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Ao inesperado anúncio de renúncia de Bento XVI seguiram-se numerosas reacções em todo o mundo, variando do choque à estupefacção.
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Na Páscoa, a Igreja Católica terá um novo líder espiritual. Isso vai acontecer porque, pela primeira vez, em oito séculos, um Papa renuncia, na posse plena de todas as suas faculdades. O cardeal Angelo Sodano, antigo secretário de Estado do Vaticano e decano do Colégio Cardinalício, comparou depois o anúncio de resignação de Bento XVI, a um “trovão em céu sereno”.
Segundo a Rádio Vaticano, Angelo Sodano terá transmitido ao papa o apoio “de todos os seus colaboradores” e destacado o trabalho realizado no seu pontificado.
“Tal como as estrelas do céu continuarão seguramente a brilhar, assim brilhará sempre entre nós a estrela do seu pontificado”, sublinhou o antigo responsável pela diplomacia da Santa Sé.
Em Bruxelas, o presidente do Conselho da União Europeia disse respeitar “profundamente” a decisão do papa Bento XVI de resignar, após um pontificado que classificou de “curto mas muito difícil”.
“Respeito profundamente a decisão do Papa Bento XVI, especialmente tendo em conta que não está em linha com a tradição. O seu pontificado foi curto mas muito difícil”, escreveu Herman van Rompuy, numa curta mensagem.
Por seu lado, o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, afirmou ter tomado conhecimento da decisão do Papa de resignar com “emoção”, recordando o “espírito de reconciliação que animou” a reflexão e a acção de Bento XVI.
Barroso expressou o seu “respeito pela obra feita pelo Papa Bento XVI e o seu apoio incansável à defesa dos valores ecuménicos, como a paz e a importância dada aos direitos humanos”.
O presidente da Comissão Europeia destacou o “espírito de reconciliação que animou a reflexão e a acção” de Bento XVI.
Em Berlim, a chanceler alemã Angela Merkel foi das primeiras dirigentes mundiais a reagir, tendo exprimido o seu “enorme respeito” pelo Papa de origem alemã. “Se o próprio Papa, após reflexão madura, chegou à conclusão que as suas forças não são suficientes para exercer a sua função, então tem o meu maior respeito”.
Do outro lado do Canal da Mancha, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, previu que Bento XVI vai fazer falta como “chefe espiritual a milhões de pessoas” e dirigiu-lhe os seus melhores votos.
Também em Londres, o líder espiritual da Igreja Anglicana, Justin Welby, disse ter ficado triste com o anúncio da resignação do Papa, mas acrescentou que compreende perfeitamente a decisão.
“É com tristeza, mas com compreensão total que ouvimos a decisão do Papa Bento XVI de renunciar à sua tarefa de bispo de Roma, que cumpriu com grande dignidade, clarividência e coragem”, declarou o arcebispo de Cantuária, acrescentando que fala em nome dos “anglicanos do mundo inteiro”.
Mais próximo do Vaticano, em Roma, o chefe de Estado italiano, Giorgio Napolitano, considerou que o líder da igreja católica deu prova “de uma extraordinária coragem e de um extraordinário sentido de responsabilidade”.
Em França, o presidente da República François Hollande disse: “Não tenho nenhum comentário a fazer a esta decisão que é eminentemente respeitável e que fará com que um novo Papa seja escolhido. A República saúda o Papa que tomou esta decisão”.
Ainda em Paris, a presidente da Frente Nacional, Marine Le Pen, saudou o que considerou um gesto “de grande dignidade e de um muito alto ponto de vista de Sua Santidade Bento XVI.
“Honro a sua acção infatigável a favor da universalidade dos valores da civilização cristã”.
A China, que não tem relações diplomáticas com a Santa Sé, noticiou, sem comentários, a renúncia do papa, sublinhando que a decisão de Bento XVI está relacionada com a deterioração do seu estado de saúde.
Em Washington, o presidente norte-americano, Barack Obama, deixou “agradecimentos” e “orações” a Bento XVI.
“Apreciei o trabalho que fizemos juntos nestes quatro últimos anos”, disse o presidente norte-americano em comunicado divulgado pela Casa Branca.
“Da parte dos americanos em todo o mundo, da Michelle [Obama, primeira-dama] e de mim próprio, queremos enviar os nossos agradecimentos e orações a Sua Santidade o Papa Bento XVI”, sublinhou.
O casal Obama encontrou-se pela primeira e última vez com o papa durante uma visita ao Vaticano em Julho de 2009.
O metropolita Ilarion, dirigente da Secção Internacional da Igreja Ortodoxa Russa, disse esperar que o sucessor de Bento XVI continue a luta contra a “ditadura do relativismo”, pela conservação dos valores cristãos tradicionais e pelo desenvolvimento das relações entre católicos e ortodoxos.
O teólogo brasileiro Leonardo Boff, uma das principais vozes da Teoria da Libertação, classificou Bento XVI como um pontífice “controverso”, acusando-o de actuar com “dois pesos e duas medidas”.
“Bento XVI teve dois pesos e duas medidas. Tratava com luvas de pelica os reaccionários seguidores de Lefebvre [movimento conservador católico] e nós, da Libertação [doutrina de esquerda que defende a intervenção social], a bastonadas”, afirmou Boff na sua conta de Twitter.
A reacção do presidente da Conferência Episcopal Espanhola , cardeal Antonio Maria Rouco Varela, que se mostrou “afectado” e “órfão” com o anúncio da renúncia de Bento XVI, sintetiza as ondas de choque provocadas pela decisão do Papa na Igreja Católica e fora dela.
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