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sexta-feira, 12 de junho de 2020

Números mostram que Brasil ainda faz ‘brutalmente’ menos testes para coronavírus do que deveria; ‘estamos no escuro’, diz especialista

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Testagem é fundamental para detectar os infectados, isolá-los e frear avanço da pandemia no país. Cientistas recorrem a números de óbitos e de ocupação de leitos para entender a progressão da doença.  
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Por Luiza Tenente, G1    
12/06/2020 05h01  Atualizado a 05 horas   
Postado em 12 de junho de 2020 às 13h00m  


      Post.N.\9.334  
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Testes PCR em laboratório de Madrid — Foto: Pierre-Philippe Marcou/AFP
Testes PCR em laboratório de Madrid — Foto: Pierre-Philippe Marcou/AFP

O Brasil faz tão poucos testes RT- PCR, considerados os ideais para diagnosticar a Covid-19, que o número de casos confirmados muitas vezes é secundário para cientistas que analisam a evolução da pandemia no país.

A avaliação é de especialistas ouvidos pelo G1. Segundo eles, é mais seguro considerar outros índices, como o de óbitos e o de ocupação de leitos de UTI, para compreender se é momento de retomar os serviços essenciais ou de decretar lockdown, por exemplo.
O Brasil está testando brutalmente menos do que deveria. Na melhor das hipóteses, 20 vezes menos do que é considerado adequado, afirma Daniel Lahr, professor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP).É tão pouco que a amostra pode ser basicamente ignorada.

Um dos indicativos da baixa testagem é a taxa de resultados positivos para Sars-CoV-2 nos exames que detectam vírus respiratórios. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o ideal é que, de todos os testes feitos, 5% ou menos deem positivo. No Brasil, a média diária está muito acima disso: é de 36,68%, segundo a plataforma Our World In Data, usada nas estatísticas da Universidade Johns Hopkins.
Os dados (de positivos) são mais altos porque estamos testando apenas os casos mais graves, principalmente nos hospitais, afirma Paulo Nadanovsky, epidemiologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Considerando os números até 7 de junho, países como Espanha (3,59%), Itália (3,61%) e Alemanha (4,58%) apresentam médias diárias de resultados positivos para Covid-19 dentro do padrão esperado pela OMS - um sinal de que estão testando a população de forma suficiente para detectar os doentes de forma rápida e isolá-los.

México (17,17%) e Índia (8,73%) não obedecem ainda ao padrão ideal, mas registram índices muito melhores que os do Brasil.

Os Estados Unidos, até 7 de junho, tinham média diária de 13,83% de resultados positivos. Mas, como a capacidade de testagem foi ampliada, se foram considerados apenas os testes da primeira semana do mês, o índice diário de positivos cai para cerca de 4,2% - e se encaixa no padrão esperado pela OMS.
Gráfico mostra média diária de resultados positivos em testes de Covid-19. — Foto: G1
Gráfico mostra média diária de resultados positivos em testes de Covid-19. — Foto: G1

Outra forma de avaliar se um país está fazendo o número suficiente de testes de Covid-19 é considerar o tamanho da população.

No Brasil, segundo o Our World in Data, a média até a primeira semana de junho é de 2,28 pessoas testadas a cada 100 mil habitantes. Nos Estados Unidos, são 61,59 para cada 100 mil; na Itália, 69,25; em Portugal, 85,81; no Chile, 35,97.
Gráfico mostra média de testes de Covid-19 a cada 100 mil habitantes — Foto: G1
Gráfico mostra média de testes de Covid-19 a cada 100 mil habitantes — Foto: G1

Segundo a OMS, quanto mais casos o país registra, mais testes deve fazer - o órgão indica que o número de indivíduos testados seja de 10 a 30 vezes o de infecções confirmadas. Quando a situação melhora, portanto, é possível reduzir o esforço de testagem.
Brasil realiza 1,1 teste de Covid-19 para cada caso confirmado da doença, segundo pesquisa
Brasil realiza 1,1 teste de Covid-19 para cada caso confirmado da doença, segundo pesquisa

Por que é tão importante fazer testes?
Fazer testes para detectar a Covid-19 permite:
  • avaliar a situação do país em tempo real, para tomar as decisões corretas (como as de abertura da economia ou de lockdown);
  • identificar quem está doente e isolar, o mais rápido possível, o infectado e todos os que tiveram contato com ele. O isolamento social dos contaminados é uma forma de frear a transmissão.
A testagem ampla é importante, porque dá um panorama imediato da doença, afirma Lahr. Segundo ele, com um número tão baixo de exames, não é possível tirar qualquer conclusão sobre a progressão da Covid-19 no Brasil.
Alessandro Farias, coordenador da frente de diagnósticos da força-tarefa da Unicamp, também reforça a relevância dos testes. Eles são a base para você reabrir os serviços. O melhor exemplo é a Alemanha: começaram a reabertura, monitorando a taxa de transmissão. Faziam mais de 500 mil testes por dia. Quando notaram que a contaminação estava aumentando de novo, voltaram atrás e fecharam novamente os estabelecimentos, diz.

O absurdo é você retomar tudo sem ter números exatos do que está acontecendo, sem saber quem está infectado. E não dá para ter essas informações sem os testes, completa.
Amostras de pacientes são analisadas em laboratório espanhol — Foto: Pierre-Philippe Marcou/AFP
Amostras de pacientes são analisadas em laboratório espanhol — Foto: Pierre-Philippe Marcou/AFP

Além disso, a doença pode ser mais facilmente controlada se os infectados forem identificados e isolados. Analisando os exemplos de outros países, como a Alemanha, percebe-se um padrão: quando a população começa a ser testada em massa, o número de óbitos passa a cair. Resumindo: quanto mais testes, menos mortes.

Nadanovsky, da Fiocruz, explica que, para uma reabertura segura, é preciso monitorar a população constantemente.
Precisamos identificar os profissionais de saúde e os trabalhadores dos serviços essenciais para a economia. Aí, testá-los de dois em dois dias, por exemplo. Eles ficam trabalhando e sendo testados, trabalhando e sendo testados, diz.
Não adianta fazer um teste uma vez e dizer que a pessoa está pronta para trabalhar. Ela pode sair do laboratório e ser contaminada naquele dia, afirma o epidemiologista. 
Somos um país pobre, então é preciso eleger quem é prioridade, quem tá mais exposto e não pode ficar em casa. Porque fazer um teste uma vez só em alguém não adianta.

Demora nos resultados
Além do baixo número de testes, o Brasil enfrenta outro problema: a demora em divulgar os resultados dos exames. Segundo dados do dia 2 de junho, reproduzidos pelo Ministério da Saúde, havia mais de 15 mil testes com o status em análise em Minas Gerais - considerando apenas os laboratórios cadastrados no sistema Gerenciador de Ambiente Laboratorial (GAL).

No estado do Rio de Janeiro, o número de exames em análise era tão alto (11.031) que quase se equiparava ao de resultados já divulgados (11.777).
Quando você tem um déficit entre a amostra e o resultado, vai acabar entregando o laudo para quem já está curado ou já morreu. Não serve para nada no sentido de estratégia governamental, de saúde pública, explica Farias.
Na Unicamp, a gente testa o máximo possível, desde que consiga dar o resultado em até 48 horas, porque é o tempo de poder interferir, decidir se o paciente deve ficar isolado. Se eu demorar uma semana para entregar o laudo, a pessoa pode ficar transmitindo a doença para os outros por esses sete dias, diz.

Falta de clareza na divulgação de dados
Além de o número de testes ser insuficiente no Brasil, os dados nem sempre são divulgados com clareza. Na plataforma do Ministério da Saúde, todos os índices relativos a exames e a resultados positivos usam informações dos laboratórios cadastrados no sistema chamado GAL. Há a ressalva no site: alguns laboratórios de saúde pública e da rede particular não utilizam o GAL.

Em 2 de junho, a plataforma apontava que 484.944 testes haviam sido realizados. Em data anterior, 26 de maio, dados do Ministério da Saúde revelaram que o país já havia feito mais de 870 mil testes (460.102 em laboratórios públicos e 411.737 em cinco instituições privadas). Ou seja, o GAL deixa de fora resultados de laboratórios de grande porte.
Coletiva do Ministério da Saúde explica mudança nos critérios de contagem de mortes — Foto: Reprodução/GloboNews
Coletiva do Ministério da Saúde explica mudança nos critérios de contagem de mortes — Foto: Reprodução/GloboNews

Há também outro fator a ser considerado: ao analisar as informações desse sistema, havia, até o dia 2 de junho, 133.824 resultados positivos para o novo coronavírus no país. No entanto, o número de casos confirmados da doença, divulgados pelo próprio ministério na mesma data, era de 555.383. Por que a diferença é tão grande? Segundo a pasta, a contagem de casos confirmados inclui também diagnósticos clínicos, de pessoas que não foram testadas para a Covid-19.

Sem número suficiente de testes, como monitorar a situação?
Os especialistas ouvidos pelo G1 afirmam que, diante da baixa testagem, é preciso analisar outros dados:
  • número de óbitos causados pela Covid-19, corrigidos pela taxa de mortes por Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAG);
  • ocupação de leitos de UTI nos Estados.
Como não dá para tirar conclusões a partir dos casos confirmados por testes, os grupos mais sérios estão acompanhando a progressão da doença pelo número de óbitos, porque os hospitais informam a causa da morte, afirma Lahr. Claro que também há os contaminados que não morrem nos hospitais, aí usamos os dados das SRAG para corrigir o índice.

As SRAG incluem, além da Covid-19, outras doenças respiratórias, como dengue e influenza A. Os cientistas analisam o número de casos dessas enfermidades em outros anos e calculam uma média. A partir disso, veem se houve aumento em 2020 - é uma estratégia de descobrir casos subnotificados.

Um exemplo: dados da Secretaria de Saúde do Distrito Federal mostram que, até o dia 23 de maio, houve um aumento de 1.023% de mortos por síndromes respiratórias, em relação ao mesmo período de 2019. Das 1.819 notificações de SRAG neste ano, 914 não tiveram o vírus identificado. Esse número é usado para corrigir o de mortes por Covid-19 e chegar a um índice mais próximo do real.

Número de mortes traz retrato atrasado
O problema, segundo Lahr, é que as mortes fornecem um retrato atrasado da situação. Segundo ele, a doença leva, em média, de 20 a 25 dias para levar o paciente a óbito. Ou seja, quando o número for registrado, ele vai indicar um paciente que foi contaminado há quase um mês. Além disso, há a demora para que os cartórios capturem os as informações de quem morreu fora do hospital.

Ainda assim, são os melhores dados, por mais que sejam uma fotografia de quase um mês atrás, diz Lahr. Nadanovsky concorda. A morte indica a situação de um caso confirmado há pelo menos duas semanas. Mas é o índice mais confiável, afirma.

Um fator que agrava a avaliação dos cientistas é, mais uma vez, a falta de transparência nos dados. Na segunda-feira (8), o Ministério da Saúde confirmou que pretende publicar somente os óbitos que ocorrerem especificamente nas últimas 24 horas. As mortes por Covid-19 ocorridas em dias anteriores, mas confirmadas nas últimas 24 horas, ficarão de fora dessa conta.
Todo dado que some é problemático. É muito complicado trabalhar assim, diz Lahr. A testagem é uma ferramenta de saúde pública e a gente precisa dela. Mas nossos dados são ruins e nossas decisões vão em direção a eles.
Farias, da Unicamp, acrescenta que a ocupação de leitos também pode ser uma forma de monitorar o avanço da pandemia no país. Estamos totalmente cegos, no escuro, com números que não refletem nada. Dá para usar os índices de colapso do sistema de saúde, de leitos ocupados, para saber se os casos estão aumentando, explica.

Testes rápidos e sorologia
Além dos testes PCR, existem também os sorológicos, cujos resultados são divulgados rapidamente. Eles não são uma ferramenta de diagnóstico - servem para detectar se o organismo entrou em contato com o vírus e produziu anticorpos.

A OMS não recomenda que os dados desses exames sejam usados nas estatísticas de casos confirmados ou de testes positivos para o novo coronavírus.
Teste rápido para detecção do coronavírus — Foto: Wellington Carvalho/Futura Press/Estadão Conteúdo
Teste rápido para detecção do coronavírus — Foto: Wellington Carvalho/Futura Press/Estadão Conteúdo

Lahr explica que há uma possibilidade grande de falso positivo ou de falso negativo- ou seja, o paciente pode ter uma sensação equivocada de que está protegido. Nos testes rápidos de farmácia, precisaríamos fazer de 3 a 4 vezes para ter alguma certeza, afirma.

Além disso, há outra ressalva: do ponto de vista coletivo, o importante é saber quando o indivíduo está contaminado, para que ele possa ser isolado (a sorologia vai apenas mostrar os anticorpos, não vai detectar o momento da infecção). Apenas o PCR pode fornecer tal dado.

Afinal, por que não aumentamos a testagem?
O G1 questionou o Ministério da Saúde: por que não fazemos mais testes PCR? Falta verba? Não temos estrutura? Não há interesse em seguir a estratégia de testagem? Até a última atualização desta reportagem, a pasta não havia respondido.

Nadanovsky diz que falta coordenação nacional para fazer testes em massa. Se houver vontade política, a coisa é feita. Mas não há uma orientação clara. Temos cidades próximas geograficamente, mas seguindo políticas diferentes. Não vai funcionar, afirma.

Farias também atribui a baixa testagem a um desinteresse das autoridades. Somos um país adolescente, que acha que nada vai acontecer.
É o pensamento de que ignorância é uma bênção; de que, se não soubermos dos casos, é porque eles não aconteceram, diz.

Se investíssemos em testes, economizaríamos no restante, abriríamos tudo antes. Tivemos tempo suficiente para usar estratégias agressivas no começo. Estaríamos mais tranquilos agora.
Entenda a diferença entre testes rápidos e testes PCR para diagnosticar o novo coronavírus
Entenda a diferença entre testes rápidos e testes PCR para diagnosticar o novo coronavírus

CORONAVÍRUS


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Hábitos de consumo vão mudar após pandemia do coronavírus, aponta pesquisa

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Segundo pesquisa encomendada pela Febraban, quase metade dos entrevistados diz que reduzirá consumo em bares e shoppings. Levantamento ouviu mil pessoas entre os dias 1º e 3. 
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Por Bianca Lima, GloboNews — Brasília  
12/06/2020 09h00  Atualizado há 3 horas  
Postado em 12 de junho de 2020 às 12h15m  


      Post.N.\9.333  
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A pandemia do novo coronavírus deve mudar hábitos de consumo, principalmente em setores ligados ao comércio e aos serviços, aponta levantamento do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (Ipespe) encomendado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

Batizado de "Observatório Febraban", o levantamento ouviu entre os dias 1º e 3 deste mês mil pessoas, amostra considerada representativa da população adulta bancarizada de todas as regiões.
De acordo com a pesquisa:
  • 46% dos entrevistados disseram que devem reduzir a frequência a bares e restaurantes após a retomada das atividades.
  • 45% afirmaram que pretendem frequentar menos os shoppings centers, que já começaram a reabrir em algumas cidades do país, apesar do aumento no número de casos e mortes causados pela covid-19.
  • 30% dos entrevistados responderam que devem comprar mais pela internet no pós-pandemia;
  • 28% disseram que pretendem usar os serviços de delivery com mais frequência;
  • 37% responderam que devem viajar menos.
INTENÇÃO DE FREQUÊNCIA A BARES E RESTAURANTES APÓS A PANDEMIA
(em percentual %)
Fonte: Observatório Febraban

O comércio e os serviços estão entre os setores mais atingidos pela crise econômica causada pelo novo coronavírus. Juntos, os dois segmentos fecharam quase 779 mil vagas formais de emprego nos meses de março e abril, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Empresários da área de bares e restaurantes ouvidos pelo G1 relatam perdas de até 80% no faturamento, mesmo com a adoção do serviço de delivery ou de take out (retirada no local). Eles afirmam que estão sendo obrigados a reinventar os negócios para garantir a continuidade das atividades e reconquistar a confiança de clientes na futura reabertura.
Banco Mundial projeta queda de 8% no PIB do Brasil em 2020
Banco Mundial projeta queda de 8% no PIB do Brasil em 2020

Recuperação da economia
A pesquisa também aponta cautela da população bancarizada em relação ao ritmo de retomada da atividade econômica. Para 43%, a economia do país só vai se recuperar dos efeitos da pandemia depois de dois anos.

Na última segunda-feira, analistas do mercado financeiro reduziram pela 17ª vez consecutiva a previsão para a variação do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2020, para -6,48%.

Os organismos internacionais projetam recessões ainda mais profundas. O Banco Mundial prevê queda de 8% do PIB do Brasil. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) fala em um recuo de 7,4%, que pode chegar a 9,1% se houver uma segunda onda de surto da doença.

O levantamento aponta, porém, um otimismo maior relação à situação financeira pessoal e familiar. Praticamente metade (49%) dos entrevistados acredita que as finanças particulares voltarão ao patamar pré-pandemia no prazo de até um ano.

CORONAVÍRUS


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quinta-feira, 11 de junho de 2020

Coronavírus: Brasil pode se tornar país com mais mortos em 29/7 se nada mudar, diz projeção usada pela Casa Branca

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Se projeção se cumprir, Brasil teria recordes mundiais de total de mortos por Covid-19 e de número de mortes em um dia; seriam quase 4,4 mil, o dobro do recorde atual, que ocorreu no pico da pandemia nos EUA, em 14 de abril, com 2.262 mortes registradas.   
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 Por BBC  

 Postado em 11 de junho de 2020 às 12h05m  

      Post.N.\9.332  
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Enterro de Jose Soares, vítima do coronavírus, no Cemitério São Luiz, em São Paulo — Foto: REUTERS/Amanda Perobelli
Enterro de Jose Soares, vítima do coronavírus, no Cemitério São Luiz, em São Paulo — Foto: REUTERS/Amanda Perobelli


Se não houver nenhuma mudança significativa no avanço da pandemia no país, o Brasil pode superar os Estados Unidos em número de mortes de Covid-19 no dia 29 de julho, aponta a projeção de um dos principais modelos matemáticos usados pela Casa Branca para definir suas estratégias. Nesse dia, o Brasil teria 137,5 mil mortos e os EUA, 137 mil.

Para tal, o número atual de mortes precisaria quase quadruplicar nos próximos 50 dias. Um avanço com uma magnitude dessas ocorreu nos últimos 90 dias: havia 10 mil mortes registradas em 9 de março e 38 mil em 9 de junho.

Ao atingir essa liderança, o Brasil teria tanto o recorde mundial de mortos por Covid-19 quanto o do número de mortes em um dia. Seriam 4.071, quase o dobro do recorde atual, que ocorreu no pico da pandemia nos Estados Unidos, em 14 de abril, com 2.262 mortes registradas. Se for considerada a taxa de mortes por 100 mil habitantes, o Brasil deve superar os EUA em 10 de julho.

As projeções foram feitas pelo Instituto de Métricas e Avaliação da Saúde (IHME) da Universidade de Washington, mas não necessariamente vão se concretizar. Elas se baseiam em diversas variáveis que mudam ao longo do tempo, como o número de casos confirmados e a adesão ao distanciamento social. De todo modo, essas simplificações da realidade servem de baliza para autoridades traçarem suas estratégias.

O pesquisador Theo Vos, professor de ciências de métricas de saúde do IHME, explica que "quanto mais distantes no tempo as projeções são, mais incerteza haverá, tendo em vista a dinâmica da doença e a capacidade que as medidas de contenção adotadas terão para afetar o curso da Covid-19".

Ele explicou à BBC News Brasil que uma das variáveis usadas no modelo matemático do IHME é a do quanto a doença está se espalhando, mais especificamente, o número de pessoas que são contaminadas por alguém infectado com o Sars-CoV-2.
Imagem de arquivo mostra presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e o presidente dos EUA, Donald Trump, durante reunião bilateral em Osaka, no Japão — Foto: Brendan Smialowski / AFP Photo
Imagem de arquivo mostra presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e o presidente dos EUA, Donald Trump, durante reunião bilateral em Osaka, no Japão — Foto: Brendan Smialowski / AFP Photo

Para estimar essa taxa de contágio, Vos afirma que os cálculos são atualizados e ajustados diariamente a partir do "número oficial de mortes registradas e internações hospitalares e das estimativas do número real de casos na comunidade (que podem ser calculadas observando resultados dos levantamentos de anticorpos, que indicam quem, principalmente no passado, teve a doença").

A qualidade dos dados tem influência direta na capacidade de previsão dos cálculos, e o país vive nessa área um apagão, segundo palavras de alguns especialistas. Há poucos testes e sobrecarga do sistema de análise e registro oficial de pessoas doentes ou mortas.

A tendência atual é de aceleração da pandemia, ou seja, o Brasil ainda não atingiu o pico de casos, algo que, segundo pesquisadores, deve ocorrer em meados de agosto.

Essas projeções matemáticas de diversas universidades ao redor do mundo que têm sido divulgadas durante a pandemia levam em conta os dados disponíveis naquele momento — e o grau de confiabilidade varia muito entre os países.

Além disso, esse número de mortes divulgado pela Universidade de Washington leva em conta os índices atuais de distanciamento social, que varia de 34% a 47% de adesão a depender do Estado, mas o Brasil parece seguir três caminhos diferentes: reabertura, quarentena flexível e bloqueio total.

Estimativas sobre situação do país
Antes de tentar projetar o mais provável trajeto do Brasil durante a pandemia, os pesquisadores tentam entender a dimensão da situação atual. Mas isso não é uma tarefa simples.

O governo brasileiro não sabe ainda quantos leitos estão ocupados no país por pacientes com covid-19 nas redes pública e privada. O levantamento foi iniciado em meados de março, quando Luiz Henrique Mandetta era ministro ainda.

Também não se sabe ao certo o atual número de pessoas infectadas e mortas por Covid-19 no país.

Segundo o Ministério da Saúde, 739.503 pessoas foram diagnosticadas com o novo coronavírus e 38.406 morreram em decorrência da Covid-19. O Brasil registrou mais de 1,2 mil mortes diárias em 5 dos 10 primeiros dias de junho.

Mas estudos liderados pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) apontam que o número de pessoas que contraíram o vírus, mas não entraram nas estatísticas porque não foram testadas, pode ser de sete infectadas não testadas para cada diagnóstico oficial.

Há também subnotificação no número de mortes, de pessoas que morreram em decorrência de uma síndrome respiratória aguda grave (SRAG, quadro de sintomas no qual a doença do novo coronavírus se enquadra, assim como a gripe sazonal), mas não foram testadas para covid-19 ou os resultados estão atrasados. Já há mais de 6 mil mortes acima da média histórica de SRAG.

Reaberturas e lockdowns
O espalhamento da Covid-19 no Brasil começou pelas capitais e agora ganha força no interior do país. Hoje, praticamente todos os municípios do país com mais de 20 mil habitantes já registraram casos da doença. O restante pode não ter pessoas infectadas de fato ou enfrentar também problemas de subnotificação.

Para pesquisadores da UFPel, "existem várias epidemias num único país", com patamares bastante diferentes de espalhamento da covid-19.

Parte dos Estados e municípios decidiu reabrir a atividade econômica apesar do número de casos estarem em alta e sem implementar o modelo adotado por outros países, que fizeram o mesmo movimento utilizando testes em massa na população e rastreamento e isolamento de infectados e das pessoas com as quais tiveram contato.

O principal fator para a reabertura é o impacto econômico da pandemia, que destruiu quase 8,6 milhões de empregos formais e informais no Brasil. A atividade despencou também por causa do fechamento de empresas e lojas e do medo das pessoas de saírem às ruas.

A Prefeitura de São Paulo, por exemplo, decidiu reabrir lojas de rua, imobiliárias e shoppings nesta semana. Até pouco tempo atrás, o governador paulista, João Doria, falava em adotar um bloqueio total da circulação de pessoas, mas mudou sua postura e passou a defender a reabertura.

Por outro lado, o Rio de Janeiro vive um vaivém de decretos e decisões judiciais que ora permitem a reabertura, ora determinar o bloqueio total. Praia pode, mas não banho de mar. O governador fluminense, Wilson Witzel, autorizou a reabertura de bares e restaurantes, mas o prefeito da capital do RJ, Marcelo Crivella, barrou a retomada desse segmento econômico.

CORONAVÍRUS


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