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Cirurgia usa partes de dois doadores vivos é foi realizada pela primeira vez na América Latina
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Darci, que sofria de cirrose há um ano devido ao abuso de álcool, já saiu do CTI e passa bem. A cirurgia, de alta complexidade, envolveu pelo menos 15 profissionais, durou 17 horas, e foi liderada pelos cirurgiões João Eduardo Nicoluzzi, chefe do Serviço de Transplante do Hospital Angelina Caron; e pelo hepatologista Mauro Roberto Monteiro, chefe do Serviço de Hepatologia do Hospital. Para o transplante de fígado há três possibilidades: doador em morte cerebral, doador vivo e agora no Brasil, de dois doadores vivos.
No transplante hepático intervivos entre adultos, normalmente retiram-se 60% do fígado do doador. O objetivo é que este pedaço corresponda a 0,8 a 1% do peso do receptor. Por exemplo, o indivíduo de 70kg com cirrose necessita de algo em torno de 560g a 700g de fígado do doador. Mas no caso de Darci isso não foi possível. O paranaense tinha excesso de peso, característica comum em um grande número doentes de fígado. Com 86kg, Darci precisava de um órgão de aproximadamente 860g. A única saída foi usar cerca de 30% do fígado de Natanael e mais 30% de Julian, explica Nicoluzzi. Era sua chance porque já apresentava encefalopatia hepática, devido à cirrose. Esta síndrome neuropsi-
quiátrica pode causar pequenas alterações de personalidade e na cognição, hemorragia digestiva, distúrbio da coagulação, câncer e coma.
— É um dos procedimentos mais complicados em medicina, requer equipes de profissionais, médicos, enfermeiros, instrumentadores, entre outros, altamente qualificados. Além disso, não basta querer doar o fígado ao parente. É preciso passar por uma triagem rigorosa e uma série de exames. A técnica usando dois
doares vivos é exceção, para casos especiais como o de Darci — comenta o cirurgião.
O órgão do doador regenerase totalmente em quatro semanas, em média, e não ficam sequelas. Natanael e Julian já estão em casa. O fígado implantado também vai se recuperando aos poucos. Darci ainda deve ficar mais algumas semanas no hospital em observação e tomando medicamentos para evitar rejeição. As principais causa de cirrose são o alcoolismo e as hepatites B e C. Durante um ano o Hospital Angelina Caron preparou-se para o transplante pioneiro. Nicoluzzi e equipe aprenderam a técnica no Hospital Asan (na Coreia do Sul), uma das referências mundiais em transplantes. Agora os médicos paranaenses avaliam a possibilidade operar mais pacientes. Se a técnica fizer parte da rotina do hospital, será integralmente custeado pelo sistema público de saúde, uma vez que o hospital é cadastrado como centro de referência em transplantes pelo Ministério da Saúde.
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