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segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Nasa diz ter encontrado moléculas de água na superfície da Lua

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Cientistas não sabem ainda se a água é potável e se ela poderá ser usada como um recurso natural.  
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Por G1  
26/10/2020 13h33 Atualizado há 24 minutos
Postado em 26 de outubro de 2020 às 14h00m


         .      Post.N.\9.513    .          
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 Cientistas já sabem que existe água congelada tanto na Lua, como em Marte — Foto: Nasa
Cientistas já sabem que existe água congelada tanto na Lua, como em Marte — Foto: Nasa

Nasa, agência espacial dos Estados Unidos, anunciou nesta segunda-feira (26) uma nova "descoberta emocionante" sobre a Lua. Segundo a agência, foi encontrada água na superfície lunar. Os cientistas ainda não sabem se a água é potável e se ela poderá ser usada como um recurso natural.

A agência explicou que foram detectadas moléculas de água, mas ainda não se sabe o estado. "Muitas pessoas pensam que a detecção que fiz é água em forma de gelo, o que não é verdade. São apenas as moléculas de água – porque estão tão espalhadas que não interagem umas com as outras para formar gelo ou estar na forma líquida", disse Casey Honniball, pesquisadora da Nasa e autora do estudo que confirmou a existência de H20 na Lua.

A Lua não tem corpos de água líquida que são uma marca registrada da Terra, mas os cientistas disseram que a água lunar está mais espalhada, com moléculas de água presas em grãos minerais na superfície.

Os pesquisadores usaram dados do observatório Sofia, uma aeronave Boeing 747SP modificada para carregar um telescópio, que mostra uma visão mais ampla do sistema solar e do universo. O observatório detectou moléculas de água na Cratera Clavius, uma das maiores crateras visíveis da Terra.

Suspeitas confirmadas

O astrônomo Cássio Barbosa explica que o anúncio "é uma confirmação direta da existência de água na lua", sobre a qual já existiam suspeitas. "Os métodos anteriores davam margem a dúvidas, ainda que pequenas. Esse resultado é muito mais robusto", disse Cássio.

"A água pode ser usada para abastecer as estações espaciais, mas também pode ser decomposta em hidrogênio e oxigênio. O hidrogênio, quando queima, libera muita energia e pode servir de combustível. Já o oxigênio servirá para manter a atmosfera dessa base lunar". (...) A importância de se descobrir água na lua é estratégica: ela será útil para a colonização da Lua", disse Cássio. 

Programa Artemis

A água encontrada na Lua foi vista como um recurso potencial pela Nasa, que criou um programa chamado Artemis em 2019 para enviar astronautas americanos de volta à Lua nos próximos anos. Lançar água no espaço custa milhares de dólares por galão. Futuros exploradores poderão usar a água lunar não apenas para matar a sede, mas também para reabastecer seus foguetes.

Busca por água na Lua

Sem uma atmosfera significativa isolando-a dos raios do Sol, os cientistas supunham que a superfície da Lua estava seca até a década de 1990. Nesta década, contudo, uma espaçonave em órbita encontrou indícios de gelo em crateras grandes e inacessíveis perto dos polos lunares.

A primeira pista mais forte de água na Lua apareceu em 2009, quando imagens da espaçonave Chandrayaan-1, da Índia, registraram assinaturas consistentes de reflexos de água na luz na superfície da Lua. Mesmo assim, as limitações técnicas tornaram impossível saber se realmente era água ou moléculas de hidroxila (que são formadas por um átomo de oxigênio e um átomo de hidrogênio) em minerais.

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domingo, 25 de outubro de 2020

'Mistério dos Planetas' mostra que Saturno, a joia do Sistema Solar, tem até chuva de diamante

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Saturno também é conhecido como o noivo do Sistema Solar e é temperamental, com raios e tempestades.  
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Por Fantástico  
25/10/2020 21h23 Atualizado há uma hora
Postado em 25 de outubro de 2020 às 22h25m



         .      Post.N.\9.512    .           
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'Mistério dos Planetas' mostra que Saturno, joia do Sistema Solar, tem chuva de diamante
'Mistério dos Planetas' mostra que Saturno, joia do Sistema Solar, tem chuva de diamante

A viagem do Mistério dos Planetas faz uma nova parada em Saturno, para os íntimos a joia do Sistema Solar. Cientistas dizem que no planeta famoso pelos anéis tem até chuva de diamante.

Com seu sistema de anéis de aproximadamente 300 mil quilômetros de largura, Saturno é o noivo do Sistema Solar que gosta de caprichos extravagantes, como raios que piscam e tempestades que rodopiam feito furacões.

Além de tudo isso, ele também é misterioso. Não é possível se apoiar nele, porque Saturno não tem superfície sólida. É uma atmosfera que parece nunca se acabar.

Veja na reportagem por que ele é desse jeito e o que tem a ver a densa atmosfera gasosa com os anéis feitos de gelo.

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Primeiro ninho de vespas assassinas é encontrado e destruído nos EUA

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Cientistas rastrearam os insetos e encontraram o ninho na cidade de Blaine.  
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Por G1  
25/10/2020 16h32 Atualizado há uma hora
Postado em 25 de outubro de 2020 às 17h35m



         .      Post.N.\9.511    .           
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A vespa gigante asiática é a maior do mundo e pode medir mais de 5 cm — Foto: WSDA/BBC
A vespa gigante asiática é a maior do mundo e pode medir mais de 5 cm — Foto: WSDA/BBC

Equipes fortemente protegidas no estado de Washington trabalharam no sábado (24) para destruir o primeiro ninho das chamadas vespas assassinas descoberto nos Estados Unidos. 

Encontrado na cidade de Blaine, perto da fronteira canadense, o ninho tem o tamanho de uma bola de basquete e continha cerca de 100 a 200 vespas, de acordo com cientistas que anunciaram a descoberta na sexta-feira.

A vespa gigante asiática capturada em julho (ao centro), em comparação com outras da mesma espécie — Foto: WSDA/BBC
A vespa gigante asiática capturada em julho (ao centro), em comparação com outras da mesma espécie — Foto: WSDA/BBC

O Departamento de Agricultura do estado passou semanas procurando, prendendo e usando dispositivos de rastreamento para localizar a vespas gigantes asiáticas.

Os insetos foram aspirados da cavidade de uma árvore . Trajes especiais utilizados pelas equipes evitam que os ferrões de 6 milímetros das vespas machuquem os trabalhadores, que também usavam protetores faciais porque as vespas presas podem cuspir veneno doloroso em seus olhos.

Tudo que você precisa saber sobre as vespas que apareceram nos EUA

A árvore será cortada para extrair vespas recém-nascidas e saber se alguma rainha já deixou a colmeia, disseram os cientistas. As autoridades suspeitam que mais ninhos possam estar na área e continuarão procurando.

Apesar do apelido e do exagero que gerou temores em um ano já sombrio, os maiores vespas do mundo matam no máximo algumas dezenas de pessoas por ano nos países asiáticos, e especialistas dizem que provavelmente é bem menos.

Enquanto isso, marimbondos, vespas e abelhas normalmente encontradas nos Estados Unidos matam uma média de 62 pessoas por ano, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças.

A verdadeira ameaça das vespas gigantes asiáticas - que têm 5 centímetros de comprimento - são os ataques devastadores às abelhas, que já estão sob o cerco de problemas como ácaros, doenças, pesticidas e perda de alimentos.

O inseto invasor é normalmente encontrado na China, Japão, Tailândia, Coréia do Sul, Vietnã e outros países asiáticos. O estado de Washington e a província canadense de British Columbia são os únicos lugares onde as vespas foram encontradas no continente.

O Departamento de Agricultura de Washington (WSDA) tem procurado ativamente por ninhos de vespas gigantes asiáticas desde que as primeiras vespas foram capturadas no início deste ano.

A primeira detecção confirmada de uma vespa gigante asiática em Washington foi feita em dezembro de 2019 e a primeira vespa foi presa em julho deste ano. Vários outros foram capturados posteriormente, todos no condado de Whatcom.

As vespas gigantes asiáticas, uma praga invasiva não nativa dos Estados Unidos, são as maiores vespas do mundo e predadoras de abelhas melíferas e outros insetos. Um pequeno grupo de vespas gigantes asiáticas pode matar uma colmeia inteira em questão de horas.

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Investimento no Brasil cairá na década pela 1ª vez desde os anos 80, aponta estudo

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Levantamento realizado pela FGV mostra que taxa de investimento deve recuar 2,2% ao ano, em média, entre 2011 e 2020. Incertezas sobre a trajetória da dívida pública e endividamento elevado das empresas são principais obstáculos para retomada.  
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Por Luiz Guilherme Gerbelli, G1  
25/10/2020 07h29 Atualizado há 4 horas
Postado em 25 de outubro de 2020 às 11h35m


         .      Post.N.\9.510    .           
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Ao fim desta década, a economia brasileira vai ter colhido mais um indicador ruim. Entre 2011 e 2020, os investimentos deverão ter registrado queda média de 2,2% ao ano, mostra levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).

Será a primeira queda do investimento para um período de dez anos desde 1980, conhecida como a década perdida.

O investimento é mais um dado que evidencia a fraqueza econômica do país na década atual. Outro levantamento do Ibre já apontou que o Produto Interno Bruto (PIB) do período de 2011 e 2020 será o pior dos últimos 120 anos, pelo menos.

Nos anos recentes, o fraco desempenho dos investimentos se concentrou de 2014 em diante, período a partir do qual a economia brasileira enfrentou uma dura recessão até 2016, observou um triênio de lenta recuperação e, agora em 2020, passou a ser impactada pela pandemia de coronavírus, que colocou o país novamente em recessão.

Fraco desempenho — Foto: Economia G1
Fraco desempenho — Foto: Economia G1

"O Brasil tem nos últimos 40 anos duas décadas perdidas, então isso explica o fato de o país estar com esse quadro de crescimento fraco", diz Marcel Balassiano, pesquisador do Ibre/FGV e um dos autores do levantamento. O estudo também teve a participação dos economistas do Ibre Claudio Considera e Juliana Trece.

Para calcular o dado do investimento na década atual, o Ibre utilizou a projeção para o desempenho do investimento contida no relatório de inflação, do Banco Central. A expectativa é de queda de 6,6% neste ano.

Se não houvesse a crise provocada pela pandemia, o desempenho do investimento continuaria fraco. No relatório de inflação de dezembro do ano passado, portanto, antes de iniciada a pandemia, a expectativa era de alta de 4,1% para os investimentos, o que levaria a década atual a apresentar uma queda média de 1,2%.

"O coronavírus agravou uma situação. Mas sem a doença, o Brasil continuaria com esse problema (de fraco investimento)", afirma Juliana.


Incertezas travam investimentos

A taxa de investimentos é medida pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que apura tudo o que se investe em máquinas, bens duráveis, aumento da capacidade produtiva e construção civil.

O avanço deste componente do PIB é fundamental para que o país consiga colher um crescimento mais sustentável e robusto ao longo dos próximos anos e, assim, aumentar a riqueza da sua população, afirmam os economistas. Mas desde 1980, o avanço médio da taxa investimento no país é de apenas 0,5% ao ano.

"O Brasil tomou a decisão de ficar parado, não tomou a decisão de crescer, de distribuir renda", diz Considera. "O país ficou três anos crescendo 1% ao ano, é praticamente o avanço da população. É renda per capita crescendo zero.

Mais do que um retrovisor fraco, há uma dúvida sobre se o Brasil vai ser capaz de recuperar a força dos investimentos no futuro.

O país lida com uma série de incertezas. A maior delas está na área fiscal. Com a pandemia, o endividamento do governo deve se aproximar de 100% do PIB neste ano, um patamar considerado alta para uma economia emergente como a brasileira.

A principal dúvida na área fiscal é se o governo vai manter o teto de gastos, que limita o crescimento das despesas à inflação do ano anterior. Na leitura do mercado, uma eventual deterioração das contas públicas pode levar a uma fuga de investidores do país, o que provocaria uma depreciação do câmbio e um consequente aumento da taxa básica de juros – hoje em 2% ao ano.

Juros mais altos encarecem a tomada de crédito pelas empresas para realizar novos investimentos.

"Existe o receio de que a trajetória da dívida pública cause ainda mais problemas", diz Considera. "Não cumprir o teto traz muita insegurança para os investidores. E a situação do capital externo, que está mais saindo do que entrando, pode se agravar ainda mais."

Investimentos estrangeiros no Brasil registram quedas em 2020
Investimentos estrangeiros no Brasil registram quedas em 2020

Há ainda uma agenda longa e já antiga de reformas estruturais que o Brasil precisa endereçar, como a tributária, para melhorar o ambiente de negócios. "As reformas são na direção de atrair investimentos. É fundamental que sejam realizadas", afirma Considera.

Empresas endividadas

Além de provocar uma piora do cenário macro, a pandemia afetou a saúde financeira das maiores empresas do Brasil, com o aumento do endividamento, o que também se torna um empecilho para a retomada dos investimentos.

No primeiro semestre, a relação entre endividamento líquido sobre capital próprio das companhias chegou a 73,5%, segundo levantamento do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). Isso quer dizer que, para cada R$ 1 em dinheiro dos sócios, as empresas têm quase R$ 0,74 em financiamentos.

No primeiro semestre de 2019, essa relação era de 58,7%.

Mais dívida — Foto: Economia G1
Mais dívida — Foto: Economia G1

"Esse é um quadro que dificulta muito o investimento. É preciso lembrar que são duas crises próximas e que já houve um bom aumento do endividamento das empresas na crise anterior" , afirma o economista-chefe do Iedi, Rafael Cagnin. "A primeira onda de endividamento ainda não tinha sido totalmente digerida pelas empresas."

O levantamento do Iedi foi realizado com 240 empresas não-financeiras

Influência dos juros e de leilões de infraestrutura

A retomada dos investimentos no país passa pelo cenário de juros baixos - o que reforça a necessidade de acerto das contas públicas - e pela retomada dos leilões de infraestrutura.

Na última recessão, entre o fim de 2014 e 2016, o cenário para a melhora dos investimentos era considerado até mais difícil, avalia o diretor do ASA Investments, Carlos Kawall. Naquela ocasião, os juros estavam mais altos e a Operação Lava Jato provocava estragos econômicos em boas parte das maiores construtoras do país.

"A taxa de juros a 2% está ajudando numa retomada imobiliária, por exemplo", diz Kawall. "O financiamento imobiliário é um das poucas modalidades (de crédito) que sofreu pouco ou quase não sofreu com a crise e logo se recuperou."

Desde que assumiu, a equipe econômica sempre defendeu que a participação da iniciativa privada deveria liderar a retomada dos investimentos em infraestrutura no país. Mas, em quase dois anos, o governo conseguiu tirar pouca coisa do papel.

Em janeiro deste ano, a equipe econômica esperava leiloar ao menos seis estatais.

"O cenário é bom para a infraestrutura. A retomada dos leilões se dá em outra base (em relação ao governo Dilma). Dessa vez, com a atratividade adequada", afirma Kawall. "O único problema é que se trata de um processo lento, na medida em que toda a parte regulatória é demorada."

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sábado, 24 de outubro de 2020

Como o aquecimento global levou a uma corrida de arqueólogos por tesouros antes congelados

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À medida que a temperatura global aumenta, artefatos pré-históricos preservados no gelo das montanhas estão derretendo e se deteriorando. 
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Por Matt Stirn, BBC  
23/10/2020 14h17 Atualizado há 22 horas
Postado em 24 de outubro de 2020 às 12h20m



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Uma equipe de arqueólogos parte em expedição até o acampamento base das montanhas Teton, nos EUA — Foto: Matt Stirn/BBC
Uma equipe de arqueólogos parte em expedição até o acampamento base das montanhas Teton, nos EUA — Foto: Matt Stirn/BBC

Acordei no meio da noite com cristais de gelo caindo no meu rosto. De dentro da barraca, em meio às cobertas, ouvi um ruído distante que parecia ser de um animal farejando.

Ainda atordoado, abri o zíper do saco de dormir e sentei. Comecei a prestar atenção nos barulhos lá fora, sem tirar o olho da lata de spray para espantar ursos que estava na minha frente.

Ouvi as corredeiras de um riacho próximo e o relinchar de um de nossos cavalos, que pastava nos arredores do Parque Nacional de Yellowstone. Até que escutei o barulho de gravetos quebrando, à medida que alguém – ou algo – se aproximava.

Abri a barraca, me deparei com a névoa branca que cobria a pradaria e, logo em seguida, avistei as pegadas frescas de um lobo no chão, a poucos centímetros de onde eu estava dormindo.

Uma colega que estava junto à fogueira contou que um grupo de quatro lobos passou cheirando a minha barraca.

"Eram apenas as montanhas dizendo bom dia", acrescentou ela, colocando a chaleira de volta na brasa.

"Depois de uma visita como essa, teremos um dia extraordinário."

Em 15 anos trabalhando com cientistas nas Montanhas Rochosas dos EUA, fiquei cara a cara com ursos pardos, escapei de incêndios florestais, cruzei rios transbordando a cavalo e descobri aldeias pré-históricas. Mas nunca pensei na visita de um lobo como uma bênção.

No entanto, à medida que a luz avermelhada do sol iluminava as cordilheiras acima da gente, eu olhei para os campos cobertos de neve e me perguntei que histórias as montanhas nos revelariam hoje.

Como arqueólogo das montanhas, estudo como culturas passadas viviam em grandes altitudes e ambientes cobertos de neve acima da chamada linha das árvores - altitude máxima onde a vegetação consegue crescer. Os turistas geralmente descrevem os penhascos e desfiladeiros congelados da paisagem alpina como hostis e assustadores.

Mas, por ter sido criado aos pés da Cordilheira Teton, no Wyoming, bem no coração das Montanhas Rochosas, sempre me senti em casa aqui. Na verdade, a 3 mil metros de altura é onde me sinto mais vivo.

Um pedaço de madeira antigo emerge do degelo nas montanhas do Wyoming — Foto: Matt Stirn/BBC
Um pedaço de madeira antigo emerge do degelo nas montanhas do Wyoming — Foto: Matt Stirn/BBC

No entanto, só quando comecei a explorar meu quintal com um olhar diferente que percebi que as montanhas escondem muitas histórias que conectam o homem à natureza.

'Hostis demais'

Quando era adolescente, passava os verões guiando montanhistas por todo o Wyoming. E, durante um passeio à Cordilheira Wind River, encontrei uma ponta de flecha perto das nossas barracas. A ideia de que 2 mil anos antes outra pessoa havia acampado no mesmo local, me fez pensar em por que as montanhas sempre atraíram a humanidade.

Quando comecei a faculdade naquele outono, tentei pesquisar sobre a história das montanhas de Wyoming, mas só consegui encontrar uma referência em uma revista arqueológica antiga: "a região montanhosa era hostil demais para abrigar povos pré-históricos".

Vários meses depois, fiquei sabendo que um arqueólogo de Wyoming chamado Richard Adams tinha acabado de descobrir uma aldeia pré-histórica inteira a apenas alguns quilômetros de onde eu encontrara a ponta da flecha. Entrei em contato com ele, e fui convidado a participar do projeto de escavação da aldeia.

Adams me ensinou que as montanhas guardavam segredos antigos à espera de serem revelados. Decidi então trocar minha corda de escalada por uma espátula, e comecei uma nova e emocionante carreira em busca daquele passado misterioso.

Hoje eu gerencio projetos nas montanhas da América do Norte – de escavações arqueológicas a pesquisas por satélite para localizar aldeias pré-históricas. Uma aventura fascinante. E, às vezes, custo a acreditar que tudo começou com uma descoberta casual aos 17 anos de idade.

Como muitos arqueólogos consideraram por muito tempo as regiões montanhosas hostis demais para abrigar povos antigos, a maioria das cordilheiras permanece imensamente inexplorada.

No entanto, para aqueles que começaram a trabalhar entre os picos mais altos do mundo, as altitudes elevadas são terras desconhecidas apaixonantes que estão apenas começando a ser compreendidas.

No verão, meus colegas e eu caminhamos até as profundezas das Montanhas Rochosas, dos picos gelados da Cordilheira de Wyoming até as altas planícies do Colorado. Estávamos em busca de aldeias desconhecidas, aparatos de caça, pedreiras e outras evidências de vida desde aproximadamente 13.000 a.C. (quando acredita-se que o homem tenha chegado pela primeira vez à América do Norte) até hoje.

Mas, diferentemente da arqueologia de uma maneira geral, há algo peculiar no nosso trabalho: as pistas que encontramos nem sempre estão enterradas no solo; às vezes, elas estão congeladas, presas debaixo do gelo.

Nas cadeias de montanha ao redor do mundo, os povos antigos usavam os campos cobertos de neve, as geleiras e as placas de gelo para caçar, armazenar alimentos e servir como pontes em terrenos inacessíveis. Assim como os montanhistas de hoje, esses andarilhos antigos de vez em quando deixavam cair itens pessoais que, com o passar do tempo, ficaram presos e preservados no gelo.

Fragmentos do esqueleto de um bisão americano, outrora preservados no gelo, também sugerem que esses animais já viveram em altitudes muito mais altas — Foto: Matt Stirn/BBC
Fragmentos do esqueleto de um bisão americano, outrora preservados no gelo, também sugerem que esses animais já viveram em altitudes muito mais altas — Foto: Matt Stirn/BBC

Enquanto descobrimos muitos artefatos pré-históricos de pedra, e não biodegradáveis, nossas descobertas mais fascinantes são os chamados "artefatos de placas de gelo", como flechas de madeira, couro e outros materiais orgânicos que teriam entrado em decomposição se não tivessem sido enterrados em um freezer natural.

Esses artefatos incrivelmente raros oferecem pistas inestimáveis sobre diversos aspectos – de padrões de migração nos primórdios da humanidade à culinária pré-histórica, além de indicar como o ambiente e o clima mudaram ao longo de milênios.

Mas, embora haja tanta informação científica retida nas camadas de gelo, elas correm o risco iminente de desaparecer para sempre.

Corrida contra o tempo

À medida que as temperaturas globais aumentam, o gelo das montanhas está derretendo a um ritmo sem precedentes, e esses artefatos perecíveis que permaneceram preservados por milhares de anos estão descongelando e se desintegrando rapidamente.

Portanto, procurar relíquias em placas de gelo não é apenas algo emocionante – mas uma verdadeira corrida contra o tempo.

Em 2007, Craig Lee, da Universidade Estadual de Montana, nos EUA, descobriu uma vara de formato estranho em um pedaço de gelo que estava derretendo a 3.200 metros de altura no norte de Wyoming.

Após uma análise mais detalhada, ele percebeu que a vareta era, na verdade, o dardo de uma lança feita há 10.300 anos. Até o momento, é o artefato congelado mais antigo já encontrado no mundo.

A descoberta inesperada de Lee ressaltou a urgência de salvar esses artefatos do degelo – e levou a uma corrida nas Montanhas Rochosas para resgatá-los.

À medida que mais arqueólogos se aventuraram na tundra alpina americana na última década, uma série de artefatos foram descobertos – de flechas de 1.300 anos a cestas trançadas de vime e arcos de madeira, revelando descobertas surpreendentes.

A análise da madeira mostrou, por exemplo, que grupos pré-históricos preferiam ce

rtas espécies de árvores para fazer suas flechas; o pólen congelado ofereceu dados paleoclimáticos detalhados, indicando que a linha das árvores costumava ser muito mais alta; e sementes de dejetos descongelados mostraram que, diferentemente de hoje, o bisão americano vivia a mais de 3 mil metros de altura.

Um mundo de novas descobertas se abriu, mas essa janela não permanecerá aberta para sempre. Dado o grande número de placas de gelo e sua localização remota, nunca conseguiremos alcançá-las a tempo.

Numa época em que computadores e satélites substituíram machetes e capacetes, muitos exploradores lamentam que a era dos descobrimentos tenha terminado. No entanto, nossas expedições reproduziram as práticas de muitos povos que viveram nos primórdios da América do Norte.

Como nos aventuramos nas profundezas das montanhas de um dos lugares mais remotos dos EUA, precisamos usar cavalos para transportar equipamentos e alimentos pelas encostas.

Montamos acampamentos selvagens com vista para lagos azul-turquesa, colhemos plantas comestíveis de prados próximos, assamos na fogueira carne de caça fresca, como alces ou carneiros selvagens, e dormimos sob as estrelas. De muitas maneiras seguir os mesmos passos dos povos antigos que estamos estudando nos ajuda a entendê-los melhor.

Nunca se sabe que pedaços de gelo podem revelar itens pré-históricos, por isso passamos os dias caminhando pela montanha e explorando a cordilheira em busca de pistas. Quando avistamos artefatos ou ossos de animais protuberantes em meio ao degelo no verão, os extraímos com cuidado e envolvemos com gaze e plástico para protegê-los na viagem de volta a cavalo.

No laboratório, fotografamos, fazemos datação por radiocarbono e identificamos cada artefato antes de congelá-lo novamente em um repositório de museu ou universidade.

A emoção de descobrir uma tigela de pedra pré-histórica ou uma ponta de lança de 8.000 anos em campo é sempre emocionante. Mas é no laboratório que podemos conhecer as fascinantes histórias por trás desses artefatos – como as refeições que foram preparadas nesses recipientes e para onde os povos antigos viajavam em busca das pedras que usariam como arma.

Apesar das incontáveis bolhas no pé, noites geladas e hordas de mosquitos, sou grato por chamar as montanhas de meu escritório. Toda vez que encontro algum artefato à beira do gelo, lembro da minha pequena participação na preservação das montanhas e da história da humanidade.

Quando era um jovem alpinista, passei infinitos dias explorando os picos das Montanhas Teton e, naquela época, diria a você que sabia tudo sobre elas. Mas, nos últimos 15 anos, aprendi que não importa se você está em um ambiente familiar ou desconhecido, sempre haverá algo mais a ser descoberto.

Em todos os cantos do mundo, há uma nova e fascinante história à espera de ser contada.

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