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domingo, 12 de julho de 2020

Sirius faz primeiras imagens do coronavírus e reforça ciência no combate à doença

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Superlaboratório instalado em Campinas (SP) começa a funcionar na prática e passa oferecer estrutura para ajudar no conhecimento sobre o Sars-Cov-2; primeira linha habilitada pode auxiliar no desenvolvimento ou melhoramento de remédio. 
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Por Fernando Evans, G1 Campinas e região  
11/07/2020 18h00  Atualizado há 16 horas
Postado em 12 de julho de 2020 às 12h00m

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Maior empreendimento científico do país abre as portas para pesquisas do mundo sobre Covid Maior empreendimento científico do país abre as portas para pesquisas do mundo sobre Covid


Maior investimento da ciência brasileira, o Sirius, superlaboratório de luz síncrotron de 4ª geração instalado em Campinas (SP), realizou os primeiros experimentos ao obter imagens em 3D de estruturas de uma proteína imprescindível para o ciclo de vida do novo coronavírus (Sars-Cov-2). Tais detalhes podem ajudar na compreensão de como o vírus se comporta dentro das células e podem auxiliar na busca ou melhoramento de remédios para combater à Covid-19.
A análise de uma proteína já conhecida serviu para validar e habilitar o funcionamento do acelerador de elétrons concebido para analisar diferentes materiais em escalas de átomos e moléculas. Com isso, o Centro Nacional de Pesquisa em Energias e Materiais (CNPEM), que abriga o Sirius, passa a receber, a partir da próxima semana, propostas de cientistas interessados em usar a estrutura para estudar avançar nos estudos para enfrentamento da doença.

Segundo a equipe do Sirius, as propostas serão avaliadas por especialistas do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) e, diante da necessidade do enfrentamento da pandemia, terão prioridade pesquisadores com familiaridade com experimentos que possam avançar no entendimento molecular do vírus.
Imagem em 3D de proteína do novo coronavírus obtida no Sirius, superlaboratório instalado em Campinas (SP) — Foto: Sirius/CNPEM/DivulgaçãoImagem em 3D de proteína do novo coronavírus obtida no Sirius, superlaboratório instalado em Campinas (SP) — Foto: Sirius/CNPEM/Divulgação

A primeira a ficar ativa e que fez as imagens da estrutura da proteína é chamada de Manacá, dedicada a técnicas de Cristalografia de Proteínas por Raios X. Na prática, é a estação que pode ajudar cientistas a encontrar ou melhorar um fármaco capaz de inibir ou agir frente ao novo coronavírus.

A expectativa é que, nos próximos meses, esteja em funcionamento a Cateretê, uma linha de luz com aplicação de técnicas de Espalhamento de Raios X, capaz de produzir imagens celulares únicas no mundo, segundo os especialistas. Na prática, os cientistas conseguiriam, pela primeira vez, ver e resolver todos os processos biológicos que ocorrem em única célula.
Estação de pesquisa Manacá, primeira a ficar pronta e operacional no Sirius, em Campinas (SP) — Foto: CNPEM/DivulgaçãoEstação de pesquisa Manacá, primeira a ficar pronta e operacional no Sirius, em Campinas (SP) — Foto: CNPEM/Divulgação

Diretor-geral do CNPEM e do projeto Sirius, Antônio José Roque da Silva, diz esperar que todos setores da sociedade reconheçam a importância da ciência para a solução de problemas.

"Começamos a oferecer condições de pesquisa inéditas para os pesquisadores do País. Neste momento em que se falta tanto da importância da ciência e tecnologia para a solução de problemas, estamos diante de uma máquina avançada, projetada por brasileiros e construída em parceria com a indústria nacional. Espero que, cada vez mais, todos os setores da sociedade reconheçam a importância da ciência para a solução dos nossos problemas e as capacidades que temos no País."
Equipes priorizam montagem de linha de pesquisa do Sirius, em Campinas (SP), que pode auxiliar no combate ao novo coronavírus — Foto: Cristiane Duarte/CNPEMEquipes priorizam montagem de linha de pesquisa do Sirius, em Campinas (SP), que pode auxiliar no combate ao novo coronavírus — Foto: Cristiane Duarte/CNPEM

O circo e a mexerica...

Para ser ter uma ideia do que os cientistas que trabalham no Sirius tentam "enxergar" e entender com a ajuda do superlaboratório, basta ver a comparação feita pela pesquisadora do CNPEM, Daniela Trivella.
"Se uma célula humana fosse do tamanho de um circo, o vírus seria o equivalente a uma mexerica."

Com as linhas de pesquisa, os cientistas esperam ver e distinguir a interação do vírus em tanto espaço. E com a potência do equipamento será possível enxergar, inclusive, até os pequenos "gominhos da fruta", estruturas menores que as proteínas do Sars-Cov-2, por exemplo.

"Em tudo o que a gente faz na vida, sempre é melhor entender para depois agir. Só que agora não há tempo. Quanto mais informações sobre o vírus, sobre a doença, mais vamos entender como ele funciona e como atuar", defende Daniela.
Sirius: Estrutura gigantesca permitirá aos cientistas enxergar detalhes na escala de átomos — Foto: Cristiane Duarte/CNPEMSirius: Estrutura gigantesca permitirá aos cientistas enxergar detalhes na escala de átomos — Foto: Cristiane Duarte/CNPEM

Empolgação

A possibilidade de contribuir de forma direta nessa corrida global da ciência por conhecimento sobre o Sars-Cov-2 empolga os pesquisadores do CNPEM.

"A grande maioria dos pesquisadores não consegue fazer nada. Ou está fora da área, ou não tem ferramentas, ou não tem estrutura. Talvez possamos contribuir de forma efetiva", projeta Mateus Cardoso, chefe da Divisão de Materiais Moles e Biológicos do LNLS (Laboratório Nacional de Luz Síncrotron) do CNPEM.
"Na minha vida, não sei se vou ter um orgulho tão grande de ter participado de algo tão importante como o Sirius", diz.

Sirius, laboratório de luz síncrotron de 4ª geração, reforça a ciência no enfrentamento do novo coronavírus — Foto: Nelson KonSirius, laboratório de luz síncrotron de 4ª geração, reforça a ciência no enfrentamento do novo coronavírus — Foto: Nelson Kon

O que é o Sirius?

Principal projeto científico do governo federal, o Sirius é um laboratório de luz síncrotron de 4ª geração, que atua como uma espécie de "raio X superpotente" que analisa diversos tipos de materiais em escalas de átomos e moléculas.

Atualmente, há apenas um laboratório de 4ª geração de luz síncrotron operando no mundo: o MAX-IV, na Suécia.

Para observar as estruturas, os cientistas aceleram os elétrons quase na velocidade da luz, fazendo com que percorram o túnel de 500 metros de comprimento 600 mil vezes por segundo. Depois, os elétrons são desviados para uma das estações de pesquisa, ou linhas de luz, para realizar os experimentos.

Esse desvio é realizado com a ajuda de imãs superpotentes, e eles são responsáveis por gerar a luz síncrotron. Apesar de extremamente brilhante, ela é invisível a olho nu. Segundo os cientistas, o feixe é 30 vezes mais fino que o diâmetro de um fio de cabelo.
Sirius: maior estrutura científica do país, instalada em Campinas (SP). — Foto: CNPEM/Sirius/DivulgaçãoSirius: maior estrutura científica do país, instalada em Campinas (SP). — Foto: CNPEM/Sirius/Divulgação

Entenda algumas das expressões mais usadas na pandemia do covid-19 Entenda algumas das expressões mais usadas na pandemia do covid-19

CORONAVÍRUS

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sábado, 11 de julho de 2020

FOTOS: zoológico faz ensaio com cobra naja que picou estudante em Brasília

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Fotógrafo e serpente venenosa estavam separados por parede de vidro. Animal, que era mantido em cativeiro, foi resgatado esta semana; cliques viralizaram na internet.  
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Por Marília Marques, G1 DF  
11/07/2020 15h16 Atualizado há 2 horas
Postado em 11 de julho de 2020 às 17h30m 

            .      Post.N.\9.393     .        
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Cobra naja que picou estudante em Brasília faz ensaio fotográfico no zoológico  — Foto: Ivan Mattos/Zoológico de BrasíliaCobra naja que picou estudante em Brasília faz ensaio fotográfico no zoológico — Foto: Ivan Mattos/Zoológico de Brasília

A cobra da espécie naja, resgatada após um estudante de medicina ser picado, na terça-feira (7), no Distrito Federal, ganhou um ensaio fotográfico no Zoológico de Brasília. A serpente – considerada uma das mais venenosas do mundo – é originária de regiões da África e da Ásia.

O animal está sob os cuidados de veterinários e biólogos desde que foi abandonado em uma caixa, perto de um shopping, no Lago Sul. A suspeita é de que Pedro Henrique Krambeck, de 22 anos, criava o réptil em casa, em um suposto esquema de tráfico de animais silvestres (veja detalhes abaixo). Após o incidente, o jovem recebeu soro antiofídico e segue internado na UTI de um hospital particular.
Cobra naja que picou estudante em Brasília faz ensaio fotográfico no zoológico  — Foto: Ivan Mattos/Zoológico de BrasíliaCobra naja que picou estudante em Brasília faz ensaio fotográfico no zoológico — Foto: Ivan Mattos/Zoológico de Brasília

O ensaio com a naja, realizado nesta sexta-feira (10), é de autoria do fotógrafo e agrônomo Ivan Mattos, de 25 anos. Ele atua desde o ano passado como voluntário no Zoo. O profissional disse ao G1 que foi necessária cerca de 1 hora para obter os cliques.

"No início foi bem difícil de fazer a foto porque tinha muito movimento. Ela [cobra] demorou um pouco para se acostumar, estava agitada e conhecendo o novo recinto, passeando para tudo que era lugar", conta Ivan. "Parecia que ela nunca tinha ficado livre tanto tempo".
"De repente, ela olhou diretamente para lente da câmera. Ver aquilo tão de perto, a cobra olhando fixo, foi um momento mágico."

De acordo com o fotógrafo, aos poucos, a serpente passou se sentir "mais confiante". "Conforme ela foi entendendo que não havia perigo ali, começou a se aproximar cada vez mais do vidro", disse.

A barreira a qual ele se refere é a parede do recinto onde a serpente venenosa foi colocada ao sair pela primeira vez da caixa. O ambiente é vedado, e para o manuseio, foi necessário seguir protocolos de segurança.
"Quando ela fez o movimento e abriu o capelo, senti como um privilégio enxergar aquilo, um comportamento natural da naja."

Cobra naja que picou estudante em Brasília faz ensaio fotográfico no zoológico  — Foto: Ivan Mattos/Zoológico de BrasíliaCobra naja que picou estudante em Brasília faz ensaio fotográfico no zoológico — Foto: Ivan Mattos/Zoológico de Brasília

Naja na web

As fotos da serpente foram divulgadas ainda na sexta (10) pelo Zoológico de Brasília e, em poucas horas, caiu nas graças dos internautas. Em uma publicação nas redes sociais, uma usuária chama os registros de "ensaio babadeiro". Até a última atualização desta reportagem, a postagem no Twitter tinha 44,9 mil curtidas e 10,9 mil compartilhamentos.
Publicação nas redes sociais faz brincadeira com 'pose' da naja resgatada no DF — Foto: Twitter/ReproduçãoPublicação nas redes sociais faz brincadeira com 'pose' da naja resgatada no DF — Foto: Twitter/Reprodução

Em outra publicação (veja acima), uma internauta reproduz, em tom de brincadeira, um diálogo que a cobra teria com o fotográfico. "Ivan, tira uma foto minha como se eu tivesse distraída". A postagem recebeu 7,2 mil interações.

Veja galeria de fotos:
Cobra naja que picou estudante em Brasília faz ensaio fotográfico no zoológico  — Foto: Ivan Mattos/Zoológico de BrasíliaCobra naja que picou estudante em Brasília faz ensaio fotográfico no zoológico — Foto: Ivan Mattos/Zoológico de Brasília











Cobra naja que picou estudante em Brasília faz ensaio fotográfico no zoológico  — Foto: Ivan Mattos/Zoológico de BrasíliaCobra naja que picou estudante em Brasília faz ensaio fotográfico no zoológico — Foto: Ivan Mattos/Zoológico de Brasília
Cobra naja que picou estudante em Brasília faz ensaio fotográfico no zoológico  — Foto: Ivan Mattos/Zoológico de Brasília
Cobra naja que picou estudante em Brasília faz ensaio fotográfico no zoológico — Foto: Ivan Mattos/Zoológico de Brasília

Cobra naja que picou estudante em Brasília faz ensaio fotográfico no zoológico  — Foto: Ivan Mattos/Zoológico de BrasíliaCobra naja que picou estudante em Brasília faz ensaio fotográfico no zoológico — Foto: Ivan Mattos/Zoológico de Brasília

Serpente resgatada

A cobra da espécie naja que picou o estudante de medicina veterinária Pedro Henrique Krambeck foi encontrada na noite de quarta-feira (8) perto de um shopping no Lago Sul. O local fica a 14 km de distância do prédio onde mora o jovem, na região do Guará.

O estudante, de 22 anos, permanece internado em um hospital particular do Gama. A Polícia Civil e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) investigam o tráfico de animais já que a serpente, uma das espécies mais venenosas do mundo, é nativa da África e da Ásia. A polícia estima que o animal valha até R$ 20 mil, no comércio ilegal.

Nesta sexta (10), o Ibama multou Pedro Henrique em R$ 2 mil, por criar o animal sem autorização. Segundo a polícia, as investigações apontam que ele é o dono da naja e das outras 16 serpentes.
Acidente com cobra naja pode revelar esquema de tráfico: o que já sabemos Acidente com cobra naja pode revelar esquema de tráfico: o que já sabemos

Três colegas do estudante foram ouvidos pela PCDF. O delegado afirmou que os jovens são de classe média e classe média alta e cursam medicina veterinária em uma instituição particular do Gama.
"A suspeita é que esse estudantes começaram a comercializar esses animais exóticos, que são caros e raros. Sabemos que envolve muito dinheiro no comércio ilegal", afirma a polícia.
Denúncia e entrega voluntária

O Ibama orienta que as pessoas que mantêm animais silvestres ou exóticos de forma irregular podem fazer a entrega voluntária ao órgão ambiental em todas as unidades do país.

A população também pode denunciar criações irregulares e animais mantidos em cativeiro por meio da "Linha Verde", no telefone 0800-618080.
Leia mais notícias sobre a região no G1 DF.

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'Massacre de Srebrenica pode ocorrer em qualquer lugar' Vinte e cinco anos após o genocídio na Bósnia, nem todas as vítimas foram encontradas.

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Chefe de organização internacional que identifica os mortos por meio de DNA e alerta contra pessoas que tentam reescrever a história. 
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Por Deutsche Welle  
11/07/2020 10h22  Atualizado há 1 horas
Postado em 11 de julho de 2020 às 11h35m

            .      Post.N.\9.392     .        
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Mulheres em um evento para lembrar o massacre de Srebrenica, em 11 de julho de 2020 — Foto: Dado Ruvic/ReutersMulheres em um evento para lembrar o massacre de Srebrenica, em 11 de julho de 2020 — Foto: Dado Ruvic/Reuters

Uma catástrofe começou em 11 de julho de 1995 para os moradores de Srebrenica: soldados sérvios da Bósnia, sob o comando de Ratko Mladic, marcharam para a cidade e mataram cerca de 8 mil homens e meninos nos dias seguintes. Este foi o maior crime de guerra na Europa desde o final da Segunda Guerra Mundial.

Kathryne Bomberger lidera desde 2004 a Comissão Internacional de Pessoas Desaparecidas (ICMP). A organização, sediada em Haia, na Holanda, utiliza análises de DNA desde 1999 para identificar as vítimas do massacre.
Comandante condenado na Bósnia toma veneno em tribunal
Comandante condenado na Bósnia toma veneno em tribunal

Em entrevista para a DW, ela afirma que muitos tentam reescrever a história do genocídio e que os fatos são esvaziados e distorcidos para fins políticos. "Srebrenica pode acontecer em qualquer lugar e é um lembrete de que todos nós somos capazes, independentemente do paíse de onde viemos", frisa.

DW: Vinte e cinco anos após o massacre de Srebrenica, há cada vez mais vozes – incluindo a do vencedor do Prêmio Nobel Peter Handke – que afirmam que os crimes na Guerra da Bósnia não podem ser chamados de genocídio. O que você pensa quando ouve tais afirmações?

Kathryne Bomberger: Acho absolutamente ultrajante que isso esteja sendo questionado. Especialmente no que se diz respeito aos desaparecidos de Srebrenica, esse é o genocídio mais bem documentado da história. Dizer que isso nunca aconteceu para criar uma contranarrativa é preocupante, porque os fatos estão muito bem documentados. Estão bem documentados por escavações e não só pela Comissão Internacional para as Pessoas Desaparecidas, mas também pelo Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia e pelas autoridades judiciárias nacionais. Eles estavam presentes em todos os locais de escavações.

O que foi documentado?

Houve uma tentativa de exterminar uma população inteira através da limpeza étnica – por outras palavras, um genocídio. Esse é o único caso de genocídio reconhecido como tal em solo europeu desde o fim da Segunda Guerra Mundial. É por isso que, após a guerra, foram feitos esforços para expor esses crimes e garantir que os responsáveis fossem levados à justiça. Era importante que o Estado encontrasse todas as pessoas desaparecidas – independentemente da sua origem étnica, religiosa ou nacionalidade – e, no nosso caso, utilizando o DNA, fossem identificadas com precisão para que as famílias possam enterrar seus mortos e as vítimas possam obter justiça. Esse foi o caminho que tomamos, mas ainda não acabou.

O julgamento ainda não terminou?

Nós ajudamos os Estados da região a escavar mais de 3 mil valas comuns e a identificar a grande maioria das vítimas. Quanto à Srebrenica, identificamos mais de 90% dos cerca de 8 mil homens e meninos que desapareceram. No entanto, nem todos esses casos chegaram ainda aos tribunais: ao Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia ou aos tribunais nacionais da Bósnia-Herzegovina. Mas o ICMP documentou provas de crimes de guerra nesses locais, e a utilização de DNA para identificar as vítimas possibilitou a disponibilização de todas essas provas para a aplicação da lei. E isso deve continuar.

Apesar de todas essas evidências, por que sempre há uma tentativa de reescrever a história?

Nós vivemos em uma sociedade pós-factual. Os fatos são esvaziados e distorcidos para fins políticos. Numa época de populismo crescente, a criação de tais contra-narrativas, historiografia falsa e narrativas enganosas se tornou normal – e eu acho isso muito perturbador. O que está sendo feito aqui com os fatos no contexto das Guerras dos Bálcãs e Srebrenica é, portanto, um reflexo do que está acontecendo no resto da Europa. E não é apenas na Europa: em muitas partes do mundo, o medo do outro é utilizado como meio de fomentar o ódio.

Você se refere aos políticos?

Pode-se governar um país de tal forma que a tolerância, a coesão social e o respeito mútuo sejam possíveis, ou pode-se fomentar o ódio e semear a desconfiança. O que aconteceu na ex-Iugoslávia é um atestado dos ciclos de violência na Europa. As feridas abertas da Segunda Guerra Mundial foram abusadas aqui para despertar o ódio em vez de aproximar as pessoas. O abuso de tais feridas abertas, que existem em todas as sociedades, é a pior forma possível de gerir um país. Por outro lado, a Nova Zelândia, onde a primeira-ministra conseguiu unir as pessoas após o ataque a duas mesquitas em Christchurch, em 2019, é um exemplo de boa liderança e de restabelecimento da coesão social após um acontecimento muito traumático.

Qual é a importância da educação para atingir esse objetivo? Ainda existem escolas na Bósnia que ensinam que nunca houve um genocídio.

Eles ensinam mentiras às crianças. Penso que temos que ensinar a verdade às crianças e ensiná-las a respeitar e amar uma às outras, e isso é possível. Mas se a ensinamos mentiras e a odiar todos os dias, elas vão odiar [o próximo]. Para mim, essa é a base de tudo. E penso que é um triste reflexo da sociedade bósnia o fato de temos escolas separadas por etnias e que ensinam o oposto nas aulas de História. E isso não ocorre só na Bósnia: o problema é ensinar o ódio.

É essa a mensagem de Srebrenica para nós em 2020?

De forma clara e simples, a mensagem é: Srebrenica pode acontecer em qualquer lugar. Se não tivermos cuidado, haverá consequências devastadoras se nos envolvermos nesse tipo de ódio contra os outros. Srebrenica é um lembrete de que todos nós somos capazes, independentemente do país de onde viemos. Esse tipo de ódio pode acabar muito, muito mal. Eu tenho medo, porque penso que algo assim pode acontecer de novo.

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