Total de visualizações de página

terça-feira, 18 de maio de 2021

Por que é provável que tenhamos 'contaminado' Marte com vida

===+===.=.=.= =---____---------   ---------____------------____::_____   _____= =..= = =..= =..= = =____   _____::____-------------______---------   ----------____---.=.=.=.= +====


A humanidade enviou cerca de 30 espaçonaves e módulos de aterrisagem a Marte desde o início da era espacial. Agora sabemos quais micróbios poderiam ter sobrevivido à viagem.
===+===.=.=.= =---____---------   ---------____------------____::_____   _____= =..= = =..= =..= = =____   _____::____-------------______---------   ----------____---.=.=.=.= +====
TOPO
Por Christopher Mason*, BBC

Postado em 18 de maio de 2021 às 18h45m


.|      .      Post.- N.\ 9.815      .      |.
|||.__-_____    _____ ____    ______    ____- _||

Será que um rastro de bactéria ou esporo vindo da Terra foi acidentalmente transportado para o espaço e sobreviveu à jornada para fazer do planeta vermelho seu novo lar? — Foto: Nasa/JPL-Caltech
Será que um rastro de bactéria ou esporo vindo da Terra foi acidentalmente transportado para o espaço e sobreviveu à jornada para fazer do planeta vermelho seu novo lar? — Foto: Nasa/JPL-Caltech

O fato de podermos percorrer a superfície de Marte é extraordinário.

O robô Perseverance, que é do tamanho de um carro, pousou em segurança na superfície marciana no dia 18 de fevereiro. Só pode avançar a uma velocidade máxima de 152 metros por hora, mas carrega em si uma série de instrumentos com os quais fez experimentos com resultados revolucionários.

A bordo do robô de três metros de comprimento está uma máquina que converteu o ar marciano (fino e cheio de dióxido de carbono) em oxigênio, bem como um helicóptero que fez o primeiro voo motorizado em outro planeta.

O helicóptero, chamado Ingenuity, fez três voos bem-sucedidos, cobrindo distâncias cada vez maiores.

Mas é possível que algo mais tenha chegado a Marte com todos esses dispositivos? Será que um rastro de bactéria ou esporo vindo da Terra foi acidentalmente transportado para o espaço e sobreviveu à jornada para fazer do planeta vermelho seu novo lar?

'Quase impossível' de evitar

A NASA e seus engenheiros do Jet Propulsion Laboratory (JPL) têm protocolos precisos e abrangentes para garantir que suas espaçonaves estejam livres de quaisquer organismos que possam inadvertidamente entrar em uma missão espacial.

No entanto, dois estudos recentes expõem como alguns organismos podem ter sobrevivido ao processo de limpeza e também à viagem a Marte, bem como a rapidez com que as espécies microbianas podem evoluir no espaço.

Em primeiro lugar, vamos abordar como o Perseverance foi construído, bem como a maioria das espaçonaves fabricadas na Spacecraft Assembly Facility (SAF) do JPL.

As naves são construídas meticulosamente, camada por camada, como uma cebola, e cada parte é limpa e esterilizada antes da montagem. Essa metodologia garante que quase nenhuma bactéria, vírus, fungo ou esporo contamine o equipamento que será enviado em uma missão.
A Nasa tem protocolos rígidos para áreas estéreis que visam minimizar a contaminação biológica de veículos espaciais — Foto: Nasa/JPL-Canaltech
A Nasa tem protocolos rígidos para áreas estéreis que visam minimizar a contaminação biológica de veículos espaciais — Foto: Nasa/JPL-Canaltech

Eles são construídos em salas com filtros de ar e procedimentos de controle biológico rigorosos, projetados de forma a garantir que apenas algumas centenas de partículas possam estar presentes e, idealmente, não mais do que algumas dezenas de esporos por metro quadrado.

Mas é quase impossível ter biomassa zero.

Os micróbios estão na Terra há bilhões de anos e estão em toda parte. Eles são encontrados em nossos corpos e ao nosso redor. Alguns podem se infiltrar até nos lugares mais estéreis.

Como saber?

No passado, os testes de contaminação biológica baseavam-se na capacidade de aumentar a vida (em colheitas) a partir de amostras retiradas de um objeto, como uma nave espacial.

Agora usamos métodos mais novos. Pegamos uma determinada amostra, extraímos todo o DNA e então fazemos uma "abordagem da escopeta" ou sequenciamento shotgun.

O termo é usado porque é como colocar as células da amostra em uma espingarda, "disparando" em bilhões de pequenos pedaços de DNA e, em seguida, sequenciando cada pedaço.

Cada sequência "lida" pode ser atribuída a genomas de espécies conhecidas que já estão presentes em bancos de dados de sequenciamento.

Como agora podemos sequenciar todo o DNA que está presente em ambientes estéreis, e não apenas aqueles que podem ser cultivados, temos uma imagem mais completa de quais tipos de micróbios podem ser encontrados lá e se eles poderiam sobreviver ao vácuo do espaço.

VÍDEO: Helicóptero da Nasa faz primeiro voo em Marte
VÍDEO: Helicóptero da Nasa faz primeiro voo em Marte

Nos ambientes estéreis do JPL, foram encontradas evidências de micróbios que podem ser problemáticos durante as missões espaciais.

Esses organismos possuem um maior número de genes de reparo de DNA, o que lhes confere maior resistência à radiação, são capazes de formar biofilmes (comunidades biológicas com um elevado grau de organização) em superfícies e equipamentos, sobrevivem à dessecação (perda de umidade) e prosperam em ambientes frios.

Acontece que nesses ambientes estéreis um processo de seleção evolucionária pode estar ocorrendo para os insetos mais resistentes que mais tarde teriam uma chance maior de sobreviver a uma viagem a Marte.

A 'poluição interplanetária'

Essas descobertas têm implicações para a chamada "poluição interplanetária" proveniente da Terra.

É importante garantir a segurança e preservação de qualquer vida que possa existir em outras partes do universo, uma vez que organismos vindos de outros ecossistemas podem causar estragos.

Os humanos têm uma história negativa disso em nosso próprio planeta.

A varíola, por exemplo, se espalhou entre os povos indígenas na América do Norte no século 19 por meio de cobertores doados. Mesmo agora, não fomos capazes de conter a rápida disseminação do vírus que causa a covid-19, o SARS-CoV-2.

A contaminação direta também é indesejável do ponto de vista científico.

Os cientistas, se descobrirem qualquer tipo de vida em outro planeta, devem garantir que seja genuinamente nativo e não um falso registro de algo com uma aparência extraterrestre, mas originário da Terra.

É que seus genomas podem mudar tanto que podem parecer ser de outro mundo, como vimos recentemente com os micróbios que evoluíram na Estação Espacial Internacional.

Por que isso seria prejudicial?

Embora a Nasa trabalhe duro para evitar a introdução de tais espécies no solo marciano, qualquer sinal de vida em Marte teria que ser cuidadosamente examinado para garantir que não se originou aqui na Terra.

Não fazer isso pode levar a um mal-entendido sobre as características da vida marciana.

Micróbios transportados para o espaço também podem ser uma preocupação mais imediata para os astronautas, colocando em risco sua saúde. Podem até mesmo fazer com que o equipamento de suporte à vida funcione mal, caso fique cheio de colônias de microrganismos.

Mas a proteção planetária é bidirecional.

Devemos também evitar trazer de volta "poluentes" de outro planeta que possam nos colocar em perigo.

Esta tem sido a base de muitos filmes de ficção científica, onde um malvado invasor "alienígena" ameaça exterminar toda a vida na Terra.

Mas pode se tornar em parte realidade com a missão que a Nasa e a Agência Espacial Europeia planejam enviar a Marte em 2028 e que, se planejada, em 2032 trará de volta as primeiras amostras do planeta vermelho.

No entanto, considerando que as duas primeiras sondas soviéticas pousaram na superfície marciana em 1971, seguidas pela sonda US Viking 1 em 1976, é provável que já existam alguns fragmentos de DNA microbiano, e talvez humano, no planeta vermelho.

Detectar sua origem

Mesmo que o Perseverance, ou as missões que o precederam, tenham acidentalmente levado organismos ou DNA da Terra para Marte, temos maneiras de diferenciá-la de qualquer vida que seja de origem verdadeiramente marciana.

Ocultas na sequência de DNA estarão informações sobre de onde os organismos vieram.

Um projeto em andamento chamado Metasub está sequenciando o DNA encontrado em mais de 100 cidades ao redor do mundo.

Pesquisadores de nosso laboratório, as equipes do Metasub e um grupo na Suíça acabaram de publicar esses e outros dados metagenômicos globais para criar um "índice genético planetário" de todo o DNA sequenciado já observado.

Ao comparar qualquer DNA encontrado em Marte com sequências vistas nos ambientes estéreis do JPL, o mundo subterrâneo, amostras clínicas, esgoto ou a superfície do robô Perseverance antes de deixar a Terra, deve ser possível ver se eles são realmente desconhecidos.

Mesmo que nossa exploração do sistema solar tenha inadvertidamente transportado micróbios para outros planetas, eles provavelmente não são os mesmos de quando deixaram a Terra.

Os ensaios de viagens espaciais e os ambientes incomuns em que estão os fazem evoluir. Se um organismo na Terra se adaptou ao espaço, ou Marte, as ferramentas genéticas à nossa disposição podem nos ajudar a descobrir como e por que os micróbios mudaram.

Na verdade, as novas espécies recentemente descobertas na Estação Espacial Internacional por cientistas do JPL e de nosso laboratório eram semelhantes às encontradas em salas limpas (capazes de suportar altos níveis de radiação).

Um aspecto positivo

À medida que a biologia cada vez mais extrema é registrada em um programa chamado Extreme Microbiome Project, também existe a possibilidade de usar ferramentas evolutivas para trabalhos futuros aqui na Terra.

Podemos usar suas adaptações para buscar novos filtros solares, por exemplo, ou novas enzimas de reparo de DNA que podem nos proteger contra mutações prejudiciais que levam ao câncer, ou ajudar no desenvolvimento de novos medicamentos.

Eventualmente, os humanos colocarão os pés em Marte, levando conosco o coquetel de micróbios que vivem em nossa pele e dentro de nossos corpos.

É provável que esses micróbios também se adaptem, sofram mutações e evoluam.

E também podemos aprender com eles, pois genomas únicos que são adaptados ao ambiente marciano podem ser sequenciados, transmitidos à Terra para posterior esquematização e, então, usados ​​para terapia e pesquisa em ambos os planetas.

Dadas todas as missões marcianas planejadas, estamos à beira de uma nova era de biologia interplanetária, na qual aprenderemos sobre as adaptações de um organismo em um planeta e as aplicaremos em outro.

As lições da evolução e das adaptações genéticas estão inscritas no DNA de cada organismo, e o ambiente marciano não será diferente.

Marte deixará sua marca nos organismos que veremos quando os sequenciarmos, abrindo um novo catálogo de literatura evolucionária.

Isso não apenas alimentará nossa curiosidade, mas é um dever de nossa espécie proteger e preservar todas as outras espécies.

Apenas os humanos entendem a extinção e, portanto, apenas os humanos podem evitá-la.

E isso é verdade hoje, mas será daqui a bilhões de anos, quando os oceanos da Terra começarem a ferver e o planeta ficar quente demais para a existência de vida nele.

Nossa inevitável violação da proteção planetária ocorrerá quando começarmos a nos dirigir a outras estrelas, mas, nesse caso, não teremos outra escolha.

Eventualmente, a poluição interplanetária cuidadosa e responsável é a única maneira de preservar a vida, e é nesta direção que temos de caminhar nos próximos 500 anos.

*Christopher Mason é Professor de Genômica, Fisiologia e Biofísica na Weill Cornell Medicine, Cornell University em Nova York. Ele investiga os efeitos moleculares e genéticos de longo prazo dos voos espaciais humanos, além de tocar um projeto sobre novos tipos de células para a terapia do câncer.

------++-====-----------------------------------------------------------------------=================---------------------------------------------------------------------------------====-++------

Arranha-céu de 291 metros é evacuado na China após tremer

===+===.=.=.= =---____---------   ---------____------------____::_____   _____= =..= = =..= =..= = =____   _____::____-------------______---------   ----------____---.=.=.=.= +====


Nenhum tremor foi registrado na cidade de Shenzhen e causas da oscilação serão investigadas, segundo autoridades locais. Abalo no edifício de 71 andares causou pânico nos ocupantes.
===+===.=.=.= =---____---------   ---------____------------____::_____   _____= =..= = =..= =..= = =____   _____::____-------------______---------   ----------____---.=.=.=.= +====
Por G1

Postado em 18 de maio de 2021 às 14h20m


.|      .      Post.- N.\ 9.814      .      |.
|||.__-_____    _____ ____    ______    ____- _||

O arranha-céu SEG Plaza, de quase 300 metros de altura, é evacuado após começar a tremer na cidade de Shenzhen, na província de Guangdong, no sul da China, em 18 de maio de 2021 — Foto: AFP
O arranha-céu SEG Plaza, de quase 300 metros de altura, é evacuado após começar a tremer na cidade de Shenzhen, na província de Guangdong, no sul da China, em 18 de maio de 2021 — Foto: AFP

Um arranha-céu foi evacuado em meio ao pânico nesta terça-feira (18) em Shenzhen, no sul da China, após o prédio de quase 300 metros de altura balançar por um motivo ainda desconhecido.

A agência de gestão de emergências de Shenzhen anunciou na rede social Weibo que nenhum tremor foi registrado na cidade e as causas da oscilação no edifício serão investigadas.

O incidente ocorreu por volta das 13h50 (horário local, 2h50 em Brasília) e causou pânico entre os ocupantes do prédio.

Concluído em 2000, o SEG Plaza é um dos edifícios mais emblemáticos de Shenzhen, metrópole com mais de 12,5 milhões de habitantes próxima a Hong Kong, e é o 212º prédio mais alto do mundo.

O arranha-céu tem 291,6 metros de altura (ou 355,8 metros, se consideradas as antenas) e 71 andares acima do solo, além de 4 pavimentos subterrâneos, segundo o site Skyscrapercenter.com.

Cinco dos arranha-céus mais altos do mundo estão na China, incluindo a Torre Xangai, que tem 128 andares e 632 metros de altura.

A China proibiu no ano passado a construção de prédios com mais de 500 metros de altura, uma restrição que já estava em vigor em algumas cidades, como a capital Pequim.
O arranha-céu SEG Plaza, de quase 300 metros de altura, é evacuado após começar a tremer na cidade de Shenzhen, na província de Guangdong, no sul da China, em 18 de maio de 2021 — Foto: AFP
O arranha-céu SEG Plaza, de quase 300 metros de altura, é evacuado após começar a tremer na cidade de Shenzhen, na província de Guangdong, no sul da China, em 18 de maio de 2021 — Foto: AFP

Um arranha-céu nunca desabou no país, segundo a agência de notícias France Presse, ao contrário de edifícios mais baixos, devido a normas de construção às vezes frouxas.

Em março de 2020, um hotel usado como local de quarentena contra o coronavírus desabou na província de Fujián, no leste do país. Havia cerca de 70 pessoas no local e 29 morreram.

Equipes de resgate trabalham nos escombros em hotel que desabou na China em março do ano passado — Foto: AFP
Equipes de resgate trabalham nos escombros em hotel que desabou na China em março do ano passado — Foto: AFP

------++-====-----------------------------------------------------------------------=================---------------------------------------------------------------------------------====-++------

segunda-feira, 17 de maio de 2021

Conflito entre Israel e palestinos: por que imagens de satélite de Israel e Faixa de Gaza aparecem borradas no Google?

===+===.=.=.= =---____---------   ---------____------------____::_____   _____= =..= = =..= =..= = =____   _____::____-------------______---------   ----------____---.=.=.=.= +====


Em comparação, as imagens de Pyongyang, a capital da fechada Coreia do Norte, apresentam carros bem definidos, e é possível até distinguir pessoas.
===+===.=.=.= =---____---------   ---------____------------____::_____   _____= =..= = =..= =..= = =____   _____::____-------------______---------   ----------____---.=.=.=.= +====
TOPO
Por BBC

Postado em 17 de maio de 2021 às 11h20m


.|      .      Post.- N.\ 9.813      .      |.
|||.__-_____    _____ ____    ______    ____- _||

Imagens de Gaza no Google Earth aparecem em resolução bastante baixa, e datam de 2016 — Foto: Google via BBC
Imagens de Gaza no Google Earth aparecem em resolução bastante baixa, e datam de 2016 — Foto: Google via BBC

Por que a Faixa de Gaza, um dos lugares mais densamente povoados do mundo, aparece borrada no Google Maps?

Essa é uma questão que vem sendo levantada por pesquisadores que usam informações open source (disponíveis publicamente, como redes sociais e bases de dados abertas e acessíveis para qualquer pessoa, incluindo dados de mapeamento geográfico) com o objetivo de identificar locais atacados e documentar a destruição durante o conflito.

"O fato de não obtermos imagens de satélite de alta resolução de Israel e dos territórios palestinos nos atrapalham", disse Samir, um pesquisador que se vale de informações disponíveis em open source.

Na verdade, grande parte de Israel e dos territórios palestinos aparecem no Google Earth como imagens de satélite de baixa resolução, ainda que empresas de satélite tenham e comercializem imagens de alta qualidade da região.

Dada a baixa de resolução das imagens disponibilizadas pelo Google, quase não é possível distinguir os carros na Cidade de Gaza.

Em comparação, as imagens de Pyongyang, a capital da fechada Coreia do Norte, apresentam carros bem definidos, e é possível até distinguir pessoas.
À esquerda, imagem do Google Earth de Gaza; à direita, imagem de Pyongyang, na Coreia do Norte — Foto: Google Earth via BBC
À esquerda, imagem do Google Earth de Gaza; à direita, imagem de Pyongyang, na Coreia do Norte — Foto: Google Earth via BBC

O uso de imagens de satélite se tornou um elemento fundamental nos registros de conflitos.

No mais recente confronto no Oriente Médio, pesquisadores usam satélites para tentar confirmar as localizações exatas dos mísseis lançados e dos prédios atingidos em Gaza e em Israel.

Entenda a diferença entre os arsenais de Israel e do Hamas
Entenda a diferença entre os arsenais de Israel e do Hamas

Mas no Google Earth, a mais popular plataforma desse segmento, as imagens mais recentes de Gaza aparecem em baixa resolução e por vezes borradas.

"As imagens mais recentes do Google Earth ali são de 2016 e são um lixo. Eu dei um zoom em algumas áreas aleatórias da zona rural da Síria e havia mais de 20 imagens registradas (desde 2016) em alta resolução", escreveu no Twitter o jornalista Aric Toler, do Bellingcat.

O Google afirma que seu objetivo é manter sempre atualizadas as imagens de lugares densamente povoados, mas não tem sido o caso de Gaza.

Há imagens em alta resolução disponíveis?

Até o ano passado, o governo dos Estados Unidos limitava a qualidade das imagens de satélite de Israel e dos territórios palestinos que empresas americanas podiam comercializar.

As restrições foram adotadas em 1997, por meio da Emenda Kyl-Bingaman (KBA, na sigla em inglês), em apoio a temores de segurança de Israel.

Sob a KBA, fornecedores americanos de imagens de satélite podiam oferecer imagens em baixa resolução, com pixels maiores do que 2 m (o que torna visível um objeto do tamanho de um carro).

Não é incomum que lugares como bases militares sejam borradas nessas imagens, mas a KBA se tornou o primeiro caso no qual um país inteiro é colocado nessa condição.

A lei americana só menciona Israel, mas ela tem sido aplicada também aos territórios palestinos, que são em parte ocupados por forças israelenses.

À esquerda, imagem de Gaza no Google Earth (data de 2016); à direita, imagem da Maxar mostra torre destruída (data de 12 de maio de 2021) — Foto: Google e Maxar Technologies via BBC
À esquerda, imagem de Gaza no Google Earth (data de 2016); à direita, imagem da Maxar mostra torre destruída (data de 12 de maio de 2021) — Foto: Google e Maxar Technologies via BBC

No entanto, como muitas empresas de outros países, a exemplo da francesa Airbus, têm capacidade de fornecer essas imagens em alta resolução, os EUA sofreram bastante pressão para suspender as restrições à qualidade das imagens comercializadas.

Em julho de 2020, a KBA foi revogada, e agora o governo dos EUA permite que empresas americanas forneçam imagens de alta resolução da região. Um pixel agora pode ter 40cm, por exemplo, o que permitiria distinguir uma pessoa.

"A motivação inicial é científica", diz Michael Fradley, arqueólogo da Universidade de Oxford, no Reino Unido, e um dos acadêmicos que participaram da campanha bem-sucedida para que a lei americana fosse alterada.

"Queríamos ter uma fonte de dados consistente para trabalhar em nosso projeto, então precisávamos de acesso em alta resolução nos Territórios Palestinos Ocupados comparável ao que usamos em outras partes da região."

Então, por que Gaza ainda está borrada no Google?

A BBC conversou com o Google e a Apple (cujos aplicativos de mapeamento também mostram imagens de satélite).

A Apple disse que está trabalhando para atualizar seus mapas em breve para uma resolução maior, de 40 cm.

O Google disse à BBC que suas imagens vêm de uma variedade de fornecedores e considera "oportunidades para atualizar [suas] imagens de satélite à medida que imagens de alta resolução se tornam disponíveis". Mas acrescentou que "não tem novidades para anunciar neste momento".

"Considerando a importância dos eventos atuais, não vejo razão para que as imagens comerciais desta área continuem a ser deliberadamente borradas", tuitou Nick Waters, investigador open source da Bellingcat.

Quem afinal registra essas imagens?

Plataformas de mapeamento público, como Google Earth e Apple Maps, contam com empresas que possuem satélites para fornecer essas imagens.

Maxar e Planet Labs, duas das maiores do setor, estão agora disponibilizando imagens em alta resolução de Israel e Gaza.

"Como resultado das recentes mudanças nas regulamentações dos EUA, as imagens de Israel e Gaza estão sendo fornecidas com resolução de 0,4 m (40 cm)", disse a Maxar em comunicado.

A Planet Labs disse à BBC que fornece imagens com resolução de 50 cm.

Pesquisadores, no entanto, dependem muito de softwares de mapeamento de uso gratuito (como os do Google) e não costumam ter acesso direto a essas imagens de alta resolução.

O que as imagens de alta resolução podem revelar?

Pesquisadores da Human Rights Watch se uniram à Planet Labs em 2017 para mostrar a destruição das aldeias Rohingya pelos militares em Mianmar.

Imagens de satélite de Mianmar revelaram a dimensão da destruição de vilas da minoria rohingya em Mianmar — Foto: 2017DIGITALGLOBE via BBC
Imagens de satélite de Mianmar revelaram a dimensão da destruição de vilas da minoria rohingya em Mianmar — Foto: 2017DIGITALGLOBE via BBC

As imagens permitiram mapear a extensão dos danos em mais de 200 aldeias na área, comparando imagens de satélite com resolução de 40 cm dessas áreas de antes e depois.

As evidências ajudaram a corroborar as acusações dos rohingyas, minoria muçulmana que fugiu de Mianmar para a vizinha Bangladesh depois que suas casas foram atacadas por militares.

Imagens de satélite também têm sido vitais para rastrear o que está acontecendo na região de Xinjiang, na China, incluindo a rede de centros de "reeducação" criada lá para os uigures.

As informações ajudaram a mostrar onde essas instalações foram construídas, e as imagens em alta resolução também deram uma ideia de sua dimensão e de suas particularidades.

Uma semana de confrontos entre Israel e Palestina: veja imagens marcantes
Uma semana de confrontos entre Israel e Palestina: veja imagens marcantes

------++-====-----------------------------------------------------------------------=================---------------------------------------------------------------------------------====-++------