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sexta-feira, 30 de maio de 2025

Moody's cita risco fiscal e piora perspectiva de crédito do Brasil

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Agência de classificação de risco decidiu alterar a projeção de 'positiva' para 'estável'. O rating soberano do país, porém, não foi alterado, e segue em Ba1 — a um passo do chamado grau de investimento.
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Por André Catto, g1

Postado em 30 de Maio de 2.025 às 18h55m

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Logo da Moody's na sede da empresa em Nova York — Foto: REUTERS/Brendan McDermid
Logo da Moody's na sede da empresa em Nova York — Foto: REUTERS/Brendan McDermid

A agência de classificação de riscos Moody’s decidiu nesta sexta-feira (30) rebaixar a perspectiva de nota de crédito do Brasil de "positiva" para "estável". Apesar da mudança, o rating soberano do país não foi alterado e segue em Ba1 — a um passo do chamado grau de investimento. (entenda abaixo)

Segundo agência, a piora na perspectiva reflete fatores fiscais, diante de uma "deterioração acentuada na capacidade de pagamento da dívida". Além disso, a Moody's citou:

  • o progresso mais lento do que o esperado do país em resolver a rigidez de gastos e construir credibilidade na política fiscal;
  • a capacidade "limitada" do governo de reduzir de forma significativa as vulnerabilidades fiscais e estabilizar o nível da dívida no curto prazo;
  • e a estrutura da dívida, atrelada a taxas de juros variáveis e à inflação, diante de um perfil fiscal "altamente suscetível às oscilações de juros".

"A capacidade do governo de reduzir de forma significativa as vulnerabilidades fiscais e estabilizar o nível da dívida no curto prazo continua limitada pela rigidez dos gastos e pelo aumento dos custos de financiamento", escreveu a agência.

Para a Moody's, esses desafios bloqueiam o potencial de alta nos investimentos e no Produto Interno Bruto (PIB), assim como as reformas econômicas em andamento "que, em geral, apoiam a qualidade do crédito do Brasil".

Apesar dos apontamentos, a agência destaca que, com a nota Ba1, a avaliação é que os riscos de crédito do país estão equilibrados.

Nota subiu em 2024

Em sua última decisão, em outubro, a Moody's elevou a nota de crédito do Brasil de Ba2 para Ba1, com perspectiva positiva. Com isso, o país ficou a um passo de obter grau de investimento — um selo de bom pagador concedido pelas agências, que assegura aos investidores um menor risco de calotes.

A classificação indica um "grau especulativo", o que, segundo as agências de risco, aponta que o Brasil está menos vulnerável ao risco no curto prazo, mas segue enfrentando incertezas em relação a condições financeiras e econômicas adversas.

Em outras palavras, o Brasil não tem o chamado "selo de bom pagador", classificação que sinaliza menor risco de calote para quem investe em títulos do Tesouro Nacional.

Veja abaixo a posição do Brasil pelas principais agências:

Veja as notas de crédito do Brasil (ratings) em todas as agências de risco — Foto: Kayan Albertin/Arte g1
Veja as notas de crédito do Brasil (ratings) em todas as agências de risco — Foto: Kayan Albertin/Arte g1

Por que decidiu manter a nota em Ba1?

A Moody's afirmou que a decisão de manter o rating do país em Ba1 reflete o crescimento sólido e sustentado de uma economia que é "grande e diversificada".

Além disso, a agência citou o histórico de reformas ao longo de sucessivos governos e a posição externa robusta, o que, na avaliação da Moody's, torna a vulnerabilidade externa do país "limitada".

"Esses pontos fortes de crédito são contrabalançados por um nível de endividamento elevado e crescente, altos pagamentos de juros e uma estrutura de gastos rígida, que limita a capacidade do governo de reagir a choques", ponderou a Moody's. 
Como funcionam as notas de crédito

As agências têm uma longa escala de classificação, com mais de 20 notas. Quanto mais alta a posição, mais eficiente, confiável e robusta é a economia — e menor o seu risco.

Há ainda uma divisão em duas "prateleiras" principais:

  • Grau de investimento;
  • Grau especulativo.

O grau de investimento é um selo de qualidade que assegura aos investidores um menor risco de calotes. A partir da nota de crédito que determinado país recebeu, os investidores podem avaliar se a possibilidade de ganhos (por exemplo, com juros) compensa o risco de perder o capital investido com a instabilidade econômica local.

O grau especulativo surge quando o país perde o selo de bom pagador, porque as agências deixam de dar sua chancela de segurança para um investimento. Nessa situação, é comum que o país perca também possibilidades de investimento.

Alguns fundos de pensão internacionais, de países da Europa ou Estados Unidos, por exemplo, seguem a regra de que só se pode investir em títulos de países que estejam classificados com grau de investimento por agências internacionais.

"Ter esse selo, portanto, facilita a atração de capital. E à medida que o país recebe mais recursos, ele amplia sua liquidez e sua capacidade de realizar investimentos", explicou ao g1 Alex Nery, professor da FIA Business School.

Na história, o único período em que o país obteve selo de bom pagador foi entre os anos 2008 e 2015. A entrada ou saída do grau de investimento é definida pelas agências de risco a partir de fatores como o nível das reservas internacionais, cenário fiscal e estabilidade política.

De acordo com analistas de mercado, historicamente, um país que perde o selo de bom pagador costuma levar de 5 a 10 anos para recuperar. O Brasil já está a nove anos no grau especulativo.

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