar sua alavancagem.

O empréstimo de US$ 944 milhões equivale a cerca de 15% do Produto Interno Bruto (PIB) que o país tinha antes da pandemia e um quinto da sua dívida externa.

Para piorar, Montenegro é um dos países mais afetados pela Covid-19 do mundo (veja mais abaixo) e a pandemia devastou a indústria do turismo, sua principal fonte de renda.
Trecho da rodovia Bar-Boljare, que vai ligar a cidade na costa do Mar Adriático de Montenegro à Sérvia, em foto feita perto de Matesevo em 11 de maio de 2021 — Foto: Savo Prelevic/AFP
Trecho da rodovia Bar-Boljare, que vai ligar a cidade na costa do Mar Adriático de Montenegro à Sérvia, em foto feita perto de Matesevo em 11 de maio de 2021 — Foto: Savo Prelevic/AFP


Trecho da rodovia Bar-Boljare, que vai ligar a cidade na costa do Mar Adriático de Montenegro à Sérvia, em foto feita perto de Matesevo em 11 de maio de 2021 — Foto: Savo Prelevic/AFP
Trecho da rodovia Bar-Boljare, que vai ligar a cidade na costa do Mar Adriático de Montenegro à Sérvia, em foto feita perto de Matesevo em 11 de maio de 2021 — Foto: Savo Prelevic/AFP

País assolado pela Covid

A pequena nação dos Bálcãs tem pouco mais de 600 mil habitantes e o 2º maior número de casos confirmados em relação à população e o 7º maior número de mortes proporcionais.

São mais de 158 mil infectados a cada 1 milhão de montenegrinos, atrás apenas de Andorra, um pequeno principado independente encravado entre a França e a Espanha nos Pirineus.

Montenegro tem também 2,5 mil mortes por Covid-19 a cada 1 milhão de habitantes, atrás apenas de Hungria, República Tcheca, Bósnia e Herzegovina, San Marino, Macedônia do Norte e Bulgária.

Além disso, o país aplicou apenas menos de 29 doses de vacinas contra o novo coronavírus a cada 100 habitantes, patamar próximo ao do Brasil (30) e um pouco acima da média mundial (23).

Mas a imunização está muito abaixo da média da Europa (45) e de países referência na vacinação contra a Covid-19, como Israel (122), Chile (94), Reino Unido (92), Estados Unidos (86) e Uruguai (77).

Os dados são do "Our World in Data", projeto ligado à Universidade de Oxford.
Profissional de saúde administra vacina contra a Covid-19 em idosa na remota aldeia montanhosa de Dragovica Polje, no município de Kolasin, em Montenegro, em 10 de maio de 2021 — Foto: Stevo Vasiljevic/Reuters
Profissional de saúde administra vacina contra a Covid-19 em idosa na remota aldeia montanhosa de Dragovica Polje, no município de Kolasin, em Montenegro, em 10 de maio de 2021 — Foto: Stevo Vasiljevic/Reuters

Críticas e defesas ao projeto

Os críticos ao projeto denunciam o impacto ambiental e a possível corrupção na obra. Já os moradores da pequena Matesevo, situada às margens do Rio Tara, defendem a imponente rodovia.

"A construção é impressionante e não devemos parar por aqui", afirmou Dragan, um aposentado de 67 anos, à France Presse. "Seria como comprar um carro caro e deixá-lo na garagem".

"Para nós, há aspectos positivos. Alguns conseguiram vender suas terras e ir embora, algo que antes era impossível", diz outro morador sobre a comum imigração na região dos Bálcãs.

Os gigantescos pilares da ponte fazem com que sua casa, situada bem ao lado, pareça uma casinha de bonecas. "Consegui vender verduras e frangos para os trabalhadores chineses", conta.

* Com informações das agências de notícias AFP e RFI
Trecho da rodovia Bar-Boljare, que vai ligar a cidade na costa do Mar Adriático de Montenegro à Sérvia, em foto feita perto de Matesevo em 11 de maio de 2021 — Foto: Savo Prelevic/AFP
Trecho da rodovia Bar-Boljare, que vai ligar a cidade na costa do Mar Adriático de Montenegro à Sérvia, em foto feita perto de Matesevo em 11 de maio de 2021 — Foto: Savo Prelevic/AFP

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quinta-feira, 27 de maio de 2021

Brasil não faz quantidade suficiente de testes para Covid e fica atrás no ranking mundial

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País faz apenas 149 testes a cada mil habitantes; os Estados Unidos, mais de 1,3 mil testes; por lá, teve gente testada mais de uma vez.
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g1.globo.com/jornal-nacional/noticia

Postado em 27 de maio de 2021 às 13h45m


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Brasil não faz quantidade suficiente de testes para Covid e fica atrás no ranking mundial
Brasil não faz quantidade suficiente de testes para Covid e fica atrás no ranking mundial

A testagem em massa é essencial para identificar rapidamente os infectados e evitar a transmissão do coronavírus. O Brasil não faz a quantidade suficiente de exames e está bem atrás no ranking mundial.

Muita gente fecha os olhos na hora do cotonete, mas os resultados dos exames de PCR são cruciais para que cada país enxergue e controle a pandemia. Não é à toa que, em março do ano passado, o diretor-geral da OMS recitou o mantra necessário: Testar, testar e testar.

Mas os números mostram que o Brasil tem feito menos que os outros para ver melhor a realidade da Covid. A plataforma "Nosso Mundo em Dados", ligada à Universidade de Oxford, mostra que 77 países do mundo testam mais do que nós.

Os cinco que mais aumentaram a testagem desde o começo da pandemia são Dinamarca, Luxemburgo, Estados Unidos, Israel e Portugal, mas na frente do Brasil estão ainda países como Bolívia, Peru, Argentina e Equador.

São cerca de 200 países no mundo, o Brasil é um dos países mais afetados pela pandemia, em termos de mortes, em termos de casos, e todas as medidas que poderiam facilitar o nosso enfrentamento na pandemia, testagem, vacinação, o Brasil está muito mal colocado nesses rankings internacionais, ressaltou Pedro Hallal, epidemiologista da UFPel.

Pedro Hallal chama a atenção para o baixo número de testes em relação à população brasileira. Enquanto Chile e Austrália fazem mais de 700 testes por mil habitantes, Brasil faz apenas 149 testes em cada grupo de mil pessoas.

Nos Estados Unidos, a relação é de mais de 1,3 mil testes por mil pessoas, ou seja, tem gente testada mais de uma vez. Para controlar a segunda onda por lá, 2,3 milhões testes chegaram a ser feitos por dia.

Abrir a janela da testagem e enxergar mesmo os contaminados com poucos ou nenhum sintoma é, segundo os especialistas, uma das formas de reduzir a transmissão e evitar novas ondas da doença. Condições de testar mais, segundo eles, o Brasil tem.

Materiais para exames não faltam mais, segundo o pesquisador Renato Santana, da Universidade Federal de Minas Gerais. Lá, desde o mês passado, já foram feitos mais de 1,5 mil exames de um tipo novo de PCR capaz de identificar também novas variantes.

O que realmente se precisa fazer é aumentar o acesso desses testes a toda população e permitir que não apenas indivíduos doentes ou hospitalizados tenham acessos a esses testes, mas todas as pessoas que também tenham tido um possível contato com o Sars-CoV2 que causa Covid-19, disse Renato Santana.

Essa foi a estratégia de Portugal para brecar a transmissão. Além da vacinação, fez testagem em massa. Foram mais de 1,2 mil testes por mil habitantes, oferecidos para casos suspeitos e seus contatos.

O Brasil não chegou a 32 milhões de testes distribuídos para os estados. O gráfico do Ministério da Saúde mostra que, além da quantidade insuficiente, a distribuição dos testes é irregular e caiu bastante. Foram pouco mais de 6,4 milhões em maio de 2020, e em abril deste ano não chegou a 1,6 milhão.

A gente precisa parar de procurar desculpas e ouvir as recomendações da ciência. E uma das recomendações principais da ciência, desde o começo da pandemia, é testar em larga escala para interromper a transmissão do vírus, disse Pedro Hallal.

O Ministério da Saúde afirmou que vai oferecer até 20 milhões de testes por mês.

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